sábado
Bom porto em Noroeste
sexta-feira
Ainda se ruma a Sul
quinta-feira
Rumo ao Sul
quarta-feira
O mais a Leste possivel
terça-feira
Sem Norte
segunda-feira
Desviando para Sudeste
O creme hidratante é apenas um complemento ao fantástico trabalho que mais uma vez a mão de Henrique exerceu sobre a rata da professora. Se não fosse o facto de ser uma tarefa excitante, carregada de desejo e consequentemente aplicado a mulheres que ele quer, o homem poderia tornar-se um profissional esteticista.
- A vida é tua, Maria José...Não sou eu que te vou dizer que estás certa ou errada, mas.... Acabaste de sair de um casamento complicado. Meteres-te agora numa aventura em que te comprometes com alguém que....Não sei...tenho medo que te magoes.
- Não me vou magoar, Henrique. Apenas tenho saudades de me sentir amada...
- Será ele que te vai dar isso? Achas que é o único homem que o pode fazer?
- É...Neste momento, é.
O homem atira a toalha para cima da sanita e acaricia as pernas da amante. Maria José inspira fundo e por breves segundos cerra os olhos. Ele beija as coxas dela e percorre-as, até chegar à vulva. Chupa ligeiramente os lábios vaginais e num gesto incisivo, coloca a lingua dentro da rata húmida da sua cunhada.
- Pára!
Ela segura com os dedos os cabelos dele e retira a cabeça dele do seu intimo. Henrique desiste de lamber, de começar um minete que sabe que lhe iria dar imenso prazer. Mas percebe. Ergue a cabeça e olha para a mulher.
- E eu? Vais esquecer-me?
- Tive casada e sempre tivemos as nossas fodas....Carnais, amigas, descomprometidas. Apesar de estar apaixonada...não quero que isso mude. Pelo menos para já....
- Ena...isso faz-me sentir muito melhor....
- Hoje não, Henrique....É só isso que te peço....Hoje não...
Henrique levanta-se. Agarra as pernas dela e aproxima-se. Senta-se também ele no bidé e aperta o corpo da mulher contra o seu. Os sexos roçam e ele sente a suavidade da vagina dela, depois de a ter depilado. Os braços dele envolvem o corpo da professora e Maria José agarra-se ao rabo dele.
- Um dia...não sei em que circustâncias, talvez iremos perceber que isto não nos satisfaz. Um dia deixaremos de ser amantes. Um dia, esta casa deixará de ser o teu apartamento alugado....Um dia vamos perceber que só estamos bem juntos.
- Um dia, Henrique....Não hoje...
Ela dá um beijo terno nos lábios dele e sorri. Depois lança um olhar, de como quem pede ao homem para não avançar mais.
- E o meu prémio? Não tenho direito ao meu prémio? Tu dás-me sempre um prémio.
Uma foda naquele mesmo sitio. Um broche dedicado como recompensa de um trabalho que muitas esteticistas não têm coragem de o fazer. Efectivamente, Maria José retribuiu tamanha dedicação. Mas hoje é diferente. Henrique levanta-se. A mulher segura o sexo e olhar para ele seriamente. Coloca a ponta do pénis ligeiramente excitado do homem e abocanha-o. Apenas aquele pedaço. Os dentes seguram a ponta e os lábios chupam a carne que tantas vezes a satisfaz. Henrique estimula-se. Estranha que ela não avance. Percebe que ela vai chupar a ponta até ele não aguentar mais. Mas é exactamente isto que ela oferece. Nada mais.
- E amanhã? Ainda vais gostar dele?
- Talvez....
- Posso vir cá amanhã?
- Telefono-te....
- Estás a mandar-me à fava.
- Henrique!...Vamos fazer assim. Amanhã telefono-te...Se for possivel, prepara um jantar....em tua casa....Digo-te se ainda gosto dele. E se me quiseres ouvir...como amigo, como confidente....pode ser que as coisas acabem na tua cama....O que achas?
- Tenho outro remédio?
- Irás sempre ser importante para mim. Não importa o quê.
- Não me trates como o teu novo amante, namorado, paixão ou lá o que ele é...
- Henrique...
- Vais ter a tua noite, vais ter a tua foda...a depilação está feita.
- Por favor, Henrique.
- Eu estou feliz por ti....a sério.
Convincente ou não. Resignado ou não. Henrique é adulto e sabe que aquela mulher não lhe pertence. Mora no que é seu. É um pedaço da vida dela. Mas chegar ao coração de Maria José não é tão simples como parece. Alcançar o verdadeiro significado do amor no corração da professora é uma conquista. É fazer a mulher resnascer. É fazê-la nascer, como se fosse a primeira vez. Para que Maria José volte a acreditar no amor, é preciso alguém ensinar-lhe uma nova definição. Paulo é um novo passo. Jovem, inseguro, ambicioso, irreverente, diferente. Paulo é a primeira palavra para o novo significado de Maria José. Será dele a última palavra?
domingo
E se tudo pudesse tomar outro rumo
Será que nos apercebemos? Será que é possível tomarmos consciência imediata de tudo o que nos rodeia, no momento em que tudo explode? Será que conseguimos ser neutros, frios, distantes o suficiente, para percebermos que algo está a mudar? Será que temos lucidez suficiente para tomarmos a melhor opção? Será que temos alternativa? Será que o nosso destino não somos nós e as nossas duas mãos, os nossos dois olhos, a nossa dupla e ambígua personalidade?
Será que o bom e o mau, o certo e o errado, não têm um intermédio?Porque tudo o que fazemos, decidimos ou pensamos, é puro instinto. Sem espaço para recuar, apenas para arrepender. Porque o intermédio dos extremos é apenas e só o momento em que tudo já é passado. E o passado não se sonha, não se tenta mudar. Está escrito. E dentro de todos os pontos de vista que cada um pode ter sobre o passado, o nosso é sempre o mais coerente. Porque é a nossa decisão que prevaleceu. Não se deve questionar a forma como o poderíamos ter feito. Devemos apenas consciencializar que está feito. A melhor opção é sempre aquela que foi tomada. Viver é a única forma de apreciar o passado.
O casamento de Helena e Rodrigo parece imune a tanta traição. E aquilo que já foi feito é um encorajamento a fazer mais. Sem olhar para trás, apenas para a frente. A tentação é apenas um sabor instantâneo que cedo desvanecerá com o êxtase do prazer.
Maria José não percebe como se apaixonou. Acontece. Mesmo que o passado lhe tente ensinar a fugir de um futuro inevitável. Não é amor, é fascínio. Uma mistura apaixonante de redescoberta intima e partilha de prazer.
Lúcia está num beco sem saída. Não consegue corrigir os acontecimentos do passado. Não consegue transformar o fervilhar do coração. E um passo em frente pode ser sempre o último. E o último passo pode ser sempre o ponto de partida de um novo inicio.
Laura e Afonso procuram mais. Algo que o passado já não lhe satisfaz. Algo que as memórias e fantasias já não conseguem saciar. Só a perspectiva de algo mais intenso redescobre a paixão. E mesmo que a força do amor os faça navegar por águas calmas, a tentação só pode trazer novas fantasias, novas ideias, novas pessoas.
Rafael sabe quem é. Frio e calculista. O presente é apenas uma cópia do passado. Uma repetição de um desejo que se torna vazio e necessitado de um novo fôlego. Ele tem mais a contar do que a vista alcança. Mas só uma facada no coração lhe vai abrir o peito e acordá-lo do passado.
Ana anseia por experimentar um atalho. Uma viagem diferente daquilo que a torna única. Uma tentação irresistível mas perigosa. Por um caminho difícil de percorrer, que certamente lhe pode abrir uma porta que ela não quer abrir. A sua máscara nocturna preenche-a mais do que ela pode imaginar. Não é tudo. Não é o futuro. Mas é o instante. É o seu papel que lhe traz confiança, segurança e felicidade. Mesmo que ilusória. E esse atalho só a pode tornar insegura.
E se tudo parece vago ou surreal, se é arriscado prever o futuro de cada um destes inquilinos, é porque nem a própria pessoa sabe que decisão tomar. Porque nada parece claro. Nada consegue convencer o instinto a esboçar uma reacção. No Edificio Magnolia, esperar não é uma opção. Agir é uma consequência do tempo que já não retorna. O bom e o mau. O certo e o errado. O meio termo de tudo isto é apenas avançar. Só o tempo irá determinar as consequências da acção, a aceitação ou o arrependimento. A glória ou a decepção. A este instante, tudo o que se passar neste espaço é fruto da vivência que não se esgota em cada um dos inquilinos.
E acredite, se não mudar a sua vida, se não lhe fizer ver a vida com outros olhos, irá certamente mudar toda a vida do inquilino que você for espreitar. Porque o ponto de vista desse morador foi a decisão que ele tomou. E isso você já não pode mudar. Mas pode assistir a essa revelação.