sábado

Para que elas não se larguem

Publicado a 08-05-08
A porta fecha-se e a casa está silenciosa. A luz acende-se e ainda permanece um certo vazio no hall de entrada. Já é possivel ouvir os passos a percorrerem a sala, mas ainda assim, a vida que o 2º esquerdo se acostumou a ter nos últimos dias ainda não foi preenchida. Mas o beijo ilumina. A partilha dos lábios de Tania e de Lúcia transformam o ambiente deste apartamento. As mãos que percorrem a pele da parceira. As bocas que se misturam num toque cremoso. As linguas que se procuram. O beijo secreto que elas encontram dentro do seu próprio lar é vivido com imensa paixão. Porque não é suposto alguém saber deste beijo. Ninguém.
- Anda, vem para o meu quarto. - solta Lúcia, confiante.
- Não...espera...
- Então?.....Não queres?!
- Hoje vens para o meu quarto...
- De certeza?!
- Sim!....Quero-te mostrar uma coisa.
Pega na mão da amiga e muda o sentido do rumo da jovem bissexual. Desde o episódio do jacuzzi, Lúcia e Tania têm partilhado os seus momentos intimos essencialmente no quarto da estudante. Ocasionalmente na sala, a banheira reservou outros tantos instantes sexuais leves. Mas nunca no quarto de Tania. Ou porque a namorada de Filipe sentia que aquele lugar dispõe de uma magia que não se adequa aos seus sentimentos pela amiga. Ou porque Lúcia também tentou fazer o máximo possivel para não invadir o espaço da sua colega. No que concerne à sexualidade entre as duas jovens, o quarto onde Tania fode com Filipe, é um tabu nesta relação. Mas a mão de Tania corta um hábito e as duas inquilinas optam por uma noite diferente.
- Fui buscá-lo ontem, depois de sair da loja...Se soubesses o trabalho que me deu de escondê-lo do Filipe!!...
Sentadas na cama, lado a lado, elas olham para o objecto que Tania queria mostrar. Lúcia está incrédula. Pega nele na mão e procura perceber exactamente o que a amiga adquiriu. A jovem estudante sabe o que tem nas mãos, só que ainda não consegue acreditar que Tania pegou no seu dinheiro, entrou numa sex-shop da cidade, percorreu os corredores, escolheu e dirigiu-se à caixa para comprar um longo dildo creme. Quando consegue libertar um sorriso ansioso, Lúcia levanta o olhar, dirigindo-o à amante. Tania aguarda uma reacção da amiga. Até porque efectivamente, não deve ter sido fácil omitir a aquisição do artigo erótico ao seu namorado. Guardado dentro de um saco, que por sua vez foi colocado numa mala velha que ficou fechada numa gaveta do armário, Tania tinha o objecto bem protegido.
- Queria experimentá-lo contigo e não sei se escolhi bem, se irias gostar, se já o tinhas...se iria funcionar e...
- É poderoso, Tania!
Numa genuina forma de demonstrar desejo, é poderoso o sentimento que percorre os corpos das duas jovens. E não é o beijo que sacia a sede das amantes. Em cima da cama, sobre o colchão suave, Tania está ajoelhada defronte de Lúcia. Veste apenas a tanga azul e segura os seios da amiga. Olha para eles como se fossem ainda obra da sua imaginação. Lúcia decora os contornos das mamas da amante. Sorri ao perceber que os bicos estão rijos. Respira fundo quando ergue a sua mão em direcção ao vale do peito de Tania. Enfeitiçadas no encanto do busto alheio, as jovens estão em silêncio. Na mente dela formula-se a melhor forma de os tocar, de os beijar, de os saborear. Mas as mãos, essas já não largam os pedaço de carne erógenos. Os seios da namorada de Filipe são volumosos, cheios, ligeiramente descaidos com o peso que exercem. São mamas redondinhas, suaves, meigas e palpitantes. Lúcia sente-o nas mãos, sente-o nos lábios assim que enche a boca com os mamilos. Tania geme e percebe a fome que a amiga tinha dos seus seios. Lúcia chupa as aureolas e lambe o bico completamente teso. Apesar da amiga da estudante estar encantada com o carinho que recebe, ela não se quer liberta da sensação de ter as palmas das mãos cheias e os bicos a roçar na sua pele. A boca de Lúcia é gulosa. Absorve o sabor da pele macia da amante. Trinca os mamilos e lambe o vale do peito. Os cabelos negros dela roçam por todo o tronco de Tania, enquanto esta tenta controlar a respiração.
- Ohh...Lúcia....Uhmm...Lúcia...Lúúcia...uhmmm...aahhh!! És linda!
O prazer não é só dela. A satisfação de saborear as mamas grandes também é partilhado e pertence agora a Tania. Lúcia ergue-se ligeiramente e deixa que a cabça da sua amiga penda até aos seus seios. Com os seus braços esticados, a jovem bissexual segura as mamas deliciadas da amiga e tenta gozar cada pedaço deste momento. O instante em que os lábios carnudos de Tania chupam os seios descaidos dela. Lúcia tem o peito um pouco mais avantajado que a colega de casa. São seios mais largos, mais descaidos mas formosos. Morenos e quentes, inchados e carnudos. Os mamilos escuros, com aureolas grandes, redondamente perfeitas. E com a sucção dos lábios carregados de desejo de Tania, os bicos das mamas da estudante crescem. Tania delicia-se, mas Lúcia está noutro lugar.
- Uhmmm... é fantástico... oohhh..... uhhmmm... Tania...sou louca... oh...sabes que estou louca por ti... uhm...não sabes?
Ela sabe. A amiga entende. A amante sente. E só irá libertar os seios da sua boca quando o desejo inflamar por todo o corpo e pedir algo mais. Quando isso acontece, Tania sabe até que ponto extravasa a loucura da colega. Tania irá entender e sentir o quanto Lúcia desejou noite após noite estes momentos. Quando as duas jovens estão sentadas na cama, com o corpo a pender para trás, com os braços a segurarem o tronco e com as pernas dobradas. Quando os joelhos se tocam, os olhares se misturam e as respirações estão em sintonia. Quando os seios estão inchados, ruborizados e húmidos. Quando as ancas das duas amigas se movem, como pólos que se atraem. Quando as vaginas se dilatam para permitir que o dildo entre suavemente para o intimo delas. Elas sabem, elas entendem, elas sentem. Unidas por um objecto comprido, volumoso e frenético. E tudo isto se torna um jogo. Libertam gemidos, guardam implosões de prazer, fazem fluir a tesão que fervilha nas ratas. É um jogo. Quando Tania move a anca, Lúcia inspira fundo, entendendo o que a grossura provoca no seu clitóris. E depois ela responde. Roça o rabo redondo e movimenta-o em direcção ao corpo de Tania. Os gemidos regressam,a respiração descontrola-se. Lúcia está completamente nua. Mas Tania ainda tem a tanga vestida. Quando o dildo se move, roça no tecido fino que por sua vez desliza pela virilha húmida e apertada da namorada de Filipe. É louco. É excêntrico. É poderoso. É vibrante. Os vinte dedos das mãos fincam com força no edredon da cama de Tania. O objecto erótico encharca-se conforme se move por entre os sexos escaldantes.
- Isto é poderoso, Lúcia!...Ohhhh! Estás-me a pôr doida...aahhh!!!
- Sim!...Tania...obrigada..oohh...obrigada....aaahhh!
A jovem que ainda veste a tanga não evita levar uma das mãos aos seios excitados. Isto obriga-a a levantar o corpo, força-a a mexer as ancas e mudar a movimentação do dildo. As jovens estão à beira da loucura. As ratas atingiram o auge e o êxtase prepara-se para ser libertado. Lúcia vê a sua amante entrar em delirio. Vê a rapariga morder o lábio inferior e cerrar os olhos. Vê a sua amiga teimosamente heterossexual a resistir a um prazer inacreditável. Tania explode e as mamas já não chegam para ela segurar a tesão que sente. As ancas aproximam-se. A borracha comprida penetra na rata das duas jovens e Lúcia sabe qual a melhor forma de terminar com tamanha paixão. Ergue também o seu corpo, coloca as pernas sobre as coxas da amante, cola as mamas ao peito de Tania e consome os lábios carnudos dela, introduzindo a lingua na boca. Tania vem-se. Tania liberta aquilo que o seu corpo nunca lhe deu a experimentar. E só uma pessoa pode saber melhor do que ninguém a forma de guardar a vibração no seu interior. Lúcia já não a vai largar. Lúcia quer que o momento se torne eterno. Lúcia pretende ensinar-lhe uma nova forma manter um prazer genuíno, único e sublime. Um abraço intenso. Intrínseco. Uniforme. Os braços de Tania apertam as costas da amante. As mãos de Lúcia acariciam os cabelos da amiga e procuram acalmar a tensão que percorre os corpos que se unem. A noite ainda demonstra parecer ser longa. A cama já não pertence só a Tania. Quando a manhã acordar, Lúcia irá levantar-se e preparar mais um dia no seu próprio quarto. Mas até lá, ela não se pretende separar da sua paixão platónica. As mamas até se podem descolar, os braços até podem procurar outro ponto de apoio. O dildo até vai ser retirado e colocado na mesinha de cabeceira. Mas elas irão manter-se unidas até a noite repousar.
- Leonardo diCaprio...
- Desculpa?!
- Não sei....é o que me vem à cabeça!....E tu? Uma mulher que aches sensual...
Com as pernas entrelaçadas umas nas outras, Tania goza a presença da sua amante feminina na sua cama. Sabe-lhe bem. Deixa-a tranquila. Transmite-lhe uma paixão interior que ela não se recorda de ter com Filipe. E Lúcia está ao seu dispor. Deita-se sobre a almofada e não retira os olhos do seu amor. Ciente de que tudo pode ser efémero, ela bebe cada palavra de Tania, cada sorriso, cada gesto, cada suspiro. E o corpo nu da jovem tatua-se na mente de Lúcia.
- Aquela....da novela....a Ana Paula Arósio....
- Qual? Aquela do Brasil? Morena, com os olhos.....Uhm...boa escolha....
- Ok, então e sem ser um homem impossivel de alcançar?
- Como assim?
- Alguém que conheças...
- O director do meu curso...Esguio, com umas mãos poderosas, um sorriso de morrer....Sim, o Doutor é uma perdição. E tu?...
- Uma colega minha do trabalho. Há ali qualquer coisa....e eu...bem, é melhor não pensar nisso...já me basta pensar em ti...
- E alguém que eu conheça? Alguém que nós as duas até conheçamos bem, que não te deixe indiferente...
- Essa é dificil....A Ana é uma mulher poderosa...
- Oh...essa não vale....
- E tu? Alguém que eu conheça....
- Não sei....Qualquer um dos homens que mora no prédio...O Rodrigo, pena ser casado...O Rafael, se não fosse tão presunçoso...As mãos do Afonso....ufa, que aquelas mãos...
- Então e o Filipe?
- ....O que tem?...
- Não te excita?
- É o teu namorado!....
- E?!
- E isso não tem discussão, Tania....
Elas não se separam. O tom de voz da Lúcia é completamente discordante da leveza divertida da amiga. Mas ainda assim, elas mantém-se juntas. A estudante pousa a cabeça na almofada e delicia-se por saber que nesta noite a cama também lhe pertence. Fecha vagarosamente os olhos e procura uma reacção da amante. Tania não entende a atitude da amiga, mas perde-se naquela visão. Talvez o tenha sido sempre, mas ela nunca viu Lúcia tão bela, tão sensual, tão inesperadamente excitante e acima de tudo, sua. Deita-se ao lado dela, confirmando que as pernas se mantém entrelaçadas. Quando a sua mão acaricia os cabelos da parceira, Lúcia solta um suspiro. E o beijo na testa dela, é o pacto de Tania para a deixar dormir ali toda a noite. Até ser um outro dia.

sexta-feira

A proximidade do toque

Publicado a 07-05-2008
Parece uma manhã amena. Cheira a um raiar tranquilo. Sopra um toque leve de graciosidade no interior do apartamento. As janelas nunca cerram por completo. Tudo o que vem de fora é respirado aqui dentro. E esse tudo espalha-se. Desde a sala, onde as cortinas parecem sempre idílicas quando dançam com o vento da rua. Passando pela cozinha, onde tudo parece guardar um aroma reconfortante. Terminando no quarto dela, onde os lençóis respiram o toque gracioso de uma vida diferente. No 1º direito, na cama que Maria José decidiu partilhar, a manhã acorda com os corpos despidos. A mulher desembaraça-se ternamente dos braços do parceiro, que rodeavam o seu tronco. Levanta a cabeça e fixa o olhar em Paulo, que ainda dorme. Roça os mamilos no peito dele e passa a mão na face dele. Ele não reage. Ela sorri e rasteja o corpo para cima, até deixar os bicos dos seios tocarem nos lábios de Paulo. Ele reage. Abre os olhos a custo e percebe o que a amante lhe oferece. Não se acorda assim todos os dias.
- Bom dia... - diz ele.
- Que me dizes a irmos comer umas torradas aqui em baixo?
- Parece-me boa ideia.
- Levanta-te então e vamos...
- Espera mais um pouco.
Ele pega nela. Oferece-lhe um beijo. Entrega-lhe aquilo que ele lhe prometeu. A sua paixão, a sua dedicação e o calor afectivo que se distingue de tudo o que Maria José já recebeu em toda a vida. E Paulo sabe o quão importante isso é para a vivência da mulher. O carteiro sabe o que pode receber em troca dessa mesma devoção irreverente. O beijo madrugador, extasiante mas suave, delicado mas carregado de adrenalina. Desperta os lábios dela, excita a boca dele, faz explodir o que ficou guardado toda a noite nos sonhos de ambos. Ele está em cima da mulher. Os lençóis cobrem as pernas dos amantes e as almofadas rodeiam a cabeça de Maria José. O jovem prova as mamas que a professora lhe quis oferecer. A luz que entra faz brilhar os mamilos de tez clara. Torna-os vivos, carnudos e palpitantes. Paulo saboreia os seios perfumados, ao mesmo tempo que penetra por entre as pernas abertas da mulher madura. É a posição de missionário, mas a manhã transformou-se num despertar de prazer surreal para Maria José.
As torradas estão frescas, o sumo de maçã tranquiliza o calor que ainda inflama a garganta da mulher. O Espaço Magnolia nunca será o mesmo. Transforma-se sempre às necessidades e anseios dos clientes. Cada dia há uma novidade. Um pequeno-almoço especial, uma música nova, um aroma diferente. Hoje, aos olhos de Maria José, este lugar cheira a paixão. E ela até pode estar iludida e extasiada com a manhã na sua cama, mas este espaço é efectivamente surreal.
- Adorei fazer amor contigo ontem à noite... - desabafa ela.
- Estás feliz?
- Estou assim como se estivesse na tua idade... Como é que te sentes agora?
- Sinto que é bom estar contigo. Aqui...na tua casa...nos teus braços...Sinto que me queres...E talvez pareça ridículo...mas tenho a sensação de parecer que é para sempre...
- É isso!!...Somos uns pobres iludidos, não é?
- Talvez...mas eu tenho a certeza que ainda te quero.
- Estás excitado?
- Não digo querer nesse sentido...
- Diz que me queres foder...
- ....Quero foder-te...
- Não, não! Com convicção!...Estou a olhar para a tua picha entesada e só me apetece senti-la inchada dentro de mim...assim, como esta manhã....Se soubesses o quanto estou molhada só de pensar que vamos estar juntos esta tarde....Uhm....O que me dizes tu?
- Que te vou foder.
- Não me convences...
- Eu quero foder-te, Maria José.
- Oh!...Isso não me chega....Logo agora que eu ainda estava a pensar que podia chegar mais cedo e preparar o almoço e usar a mesa....
- Fodia-te agora aqui, Maria José!
- Uhmm...Mesmo?!
Paulo divaga o olhar. Procura perceber se não falou alto demais. Tenta desvendar se alguém ouviu a conversa intima. A sua namorada olha para si com um sorriso terno, misturado numa faceta excitante. Ela ainda guarda a mão levemente em cima da coxa dele. Bem perto da virilha, bem perto do objecto que a enche de desejo. Maria José saiu de casa com a primeira camisola que encontrou. Sem soutien, sem se arranjar. Enfeitiçada, a professora quarentona está com os mamilos entesados e saídos. Desde a primeira vez, na porta do 1º direito, que Paulo se fixou nesta imagem. Ele vai terminando a torrada. Limpa a boca e levanta-se.
- Vou trabalhar.... - diz ele.
- Não demores. Vou estar a manhã toda à tua espera.
Paulo sai do Espaço Magnolia com a convicção de que algo de surreal aconteceu ali. A chama que irá perdurar o dia todo foi acendida. Fazer a ronda e entregar todo o correio por aquela zona da cidade. E por fim, encontrar forma de deixar a rua do Edificio Magnolia para o fim do turno.
Já passa da hora de almoço. Esse pedaço do dia já deixou de o ser. As horas já são tardias para arrumar toda a loiça da refeição. Mas também, este não foi um almoço normal. Não teve uma preparação vulgar. Não foi saboreado da mesma maneira quotidiana. E a sua degustação terminou numa outra sobremesa doce oferecida pela inquilina. E o tempo já estava perdido. Confundia-se com desejo, misturava-se com feitiço. A água que corre no lava-louça da cozinha não justifica só a limpeza de todos os utensílios que Maria José e Paulo utilizaram. A água fria que corre na torneira está a acalmar a temperatura que une os dois corpos semi nus. A arrendatária do apartamento tens as mãos encharcadas. Veste apenas a camisola que está agora molhada e deixa transparecer as suas mamas tesas. Abaixo da cintura, Maria José tem a pele descoberta e suada. Tens as pernas ligeiramente abertas. Tem um formigueiro que lhe invade a circulação desde a planta dos pés. Tem as nádegas firmes e excitadas. Detrás de si, Paulo está a fodê-la. Segura nas ancas da namorada e penetra-a com força. Entra, sai e este gesto já se repete há algum tempo. A esta altura do dia, já vale experimentar tudo. Com o tronco a pender para o lava louça, ela já esqueceu o que ainda tem por lavar. O seu amante penetra apaixonadamente no rabo dela e a mulher madura quer sentir tudo.
- Vou-te querer o dia todo, Paulo...ooohhh!...Não pares...oohhh...não pares de me foder!
As nádegas dela saltitam de cada vez que ele transporta o seu corpo contra o rabo da mulher. O pénis inchado de Paulo é inserido com entusiasmo no buraco anal lubrificado da amante que o quer Maria José geme e por vezes solta um grito enraivecido. Incitando o jovem a não parar, ela sente-se mais louca do que nunca. De pé e com todo o tempo do mundo, o casal abraça um desejo insane que vai durar toda a tarde.
A tarde cai. Os sentimentos mantém-se. O desejo renasce. Com um vigor digno de uma noite ambiciosa. A chamada telefónica é apenas um resfriar dessa excitação interior.
- Olá amor. - diz Paulo, num dos extremos da linha.
- Uhm...sabe bem ouvir isso...Já tomaste banho?
- Sim...
- Já preparaste a cama?
- Está à tua espera.
- E ele está pronto?
- Só vendo com os teus próprios olhos.
- Sabes que o adorei chupar ao almoço? Devagarinho, saboroso, rijo...uhmmm...e sabias tão bem... Sentiste como gostei de te provar?
- Eu ainda estou louco disso.
- Estou a sair da faculdade. Se tiveres um pouco de paciência, posso ainda deixar-te mais louco.
Paulo nem consegue responder. Ouve-se apenas a respiração ofegante e o riso de Maria José. Depois, a chamada é terminada.
A casa continua tranquila. Tornou a noite amena. E o leve toque de graciosidade continua a soprar desde a janela da sala até ao quarto do lar de Maria José. Mas no quarto que ela partilha neste serão, há um fogo que arde. E o vento que sopra incendeia a cadência sexual que cola os corpos nus, encharcados em suor, carregados de tensão.
- Paulo..oohh...és meu! Uhmmm...oohhh...preciso de ti...ohhh...siiim!!!
O carteiro segura a sua amante na cama. Coloca-se de lado no colchão e põe as mãos com firmeza nos seios excitados da mulher. Ela está submissa ao desejo do jovem, mas recebe tudo o que pretende. Também com o corpo posto de lado, de costas para ele, com a perna direita colocada por cima das pernas dele, Maria José pende ligeiramente para ele. Porque Paulo agarra-a. Prende o corpo da mulher com um toque ternamente pretensioso. A boca dele encosta-se ao pescoço húmido dela, ao mesmo tempo que a cabeça da professora se levanta. Olhos cerrados, lábio inferior mordido e queixo aberto. A picha de Paulo não cessa e volta a foder a rata de Maria José. A perna esquerda estica-se para o lado oposto dos corpos. Os lençóis já respiram sexo e o ar é quente. O membro inferior direito da mulher prende com força o corpo dele, enquanto ele procura ainda penetrar com vigor. Mas no meio de tanta paixão, na memória de um dia intenso, na certeza de uma união apaixonante, o carteiro e a professora libertam-se. O jovem e a mulher madura partilham o mesmo sentimento divino. O irreverente homem e a mulher madura colam-se para nunca mais se largarem. Paulo e Maria José vêm-se num orgasmo derradeiro.
- Sim...Sim...oh, siim...Siiimm....Ohhhh, siiiiiimmmm.....Paulo!....
- Ohhhh....Amo-te, Maria José!....
E a noite explode aqui. As forças desfazem-se e nada mais os consegue separar daquela posição vibrante. A perna direita da mulher continua sobreposta ao corpo do amante. Os braços de Paulo continuam a envolver o peito da namorada e os seus dedos acariciam as mamas frenéticas. Maria José baixa o queixo e tenta olhar directamente para o jovem. Um sorriso e pouco mais há a dizer. Um beijo e pouco mais há a fazer. A mão dela cola-se às costas dele e a sua cabeça pousa vagarosamente na almofada.
- Fica mais esta noite...Por favor...
E os braços de Paulo, que apertam o corpo da mulher são o toque gracioso que apaga a chama da noite os transporta para o indelével espaço do descanso. Ele aceita o pedido para ficar mais uma noite nesta casa tranquila e Maria José é uma mulher radiante.

quinta-feira

Guardar a distância certa

Publicado a 05-05-08
O toque da campainha soa. Um toque seco, introvertido, curto, reservado. Uma chamada peculiar e notoriamente cauteloso. Dez segundos após o toque, ele abre a porta. Olha para ela, admira-a, entende cada pedaço que a torna presente. Ele aguarda que ela se aproxima, mas algo a prende. Nem mesmo o sorriso dele a aproxima. Nem sequer a tentação do que ela vê a faz dar um passo em diante. Até mesmo a sua confiança exacerbada lhe nega uma forma de diminuir a distância que guarda dele.
- Não vais entrar?
- Estou a pensar...
Rafael está nu. Literalmente nu. Os ombros firmes. O peito inchado. O rabo empinado. O sexo descontraido mas voluptuoso. O instrutor já a esperava. Ligou-lhe para saber da disponibilidade para se dirigir ao seu apartamento e acabou por ter uma resposta convincente. Assim, ele adaptou-se ao momento e decidiu oferecer à sua convidada uma surpresa. O seu corpo está apenas adornado com uma luva de cozinha na mão direita.
- Não queres entrar?
- Neves, temos mesmo que encontrar um sitio neutro para nos encontrarmos...
- Se preferires podemos ir para tua casa...
- Não, hoje a minha casa está indisponível...
Ana acaba por passar pela porta do 3º esquerdo. Se ela saiu do seu apartamento para tocar à campainha do vizinho, é porque queria com toda a certeza entrar. Ainda para mais quando a acompanhante estava a meio da sua preparação para a máscara nocturna. Com uns collants pretos fantásticos, seguros a umas ligas, ela saiu com uma saia castanha convencional. Não é de estranhar o olhar surpreendido de Rafael. Ainda assim, não se pode dizer que os dois amantes e vizinhos estão apropriadamente vestidos. Ana entra e desliza a mão pelo peito do homem. O seu cabelo ainda está húmida, do longo banho tomado há menos de quinze minutos. Ana não quer sentir-se à vontade no apartamento ao lado do seu, mas na verdade, ela procura mostrar-se confiante. E quando ela já seguia o seu passo nas sapatilhas, também elas convencionais para o momento, Rafael segura a sua mão e empurra-a contra o seu corpo nu.
- Preciso de um beijo teu...
- Foi para isso que me chamaste?
- Não chega?
O beijo. Colam-se os lábios, colam-se as mãos da jovem ao peito de Rafael, colam-se as mãos do instrutor de equitação ao rabo de Ana. O homem está excitado e o beijo intenso apenas pretende adiar um desejo enfurecido. Ele procura a lingua dela, mas Ana oferece simplesmente o sabor fresco dos seus lábios. E é inevitável perceber o reconhecimento mútuo do que é pretendido.
É carnal. É tudo demasiado relacionado com carne e todos os seus desejos associados. Pode-se dizer que a paixão se vai moldando. Até se pode sonhar com uma ideia de amor. Mas entre Ana e Rafael, no momento em que eles se instalam no sofá, é tudo carnal. Prazer sexual. Êxtase egoísta. Dádiva palpável. E no fim, tudo se irá resumir ao que sempre foi.
- Chupa, Ana...Chupa-me da forma como te pedi...
E ela chupa. Ela brinca com o sexo masculino. Ela engole a carne do homem que sempre a repudiou por a ver como uma mera vendedora de sexo. Ana quase veste a sua máscara nocturna. Ana quase que chupa com a mesma virtude e paixão com que pratica sexo oral com um cliente estimado. Ana quase que coloca a alma do seu vizinho na palma da sua mão. Rafael aprecia a boca meiga da jovem. Praticamente deitado no sofá com as pernas de fora, abertas, a permitir que a amante se ajoelhe entre si. Os lábios finos de Ana percorrem a ponta do pénis inchado e erguido como uma haste. A mão esquerda dela segura-o com delicadeza, apontando-o para si. A mão direito tranquiliza o corpo de Rafael, com caricias intensas. Ele sente a sua picha penetrar no seio da boca dela. Ele vibra com a lingua feminina a deslizar sobre todo o corpo do pénis. Ele transmite o seu deleite ao acariciar os cabelos da amante que secam. Ele deixa a cabeça enterrar nas almofadas do sofá e aprecia toda a imagem. É dificil ele recordar um momento em que tenha sido chupado assim.
- Uhh... tão bom...fantástico ...Ohhh, Ana... Vais-me fazer vir?
A mão direita de Ana acaricia a virilha dele, para depois segurar os testículos inchados com força. A jovem não se descola do seu papel de acompanhante. Ana não se desmarca da sua faceta nocturna. Porque tal máscara a tranquiliza. Desinibe a sua boca, as suas mãos e a sua mente. Apaixonada pela presunção do seu vizinho, ela não se quer entregar de mão beijada. Chupa e encanta o amante. Enche a sua boca e provoca sensações únicas. Entrega um pedaço do seu prazer e demonstra que é divinal.
- É isso que queres?!... Ohhh...Uhmmm... Ana...Uhmmm... eu sei que queres que eu me venha!!
E ela pede em silêncio. Os movimentos da sua boca. As pressões dos seus lábios. O deslizar da sua língua. Ana pede para ele se vir, no auge da sua gula, na iminência da tesão de Rafael. O liquido branco jorra. O peito de Rafael expande. As mãos dele fincam na cabeça dela. E a boca de Ana não pára de chupar. Ela quer tudo. Ela fica com quase tudo. Ela pouco lhe deixa. Talvez um pedaço de lucidez. Talvez uma réstia de força. Talvez um resto de esperma. Talvez ainda uma grande dose de desejo. Talvez tudo aquilo que ela ainda precisa dele.
- Ana!...Ohhh, Ana... deixa-me respirar...uhmmm.... Fogo!...Uhmmm.... Espera.
A mão dela esfrega o pedaço de carne cremoso. O olhar dela devora a satisfação da face de Rafael. E com a esporra do amante a colar-se à mão de Ana, com o êxtase vincado no semblante dele, com a concretização da especialização profissional da acompanhante, com a adrenalina que já decorre da união sexual, os vizinhos querem seguir para o próximo passo.
Não é amor. Ainda não parece ser paixão. Tudo se confunde com desejo sexual. Tudo acaba por ser, com uma pureza e um toque cru, devoção pelo sexo. Ana está com os joelhos dobrados no sofá. As pernas dela estão abertas. Os seus pés fazem força nas duas almofadas. As mãos delicadas seguram-se ao encosto da peça de mobiliário. E o corpo de Rafael mantém-se afundado no seu próprio sofá. As suas mãos acariciam as nádegas redondas e macias da jovem. As pernas esticam-se até bem perto da mesa de centro. O seu sexo que voltou a inchar e a erguer roça nas cuecas pretas da amante. A sua cabeça não consegue mover-se. Asfixiou no desejo que emana da cara de Ana. Ela já despiu a t-shirt branca convencional que colocou por cima da peça de lingerie a cobrir os seios. As mamas de Ana estão apertadas dentro do soutien. A dedicação da jovem quando coloca a roupa interior é especial. Como se tudo tivesse que ficar perfeito. Os seios empinados, a pele suave e brilhante, a perversidade das formas a quererem brotar, a firmeza e rigidez dos mamilos. Tudo é perceptível num jeito excitante. A beleza do peito da jovem é tal, que o instrutor não se atreve a despi-la. E o olhar dela demonstra que não quer libertar tamanho arranjo.
- Quero-te, Neves...uhmmm... quero-te mesmo...
- És minha...Preciso que sejas minha....
O tecido das cuecas desviado abre caminho para que o pénis estimulado de Rafael penetre na rata húmida de Ana. O broche pôs a rapariga excitada. O sabor dele nos seus lábios ainda faz a jovem suspirar uma tesão visível. Com os joelhos dela colados aos ombros do amante, Ana pressiona o corpo dele. Finca os dedos no encosto do sofá e flecte um pouco mais as pernas. O sexo masculino dilata os lábios vaginais. Os braços de Rafael envolvem a cintura sensual da amante. A cavalgar. É assim que o desejo sexual entre Ana e Rafael volta a libertar-se.
- Neves...oohh... é bom...sente-me.... sentes?
- Sim...Ohh.. sim... és tão poderosa... uhmm... és excitante! Ohhh!... Sim...Mais...
Ela está embalada. As mãos dele coladas às ancas definem o ritmo. A respiração dela marca o passo. Indica quando é que a penetração firme dele pode ser mais vibrante. Os dedos dele seguram-se às ligas e a palma da mão acaricia as pernas por cima dos collants. A cena é sublime. A jovem que quer mostrar a sua faceta apaixonada partilha tudo o que a sua máscara nocturna pode oferecer. Em cima do seu vizinho, Ana é mulher de prazer. Não se vende. Mas entrega-se. Não fode para proveito próprio. Mas goza tudo o que é possivel. E nem ela pode negar que se sente puta no colo dele. Nem Rafael pode esconder que é uma prostituta que ele fode com tanta paixão. Ana salta. Ana geme. Ana balança o seu corpo. Ana sente o inchaço dentro de si. Ana sente o seu intimo em polvorosa. Ana agarra a cabeça dele. Ana cavalga. Ana grita. Ana abre mais as pernas. Ana sente-se molhada. Ana deixa as mamas balançarem voluptuosamente dentro do soutien rendado. Ana tem o cabelo seco e embaraçado aos saltos. Ana mexe-se. Ana não pára. Ana segura-se a ele. Ana não o abraça. Ana cola o corpo do homem ao sofá. Ana é dedicada. Ana geme e grita. Ana pede mais. Ana vem-se. Poderoso! É frenético. Ana é a foda da vida de Rafael.
- Oh..oh... oh ...ohhh... uhmmm.... Ne..ves...Ne..ves... oohh...uhmmm...Sim!... Ooohhh!!! Sente-me a explodir... oohhhh!!
- Ana.... ohhh...Ana...és minha.. uhmm... és minha..oohhh...não pares..oohhh.. vem cá!!
Ana pára de cavalgar. Pára tudo. Pára o seu corpo, a sua mente, a sua lucidez. Nem ela tem a certeza do que lhe é permitido pensar neste instante. Os seus cotovelos que fincavam nos ombros largos do homem exercem força para os braços circundarem o pescoço de Rafael. Ela quer finalmente envolver-se num abraço ao amante. É arriscado. É entregar-se. É segurar tudo o que ele libertou. É uma compaixão tocante. E Rafael, com uma inesperada ternura, corresponde. A cabeça dela pousa sobre o seu próprio braço e a maçã do rosto cola-se ao rosto dele. Para não mais o querer descolar. Ele quer arriscar um aperto ao corpo quente da jovem. Porque agora ela parece sua. Parece rendida a si. Ele parece rendido a ela. Ele quer convidá-la a ficar. A ceder. A jantar. A dormir com ele. A partilhar histórias. A desvendar segredos. A guardar o momento.
- Ficas aqui? - pergunta ele.
- Não posso...
- Desiste...Cancela...Esquece o que tens marcado.
- Estás a apaixonar-te por mim?
- Estou apenas a experimentar algo diferente. Devagar... Quero ser diferente contigo.
- Vou dizer-to novamente, Neves...Não te quero desiludir. Mas eu continuo a ser acompanhante. E esta noite, pretendo ser uma fantástica companhia.
- Não me desiludes.
- Ainda bem.
Parece falso mas não é. Parece redentor mas não é. Assemelha-se a um gesto incoerente, mas assim não é. Ana olha para o seu amante e beija-o. Como se beijasse o homem mais perfeito da sua vida. Como se beijasse o amor da sua vida. Assim não o é. Pelo menos hoje não. Mas o beijo é verdadeiro. Acontece. Vive. É apaixonante. É fervoroso. É intimo. É ele que a segura com os seus braços fortes, que a acolhe no seu peito calorosamente escondido, que pede um pouco mais dos lábios dela. Os lábios tocam-se uma última vez. Pedem desculpa. Pedem compreensão. Ana pede com os seus lábios húmidos e cremosos que ele a deixe ir e voltar brevemente.
- Posso saber quem é o cliente?
- Não achas que queres saber demais?
- Posso tentar ter esse direito?
- Podes abstrair-te de pensar que sou uma acompanhante?
- E se não o conseguir fazer?
- Consegues ser uma pessoa mais feliz assim?
- Não me deixas ao menos convencer-te que podes estar a cometer um erro?
- Achas que és a primeira pessoa que tenta fazê-lo?
- Porque tens de ser tão dificil?
- Vamos tentar manter as coisas assim?
- Eu a tentar apaixonar-me ou tu a seres prostituta?
- Queres experimentar a ver-me só como tua amante?
- Não achas que é demasiado complicado?
- Queres ou não?
Rafael respira fundo. Não é uma cedência. Não é uma desistência. Ana sorri. Não é uma vitória. Não é egoismo. Os vizinhos do terceiro andar têm que se entender. Aprender a viver com o que os outros não vão deixar de ser. Procurar com mais convicção de que a relação deles nunca irá passar disto, enquanto alguém não ceder. Encontrar novas armas para aproximar de uma forma inequívoca o amante que apenas quer ser um pedaço da vida de outrém. Nem Rafael vai desistir de resistir a uma mulher deslumbrante embeiçada por si. Nem Ana vai deixar de vestir a sua máscara nocturna. Só um choque magnânimo. Só um toque delicado mas conciso vai fazer alguém ceder. E alguém tem que ceder. Até lá, é preciso guardar algo demasiado importante nas suas vidas. A distância que os torna felizes com um perto do outro. Até lá, Ana ainda vai repetir o gesto de se preparar para receber no seu apartamento mais um cliente. Até lá, Rafael ainda reformula a forma de esquecer o próximo homem que entrar na porta alheia.

quarta-feira

Próximos da tentação

Publicado a 04-05-08

"Chamada a receber: Sofia"

- Olá....

- Olá, Laura...Estou a incomodar?

- Uhm...quer dizer...uhmmm...não, não estás...

- Oh, deixa, eu ligo mais tarde....

- Não! Diz lá!

- Preciso de falar contigo.

- O que se passa?!

- Ontem aconteceu uma coisa estranha...e não sei o que pensar...

- ...Estás a deixar-me ansiosa....Diz logo!...

- O Gustavo...

- O que tem? Foste para a cama com ele?!

- Sim...e com o Diogo...

- ....Isso já era previsivel...Porque é que isso é estranho?....

- Não estava à espera....Mas o Diogo encontrou-o e ele quase se fez de convidado e...

- Foderam e tiveram uma noite muito quente....uhm...

- Sim, pode dizer-se que sim..

- Sofia!....Isso não tem nada de estranho...Já se percebeu que o Gustavo tem uma fixação por ti...

- E não só....

- O Diogo?

- Olha, as coisas começaram no jantar....Oferecemos-lhe um jantar aqui em casa...Notava-se que ele estava excitado. E o Diogo achou piada à conversa...Eu deixei-me levar...Percebes?......O Diogo beijou-me ali e eu quis despi-lo e as coisas descontrolaram-se e.....Laura?...Tens a certeza que não estás ocupada?

- ....Sim...eu estou aqui....O que se passou depois?

- Eu...eu entreguei-me a eles dois....Eles tocaram-me e beijaram-me...Um a um....O Gustavo aproximava-se de mim, parecia que me estava a chamar.....E eu provei-o....Devagarinho....

- E o Diogo?

- Ele assistiu a tudo...Olhava para mim fixamente...como se quisesse perceber o quanto eu gostava de o chupar...

- E gostaste?

- Claro que sim.......Mas ele nem queria que o chupasse....

- Então?...Uhm....

- Ele olhava...e olhava...e eu sentia que algo não estava normal.

- Porque é que dizes isso?

- Chupei o Gustavo...e só parei durante uns momentos quando senti a lingua do Diogo....

- Uhmmm...uau! Isso parece ter sido mesmo fantástico...Estás a deixar-me louca!

- Laura!! O Gustavo também quis....

- Também quis o quê?!

- Foi bom, Laura...Acredita que foi bom...Foi excelente, mas...

- O que é o que o Gustavo também quis?

- Acho que houve uma altura em que não estava ali....Devia estar a sonhar....Se calhar foi isso...Aquilo não aconteceu....

- Aquilo o quê, Sofia?!!... Ohhhh....Conta lá!

- Eu ainda estava sentada e o Diogo lambia-me...Segurava a picha do Gustavo... e sentia-o a vir-se...Mas quando ele segurou a minha perna, tudo mudou....deitei-me na cama e....

- Tinhas dois homens a fazerem-te um minete.....Meu Deus!!....

- Foi mais do que isso....O Gustavo encostou-se ao Diogo e acariciou-me a coxa...Senti os dedos dele tocarem na virilha....Foi ele que me abriu a rata para o Diogo lamber....Depois, só me lembro de ficar zonza e gritar....

- Tiveste o gozo da tua vida e agora não sabes como reagir?

- Não acabou....

- Não?...Ohhh...uhmmm...

- Eu não sabia se queria parar ou se queria continuar....Mas o Gustavo não quis parar. Ajoelhou-se e baixou a cabeça. Tive que abrir mais as pernas....E ai sim, tinha dois homens a lamber-me...

- Vieste-te duas vezes?

- Laura...eu tentava abrir os olhos e perceber se aquilo estava mesmo a acontecer....E via as duas cabeças....Sentia uma lingua, depois sentia outra...E depois....

- ...E depois?....Oh...

- Depois senti duas linguas ao mesmo tempo....Já não aguentava mais, mas consegui ouvir os gemidos...

- De quem?!

- Do Gustavo...Do Diogo....Sentia uma lingua no clitóris e outra a entrar....Levantei uma perna, abri-me um pouco mais e... e eles estavam colados um ao outro.

- Espera...uhm....Como é que os dois lambiam?

- As linguas deles estavam misturadas....

- O Diogo estava a fazer um linguado com o Gustavo??!....Ohhhh!!!

- Eu acho que foi isso que se passou...Quer dizer...eu tenho a certeza....

- Porquê?

- Depois de me vir outra vez...tive que parar...O Diogo também parou...mas eu tenho a certeza que eles...

- Eles comeram-se....uhmmm....

- E eu ainda agora estou a imaginar....A minha rata...oh, as duas linguas...as bocas a tocarem-se...

- Achas que eles gostaram?

- O Gustavo parece ter adorado...

- Obviamente...E o teu homem?

- Não sei...mas acho que o Diogo não se importou. Ficou calado. O Gustavo ainda me beijou, ainda deu a entender que tinha achado que algo mudou. Depois foi-se embora. O Diogo pouco disse o resto da noite. Adormecemos juntos, ele acarinhou-me..Mas ele estava apático..Acho que aquilo o deixou a pensar....

- Ficou chateado? Gostou?

- Não sei!...O meu problema é esse!....

- Sofia!....Uhmmm...Excitou-te?...Vê-los a lamberem-se?

- ....Laura...eu ainda estou excitada com isso...

- Ohhhh!...Tão bom!...Uhmmmm....sente-me agora...oohhh!!....Sente!!

- Laura?!!...O que se está a passar?!...O que estás a fazer?...Estás a masturbar-te?

- Não....uhm..

- Mas tu estás a vir-te ao telefone....

- Ohh...Gostas?...Gostas de me ouvir gemer contigo ao telefone?....

- Sim....Sim, gosto, mas....o que se está a passar?

- Imagina o que sentiste ontem dentro de ti, mas feito só com uma boca....É o que o Afonso acaba de me dar...

- Cabra....

- Ei!...Foste tu que te entregaste a dois homens e não nos disseste nada...

- Desculpa...Desculpem!...É só porque aconteceu tudo muito rápido e....

- Sofia...Descansa....Talvez foi bom ter sido assim....

- Achas?

- O Gustavo vai comer o teu homem....

- Oh, meu Deus....Eu nem sei se isso é bom....

- Só pode ser muito bom, Sofia...Só pode trazer muita coisa nova....

- Não sei.......Olha, estou a ficar sem saldo no telemóvel....

- Falamos depois, então...De qualquer forma, a minha manhã ainda não acabou....

- És mesmo cabra......Vai lá....Beijinhos aos dois....Depois combinamos qualquer coisa...

- Sim...Beijinhos e relaxa...uhmmm...

"Chamada terminada"

terça-feira

União de facto

Publicado a 03-05-08
É uma cama diferente. Recolhe-se num canto especial e vive de um ambiente transcendente. Respira uma lavanda relaxante, mas é possivel sentir um aroma sensual, quase testemunha do que ali já se experimentou. É uma cama singela mas magnetizante.
- É estranho estar aqui... - diz Tania.
- Porquê?
- Porque nunca estive aqui assim....Parece que nunca morei nesta casa...
Tania está deitada na cama da sua colega de casa. Ela já tinha estado neste quarto. Ela até se recorda de se ter sentado ali uma vez ou duas. Mas nunca tinha sentido este cheiro, esta cadência que se sente quando ela repousa no colchão. A cama tem um odor excitante. E isso acontece, acima de tudo, porque nunca se tinha imaginado a estar assim, defronte da sua amiga. Lúcia estão ao lado dela. Os joelhos tocam-se. A mão direita de Lúcia está em cima da coxa da amante e a mão esquerda acaricia os cabelos de Tania. O beijo é o sentimento que flui nas duas jovens que se aproximam mais do que nunca. A boca de Lúcia absorve a humidade que os lábios de Tania libertam. As linguas misturam-se, numa constante procura de reconhecer desejos. As mãos vagueiam pelas faces, como que a garantir que nenhuma delas vai fugir deste momento terno.
- Sabes quantas noites esperei por ti nesta cama?
- Não digas....Eu estou aqui...É o que importa...Não é?
Desde os acontecimentos do jacuzzi, as duas colegas de apartamento procuraram perceber em que pé se mantinha a relação. Tania continua a namorar com Filipe. Continua a trazê-lo a casa, ao seu quarto e a dar as suas intensas fodas. Mas as mesmas já não são audíveis no quarto ao lado. Respeito, paixão, receio. Seja qual for o motivo de Tania, algo mudou nas suas relações intimas com o namorado. De resto, até entrar há cinco minutos no quarto de Lúcia, pouco mudou. Os olhares são diferentes, as palavras distinguem-se de vivências passadas e até os gestos são mais reveladores de um desejo especial. Ainda assim, desde o banho no topo do Edificio Magnolia, a relação apaixonante no 2º esquerdo mantém-se em banho-maria. O beijo e as roupas a descolarem dos corpos das jovens, faz ferver o ambiente.
- É estranho dizer-te que és linda....que adoro os teus seios...que me pões quente...oh, Lúcia...
- Diz-me....Diz que me queres!....
De Tania só é possivel libertar um sorriso que cede. Que demonstra o quanto ela deseja as mamas desnudadas de Lúcia. Que incendeia a sua paixão e a força a descobrir um pouco mais da amante. Brinca com os seios da jovem, aperta-os delicadamente, abre o vale do peito e encaixa a cabeça por entre as mamas. Beija a pele e toca com a lingua todo o espaço entre os seios rijos. Lúcia geme. Deixa-se levar pela ansiedade da amiga e continua com as mãos nos cabelos de Tania. Mas há mais. Elas querem mais. E a noite que começa pode ser longa, pode-lhes pertencer para sempre.
- Tania...uhmmm....não pares...oh, estou tão excitada...ohh...sim...
Há um fascínio evidente na procura de saborear o corpo alheio. Os lábios a chuparem os mamilos redondos. As mãos a deslizarem pela pele, por todo o sitio. A descoberta de temperaturas corporais diferentes, da humidade que exala intensamente à medida que se irrompe pelo intimo da parceira. Os dedos de Lúcia vibram só de sentirem o clitóris da amiga encharcado. E tudo aquilo parece novo. Tanto para a namorada de Filipe, como para Lúcia.
- Quero que me mostres....
- O quê?
- Os teus brinquedos....
Um sorriso na face de Lúcia. Uma ansiedade no peito de Tania. Sentadas na cama, nuas, as duas jovens deixam um espaço para colocar o pequeno tesouro atrevido da rapariga bissexual. Lúcia retirou da gaveta da mesinha de cabeceira os objectos que ela estima, os brinquedos que ela usa e por vezes partilha. Depois, espalha-os no edredon da sua cama e procura obter uma reacção da sua amiga. Tania já viu vibradores, dildos e estimuladores sexuais. Mas tê-los ali, diante de si, ao seu dispôr, deixa-a desorientada. Jamais ela tinha tentado experimentar algo tão falso. Um objecto que pretende dar prazer a um sexo feminino não se assemelha ao prazer de um pénis carnudo. Pelo menos na mente de Tania. Pelo menos neste instante, em que ela tenta perceber a função de cada um daqueles brinquedos. Lúcia está entusiasmada. Aqueles objectos fazem parte do seu intimo. O pessoal e o partilhado. Porque todos os brinquedos eróticos de Lúcia têm uma história para contar. Todos, excepto um.
- Comprei este a semana passada... - explica Lúcia.
Creme. Uma borracha dura, pouco flexível, com um relevo a imitar a carne humana do sexo masculino. O que importa é que são estrias notórias. Os quase dois palmos de comprimento têm um intuito. E é isso que Tania descobre, ao segurá-lo firmemente na mão. Com um espirito de descoberta, incitada pelas mãos atrevidas de Lúcia, a jovem abre as pernas e abre os lábios vaginais com a ponta da borracha. À medida que vai pressionando o seu sexo com o objecto, agarrando-o com força, Tania percebe o motivo que levou a amiga a desembolsar um valor razoável pelo artigo. Um gemido. Um olhar penetrante para Lúcia e o toque dos dedos da amante no seu clitóris. Tania está agora em polvorosa, enfeitiçada nos novos ensinamentos sexuais.
- Uau!!...Isto é incrivel!....Uhh.... Já o tinhas experimentado?!
- Todo!
Vermelho. De um plástico quase transparente, deixa a entender o mecanismo que o torna tão aliciante. O vibrador que Lúcia agora empresta à amiga é um objecto que já precipitou algumas noites sexuais com parceiras que ela partilhou nesta mesma cama. A intensidade da vibração pode deixar vaginas mais sensíveis em delirio. Lúcia explica que tal objecto só é aconselhável a mulheres concentradas. Tania não hesita. Assim que retira o dildo creme da sua rata, segura o aparelho. Ajoelha-se na cama e aproxima-se da amiga. Lúcia está sentada na cama e com as mãos, empurra as costas da colega para junto de si. A boca consegue provar as enormes mamas de Tania. Chupa-lhe os bicos, desliza os dedos por toda a sensibilidade do peito da amante. E não obstante o facto de se sentir acarinhada, com aquela boca nos seus seios, Tania concentra-se no vibrador. Procura perceber a melhor forma de manuseá-lo e depois ligá-lo. De seguida, pende o seu corpo para a frente e força Lúcia a deitar-se na cama. Imediatamente, a jovem bissexual abre as pernas e oferece o seu sexo. Numa descoberta pessoal, Tania deixa-se encantar com a beleza dos lábios vaginais da amiga e toca. Toca levemente com os dedos, sente a delicadeza do sexo de uma outra mulher. Toca no clitóris e entende que ele está estimulado. Toca nas virilhas e pressente o quanto alguém do mesmo sexo que o seu, pode desejar que ela mesmo lhe dê prazer. Fazer penetrar o vibrador é um gesto excêntrico de Tania. E ela aproveita-o por completo.
- Estás a gostar?....Estou a fazer bem?
- Ohhh, Tania....sim!...Ohh, sim...estás a fazer tão bem...
- És linda....Uhm...é delicioso ver-te assim....
Lúcia sabe o quão aquele momento está a ser delicioso. Um deleite autêntico em todas as suas fantasias. E na cabeça dela, enquanto a rata lateja com tanta explosão de prazer, surge a sensação de que aquele objecto nunca foi tão bem aproveitado. Ela respira fundo e tenta concentrar-se. Por inúmeras vezes, o objecto erótico levou-a ao êxtase demasiado cedo. E agora, ela quer perceber até onde é que pode aguentar. A explosão é encarada por Tania de uma forma surpreendente. Ao mesmo tempo que move o vibrador, ela olha para todas as reacções da amiga. Para a rata que se encharca, para as pernas que tremem, para os bicos das mamas que incham, para as mãos da rapariga que acariciam os próprios seios entesados, para a face de Lúcia que com os olhos cerrados demonstram uma expressão loucamente intensa. Lúcia vem-se com a ajuda da mulher da sua vida.
- Não saias, por favor, não saias!....És poderosa...ohhhh! Sentes-me a vir?
Tania sentiu tudo. Agora que Lúcia tem as pernas sobre as costas da amante. Agora que a amante deita a face sobre o seu peito e segura as suas mamas. Agora que as suas mãos voltam a acariciar os cabelos de Tania. Agora, as duas jovens sentem verdadeiramente que partilharam algo. E na intimidade daquele apartamento, onde as duas vivem como colegas, elas são neste instante amantes. E esta noite parece demonstrar que elas sempre pertenceram uma à outra. Surrealmente, a sua distância nunca foi maior que esta, em que os corpos se unem.
- Tenho que te perguntar uma coisa....A Joana...
- O que é queres saber?
- Não sei...vocês estavam sempre juntas e agora....e isto...e não sei....o que pensará ela de tudo isto...
- Não sou dona dela...Acho que ela não gostou de saber certas coisas....
- Que coisas?....
- Isto...Isto que nós temos agora, aquilo que eu sempre tive por ti....Mas....Não interessa, Tania... A Joana não deixou de ser aquilo que sempre foi...
- Uma amizade colorida...
- Chama-lhe assim...
Um silêncio invade a cama. Tania procura perceber se nada mais afecta o sentimento da sua colega. Mesmo que na sua cabeça, ela não consiga afastar a ideia de que está a ser infiel ao namorado. E até Lúcia sabe que a amiga se engana a ela mesma, ao achar que este sentimento que elas partilham vai para além de traição. Joana está cada vez mais afastada da sua amiga colorida. E Filipe é um elemento que põe demasiada confusão a esta relação.
- E aquele tubo azul? - pergunta Tania.
Azul. Uma bisnaga já usada de um creme lubrificante. Fresco. Macio e com um toque diferente na pele, em locais erógenos. Lúcia pega nele, abre a tampa e explica tudo o que aquilo pode proporcionar. Lúcia recorda para si mesma a primeira vez que sentiu este creme. Surreal, estranhamente estimulante e mágico. E é nesse pensamento que coloca um fio de creme na ponta do seu indicador e o faz deslizar pelas nádegas da amiga. Tania ressente-se. Percebe que algo naquele produto não é normal. A partir daí, a descoberta reinicia. A namorada de Filipe cola-se ao corpo da amante. Os seus dedos fincam nos ombros rechonchudos de Lúcia. O seu peito escorrega pelas mamas da parceira. As mãos da estudante, já com o creme espalhado, deslizam suavemente pelas costas. Assim que sente a amante a vibrar, apalpa as nádegas carnudas. Depois, aventura-se.
- Lúcia!!....Bolas!....Ohhh...o que estás a fazer?!...Uhm...
Ela está a deslizar a ponta do indicador pelo ânus. Levemente, suavemente. E é nesse instante, em que o creme se espalha pela sua pele, numa zona sensível, que ela percebe a magia do creme do tubo azul. Tania ergue a cabeça e respira fundo. Olha para a amante e procura perceber o sorriso trocista de Lúcia. Os dedos da jovem bissexual apoderam-se da pele erógena de Tania. Da mão esquerda, os dedos puxam a nádega, abrindo tanto o buraco anal, como a vagina. Da mão direita, os dedos brincam. Passeiam pelas margens sensíveis da amiga. Tania procura controlar-se. Tenta desvendar o que mudou no seu corpo para ter um formigueiro nos pés, as coxas a vibrar, a rata a arder e as mamas a inchar. Tania está excitada de uma forma transcendente, algo que ela sabe que nunca tinha experimentado.
- Percebes agora?...Uhm?!...Percebes, Tania?
- Sim...uhmmm...ooohhh...simmmm....Oh, Lúcia, o que é isso??!...Oohhhh!
O dedo penetra na vagina, deliciando o interior com aquele creme mágico. As mamas de Tania estão sobre a face da amante, as quais imediatamente são provadas pelos lábios latejantes de Lúcia. Mas aquele jogo não é o de Tania e em poucos segundos, ela dá-se por vencida. O seu prazer transborda por todos os lados. Até pelos pés que incham, até pelos ombros que perdem sensibilidade, até pelo rabo que arrebita e aperta o ânus. Tania vem-se e procura manter os olhos abertos. Ciente da transcendência do momento, a namorada de Filipe não descola o olhar da face da amiga. No fundo, enquanto goza um enorme orgasmo, ela quer mentalizar-se que é uma mulher que lhe proporciona tamanho prazer.
- Não é possivel....Lúcia, não é possivel...Eu achava que algo assim, não podia acontecer...
- O quê?...O creme?
- Não sei...Talvez....mas acho que...não sei...és tu....
É fácil para Lúcia sorrir. É fácil para ela sentir-se bem com as palavras da amiga e agora, cada vez mais, amante. É fácil deixar-se levar pela emoção de Tania. Esquecer que ela namora com um homem. Esquecer que esse homem lhe esconde demasiadas coisas. Esquecer que esta noite nem sempre se poderá repetir. Mas desta vez, no seu quarto, no espaço que ela tanto queria partilhar, nesta noite fascinante, nesta cama diferente, algo tem que perdurar. Mesmo que seja uma ilusão.
- Continua a ser estranho... - desabafa Tania.
- Porquê?
- Parece que sempre te pertenci.
Deitadas na cama, debaixo dos lençóis, Tania e Lúcia estão saciadas. Tanto dos corpos uma da outra, como dos brinquedos que ajudaram a retirar o maior prazer. Envoltas uma na outra, elas não se querem separar. De facto, unem-se numa fantasia inerte ao tempo.

segunda-feira

O que aproxima também pode separar

Publicado a 02-05-08
É irresistível. Qualquer oportunidade que surja, o jacuzzi é o espaço de eleição dos moradores do Edifício Magnolia. Seja para partilhar o lugar com os vizinhos, como já se viu com alguns inquilinos mais ousados. Seja para convidar os amigos a usufruir de momentos de lazer, como é o caso do filho mais velho de Rodrigo, que goza há cerca de uma hora a piscina com a namorada e o grande amigo, Miguel. Seja para procurar um pedaço de tempo para relaxar, como pretende Helena ao subir as escadas do edificio com uma revista na mão e a cintura envolta numa enorme toalha para enxaguar o corpo.
É irresistível. O olhar trocado à distância, entre Helena e Miguel, quando a mulher entra pela porta da casa do jacuzzi. Ela não estava propriamente à espera de o encontrar ali, tal como enfrentar a presença de Sandra. Mas o seu filho tinha-a avisado e só um lapso de memória leva Helena a confrontar a crua realidade de ela não desejar este instante. E o que ela pensava que seria uma tarde tranquila e evadida do mundo, transforma-se agora numa ansiedade pesada no seu peito. Ela respira fundo e pressente que Miguel está a olhar exactamente para as suas mamas, debaixo do soutien branco. Ao mesmo tempo, o olhar do seu filho dirige-se a si, mas com alguma desconfiança. O jovem pensa que a sua mãe surge ali apenas para o vigiar. Algo que obviamente não lhe agrada. Sandra mantém um ar frio. Percebe que a mulher nunca simpatizou muito com a sua pessoa. Mas como a jovem rapariga deve, também teme. À medida que Helena se aproxima das espreguiçadeiras, sem saber bem como reagir, o silêncio toma conta do espaço.
É irresistível. Helena não consegue sentir-se tranquila. Mesmo que esteja deitada na espreguiçadeira, procurando abstrair-se do que está em seu redor. Mesmo que o artigo da revista sobre a traição de um membro da nobreza dinamarquesa ocupe por completo o seu olhar. O seu filho é parco em palavras, Sandra procura entregar um gesto terno mais subtil ao namorado e Miguel não pára de rodear a sala do jacuzzi. Ela já pensou em sair. Mas na sua cabeça invadem-lhe dois pensamentos. A imagem do filho na sua cama com a namorada. A imagem de Miguel completamente nu, diante da sua boca faminta. Ouve-se o barulho da água que borbulha a sobressaltar. O filho de Helena e Rodrigo salta da piscina e vai pegar uma toalha. A mãe baixa as folhas da revista e procura perceber o que se passa em seu redor. Miguel continua a olhar subliminarmente para si e só ela é que percebe. Sandra acaba de sair também da piscina e o seu filho está a vestir uma t-shirt.
- Miguel, eu vou andando....A Sandra ainda tem que passar pelo trabalho e depois eu encontro-me contigo, está?
- Ok....a que horas?
- Sei lá, às oito....Não te atrases, o resto do pessoal não curte que chegues sempre tarde.
- Ok, ok....vou tentar...Mas não queres que eu vá com vocês...
- Não...Eu tenho pressa e...fica à vontade...quando quiseres sair só precisas de entregar a chave à minha mãe.
É irresistível. O coração de Helena pula com mais força. Ela deixa cair a revista em cima do seu peito. O seu filho acaba de vestir-se e aguarda mais uns segundos até Sandra estar pronta. Nesse espaço de tempo, dá um beijo à mãe em silêncio. Imediatamente depois, sai com a sua namorada. Helena percebe o constrangimento da situação. O olhar de Miguel não descola de si, do seu corpo, de tudo o que ela possa querer demonstrar. E nem ela tem a certeza do que pode estar a evidenciar. Nem ela sabe o que quer transmitir. Aquilo que ela temia, está a acontecer. E ela tem que encontrar uma solução. E isso não passa por sair, deixando o jovem sozinho no espaço que não lhe pertence. E muito menos se equaciona a hipótese de entrar no jacuzzi, onde Miguel relaxa, encostado à parede, com os braços esticados.
É irresistível. Sem saída. Sem solução. Sem um horizonte à vista. Algo parece querer aproximar Miguel e Helena. Tudo o que acontece é demasiado flagrante. Tudo o que se passa atrai. Ele sai da piscina. Com o corpo molhado, com os calções pretos encharcados. Apesar do silêncio ser a palavra de ordem de Helena, eles mantém a comunicação. O olhar dele a deliciar-se com cada pedaço corporal da mulher. Os olhos dela a perderem-se na cintura do jovem. Helena está sentada na longa cadeira de madeira da cabine do chuveiro. A água com a pressão ideal passa pelas costas dela. Deixa-a enfeitiçada, hipnotizada, deslocada do mundo real. Os nervos dela estão sensíveis, o seu corpo amolece. A porta está aberta. E a aproximação é inevitável.
- O seu filho disse-me que foi você que pensou neste espaço....

- Sim...

- Em que é que estava a pensar quando escolheu essa cadeira?

- Eu quero que pares, Miguel...

- O que é que eu estou a fazer?

- Pára!...Por favor...estou a pedir-te...Pára ou eu saio.

- Então...saia....

- És um garoto....És um garoto, Miguel.

É irresistível. Não há nada a fazer. Miguel já está dentro da cabine, com um sorriso presunçoso. Os músculos das coxas de Helena não obedecem à razão do seu cérebro. Ela não se consegue levantar. E ele já está diante de si. O toque. Os joelhos dele tocam nos joelhos dela. Helena olha para ele. Helena come com o olhar o sexo dele, por debaixo da peça de roupa. Helena não consegue obedecer às suas próprias ordens. Nada tem nexo e os olhos dela cerram. Miguel despe os calções. Miguel irrompe por entre as pernas dela. Miguel ajoelha-se. E o toque. As mãos dele seguram com convicção nas coxas formosas da mulher e abre-lhe as pernas. Helena respira fundo, mas depois só consegue soltar suspiros. Ele ergue ligeiramente o corpo e com a ajuda dos joelhos, levanta as coxas dela. Os pés de Helena não obedecem. Os calcanhares colam-se ao rabo dele. Uma mão dele agarra-se à madeira, por detrás das costas femininas. A outra mão acaricia as coxas, o rabo e aventura-se. Helena já lhe pertence. É o toque. As mãos dela escorregam na pele das costas de Miguel.
É irresistível. A tanga branca e encharcada de Helena não a protege. Nem a sua consciência a protege. O corpo do jovem está colado a si. E o verdadeiro motivo que a faz libertar um gemido intenso, vibrante e excitante, é o pénis inchado de Miguel a abrir-lhe os lábios vaginais palpitantes. O toque. Os mamilos dela enfurecem. Ficam rijos. Sobressaem no tecido do soutien. Espetam no peito robusto e carnudo do amigo do seu filho. E aquilo que ela sente a penetrar dentro de si, é mais do que toque. É uma louca sensação de preenchimento carnal que extravasa o desejo, a paixão ou o amor. Aquilo que Miguel dá à sua nova amante é uma pecaminosa foda. Literalmente. Sem ligeireza. Sem qualquer exagero. E já não há retorno. Helena e Miguel fodem. Numa cena escaldante. Num abraço despido de pudor. Num desejo absurdamente irresponsável. Eles fodem.
É irresistível. O sexo dele vai inchando. É pelo menos esta a sensação de Helena, perdida na sua evasão. É esta a sensação que percorre cada pedaço intimo de si. É isto que o seu cérebro racionaliza. A constante entrada de uma carne vigorosa e excitante. A tanga roça no pénis de Miguel e começa a tornar-se incómoda. As mãos de Helena fincam-se nas costas dele, caminhando para baixo, à medida que ela parece pedir ao puxá-lo contra o seu corpo. As pernas dela cada vez mais erguidas e abertas. O rabo dela encharcado e a escorregar no assento de madeira. A água que escorre no corpo da mulher. O rabo dela já sentado. O sexo a entrar e a sair. Aquele sexo inchado não pára de foder Helena. Os gemidos. A respiração. A penetração. O toque. É disso que ela não se consegue desfazer. Da sensação absorvente do toque dele por todo o seu corpo.
É irresistível. Ela não aguenta. Ela não oferece resistência. Nem o seu corpo, nem a sua mente, nem a sua alma, nem a sua consciência nem o seu sexo. A sua rata lateja a cada penetração dele. Helena sente um prazer inolvidável. E as suas pernas já estão no topo. No topo do mundo, no topo do céu, no topo da sua maior loucura. O filho do seu amigo segura-a e ela tem as mãos no rabo dele. As unhas fincam-se nas nádegas. Sempre a pedir mais. Porque não há retorno. E ela não recusa o toque. A tanga aguenta-se nos tornozelos e estão prestes a cair.
É irresistível. O pedaço de roupa no chão. A água a encharcar o mosaico da cabine. O vapor a consumir o desejo dos dois corpos. Miguel está a foder a mãe do seu amigo. E Helena não quer acreditar que se deixou render à tentação. As suas pernas estão abertas. Nada a protege. Nada a segura. E ela voa. Porque o toque do corpo dele enche-a de tudo o que ela recusava a si mesma. Helena sempre soube que era difícil resistir as investidas aliciantes de Miguel. Da mesma forma que sabe que é dificil suportar por mais tempo às investidas do sexo grosso e convicto do jovem. Ele fode-a e é muito mais do que o toque. Os braços dele seguram o corpo de Helena enquanto a consciência dela se mistura com a humidade da cabine. Ela vêm-se. Com a boca dele no seu pescoço. Com o peito dele a chocar contra o seu corpo. Com o rabo do jovem nas suas mãos. Com a picha dele a concretizar aquilo do qual ela nunca quis negar. Tudo isto é irresistível. E no chuveiro que ela pensou para aquele espaço, para que todos os vizinhos usufruíssem, Helena é a primeira a ser possuída. Na sua mente, aquele chuveiro nunca mais será o mesmo.
- Ohhh...Miguel..isto é uma loucura...põe-me no chão...por favor!
É irresistível. Porque ela não está arrependida. Ainda pouco ciente do que fez, mas não há remorsos. A foda soube bem. O beijo quente que ele lhe ofereceu assim que ela alcançou o êxtase, apenas lhe pode deixar a certeza que Miguel sentiu algo semelhante a ela. O beijo que os lábios carnudos e tesos dela provaram, são a prova. O toque. Os lábios dele deram-lhe o toque que lhe dá um novo rumo. E nunca ela pensou estar tão próxima de um amigo do filho. Proibido. Devasso. Imoral. Irresponsável. Incoerente. Tudo isto, talvez. Mas a perdição deu-lhe um momento fulgurante. E isto, Helena sente. O jovem está abraçado a ela. Entrega-lhe caricias, experimenta a pele amadurecida dela. Alivia a sua tesão dentro da rata dela. Aprecia o toque das coxas dela a roçarem no seu corpo. Miguel não a vai largar enquanto ela não pedir.
- Ninguém precisa de saber disto, certo?
- Descanse...você não é a primeira mulher casada com quem me envolvo...Tenho tanto a perder como a Helena.
- Só não quero que dês com a língua nos dentes perto do meu filho ou da Sandra esta noite.
- Eu não vou estar com a Sandra....
- Não?!
- Ela não costuma assistir aos nossos jogos de futebol.
- Uhm?!...Ah, ok...
- Helena...eu não sou um garoto.
- Eu sei...Eu reparei...Mas não sei se tudo isto não foi um enorme erro.
- Está arrependida?
- Não....
É estarrecedor. O amigo do filho de Rodrigo já se vestiu. A tarde vai terminando. Helena está enfeitiçada. Sai dos sanitários disponíveis no espaço e pega na enorme toalha que trouxe. Rodeia-a pelo seu corpo e procura ter a melhor reacção diante do rapaz. Será ele um amante? Será ele apenas um momento repentino de perdição? Ele é amigo do seu filho. Isso tem que contar. Talvez tudo tenha ido longe demais. Mas o prazer foi concebido. Tudo aquilo, toda aquela foda aconteceu realmente e ela não pode negar que gostou. Ela não quer ser vista a sair dali, apenas acompanhada por um jovem irresistível. Por isso, apressadamente, acompanha Miguel até à saída do jacuzzi. Ele percebe que não vale a pena esticar o tempo, porque ele pode virar-se contra si. Também ele tem consciência do que fez, do que quis e das implicações. Com encontro marcado com o filho da sua amante, ele segue para o corredor de acesso do Edifício. Mas a lucidez invade a mente da mulher. Antes de fechar a porta do novo local de lazer, antes de se fechar no 1º esquerdo, Helena apercebe-se que se esqueceu de algo. Sozinha, dirige-se junto à cabine do chuveiro. Encostado à porta de vidro, no chão, está a sua tanga branca. Esquecer-se desta peça, neste local acessível a qualquer morador, poderia ser fatal. Mas o toque é revelador. O toque. Assim que ela se ajoelha e agarra a tanga, uma sucessão de pensamentos aterradores explode na sua mente e a sua consciência formula uma conclusão. A tanga que ela achou junto à cadeira do seu quarto. O encontro de futebol do seu filho e dos seus amigos. A ausência da namorada. Sandra. O seu filho e a namorada no quarto do casal nunca aconteceu. O seu marido. A tanga de Sandra. O seu filho nunca esteve ali naquela tarde. Sandra. Rodrigo. Ele não poderia estar com uma rapariga tão nova. Ele não tinha coragem de se envolver com a namorada do filho. A tanga dela. A sua tanga estava perdida no chão. A tanga de Sandra estava no chão do seu quarto. Rodrigo. Ele fodeu-a. No instante em que Helena realiza a dimensão da traição, ela apercebe-se que tem tudo a perder. É estarrecedor.

domingo

Não tenha receio em aproximar-se

"É o sentido do toque. Em qualquer cidade real, tu andas, sabes? As pessoas chocam contra ti. (...) Eu acho que nós sentimos tanta falta desse toque, que colidimos uns nos outros, só para conseguirmos sentir alguma coisa"

Retirado do filme Crash, de 2004, com Brendan Fraser, Matt Dillon, Sandra Bullock, Don Cheadle e Thandie Newton. http://www.imdb.com/title/tt0375679/





Há algo distinto na vida deste Edificio. Existe uma sensação diferente que torna o quotidiano de cada um dos inquilinos, um acontecimento ímpar. Porque já nada é o mesmo. Ninguém neste empreendimento pode dizer em voz alta que a sua vida se mantém na mesma e insignificante rotina. Porque algo mudou. Ou até o que essa pessoa tocou, fez mudar algo. E a estrada não parece a mesma. Segue trilhos distintos, sem sequer se adivinhar um fim de percurso. Porque tudo vai deixar de ser o mesmo. As vidas movem-se. Os pensamentos transformam-se. Os desejos ebulem. Porque eles hoje querem sentir. E não da mesma forma que sentiram ontem. E certamente de uma forma que não se repetirá amanhã.
O que está então de diferente? O que distingue com tanta intensidade este Edificio dos restantes que o envolvem. Nesta rua, neste bairro, nesta cidade, neste mundo onde todos procuramos sentir algo distinto.
Há uma sede. Há um desejo. Há uma procura. Há uma distância. E o que distingue as vidas destes seis apartamentos é a procura dessa distância. A sede de aproximar essa distância. O desejo de guardar uma distância. O capricho de conquistar essa distância da forma como se pretende e nunca mais mudar. Seja essa distância um mundo inteiro. Seja esse espaço que separa um quarto. Seja um palmo de distância. Seja a pele que se cola ao outro corpo de uma forma inseparável. Há que guardar uma distância. Porque o amor também se guarda. Porque os segredos também se guardam. As paixões ficam cá dentro e não se diluem. A dor guarda-se de uma forma transcendente. A saudade guarda-se. Porque não guardar uma distância? Numa casa, num quarto, numa caixa, no peito, no coração, no mais intimo desejo sexual. Os inquilinos do Edificio Magnolia vão guardar uma distância.
Para si é seguro aproximar-se. A distância é suficientemente intensa para se poder quebrar. Este semana, quebre tudo isso. Quebre a distância, quebre os tabus, quebre os seus próprios limites. Leia, empolgue-se, sinta esse fervor interior, partilhe essa fome, comente, critique, sugira, apaixone-se. intervenha. Aventure-se, imagine, fantasie, arrisque. Esta também pode ser a sua vida, ou o seu desejo, ou o seu pecado. E ainda que possa ser só um grande fruto da imaginação, aproxime-se. Venha ver o que para aqui vai e melhor do que nunca, irá entender a distância que quer guardar.
Para além de daqui em diante conseguir perceber ( finalmente ) a diferença entre o dia em que a acção decorre e o dia da publicação da postagem, para além de dar de caras com novas revelações, cada vez mais profundas e inebriantes, esta semana ouse em sentir o toque. No fim, diga-nos o que pensa.