sábado

Palavras confessas

Quando o sol entra pela janela do 2º direito, o apartamento ganha uma nova vida. Quando esse sol surge a meio da tarde de Sábado, essa vida torna-se resplandecente. E só pode saber bem viver aquele lar. E só as inquilinas que respiram essa vida conseguem captar toda a essência de qualquer divisão. Tania dança pela casa. Está algo desorientada e não pára de barafustar. Veste uma roupa bege confortável, parecida com um pijama. Avança pela cozinha e remexe no cesto de roupa suja. Depois vai até à sala e vasculha o cesto que a sua colega de quarto acabou de passar a ferro. Lúcia está ali perto, do outro lado da janela da maior divisão da casa. Olha para a amiga, completamente desorientada e larga um riso. Pergunta se precisa de ajuda, ao que Tania responde com mais barafustação. Lúcia esta sentada na varanda, vestida com uma t-shirt que se cola ao corpo e uma tanga branca. As suas pernas estão macias. Ela está a acabar de fazer a depilação, ritual efectuado todos os Sábados, neste exacto sitio.
- Estou à procura daquelas cuecas pretas...sabes? Tenho uma hora para me despachar e não as encontro. Não as viste?
- Tania, eu não mexo na tua roupa. Possivelmente está na....
- Estás a fazer a depilação?!
- Sim.....
- É um creme depilatório que estás a usar?
- Sim....
- E funciona?!
- Sim....
- Bolas...eu quero usar cremes assim mas tenho medo que irrite a minha pele. Mas....as tuas pernas parecem estar macias....
- Sim...
Tania entra na varanda e fixa o olhar nas pernas da amiga. Lúcia fica surpreendida. Acanhada até na forma entusiasmada como a sua amiga invade a sua tarefa intima. Tania encosta-se ao corpo da colega de casa e passa os seus dedos pela perna efectivamente suave de Lúcia. A jovem heterossexual está fascinada. E não o esconde.
- Uau!...E ainda uso eu a máquina....É só creme que usas aqui?
- Sim...e a espátula...
- Poderoso....Posso experimentar?
- Queres?
- Claro que quero....Devo ter o mesmo tipo de pele que tu...Se na tua não irrita, aposto que na minha também não.
- Ok....senta-te ai, então...eu mesma faço-te a depilação. Isto é preciso ter cuidado.
- Se me garantires que não me queima a pele....
- Arde um pouquinho, mas depois tens logo que lavar as pernas... Tira lá as calças.
Imediatamente, Tania senta-se no outro banco e despe as calças castanhas. Tal como a sua colega fica de cuecas. Passa as mãos pelas suas pernas, procurando sentir o toque antes de deixar que Lúcia espalhe o creme na sua pele. A jovem estudante respira fundo. Percebe-se a sua ansiedade quando ela percepcionar que a sua paixão secreta lhe dá oportunidade de a tocar, de lhe dar um carinho diferente. Intimo, mas diferente. Lúcia aproxima o seu banco das pernas rechonchudas da colega e inicia o trabalho. Na mesma delicadeza que exerceu nas suas próprias pernas, a jovem vai depilar os membros inferiores de Tania. Não obstante a concentração de quem serve de esteticista e não esquecendo o nervosismo da jovem que vai ser depilada, a conversa entre as duas jovens solta-se.
- Vais sair?
- Sim, vou a uma festa com as pessoas lá do trabalho.
- Um jantar de gajas?
- Completamente. Mais me parece é uma saida de engate, mas pronto.
- E o Filipe? Também vai?
- Achas? Hoje quero é vê-lo longe....
- Está tudo bem entre vocês?!
- Claro que está tudo bem...Porque não haveria de estar? Ele não vai porque é como digo, é um jantar só com mulheres. Mas porque é que perguntas?
- Não sei...Vocês têm parecido distantes....Não tenho nada a ver com isso....mas parece-me...
- Talvez tenhas razão...Mas não é nada...Ele também parece que tem evitado vir cá a casa e....
- Ah...Algum motivo em especial?
- Não sei....Talvez tenha outra e....
- Tania, não digas isso nem a brincar.
- Porquê?!!! É sempre possivel, não é?
- É...mas não podes pensar assim. Se pensas assim é que ele arranja outra. Mas desconfias de alguma coisa.
- Não...e sei que ele é meu. Eu tenho a certeza de que temos algo especial e nem sequer a imagino com outra.
- Ama-lo?
- Sim, completamente. Como se fosse o primeiro dia...Quer dizer, talvez possa estar a exagerar, mas....Amo-o mesmo. Talvez seja por já estarmos juntos há tanto tempo. Mas sinto que ele é meu.
- E ele?...Achas que sente o mesmo?
- Como assim?
- Achas que ele te ama?
- Claro que sim...não duvido disso...
- Da mesma forma que tu o amas?
- Não...eu sei que não....é normal que não ame da mesma forma do que eu...Até pode ser normal que não me ame da mesma forma como no primeiro dia... Mas sei que ele sente algo forte por mim...
- Achas que ele tem ciúmes de ti?
- De mim? Do quê?! Eu não lhe dou motivos para isso...
- Achas tu....
- O problema se calhar é esse.
- Não lhe dares motivos?... Bem, se quiseres podemos dar-lhe motivos para isso.
- Não é nada disso!....
- Então? O problema é ele não ter ciúmes?
- Não é bem isso...
- São os teus ciúmes?
- Lúcia...tu sabes que falo estas coisas contigo...como amiga...como alguém que tenho à minha frente que sabe o que sinto....mesmo que eu esteja a falar de um homem.
- Eu já te disse que também tenho as minhas fodas com homens...
- Sim, mas....Alguma vez sentiste que não eras tu que estavas ali?
- Ali onde? Como assim?
- Alguma vez um homem entrou em ti...te abraçou...te tocou...te fez sentir louca e vibrante com o sexo que ele te dá e....O que eu quero dizer, Lúcia, seja homem ou mulher....Alguma vez sentiste que a pessoa que partilha relações contigo naquele momento não te está a comer a ti?
- Está a comer quem, então?
- O Filipe....nos últimos tempos...nas nossas últimas....tu sabes...É como se não fosse eu que estivesse ali...entendes?
- Mas és tu que estás ali...Ou têm uma nova parceira e não me disseste nada?
- Pára, vê lá se me entendes!....
- Desculpa, estou a brincar contigo. Eu percebo...Ele entra em ti e parece que está a imaginar outra pessoa.
- Achas? Achas que ele está a imaginar outra mulher?
- Talvez....Tens algum motivo que te leva a pensar isso?....
- Sim...não...não sei. Eu simplesmente não o sinto...não tenho sentido. Se calhar é confusão minha...Ontem à noite...estávamos no quarto...talvez tenhas percebido...
- Percebi...Acredita...eu conheço as vossas fodas.
- ....Ele estava carinhoso. Desde o jantar. É de poucas palavras...sempre foi. Mas estava carinhoso. A maneira como ele me tocava os seios, a boca dele a beijar-me o corpo, até a forma como me despiu...Muito, mas mesmo muito carinhoso.
- E então?
- Fizemos amor. Ele é um bom amante. Gosta de experimentar novas coisas...sempre que é possivel. Entrou em mim fazendo-me sentir especial, sensual. As mãos dele nunca sairam do meu corpo....Ele deitou-se em cima de mim. Beijou-me o pescoço e entrou em mim. Soube-me bem...estava-me a saber muito bem... Beijava as minhas mamas, apalpava as minhas pernas...até mesmo sem a depilação feita...
- Tania! Desembucha...Até eu já estou a ficar excitada!
- Consegues imaginar?
- Consigo! Ainda tenho na cabeça os teus gemidos! Imagina na minha cabeça a vossa posição. Até consigo imaginar ele deitado sobre ti. Até consigo ter uma ideia do vosso abraço, das caricias, dos vossos beijos fogosos, das linguas a...a...a lambuzarem-se. Acredita que eu conisgo ver a forma exacta como vocês se beijam se olhavam um para o outro enquanto fodiam....
- Pois....o problema é esse....
- O quê? Ele não te beijou?
- Não é isso....Ontem, eu vim-me duas vezes com ele.... Ele pareceu gostar. Tenho até ideia que adorou... Mas a nenhum momento ele olhou para mim.
- Como assim?
- Não fixou o olhar, não falou comigo com os olhos como o que costumava fazer. Parecia não querer olhar para mim....
- Que ideia! Tu és bonita....Tu és linda...Tu és sensual! Tu és quente. Olhar para ti deve dar ainda mais tusa no meio da....
- Ele não olhou....E já não é a primeira vez....Mas só ontem é que me apercebi de verdade. E antes de adormecer, fiquei a achar que ele estava a tentar ver outra pessoa....
- Veio-se contigo a imaginar que era outra mulher?!
- Não sei...Talvez...Tem lógica...
- Mas o corpo é teu...A voz é tua....Bolas, até a rata é tua....
- Se não estiveres a olhar para a pessoa que amas, talvez consigas imaginar a mulher que quiseres.
- Talvez....É possivel...Mas...Tania...Talvez possa ser só impressão tua....
- É...se calhar....Eu amo-o. Acho que isso é que interessa....
- Tania.... são coisas da tua cabeça...Se o amas, ele só pode querer uma mulher como tu....
- Achas?....Achas que ele não quer outra mulher?
- ....Já está! Tens as pernas depiladas....Agora tens que ir tomar banho....Já!
Lúcia exalta-se. Levanta-se da cadeira e começa a pegar nos utenislios usados para tratar da saúde da sua pele e por consequência da sua amiga. Depilada, Tania fica a olhar para as suas pernas encantadas. Não se apercebe do nervosismo de Lúcia, que não pretende que a conversa se estenda. Se tal acontecer pode tornar-se demasiado perigoso. Na cabeça da jovem bissexual está ainda o beijo, está ainda a dúvida. Ela sabe que o seu coração lhe diz para confessar à amiga o que se passou com o namorado dela na cozinha do 2º esquerdo. Mas ao mesmo tempo, a racionalidade de Lúcia carrega o peso de ter que se abster de algo que não lhe pertence. É esta dúvida que pendula agora na sua cabeça. Até porque, ela não tem a certeza efectiva de que aquele assunto não lhe pertence. De qualquer forma, ela depilou Tania e essa acção soube-lhe bem. Brotou sensualidade dos seus dedos que foi correspondido com a entrega da amiga, refém das suas mãos carinhosas. Tania é agora uma mulher um pouco mais bela. E ela sente-se agradecida. Antes de ir para a casa de banho, Tania pára a meio da sala. Olha para Lúcia e sorri para ela.
- Se eu soubesse que tinhas umas mãos assim, já te tinha pedido para me fazeres a depilação completa....
- Pede-me o que quiseres, quando quiseres, Tania.
Lúcia esboça um novo sorriso. Ainda lhe sente o toque. Ainda lhe sente o cheiro. Ainda tatua em si os sentimentos que o corpo de Tania exalou para as suas mãos. A tarde de Sábado é para se aproveitar naquela varanda que traz o sol sereno. Tania irá sair para a sua noite de mulheres, com um toque diferente em si, debaixo da sua saia que corta junto aos joelhos.

sexta-feira

Bate-papo sensual

A banheira é imensa. Branca. Escandalosamente branca. Obscenamente espaçosa. Feita à medida dos sonhos de quem pretende usá-la. Construida de raiz para um objectivo concreto e rentável. Nos lavabos do 3º direito do Edificio Magnolia, há um lugar onde o banho pode ser uma experiência extravagante, prolongada e surrealmente sensual. Ana está envolta em espuma. A linha de água balança no seu peito, um pouco acima dos mamilos. Os seus ombros estão descobertos e brilham. Parte do seu cabelo já está molhado. Ela senta-se na sua banheira poderosa, encostada numa das pontas. Olha em frente, com um toque de desejo. Diante de si, também nu, também envolto em espuma, está o seu cliente de hoje. Marcos é um homem sorridente, encorpado, confiante e sedento de um momento apaixonante. Ele comprometeu-se a recompensar a sua acompanhante com momentos bem passados, genuinamente especiais. Ana acreditou nele e depois de terem tomado uma bebida num bar excêntrico perto da rua do Edificio, trouxe o empresário para a sua casa, directamente para a sua banheira.
- Espero que a temperatura da água esteja boa...
- É você que torna a água escaldante, Ana....Nossa, que se sente aqui o seu calor....
Marcos veio para Portugal há cerca de quatro anos. Desde São Paulo até esta cidade foi um enorme passo. Mas o espaço de tempo até conquistar a riqueza e o bem estar social foi bem mais pequeno. Há um charme canarinho do qual Ana se sente envolvida e agora não pretende soltar-se. Há uma forma diferente da qual Marcos vê o seu corpo e ela imediatamente se sente desejada. Como se nenhum cliente a pudesse desejar assim. Da forma como o brasileiro demonstra. O braço direito de Ana estica-se. Pega num copo de cristal e entrega-o ao seu cliente. Depois, pega no outro copo e deixa-o para si. O champanhe que enche os copos foi retirado há minutos do frigorifico. Ana abriu a garrafa depois de ter preparado o banho, antes mesmo de se despir diante do homem, quando ele já estava dentro da banheira.
- Delicioso champanhe, bom banho, óptima moça....que mais posso eu pedir?
- O acompanhamento.....
- Tenho que pedir?
Ela sorri. A sua mão direita brinca com a espuma e os dedos da mão direita levam o copo aos lábios. Ana não retira o olhar do homem. Marcos segura-se à porcelana da banheira, encostado e com os ombros tensos. As suas pernas mexem-se dentro de água. Apesar da banheira ser enorme e sobrar espaço para estarem os dois à vontade, as pernas do casal de amantes tocam-se. Os joelhos dele roçam nas coxas dela. A perna direita está por dentro. E o pé escorrega até tocar nas nádegas de Ana. Ela inspira fundo quando o sente a aventurar-se. Alarga os lábios e um pequeno tremor invade o seu queixo longo. O pé dele enterra-se por entre as nádegas da jovem. Ela não esconde a excitação, ao mesmo tempo que sente os dedos dele percorrerem a sua pele até roçarem na sua rata. Marcos sabe o que faz. O polegar do pé dele é verdadeiramente aventureiro. Percorre o sexo molhado da acompanhante, como se estivesse a remexer numa flor. E o desflorar faz subir sensações pelo corpo dela. Os olhares entre eles são trocados intensamente. É uma comunicação silenciosa que se transmite. Mas Ana solta um gemido e desconcentra-se. A sua máscara nocturna está viva. Mas o toque daquele dedo deixa-a desarmada. Marcos está a masturbar a mulher que se quer entregar a si. Com o pé. Debaixo de água. Invulgar.
- Você faz isto há muito tempo, Ana....
- Uhm...o quê?...
- Estas noites...estes programinhas....
- Estás a perguntar há quanto tempo é que sou acompanhante?
- Isso....
- Aqui, nesta casa?....Há coisa de um ano e meio...mmm....
- Não pode ser...Você não ter ar de menina que faz isto há tão pouco tempo....
- Seis anos....uhmmm...ohh....
- Ai sim...tá legal...Onde?
Enquanto fixa o olhar na jovem, Marcos continua a falar e mantém o dedo do pé por entre os lábios vaginais de Ana. A acompanhante ainda consegue seguir o raciocínio do homem, mas ela já não consegue esconder a excitação que a invade de uma forma irrequieta. A água balança, levando a espuma a navegar de um lado para o outro da banheira. A espuma acumula-se junto ao corpo dela. E o champanhe está frio, mas sabe muito bem. Escorrega. Tudo escorrega naquele espaço.
- Numa casa....Numa casa privada...Um clube privado...Com uma chefe...
- Você tava muito controlada...é isso?
- Não...uhmm...nem por isso....O clube ganhava muito dinheiro por causa de mim....mas também aprendi muito e ganhei algum dinheiro.
- A chefe cobrava sua comissão toda....
- Funcionava de outra forma..uhmm..siimmm...ai..sim....oh...O que o cliente pagava dentro do quarto, ficava para mim...
- Legal...e o ambiente?
- Era muito bom...nem sequer me sentia acompanhante....sentia-me livre para escolher quem queria. Dava prazer a quem queria. Recebia prazer quando queria.
- Isso parece o éden....
- Quase....Quase tão bom como este banho...
- Você gosta?
- Uhm....oh...escaldante....
- Muito....tou sentindo a sua temperatura...você tá quente....
Todo o corpo de Ana está a flamejar. A ousada masturbação está a deixá-la descontrolada. Mais do que ela pressupôs quando entrou no banho. Porque com a sua máscara nocturna, Ana prevê o que se pode passar. Como um planeamento de uma noite. Só dessa forma ela sente o controlo dos acontecimentos. Mas desta vez está diferente. O seu cliente está preocupado de uma forma efectiva com o seu prazer. E a preocupação está a dar frutos. Os dedos dele deslizam nos seus lábios vaginais e o polegar exerce uma força excitante no clitóris. Os cotovelos dela fazem força na borda da banheira e levantam ligeiramente o seu rabo. Os mamilos da acompanhante ficam à vista. Húmidos, envoltos em espuma, rijos.
- E me diga então...porquê saiu, se o trabalho era tão bom....
- Ohh...Sim, era bom...mas queremos mais...queremos sempre mais...uhm....
- Você quer mais?
- Sim... eu quero sempre mais....muito mais....quando se trabalha para um patrão e se trabalhamos bem.... pensamos sempre abrir o nosso negócio...sermos o nosso próprio patrão...
- E está correndo bem?
- Uhm...muito bem...como podes ver....ohhh...sim!!...uhmmm...muito bem....
- Melhor que com a sua patroa?
- Muito melhor!...Ohhhh!!.....
- Fode melhor agora?
- Fodo...uhmmm...ooohhh...Marcos...sim! Eu fodo melhor agora....
- Eu quero ver isso com os meus próprios olhos....
- Sim!...Fode-me agora...oohhh....fode...
- Você é a minha putinha?....
- Sou!...Ooohh..agora, Marcos!...Agora!
O dedo do homem brasileiro já penetra a rata fofinha de Ana. Os movimentos são extremamente bem feitos. Ele toca nos sitios certos e estava apenas a usar um pé. Ela está apoiada pelos braços e descobre as suas mamas. Marcos olha para elas com fome. Em gestos rápidos, retira o polegar da rata estimulada da amante e escorrega o rabo pela enorme banheira. Aproxima-se do corpo da jovem e abraça-a. As mãos dele seguram as costas dela assim que ela liberta os braços. Ana fecha os olhos e deixa-se levar no prazer do momento. As pernas dele colocam-se por baixo das suas. Dobram-se junto à borda do espaço cheio de água. O pescoço de Ana está mole, descontraido, enfeitiçado. Ela procura manter a cabeça direita, mas ela está carregada de paixão. O seu corpo não corresponde às ansiedades da mente. E o sexo entesado de Marcos aproxima-se da sua rata. Ana percepciona o que ele pretende. Quando abre os olhos já tudo está consumado. Quando os seus olhos brilham em silêncio, ela já está a sentir o seu corpo a colar-se ao do amante. As suas mamas apertarem contra o peito masculino. As coxas a roçarem-se mutuamente. O pénis excitado a escorregar pelos seus lábios vaginais que ainda latejam com o toque inusitado dos dedos do pé esquerdo dele. Marcos segura a sua amante. Em todo o significado da palavra. Marcos segura a máscara nocturna de Ana. E ela agora é uma jovem mulher que se entrega a um homem apaixonante por dinheiro e por prazer. Marcos segura assim as duas máscaras de Ana.
- Uhm....como é que me fazes sentir assim?....
- Você é que é a garota de programa....entende melhor do que eu....
- Felizmente não tenho que saber tudo...uhmmm....
- Considera que já experimentou tudo?
- Sim, acho que tudo o que uma mulher normal já quis fazer...eu já fiz...
- Tudo?
- Estou sempre à espera de um homem que me dê algo de novo....
- Oh, garota...O que não falta por ai são caras que queiram te mostrar coisas novas...
- Com prazer?
- Mais dificil, ?....
- Pois....Mas...não pares...não pares agora, Marcos...Está a ser bom....
- Não duvido...
Com as mãos a passearem nas costas macias dela. Com o corpo feminino apoiado nas suas coxas possantes. Com a boca a chupar o pescoço enrugado da jovem. Com o sexo vigoroso a encher a rata de Ana. Marcos domina a sua acompanhante com a presença dela envolta em si. Com mestria, o brasileiro fode a sua amante. As mãos de Ana seguram-se aos ombros largos dele. Ouvem-se gemidos que se libertam dela. E só quem a conhece sabe o quanto ela está confusa. Porque aqueles gemidos são característicos da sua máscara diária. Ela tenta concentrar-se. Fecha os olhos e imagina todo este espaço à sua maneira. As ancas dele movimentam-se dentro de água para que possa entrar dentro da jovem. As pernas dela vão-se abrindo, mas os seus pés procuram conforto, ao ficar os calcanhares no rabo dele. O abraço carnal deles intensifica-se.
- Você fazia de tudo...no clube da sua ex-patroa?
- Só o que eu queria...Recusava muita coisa....Mas também experimentava muita coisa...
- Havia pedidos especiais?
- Sim... uhmm...pedidos especiais, pedidos bizarros, românticos, excêntricos, únicos...pedidos irrecusáveis...
- Hein? Irrecusáveis?
- Casar com um cliente no topo da Torre Eiffel...
- Não brinca!....
- Eu nunca brinco, Marcos...É o segredo especial do meu negócio...
- Se você está aqui é porque a proposta era recusável...
- Sou uma acompanhante...não me caso com clientes...uhmmm...ohhh...sabe bem...
As penetrações de Marcos sobem de ritmo. Obrigam o rabo dela a saltar sobre as coxas do homem. Obrigam os seus dedos a fincarem na carne dos ombros do seu amante. Obrigam os seus pés a levantarem-se um pouco, criando ligeiras ondas na água e na espuma de sabão. Obrigam o intimo da jovem a dilatar-se com a entrada imponente do pénis inchado dele. Não obrigam à descoberta do prazer. A boca de Marcos foge pelo corpo dela até ao peito. As mamas molhadas, pintadas de sabão estão quentes. Macias, firmes e escaldantes. A transformação da posição que eles decidiram tomar não obriga a remodelações. Nem tão pouco obriga a que não se deseje mais. Mais do que Ana sonhava quando recebeu o seu cliente canarinho. As mãos dele têm dificuldade em segurar com firmeza o corpo da amante. Escorregam na sua pele lavada. Pelas costas, pelo peito dela, onde a boca masculina beija o vale por entre os seios. É ela própria que agora movimenta o seu corpo, em busca de mais penetrações. O sexo dele é viciante. Porque entra em si com veemência. Porque rasga com delicadeza os músculos tensos da rata dela. Porque faz vibrar cada nervo por onde roça. Porque absorve toda a energia do corpo da acompanhante. O sexo de Ana domina-a. Toma conta de si. Pensa por si. Marcos percepciona o quanto a sua amante o deseja. E ele até pode justificar os gemidos dela com a excitação do momento, do espaço, da água quente, do ar hipnotizante que se respira. Mas a verdade é que a penetração dele sabe à acompanhante de uma forma especial. E isso não tem justificação. As coxas dele apertam-se às dela cada vez mais. Chegam o corpo dela um pouco mais para cima. Faz enterrar o sexo mais profundamente. Dilata as pernas dela e transporta os pés dela até à tona. Os dedos dos membros inferiores de Ana chapinham agora na linha de água. O seu corpo balança e ele fode-a. Os lábios de Marcos chupam os mamilos rijos da jovem. Não obstante o sabor do sabão, as mamas de Ana têm um sabor intenso, macio, gostoso. Os membros da mulher parecem retirados de um fantoche, de um boneco inanimado. Mas Ana sente-se mais viva do que nunca. Ouve-se o chapinhar constante e cadente da água. A espuma começa a transbordar das bordas da banheira. O peito dela está entregue à gula do cliente. As mãos dela agarram-se aos cabelos dele. E o sexo entesado vai rebentando a suavidade da rata dela. As mãos de Marcos voltam a escorregar e desta vez ele só a consegue segurar pelas ancas. Depois finca os dedos nas nádegas redondas e carnudas dela e empurra a cintura de Ana contra si. Ela geme. Liberta por entre o vapor os sons que caracterizam a sua excitação. Marcos faz entrar o prazer dela por entre as pernas e recebe em troco a exalação desse mesmo prazer. Na sua boca, onde as mamas dela fervem. Na boca dela que se cola junto ao ouvido do homem.
- Oh!...Merda!...Uhmmm...Marcos...Maarcos!...Ohhh, fodes bem...ohhh...fodes muito bem....não pares!....Não vais parar agora, pois não?
- Que é isso, garota?.....Ohhh! Parar agora?...Agora que te sinto toda...oohhh...sim....Não, Ana...você é a minha putinha...e hoje...uhmm....não te largo até gozar em você....
- Sim...oohhh...é assim que eu gosto de ti, Marcos...ohhh...vou-me vir...ooohhh, sim...Oohhhh!!
Ana está incontrolável. Nem ela sabe que papel ocupa. Porque o brasileiro sente-se no pleno controla da situação. Sente exactamente o momento em que pode entregar o orgasmo à sua amante. É ele que dá o toque intimo para despoletar a loucura na jovem. Ana coloca os calcanhares nas bordas laterais da banheira. Finca os dedos das mãos na nuca de Marcos. Assim que ele pega no rabo da mulher, o puxa para cima e empurra parte do corpo dela para fora do reservatório de água luxuoso. As mamas dela pulam diante da cara dele. A boca do brasileiro come a carne rija e excitante. Ana geme. Ana grita. As suas mãos prendem-se agora ao mosaico que rodeia a banheira. E o seu orgasmo é frenético. E o seu prazer nada tem a ver com o controlo que a jovem exerce com a sua máscara nocturna. O seu jogo não tem táctica. A sua frieza profissional dá lugar a um exuberante espasmo corporal. Marcos continua a penetrar a mulher, ao mesmo tempo que lhe ergue ainda mais as pernas e a coloca por baixo dele. Ana grita. Ana geme. E ele sabe o quanto tudo aquilo é obra sua.
- Ana...ohhh...Ana...uhmmm...você é gostosa....você é poderosa.....Meu santíssimo Deus....
- Uhmmm....Marcos....ohhhh....não pare...uhmmm...quero mais....eu sou a sua puta...quero mais...quero-me encher de si....
- Não, não, Ana....
O ritmo das penetrações diminui. Entra numa decadência suave, meiga até. O corpo de Ana vai sucumbindo. Vai-se sentando novamente na banheira cheia de água, misturada na espuma branca erótica. Marcos também vai retirando o seu corpo. Não sem antes dar um beijo especial nos lábios da sua amante. Ela sorri. Sente-se reconfortada. Sente-se estranha na sua impotência para fazer vingar o seu papel. Respira fundo e enquanto o casal de amantes volta à posição inicial, ela sorri.
- Não era suposto vires-te?
- Era, era. Mas Ana...você é uma gatinha.... Nunca tive uma garota de programa como você. E também sei que você me prometeu a sua boca.
Ela ri-se. Percebe exactamente o que ele pretende. Um acordo é um acordo e ela não gosta de faltar à palavra. Principalmente com clientes especiais e que mexem com ela. Afinal, um pedido assim só pode avivar a sua máscara. Após inspirar e expirar várias vezes, ela encaixa quem é, quem quer ser e quem está a ser. Ajoelha-se na banheira, mergulha a sua mão na água e invade a carne que está pendurada entre as pernas de Marcos.
- Ah....Ana, relaxe...tenha calma.... Eu quero fazer-lhe uma proposta...
- Oh...então....eu disse que não me casava com clientes, Marcos. Nem que fosse no Cristo Redentor.
- Que seria boa ideia até, ?...Mas não Ana. Você ainda é a minha garotinha.... Está me ouvindo?
- Claro. Como te disse, Marcos, eu sei chupar. Tão bem que consigo ouvir ao mesmo tempo.
Agora é Marcos que cede ao jogo de Ana. Provocadora e incisiva no seu papel. Sem qualquer tipo de hesitação, ela continua o seu trabalho. Um dos melhores que ela sabe fazer. Puxa o sexo de Marcos e em breves instantes volta a entesar o seu cliente. Com a ponta da picha envolta em espuma, ela abocanha-o. Chupa com firmeza a carne e apalpa as bolas, envoltas em água. Ana irá prosseguir. Insistentemente. Incessantemente. Intensamente. Inexplicavelmente poderoso e inigualável. Ela não vai ter contemplação em chupar até ao fim, até sentir a ponta a arder na sua garganta, até conseguir devorar toda a carne que ela ambicionou. A água volta a chapinhar. A dedicação dela é ímpar. Marcos percebe isso e não esconde a excitação. A língua dela pura e simplesmente brinca com aquele pénis, adorno de desejo no corpo do brasileiro. E ao mesmo tempo que desenvolve o trabalho oral, Ana tem os ouvidos abertos. E enquanto ele lhe puxa suavemente os cabelos para trás, a proposta desenrola-se.
- Vem trabalhar comigo, Ana...Sai dessa vida... Eu posso tornar você a minha princesa....Vem...ohhh... Eu posso pagar quase o mesmo que você ganha aqui...mas sem risco....Uhm...por favor...vem....não te levo à Torre Eiffel...ohhh....chupa....ohhh... mas te posso dar o mundo.... Vem... uhmmm...Não te prendo....Uhmm...ah...puxa que você chupa bem...Eu não te prendo, garota.... Apenas quero que venha trabalhar para mim....Ohhhh....Ana....sim...ohh...sim...não deixa nada.... chupa até eu gozar....oooohhhh...
Misturado na água, o esperma de Marcos liberta-se na banheira. Parte é direccionado à boca maravilhosa de Ana, que lateja de tanto chupar. O restante pinga na espuma e por si só, desvanece-se. O homem vem-se. procura segurar a nuca dela, pedindo que não pare de chupar. Mas Ana já parou. Ana já alcançou o objectivo. ana já comeu o que pretendia. E ninguém lhe pode pedir troco daquilo que ela sabe que foi memorável. Volta a erguer-se e olha para ele, ainda a limpar a boca. Ana encosta-se ao seu lado da banheira e pára uns segundos. Deixa o homem restabelecer-se. Deixa um espaço de tempo para que tudo assente. A foda, o broche, a proposta, aquele bate-papo que a deixou excitada e, ela mesmo admite, a descontrolou. Agora, torna-se tempo de atacar.
- Agradeço o convite. Mais uma vez, parece irrecusável. Mas vou ter que decliná-lo. Lamento, não é nada contra ti, nem contra o teu negócio. Mas...nenhum dos teus bares não tem metade da adrenalina que este apartamento me dá, Marcos. E...não sei....enquanto tiver possibilidade, não me imagino a desfazer-me desta tesão...Consegues sentir a tusa que este sitio dá.
Ele cede. Só pode ceder. É inevitável. Por uns momentos, Marcos julgou que Ana, a sua garota de programa estava na sua mão. Que conseguiria enfeitiçá-la e torná-la sua. E até um determinado momento, era esse o rumo do espaço de tempo que eles partilharam na banheira. Mas Ana é melhor jogadora. Concentrou-se, percebeu o seu papel e fez um contra-ataque que lhe permitiu manter a vantagem. Ainda por cima joga em casa. Ana jamais poderia sentir-se derrotada. Dominada.
- É...tentei, né?...Ana, você é poderosa....Faria qualquer homem feliz para uma vida...quer dizer...isso se só pretendesse transar com ele.....Mas...você me convenceu....Se quiser saber onde está seu presente...seu prémio....ele está no bolso do seu casaco. Desde o bar que ele tá lá.... Como vê, só pode acreditar em mim....
Ana sorri para ele. Levanta-se e deixa um enorme manto de água e espuma escorregar pelo seu corpo. Completamente encharcada, ela sai da banheira e leva três segundos até conseguir pegar numa toalha. O momento de Ana e Marcos terminou ali. Até o cliente percebeu isso. São estes pequenos prmenores que fazem o sucesso discreto de Ana. Cedo ele sairá. Depois de se enxaguar. Depois de se vestir. Não é preciso um beijo, nem tão pouco um sinal de carinho. Ele sabe que ela lhe agradece. Ele sente o mesmo. Cedo Ana estará só no seu quarto. Irá abrir o envelope, irá sentir o toque das notas gordas. De uma coisa Ana tem a certeza. A bem de conseguir cumprir o seu papel, entregar o jogo da sua máscara nocturna aos clientes que a procuram, Ana não pode ceder. Tem que deixar de aceitar encontros profissionais antes de jantar.

quinta-feira

Amena cavaqueira

Rodrigo chega finalmente a casa. Ao seu lar. Àquele local onde a tranquilidade reina. Porque é esse o significado maior da palavra lar. O espaço onde a se procura a tranquilidade depois de um dia de trabalho. No 1º esquerdo, o homem tem tudo aquilo que a vida lhe permitiu dar. Um apartamento requintado, adquirido num momento-chave. Um ambiente fraterno, onde só se pode obter uma paz de espirito. Os seus filhos não estão, mas de uma forma ou de outra, sente-se a presença dos seus herdeiros, mesmo na ausência deles. Aquele é o lugar onde Rodrigo está à vontade. Onde ele larga o saco de ferramentas e o coloca dentro da pequena arrecadação no hall de entrada. Onde ele se sente à vontade para se despir e colocar a roupa no cesto da roupa suja da casa de banho. O sitio onde imediatamente ele pode pensar num banho reconfortante. E de uma forma encantadora, a sair da cozinha, linda como ele sempre pretendeu, sorridente conforme as suas pretensões, está a pérola do seu lar. Helena.
- Olá, amor...
- Estava à tua espera...O jantar está quase pronto.
Eles trocam um beijo. O beijo onde os lábios se tocam e transmitem uma sensação harmoniosa, a fazer lembrar uma fidelidade e confiança inabalável. Ela passa as mãos pelo peito desnudado do marido. Procura-lhe o cheiro, o aroma, a fragrância sensual que exala dele, mesmo após um dia de trabalho. Na mente dela, isso é inconfundível. Ainda assim, ela também anseia que ele tome banho. E o seu olhar e o seu sorriso e os seus gestos reflectem a excitação de Helena. Ela veste o avental, por cima de um fato de treino azul escuro. A esposa de Rodrigo já despiu a roupa profissional, já tomou um longo banho, já vestiu outra roupa. Helena veste o papel de mulher fiel ao seu marido. E ele só pode desejá-la.
- Quero-te!....
- Vai tomar banho primeiro....Vamos jantar e depois vemos o que queremos...
Ele sorri e obedece. Despe as calças e volta a entrar na casa de banho. Helena continua nos afazeres culinários. Põe a mesa só para dois, na sala. Coloca a refeição em cada um dos pratos e serve um vinho oferecido pelo seu sogro. Dois minutos depois, Rodrigo senta-se na mesa. Ainda com o cabelo húmido, vestido com roupa casual. A noite parece pertencer-lhes.
- Como correu o teu dia? - pergunta Helena.
- O mesmo de sempre, cansativo...
- Só?....
- Não...Almocei com aquele cliente que gosta de passar pelo escritório...
- Quem? O sr. Alberto?
- Sim...
- Almoçaste com ele?
- Almocei....É assim tão estranho?
- Do que falaram?
- Não sei...De novos serviços que ele quer requisitar, da vida dele, da minha vida, de futebol....sei lá...Porquê?
- Nada...Nada, Rodrigo...Estranhei só...
A mente de Helena começa a divagar. Ela dá um gole no copo de vinho e olha para o copo, abstraindo-se do resto do espaço. Transforma um ar sério na sua face, ponderado, surreal. O seu marido continua a comer. Continua a falar.
- O Alberto é um gajo porreiro. Já o conhecia desde os tempos da...tu lembras-te...
- Sim....
Helena está em piloto automático. Ouve o seu parceiro mas não está ali. Responde-lhe, mas apenas o necessário. Porque a sua mente escapou-se. Eleva-se na imaginação. Num espaço recôndito do seu intelecto onde se guardam sensações fortes.
- ...E ainda fomos tomar café à baixa...um sitio porreiro...nunca tinha visto...Temos que ir lá este fim-de-semana...o que achas?
- Acho que sim, Rodrigo.....
Helena procura perceber como aquilo aconteceu. Tenta esclarecer na sua mente se tudo foi premeditado. Porque ainda não era a hora para o escritório abrir. Ainda era cedo e ela já tinha convocado a presença de Hélder e Bruno nas instalações da sua empresa. Os acontecimentos desta manhã só podem ter partido de um enorme desejo intimo de Helena. É esta a certeza que ela tem, dentro de si.
- ...Olho para aquele bar e vejo que deve ser ali que o Alberto leva as amantes dele....É bem pensado...para quem quer ter amantes, claro...
- Pois...
A refeição continua. Rodrigo está cansado, mas continua a falar. É a rotina diária. O dia dele parece sempre mais cheio do que o da mulher. Por essa razão, ele nem se apercebe que Helena não está ali. A sua mente continua compenetrada na manhã de hoje. Eles entraram meia hora antes do escritório abrir ao público. Quando os dois homens chegaram, ela pediu que eles fechassem a porta. Helena chamou-os porque pretendia esclarecer o estado do elevador do Edificio Magnolia. Tem havido queixas quanto ao funcionamento do mesmo e ela pretende ser radical. Para isso precisava de saber exactamente o que se passava com o meio de acesso entre os pisos do empreendimento. Dentro de si, Helena confirma agora que esta razão profissional foi apenas uma desculpa para os ter no seu espaço privado.
- Podíamos ir jantar...Levava-te ao restaurante do lombinho e saíamos...Já há tanto tempo que não temos uma noite fora, só para nós....
- Tens razão...
Longe do seu apartamento. Longe dos olhares do seu marido. Longe da curiosidade de seja quem fosse que pudesse comentar tal reunião. Dois homens e uma mulher casada. Juntos, no mesmo sitio. Perigoso, exigente, intenso, ousado. Helena levantou-se da sua secretária, procurando manter o olhar atento aos dois funcionários. Lentamente, ela confirmou que a porta estava fechada. Aproximou-se deles, sentados diante da secretária, em silêncio. Entre Hélder e Bruno, ela é uma mulher sensual. Um pedaço de desejo, que por uma razão fortuita, os trouxe até ali. Por um motivo.
- Uma noite em que iríamos dançar, até à hora que quisesses.... Estás-me a ouvir?
- Estou!....
Helena está desorientada. Volta a lançar o olhar para o seu marido, entendendo que ele já percebeu a sua fuga ao momento actual. E nem ela se recorda o motivo exacto que a faz perder a cabeça. Nem tudo o que o que se experimenta uma vez tem que ser repetido. E Helena deveria sabê-lo.
- Eu quero essa noite. Para quando é que queres marcar uma mesa? - pergunta ela.
- Uhm...Para uma noite em que eu te queira loucamente....
- Essa não é uma das noites?
Ele sorri. Desvia o olhar e pega na garrafa de vinho, para voltar a entornar nos copos. O seu sorriso demonstra que ele conhece a própria esposa. Um segundo copo de vinho incendeia a paixão de Helena. Fervorosamente. Mas ela não se sente ali. O seu coração palpita com a chama do seu pensamento. O seu olhar brilha. Como um véu que esconde o que vagueia na sua mente. Foi a mão de Hélder na sua perna. Ou então o olhar incisivo de Bruno para o seu peito. Ela já não consegue recordar o que despoletou o fogo que se desencadeou no seu escritório.
- É.... - responde ele - Mas esta noite talvez possa ser curta demais...Ele deve estar a chegar...
- Tens razão....Então porque é que estás a alimentar o meu desejo?
Ela dá um gole no copo de vinho. Enquanto procura despachar a refeição, ela sente-se inquieta. A sua cintura move-se, procurando enjeitar-se na cadeira. Helena recorda-se do instante da primeira penetração. Bruno já a tinha encostado à secretária. Levantou-lhe a saia e fez descobrir os collants da empresária. Depois de fazer escorregar o pénis entesado nas nádegas formosas da mulher, o funcionário penetrou-a, após desviar as cuecas pretas. Helena lembra-se de ter gemido. Lembra-se que lhe soube muito bem aquela primeira abordagem. O calor dentro de si era já intolerável e necessitava de algo que a pudesse tranquilizar. Ela lembra-se do gemido. Recorda-se como soou. Parecia que alguém poderia ouvir o prazer que saiu da sua voz.
- Porque talvez consiga resgatar-te para uma rapidinha....
- Só me queres para rapidinhas? - responde Helena.
É isso que enche a alma da mulher. A sensação de coisas demasiado rápidas, demasiado efémeras. Tudo o que se passou no escritório foi intensamente inconsciente. Ela recorda-se de revelar o seu delirio com o sexo do amante dentro de si. De estar com as mãos na madeira da sua secretária. De sentir um calor imenso dentro do soutien. De fechar os olhos e perceber o que a fazia tanto ambicionar tamanha loucura. O inicio de manhã da esposa de Rodrigo foi uma profunda sensação de irracionalidade.
- Eu quero-te para rapidinhas, para adormeceres comigo, para acordares comigo....és a minha esposa...és a minha mulher. És tudo para mim.
- Posso ser tua amante?
As penetrações de Bruno na sua rata, com o corpo dele a bater nas suas nádegas, não saem da mente de Helena. Cada vez que ela pestaneja, ela volta a sentir uma penetração dele. Como se estivessem a acontecer neste momento. Mas Helena recorda-se mais do que isso. As mãos dele a segurarem as suas ancas. O sexo dele a inchar dentro de si, como se brincasse com a rata da mulher. Helena inspira fundo. Dá mais um gole no copo e assim que expira, vê o instante em que abriu os olhos e viu Hélder diante de si, no seu lado da secretária. O seu funcionário abriu as calças e pôs o sexo em cima da sua mesa de trabalho. Excitada e fora de si, Helena baixou-se, ficando quase deitada sobre a madeira. Com a mão direita, segurou o sexo do seu subordinado e esfregou-o. Bruno continuava a fodê-la, batendo com força no seu rabo em cada penetração. No momento em que ela recorda o sexo inchado dele a penetrar bem fundo na sua rata, o que obrigou a mulher a soltar um grito mais agudo, Helena tem a certeza. Mais do que dominada por dois homens, Helena queria ser possuída até ao limite. Era o desejo dela que controlava o que ocorria.
- Já não és minha amante?
- Sim, sou....Mas eu quero mais....Quero que me vejas como uma verdadeira amante. Daquelas que são descaradas na cama....Daquelas que roubam o coração dos maridos. Daquelas que não pensa no amanhã....
A respiração de Helena torna-se mais intensa. O vinho está morno. O prato está a terminar. O olhar de desejo do marido aquece-a. Mas o que a põe a suspirar assim são os fragmentos da sua memória. É a persistência do sabor do sexo de Hélder nos seus lábios. A sua lingua molhada que tocava na ponta da picha dele. São os rasgos em que ela procurava aguentar as convictas penetrações de Bruno, ao mesmo tempo que suportava parte do seu peso nos sapatos altos pretos. Por detrás do seus olhos, surgem imagens da cena ousada que se instalava sobre a sua secretária. Defronte do seu olhar, o seu marido olha para ela, com um ar estranho.
- É essa a amante que queres ser esta noite?
- Todas as noites, amor....
Talvez ela não consiga precisar o momento em que o sexo de Hélder lhe escapou por entre os dedos. Esse instante em que a sua boca saboreava cada pedaço do pénis estimulado. O que é certo é que se ela deixou de o chupar foi porque o seu funcionário já estava excitado demais e saiu dali. A sede de querer foder a sua patroa falava mais alto. Já com as calças em baixo, ele olhou para o seu amigo, comunicando com ele. Bruno fincou os dedos nas nádegas da amante e penetrou-a uma última vez. Bem fundo, ao mesmo tempo que se deitou sobre ela. Beijou-lhe os cabelos. Ouvia-se a respiração de Helena. Ela sente as mãos dele a apalparem-lhe o corpo. Passavam pela sua camisa e foram abrindo os botões, com alguma força. As mãos da mulher seguravam os dois corpos sobre a secretária. Bruno trincou a orelha dela. Depois ergueu-se novamente. O corpo de Helena vibrou quando ele foi retirando o pénis da sua rata, vagarosamente. Os seus gemidos entregavam-na aos desejos deles.
- Sabes que te amo, não sabes? - diz Rodrigo.
- Vou sabendo....Vais-me demonstrando todos os dias que sim...Mas amar não chega.
- Não chega para o quê?
- Para que me faças sentir uma cabra nos teus braços.
Alguns segundos depois de lhe escapar o sexo inchado de Bruno, a dona da empresa voltou a sentir algo vigoroso dentro de si. Ansiosamente, Hélder fez questão de encher mais uma vez a sua responsável. Numa reacção incrédula, Helena soltou um grito. Os seus dedos procuravam algo onde agarrar. Com toda a força que pudesse. Porque ela sentia-se apoderada. Bruno ficou a olhar para o que acontecia. A testa da mulher chocava contra a madeira castanha. Já nem os saltos altos chegavam para colocar o rabo da mulher à altura da cintura do homem. Porque o amante de Helena era mais alto e já tinha entrado totalmente dentro da sua rata. E naquele instante, com os dedos em bico, ela estava segura por ele. Hélder apalpou as nádegas macias da mulher e apertou-se um pouco mais contra o corpo dela. De seguida, retirou o pénis, deu um passo atrás e olhou para todo o corpo possuído da mulher. Helena estava numa posição ousada e proibida. Jamais alguém poderia imaginar que ela estava deitada sobre o espaço onde trabalha diariamente. Ninguém deveria desconfiar que o seu rabo estava despido e apontado aos sexos de dois homens. Ninguém. Nem mesmo o seu marido. Ela própria sabe que na sua mente, aquilo teria que ser uma fantasia. A sua respiração acalmava ligeiramente. Quando ela voltou a sentir uma mão invadir a pele das suas nádegas, a sua garganta cortou o ar que poderia entrar nos seus pulmões. E subitamente, as suas cuecas foram puxadas violentamente e desceram pelas suas pernas até aos tornozelos.
- Uma cabra?.....
- Sim, uma cabra....Há quanto tempo não me fazes sentir uma cabra na nossa cama?
- Não sei....Desde....Não sei, Helena....Diz-me tu...Quando foi a última vez que te sentiste uma cabra?
São flashes que percorrem a mente de Helena. Não retira o olhar de Rodrigo. Mantém o copo de vinho na mão. Sustém a respiração. E mesmo trocando um olhar cúmplice com o marido, Helena continua a estar distante desta mesa. Da mesa de jantar. Na mesa testemunha do seu trabalho diário, Helena provou os dois homens. Despida das cuecas, ela deixou Hélder entrar. Com os calcanhares soltos dos sapatos, ela saboreava as penetrações secas dele. Fortes, desapaixonadas. As suas nádegas tremiam como gelatina e o sexo dele entrava. bruno, ainda excitado, assistia à foda inusitada. Ela segurava-se à secretária e não conseguia pensar em mais nada. Apenas na forma como o homem entrava em si. E quando Hélder saiu, largando um suspiro, ela já esperava tudo. Esperava que voltassem a penetrá-la. E Bruno voltou a comê-la. E assim se repetiu novamente até ela não aguentar mais. Os dois homens trocavam entre si a delicia da rata de uma mulher que tinha acordado de uma forma diferente.
- Na casa de banho....Na cabine do Espaço. No Carnaval. Tomaste-me como uma cabra.
- É assim que te queres sentir hoje?
- Já me sinto.
- Como assim?
- Eu hoje sinto-me uma ordinária....O vinho já está a fazer efeito e.....
- Se quiseres podemos ir para o quarto.
- Não...hoje não me irias querer assim....
- Assim como?
- Uma ordinária, Rodrigo....Hoje, não irias querer comer a cabra da tua mulher.
Helena mantém um sorriso. O copo de vinho esvazia-se rapidamente. Rodrigo espelha agora um ar sinistro. Certamente que não era este efeito que ele pretendia quando voltou a encher o copo dela. Mas na mente dela, algo mais do que o álcool a faz sonhar. Os sexos tinham uma forma diferente. Trabalhavam de forma diferente. Mas o que conta é que ambos a foderam como uma mulher vulgar. Como uma cena surreal retirada de um filme pornográfico instantâneo. Mas tudo foi real. As vezes que Hélder entrou em si. A forma como Bruno penetrou no seu intimo. Tanta vez que a sua mente não tem capacidade de recordar. E ela recorda o seu orgasmo. Está vincada em si a maneira como o seu corpo sucumbiu inevitavelmente à estimulação da sua rata. Porque eles sabiam o que estavam a fazer. Não entravam na mulher só por entrar. Havia um gosto deliberado em todas as penetrações de cada um dos homens.
- Porquê? - pergunta Rodrigo.
- Oh...nada...Já não estou a dizer muita coisa com senso.
Helena pousa o copo. Olha para o seu prato e percebe que algo foi longe demais. Hélder acariciou as suas nádegas. Pressentiu que a amante estava saciada. Mas queria mais. Empurrou o corpo dela um pouco mais para a frente. Com as mãos nas ancas dela, fez girar a fragilidade do corpo e segurou-lhe nas pernas. Bruno dirigiu-se para junto da cadeira da empresária e acariciou os cabelos dela, que se estendiam até tocar no puxador das gavetas. Helena estava nas mãos dele. Literalmente. Hélder não escondia a fome que o seu corpo queria fazer explodir. Abriu as pernas da sua chefe e voltou a penetrá-la. Bruno percorreu toda a cabeça de Helena com as suas mãos. Os cabelos, a face, o pescoço, para depois abrir a camisa e retirar um dos seios de dentro dou soutien. Ela sentia-se quente. Sentia-se arrebatada por um prazer que devorava. As suas pernas estavam envoltas na cintura de Hélder enquanto ele se mexia para foder a mulher. E quando ela se deitou por completo na secretária, deixando a cabeça pender para fora, um violento receio surgiu na sua mente.
- ...Diz-me então....É para lá que o sr. Alberto leva as amantes?
- Não sei....é só uma dedução.....Não ligues....Mas é verdade, ele disse-me que passou lá pelo escritório de manhã.....
O sexo de Bruno roçou pelas maçãs do rosto da mulher que o chamou ali. Descontrolada e com a rata novamente cheia, Helena ambicionou engolir a picha do homem. A mesma que a fez vir-se. E ela chupou. E ela apercebia-se da forma como se entregava. E ela voltava a percepcionar na sua mente o espaço ténue entre uma mulher casada e com filhos e uma mulher ordinária. Naquele instante, Helena não conseguia desvendar o motivo que a levou a desejar estar com aqueles dois homens vigorosos. Foi mais do que uma fantasia. O deboche da sua entrega chegou a um termo. Tinha que haver um limite.
- Passou?!....Eu...Eu não estava lá....
- Não estavas? Mas porquê? Não abriste o escritório de manhã?
Ela chupava. O sexo de Bruno sabia-lhe bem, até porque não levou muito tempo até ele vir-se. E foi nesse instante que se abriu uma luz na racionalidade de Helena. No momento em que os dois homens se libertam para o corpo da mulher, que durante aqueles minutos tomaram como uma autêntica ordinária. Foi no segundo seguinte a provar o sabor intimo de Bruno que ela parou. Gemeu com o pénis dentro da boca. Contorceu as pernas, com outro sexo dentro da rata. E quando se desfez dos dois homens, já parecia ser tarde demais. Já o esperma dos dois homens tinham sujo o seu corpo e a sua alma. E num momento de loucura, ela sentiu todo o seu mundo a desabar. Ali mesmo, no seu local de trabalho. Helena pousa os talheres no lado esquerdo do prato. Inspira fundo e morde o lábio inferior.
- Não...esta manhã senti-me mal disposta....
- O que se passou? Porque não me contaste?
- Decidi ir apanhar ar....e depois estava tonta e vim até casa...e almoçei por aqui....
- Porque não me contaste?....Mas está tudo bem?!
- Está!...Está....Está tudo bem, amor...Foi só uma indisposição....
- Mas fechaste o escritório....Podias ter-me dito qualquer coisa....
- Já passou!
- Pronto, está bem....Só quero é que estejas bem....
Ela está bem. Depois de dois copos de vinho cheios, Helena está bem. Guarda os momentos intensos da manhã. Os momentos em que se entregou a uma fantasia vigorosa. Nesse instante, ergueu na sua secretária. Olhou para os dois homens ao mesmo tempo que procurava vestir as suas roupar e recompor-se. Ordinária. Ela só podia sentir-se verdadeiramente uma mulher diferente daquilo que se comprometeu no seu casamento. Daquilo com que a compromete diariamente ao seu marido e aos seus filhos.
- Vou arrumar a mesa....Vamos para a cama? - pergunta ela.
- Deixa-me ajudar-te...Talvez te possa fazer sentir uma cabra na cozinha....
Já passou. Anoitece e Helena está dentro do seu lar. A manhã de hoje cola-se em algumas imagens na sua mente. São fragmentos de uma fantasia que a fizeram acordar. O seu casamento é perfeito. a sua paixão talvez não. Ela vê o seu marido num ideal puro, mas talvez não seja assim. Helena traiu o seu marido em dose dupla. Helena traiu-se a si mesma. E uma fantasia tem que parecer um sonho. A noite de Rodrigo e Helena pode não lhes dar a rapidinha que ele ambicionavam. O seu filho mais novo chegou no exacto momento em que ela começou a lavar a loiça. Ainda assim, depois de terminar as tarefas domésticas que a vão transportando de novo para o seu mundo normal, Helena vai deitar-se na sua cama rotineira, onde procura amar o marido de uma forma extraordinária. E quem sabe, esquecer que cumpriu uma fantasia.

quarta-feira

Linguagem coloquial

Um dos segredos para se sentir amado ou amada é saber receber. Receber as pessoas que gostam de nós, ou que potencialmente venham a ter um sentimento forte pelo que somos. Receber a sua alma. Receber o seu corpo. Receber os seus gestos. Deixar entrar aquilo que essa pessoa tem para oferecer. Deixar entrar os seus sentimentos. Deixar a pessoa entrar no seu lar e recebê-la da melhor forma possivel. Ser desejado tem muito a ver com o que se pode dar. E o conforto, a intimidade e a segurança do nosso espaço pode ser a melhor oferta que se pode dar. Maria José entende essa dinâmica. Desde o seu divórcio, a sua alma despeja toda a paixão que pode entregar. Liberta das correntes que a aprisionaram em sentimentos redutores durante largos anos, a mulher não pretende entregar-se efectivamente a ninguém. Colhe pedaços de si e partilha-os com quem seja merecedor do seu corpo, da sua alma e possivelmente do seu coração. E nessa mesma dinâmica, Maria José tem recebido mais nos últimos meses do que em mais de vinte anos de casamento.
Nesta noite, a mulher recebe alguém diferente. E uma mulher pode realmente sentir-se única e poderosa se encher o seu dia com vista a um serão apaixonante. Acordar cedo e tomar um pequeno almoço revigorante. Arrumar a casa e torná-la mais acolhedora que nunca. Passar a tarde inteira a passear em lojas, procurando a peça certa. Maria José preparou um jantar especial, vestiu-se de uma forma requintada e tatuou o sorriso mais belo na sua face. Antes de abrir a porta do 1º direito, Maria José sente-se verdadeiramente mulher. Solta de compromissos, aberta a novas paixões.
- Boa noite, David...
- Olá, Maria José...Trouxe algo para acompanhar.
Ela segura a garrafa de vinho tinto que o professor comprou à última da hora, antes de chegar à rua do Edificio Magnolia. David é professor na universidade onde Maria José trabalha. Pertence ao mesmo departamento e cruza-se várias vezes ao dia com a mulher. Muitas das vezes, propositadamente. David ultrapassou a barreira dos cinquenta anos no inicio do ano e mantém uma aparência jovial. É o seu ar demasiado vivo e extrovertido que choca com a maturidade que se pretende num homem assim. De qualquer forma, Maria José não pode negar que o homem divorciado ostenta o seu charme. Por esse motivo e após alguma insistência, ela aceitou o convite de David para um jantar. O seu espaço, a sua casa, a sua bolha de tranquilidade serve para se sentir à vontade num primeiro encontro mais intimo. Maria José recolhe o casaco do convidado e pendura-o no cabide. Em silêncio, passo ante passo, os dois adultos dirigem-se para a mesa de jantar. Existe alguma ansiedade no ar, como dois jovens que se acabam de conhecer. E é David que quebra esse gelo.
- Isso é tudo para mim?
- O quê?
- O vestido...o sorriso...essa beleza toda.
Ela cora. Aguardava há alguns segundos por um elogio. Talvez de uma forma diferente. De uma forma mais genuína, mais especial. Mas efectivamente, Maria José está estonteante. O vestido de seda verde que lhe cobre os joelhos e se descobre ligeiramente no peito condiz com o brilho nos seus olhos e o aroma que se liberta do seu cabelo arranjado. O sorriso que ela pintou hoje é apenas uma excentricidade para cativar a sua sensualidade. O jantar está pronto, a mesa está composta e as velas acesas não escondem o desejo da mulher. A noite tem que ser especial.
- O jantar parece delicioso...
- Ainda bem que gostas...
- Espero mesmo gostar.
Os olhares trocam-se. O sorriso de David é presunçoso. Ambos transmitem gestos que antecipam as suas pretensões. Ambos exalam uma respiração que quer passar o jantar para segundo plano. O respeito de duas pessoas que trabalham juntas e que pretendem gerir a sua ansiedade impede-os de esquecer no imediato a refeição. Ainda assim, cada um tem o seu motivo para querer antecipar o inevitável.
- Sabes, Maria José...Nunca fui muito apologista de relacionamentos entre docentes. Parece-me que prejudica o correcto funcionamento da vida escolar.
- Talvez tenhas razão, David.
- Mas neste caso é diferente.
- Ai, sim?
- Creio que sim. Bastante diferente. Na indecisão de convidar uma colega de trabalho ou galanteá-la como um mulher especial...Bem, preferi olhar para si como uma mulher extremamente especial.
- E em que forma sou eu especial?
- A prova de que és uma mulher peculiarmente graciosa é a maneira como te apresentas. Bonita, sensual, irresistivel...
- Irresistivel?
- Não te achas uma mulher irresistivel?
- Aos olhos de quem quero...gosto de pensar que sim.
- O que queres hoje, Maria José?
- Quero que me aches irresistivel...sem dúvida.
O sorriso da professora alarga. Ela baixa o olhar e remexe na comida. Sente o apetite a desvanecer-se. Sente o desejo a despoletar dentro de si. David é sempre um homem cortês. Extremamente educado, com modos de ser muito delicados. De qualquer forma, ele é excitante. Demonstra também um enorme desejo no seu olhar, nas suas mãos.
- Preferias estar noutro sitio? - pergunta ele.
- Como assim?!
- Vejo-te sem muita vontade de terminar o delicioso prato que preparaste. Talvez preferisses estar noutro local, onde não fosse tão aborrecido estar...
- Não, David! Que ideia! Estou muito bem aqui. Perdi só o apetite, mas está-me a saber muito bem estar aqui contigo e....
- Posso levar-te para a tua cama?
O garfo que Maria José segura cai no prato e emite um som sinistro. O maxilar não tem força para manter a boca fechada. Os lábios da mulher humedecem. É o sinal. Maria José está rendida aos encantos do homem. Por mais que o quisesse esconder. Por mais que procurasse demonstrar uma postura defensiva. A verdade é que a colega profissional de David está derretida por ele. Maria José levanta-se da cadeira. Ela aprendeu a ser uma mulher decidida. Ela quer ser alguém que aproveita o melhor de ter a casa só para si. Ela quer sentir o louco prazer de estar solteira. E isso significa que ela, no seu própria espaço, domina. Passo ante passo, ela aproxima-se do lugar do homem. De pé, ela encosta-se à cadeira. O olhar de David levanta-se. O seu sorriso torna-se resplandecente. Os braços dele movem-se de uma forma elegante. Envolvem-se no corpo da mulher e contornam um abraço. Os dedos dele roçam no rabo dela e as palmas das suas mãos puxam-na contra si. Com o peito saliente próximo do queixo dele, Maria José sorri. Há uma felicidade evidente na face da mulher. E isso desvenda-se na respiração ansiosa dela.
- Sim, David. Podes levar para a cama a mulher especial desta noite.
A noite vai ser virtuosa. Como a sala, o quarto está elegante. Sumptuoso. Diferente. Veste-se com contornos simples e um ambiente morno. Maria José está encostada na cómoda junto à parede, bem perto da sua cama. Tem as mãos coladas à madeira e tem a mão imponente do professor a segurar as suas costas. David já não consegue descolar da sua colega. Assim que lhe foi permitido beijá-la na mesa de jantar, ele fixou-se por completo à mulher quarentona. Assim, neste instante, ele encosta o seu corpo ao dela e beija-a suavemente. Os lábios de Maria José comovem-se com tamanha demonstração de carinho. Os beijos dele incendeiam-na. O joelho dele roça no vestido verde até conseguir abrir ligeiramente as pernas da mulher. Ele puxa uma alça e ouve-se um gemido dela. A boca de David começa a invadir o pescoço feminino e a mulher entoa outro fino grito. A alça do outro ombro é retirada suavemente. E quando ele descola os lábios da pele dela, quando o seu olhar fixa a face dela, quando o seu corpo se desprende brevemente do da colega, o vestido de Maria José desvenda a sua vulnerabilidade. É um pedaço de seda verde que flutua na noite especial de Maria José. E o toque do tecido faz vibrar toda a sua pele.
Os dois corpos estão deitados na cama. O edredon que ainda há pouco dava realce à cama lavada, está agora puxado para o lado. Os lençóis perfumados e frescos envolvem a pele nua de David e Maria José. O homem está estendido ao lado dela. O seu sexo já excitado repousa sobre o ventre da mulher. A sua mão esquerda acaricia os cabelos curtos, loiros e suaves da colega. Eles comunicam através de um sorriso infinito. O cotovelo de David apoia-se no colchão, erguendo o seu tronco de forma a deixar a sua cara ao alcance da visão dela. Maria José está deitada, entregue aos desejos do amante da sua noite especial.
- É um encanto olhar para ti. - diz David - E estamos de facto bem melhor aqui....Não achas?
- Precisava de ti aqui...esta noite.
Um beijo é trocado. A mão dele nos seios pálidos dela aumentam a tensão. O braço esquerdo da mulher envolve o corpo do amante, ao mesmo tempo que o beijo se intensifica. E o braço direito dela escorrega pelo lencol até a mão alcançar o sexo de David. Os dedos ternos da professora envolvem toda a carne e esfregam o pénis do homem que ela escolheu para trazer à sua cama. Assim que decora na palma da mão todos os traços e relevos do sexo dele, Maria José liberta um sorriso. Como se estivesse a conhecer o objecto do seu desejo. Como se aquilo que ela agora agarra personalize aquilo que efectivamente lhe vai dar prazer. O corpo da mulher liberta-se. Deixa de estar com as costas completamente estendidas. Passa a estar deitada de lado, com o rabo virado para o amante, com a anca deitada sobre o colchão. Mas continua com a mão no sexo cada vez mais entesado de David. Uma das mãos dele vagueia pelas costas brancas e macias da amante e a outra junta-se aos dedos da colega. Ambos procuram direccionar o pénis no mesmo sentido.
- David..uhmmm...não esperes mais....estou ansiosa...entra!...
- É assim que eu te quero....Enlouquecida...sedenta de me ter dentro de ti....
- Sim....por favor, David...
Ele mantém um sorriso vitorioso na sua face. Os dedos que roçam na pele dela estão a caminhar sobre as nádegas, estimulando-as. Maria José abre as pernas, levantando uma das coxas. Teso e confiante, David vai penetrando com enorme dedicação no sexo da professora. Dentro dela, algo se transforma na noite especial. A sensação de estar a ser invadida sem ver a face do parceiro. O toque das mãos dele que lhe invade o corpo. A explosão que acorda a partir do seu intimo. Com o seu corpo deitado de lado, David exerce algum esforço para conseguir mexer as ancas e entrar na vagina de Maria José. É um momento doce. É assim que a mente da mulher o imagina de cada vez que cerra os olhos e saboreia cada penetração. É uma concretização virtuosa. É desta forma que David sente o interior da amante. Como uma conquista. Como um desabrochar de uma flor que agora transparece ao seu desejo.
- És poderosa, Maria José...uhmmm...ohhh...consegues perceber o quanto me aproximo de ti?
- Ohhh...siimm...não pares....
- Consegues sentir o quanto te quero?...Uhmm...É tudo isto que te quero dar....
E é a noite especial de Maria José. Uma noite diferente. Um serão que ela mesma previa que tivesse este desenrolar. Ainda assim, ao mesmo tempo que a professora se delicia com as penetrações do homem excitado, ela sente que existe uma transformação demasiado grande em tudo o que perspectivou. A foda está a saber-lhe bem, as mãos do amante também. Mas ela não se sente livre. Há algo que a prende. Existe uma força que a impede de repetir o gozo supremo de tantas outras noites e tardes intensas com amantes, depois de terminar o casamento. Aquele gozo que a faz sentir descomprometida. Aquele prazer que a solta, sem achar que tem um compromisso com quem trouxe para sua casa.
- Sentes, Maria José...uhmmm...sentes como te posso dar o mundo?...Ohhh...estás a gostar?
- Sim....por favor...mais....mais um pouco David...não pares...uhmmm...
- Quero-te...uhmmm...quero-te...és linda...uhmmm...
- Mais!...Maaiis...oohhh....David! Maaais!
- Sim...uhmmm...sentes?
É David que a prende. A forma carinhosa como ele entra em si. A linguagem corporal que ele pinta no seu corpo. As próprias palavras que saem da boca do seu colega desvirtuam os seus desejos desta noite. É certo que as penetrações do professor aumentam progressivamente. As ancas dele procuram aguentar o ritmo que a cópula está tomar. É certo que as penetrações estão a deixar Maria José fora de si. Mas a sua cabeça já não está ali. Ela fecha os olhos enquanto sente as mãos dele apalparem-lhe as mamas e os dedos a apertarem os bicos dos mamilos. A mente dela voa sobre uma nova sensação. E isso confunde-se com o prazer que o seu corpo está a obter. São os braços de David que impulsionam o corpo da mulher. E quando ele se vem dentro do sexo feminino, olha com deleite para a cara da sua amante, que está enterrada na almofada. Maria José geme. A sua estimulação está a desvanecer-se. Ela percebe isso, mesmo que se sinta no auge do próprio prazer. O seu corpo vai lentamente deitando-se de barriga para baixo. Os seus braços dobram-se e encolhem-se junto ao peito. David liberta o seu sexo para fora da vagina húmida da colega. As forças do homem vão-se dissipando. Ele acaricia as costas dela e aproveita para se reconfortar sobre o corpo da mulher. Ela passa dois dedos pelos lábios e vagarosamente vai abrindo os olhos.
- Maria José.....uhm....soube terrivelmente bem....É apaixonante fazer amor contigo....Não sentes o mesmo?...
Ainda é uma noite especial. Existe um sorriso na face de Maria José. Mas algo nela se alterou. O vôo que o seu amante lhe estava a proporcionar desde o primeiro elogio requintado, está agora a pousar. Sabe-lhe bem acordar de um sonho e sentir-se envolta nos lençóis brancos que ela própria lavou, estendeu e colocou na sua cama. Mas este é um mundo real. Este é o seu espaço e algo não encaixa
- Estás bem? Estás a sentir-te bem?
- Estou.....Estou muito bem, David...
Ela inspira fundo e levanta-se. Senta-se na sua própria cama e coloca os braços cruzados sobre os joelhos dobrados. David procura aproximar-se dela. Senta-se também ele na cama e cola-se ao corpo suado da amante. A mão dele percorre os seios da mulher. Inicia um trajecto a partir dos mamilos quentes e sobe até ao pescoço. Quando a mão afaga a maçã do rosto de Maria José, ele puxa a face para si. Procura um beijo. Tenta resgatar o que sobra intacto da alma da amante. Mas os lábios de Maria José não anseiam por um beijo assim. Beijos fogosos, beijos escaldantes, um linguado ardente. Isso era o que a professora loira procurava. Mas um beijo cremoso, apaixonante, terno. Um beijo assim deixou de ser lúcido na mente dela. Pelo menos, não o beijo que David ainda procura.
- Eu quero-te, Maria José....Toda a minha alma respira para te ter. Todos os meus sonhos só são completos contigo...Eu...
Ela levanta-se repentinamente. Liberta-se do corpo do amante. Daquele que quis fazer amor com ela, quando ela apenas queria sexo descomprometido. Dirige-se para junto da cómoda, onde o seu vestido jaz.
- Eu amo-te, Maria José.
A mulher respira fundo e procura um ponto de evasão. Neste momento, olhar para o seu amante parece pesado demais. Mas ela é frontal. Faz parte da personalidade feminina peculiar que o homem decidiu amar.
- Desculpa.....A noite está a ser fantástica...Adorei a forma como...como...
- Como fiz amor contigo?
- Sim...possivelmente....Adorei...a sério....Mas....
- Eu entendo.
David senta-se na ponta da cama precipitadamente. Ao mesmo tempo que vai pegando nas suas roupas, ele vai tirando as suas ilacções. Na cabeça dele começa a fazer-se luz sobre as pretensões da professora. E não obstante o facto de ele também ter partilhado uma noite intensa com a sua colega, aquilo simplesmente não é suficiente.
- David, não me leves a mal....És um homem impecável. Adorei a forma como me convidaste, fiquei deliciada com o jantar. És um homem extremamente romântico e não duvido que possas fazer qualquer mulher feliz. Mas eu não sou a mulher que procuras...
- Porquê?
- Estou apaixonada por alguém...
- Uhm...Muito bem...Eu...Eu entendo...
Ele continua a vestir-se. Ata os sapatos e levanta-se. Ajeita a sua postura e caminha em direcção à professora. Maria José está encostada na cómoda. Nua e rendida a tamanha noite de prazer. Sorri para ele, convicta de que conseguiu fazer passar a mensagem. Com o conteúdo certo, entoada da forma correcta. O seu amante está diante dela. Entrega-lhe um beijo terno nos lábios consolados dela, como forma de despedida singela. Ao trocar o passo para sair do quarto e por sua vez, da casa da sua colega, o professor tem uma certeza e uma indefinição. Tem a certeza de que a mulher lhe confessou estar apaixonada, como uma manobra para impedir uma maior aproximação futura entre eles. No entanto, não consegue definir na postura se a mulher está verdadeiramente apaixonada por alguém ou não. Maria José sabe que está apaixonada. A dúvida que paira na sua cabeça será apenas discernir o alvo dessa sua paixão.

terça-feira

Troca de impressões

O Espaço Magnolia está calmo. Os clientes entram e saem. Os clientes tomam café e depois continuam com o seu quotidiano. Os poucos clientes que conseguem manter-se mais de cinco minutos sentam-se ao balcão. Vêm meter conversa com a funcionária ou pura e simplesmente ainda não lancharam. As únicas pessoas que resistem a não sair a esta hora da tarde sabem o que podem obter neste espaço. Laura convidou Sofia para um lanche. Aproveitaram o facto de terem uma folga ao trabalho em simultâneo e decidiram-se a reservar o tempo só para elas. Efectivamente, o Espaço Magnolia só é ocupado neste instante por elas e por Clarisse. A funcionária dirige-se à mesa delas, encostada ao vidro da fachada do estabelecimento e entrega um sorriso.
- Boa tarde!
- Boa tarde, Clarisse....Está tudo bem? - solta Laura.
- Está...e com você?
- Estará perfeito o dia em que conseguires tratar-me por tu.
Clarisse liberta um sorriso envergonhado, acompanhando o riso das duas clientes. O pedido é simples. Um sumo de laranja natural e uma torrada para a convidada e um café com leite acompanhado do croissant mais fresco. Clarisse indica que o pedido virá imediatamente e deixa as clientes sozinhas naquele canto.
- Precisava mesmo deste dia de folga... - confessa Sofia.
- Então...
- Estou cansada, exausta...uff...
- A mim pareces-me mais satisfeita do que cansada....
- Satisfeita sim...cansada também...
Os olhares entre as duas mulheres trocam-se misturados em sorrisos misteriosos. Progressivamente, as duas mulheres vão-se conhecendo. Melhor do que no tempo em que eram só amigas. Porque agora, elas não são só amigas. Elas partilham. O melhor que têm para dar. Elas partilham-se. O mais intimo que pode sair de cada uma delas. E isso obriga-as a conhecerem-se melhor. A interpretarem de forma intensa cada palavra, cada sorriso, cada gesto, cada olhar. Sem sequer cometerem a precipitação de um juízo errado. Clarisse traz os pedidos e coloca-os no devido lugar, sobre a mesa. Um último sorriso e aquele canto pertence unicamente a Laura e Sofia.
- Posso perguntar-te uma coisa? - diz Laura.
- Se vim lanchar contigo foi para me perguntares o que bem entenderes...
- Gostava que me pudesses responder sinceramente...Tens ciúmes com o Diogo?
- Ciúmes? De quem, como assim?
- De quem?! De mim, claro! Eu vi como estavas no Domingo. Desde o pequeno-almoço...no hotel...que não me disseste muita coisa...Estavas assim um pouco...murcha...
- Talvez....
- Tens ciúmes?
- Claro que tenho.
- Aqueles ciúmes que te fazem questionar se é mesmo isto que queres. Os ciúmes que põem em causa se valeu mesmo a pena um fim de semana como que tivemos....Os ciúmes que te podem fazer-me odiar e olhar para o teu namorado de forma diferente...
- Claro que tenho......
- Odeias-me?
- Não!...Tenho ciúmes. É impossível negá-lo...Mas ao mesmo tempo que tento lidar com eles, sei que é isso que me excita.....Entendes?
- Estou a ouvir-te....
- Laura, depois de adormecer ao lado do Afonso...no Sábado...fechei os olhos com a sensação de que no vosso quarto.... ainda estavas debaixo dele...com os beijos dele, com as mãos dele, com o....com o sexo dele...em ti...
- Sabes o que se passou?
- Ainda não falámos sobre isso....Falámos sobre o que se passou no meu quarto, mas...
- Porquê?!
- Não sei...Talvez eu não queira saber...Talvez até queira saber, mas ter medo de fazer as minhas próprias interpretações.
- Excita-te que ele tenha estado comigo?
- Sim...admito que sim...Já da outra vez tinha-te dito que me pôs louca...
- Não consegues guardar uma sensação anormal mas intensa, sabendo que ele se tenha vindo em mim?
- Acho que consigo, mas....Ele veio-se mesmo em ti?...
- Foi poderoso, Sofia....
- O que aconteceu?
- Como assim...
- Quero que me contes....Tudo.
- Queres que seja eu a contar-te?
- Sim...Quer dizer...talvez soe melhor...e mais vale aquilo que tu me dizes, do que aquilo que tenho na cabeça....Sim, Laura, quero que me contes.
- Bom...acho que foi mesmo para isso que nos juntámos um fim de semana. Foi para partilharmos o que de melhor ele teve, não é?
Sofia acena a cabeça. Há uma ansiedade que a invade. Ao mesmo tempo, ela dá um enorme gole no sumo de laranja, deixando o copo quase vazio. Ainda que perceba o estado de espírito da amiga, Laura esboça um sorriso. Afinal de contas, o lanche que elas partilham não serve só para perguntar como está o tempo. O fim-de-semana foi pródigo em emoções fortes para os dois casais. O Sábado à noite apresentou-se como o momento chave desses dias. Ao contrário da noite de Sexta em que os quatro adultos dormiram com o seu parceiro, o serão seguinte pretendia ser arrojado. Depois do jantar na marginal da cidade que escolheram para descontraírem, Laura, Afonso, Sofia e Diogo deram um passeio pelas ruas citadinas. No entanto, dividiram-se. Diogo e a namorada de Afonso ficaram numa esplanada a cinco passos da areia. Sofia e o namorado da sua amiga prosseguiram caminho.
- A vodka estava fantástica. Gelada, gostosa...gelada...muito gelada. Aquele sabor a limão despertava-me...e o alcoól...bem..o álcool deixou-me fora de mim. E o teu namorado...bem...ele de facto queria...
- Para onde foram?
- Depois da esplanada....ele perguntou-me se ainda queria dar um passeio. Eu pedi-lhe que me levasse para onde pudéssemos estar à vontade...Completamente à vontade.
- Foram logo para o hotel?
- Bem, parámos no elevador.
- No elevador?!
- Eu chupei-o, Sofia...
- Ali?!
- Sim...ali...Ainda me doem os joelhos....Deu trabalho fazê-lo vir-se...
- Gostaste?
- Uhm?....Delicioso...Tirou o sabor do limão dos meus lábios...mas foi delicioso.
- E depois?.....
- Tem a certeza que queres ouvir?
- Laura, depois de saber que o chupaste até ele se vir na tua boca, claro que quero ouvir o resto.
Por curiosidade, por ciúmes, por ganância à sua própria mente, por excitação. Sofia deseja saber os detalhes mais sórdidos do Sábado à noite do casal partilhado. Na verdade, a ansiedade de Laura e Diogo em entrarem num espaço que lhes pertencesse, era imensa. Foram para o quarto que estava inicialmente reservado ao casal amigo de Sofia. Ou seja, Laura trouxe o lobo à toca que os abrigava naquele fim-de-semana.
- Eu já estava molhada. Desde o restaurante que sentia a minha rata a arder. Por mim, o jantar tinha acabado antes da sobremesa.
- O que aconteceu no quarto?
- Tudo!....Começou na cómoda...Ele entrou em mim por trás...
- No cu?...
- Não....Como te disse, tinha a rata a arder....Ele olhava para mim pelo espelho e....oh, soube tão bem!...Ele entrou e saiu. E depois repetia...lentamente. As mãos dele nas minhas mamas...oh, Sofia...Acredita que em todos os momentos, pensava em ti.
- Em mim?!
- Imaginava-te ali, a ter o mesmo gozo...A saber que é aquele homem que te dá prazer quando queres.
- E o Afonso?
- Também pensava nele. Mas se ele de facto estava a gostar de estar contigo.
Sofia sorri. Por uns momentos, a ansiedade da loira aligeirou. Porque ela está tensa. Vive o relato da sua amiga e imagina tudo o que consegue. Ela leva uma fatia de pão à boca e um pedaço de manteiga cola-se ao seu lábio. O dedo suave dela limpa a boca e depois chupa ligeiramente a ponta do dedo. A excitação dela está ao rubro.
- Devagarinho fomos para a cama e ele beijou-me toda...Mas eu queria-o. Queria-o mais do que nunca...
- Mais do que o Afonso?...
- Se te disser que sim, que o queria naquela noite, mais do que o Afonso....acreditas?
- Sim...Acredito!
- Queria-o tanto e eu acho que o Diogo percebeu...
- Como assim?
- Sentei-me em cima dele e...E ele não largava os meus seios e...Não me lembro quanto tempo estivemos assim.
- Foi aí que ele se veio em ti?
- Não...Acreditas que ele aguentou o máximo de tempo possível? É assim que ele faz contigo?
- Sim...é...
A loira sorri. A forma como Laura expõe aquilo que aconteceu deixa-a excitada. Mais do que ciúmes. E gradualmente, ela ouve a sua amiga como se de um conto erótico se tratasse. Mesmo que o seu namorado esteja envolvido no relato. Dentro da mente de Sofia subsiste todos os acontecimentos do fim-de-semana. O que se esperava desses dias, o que foi acontecendo, o que ficou guardado depois de chegarem. E mesmo com todos os momentos passados a quatro, mesmo com todos os jantares e almoços e até as primeiras refeições do dia, nada consegue invadir mais a mente das pessoas que viveram este fim de semana, do que a noite de Sábado.
- Quando eu já não tinha mais forças para continuar a saltar, o Diogo pegou em mim e levou-me para a varanda?
- Para a varanda?!
- Sim, porquê?
- Nada, nada...Continua... Ele comeu-te na mesa?
- Não...Estávamos nus. Olhámos para a praia e depois reparámos que já era tarde. Já não se via ninguém na rua. Ele apalpou-me, sem qualquer receio de que alguém pudesse ver. Perguntou-me se ainda queria mais....Eu disse-lhe que ia querer a noite toda. Encostou-me à parede...aquela de tijolo, estás a ver?
- Sim...estou...
- Levantou-me a perna e....O teu namorado fodeu-me de pé...
- Quando é que ele se veio?
- No mesmo momento em que a minha rata explodiu....
Surpreendentemente, Sofia larga uma gargalhada. O tom de voz das duas amigas é ligeiro. Não falam muito alto, para ninguém ouvir. Laura sabe que possivelmente Clarisse está a perceber o assunto da conversa. Ainda assim, elas falam baixo. Há clientes que entram só para tomar café e por vezes passam bem próximo delas. Mas a gargalhada de Sofia foi sonora. Demonstra a satisfação misturada com a ansiedade da loira, que continua a ouvir atenciosamente a forma como Diogo comeu a sua grande amiga.
- Foi incrível...Era eu a agarrar-me a ele, achando que não me iria a aguentar de pé, com os tijolos frios a roçarem nas minhas costas...e um calor intenso a subir-me pela rata acima...Ele parou de penetrar. Deixou-se estar lá dentro e...Sofia, ele guardou-se todo para aquele instante.
- O que sentiste?
- Fechei os olhos com força, larguei um gemido e....Digo-te, só conseguia ouvir o barulho das ondas do mar...
A namorada de Diogo volta a rir-se descaradamente. Pega no copo e bebe o resto do que sobrava do sumo de laranja. Olha para trás e levanta o copo, pedindo à funcionária que está no balcão um segundo copo.
- Ele levou-me para a cama. Ainda estivemos a falar...sabes como é o Diogo...As mãos dele não saiam dos meus seios....E adormecemos, já não sei que horas eram...Acredita que só ouvia mesmo o barulho das ondas...
- Não tenho ciúmes...
- Não?
- Tenho, mas acho que.... Muito sinceramente, desde a primeira vez que nos envolvemos... foram os ciúmes que me comandaram. Se não amasse tanto o Diogo, não o faria. E só o posso amar, sentindo ciúmes. Para sentir ciúmes, tinha que o provar na pele. Tinha que avançar esse passo...
- Como um circulo vicioso...
- Viciante.
- Não tenho ciúmes, Laura. Tenho ansiedade por saber o que é o Diogo a envolver-se com alguém que....Com alguém que gosto muito.
- É uma partilha, Sofia....
- Sim...
O copo de sumo Sofia chega. A celeridade e o sorriso estranho de Clarisse demonstram que a funcionária percebe minimamente sobre o que se está a falar. Olha para Laura, certificando-se de que elas não pretendem mais nada entretanto. E depois sai. Laura volta a colar o olhar em Sofia.
- Adorei o nosso fim-de-semana.... - diz Laura - A sério...Correu melhor de tudo o que poderia esperar.
- Tu estavas louca para chegarmos lá. Percebi isso quando jantámos na Sexta e só pensavas no dia seguinte.
- É verdade....Nessa noite adormecemos cedo. Parecia uma miúda à espera da manhã de Natal.
- Não houve nada?
- Entre mim e o Afonso? Houve...quer dizer, pouco, nada de mais...Acho que ele também estava ansioso. Notava-se no olhar dele que te desejava.
Sofia cala-se. Não consegue evitar um sorriso que denunciava o mesmo sentimento. O dia de Sábado foi vivido pelos dois casais de uma forma ansiosa. Uma manhã a conhecer a praia, uma tarde a percorrer as lojas e as ruazinhas velhas da cidade. Tudo isto para esconder a ansiedade de querer a noite. O jantar de Sábado foi surrealmente romântico. Vibrantemente excitante. Cadentemente provocador. Se os quatro adultos jantaram cedo, sem tomarem café depois da refeição, foi porque a imaginação já tomava conta deles.
- Para onde é que vocês foram? - pergunta Laura.
- Até ao carro....Falei com o Diogo e disse que era eu que levava o carro até ao hotel.
- Tinham um quarto de hotel disponível e foram para o carro?!
- Foi ele que sugeriu...
- Quem? O Afonso?!
- Sim, lembras-te quando foste àquela loja experimentar o vestido mais o Diogo?
- Uhmm...sim...já te tinha dito que foi ele que me despiu?
- Ele disse-me....
- Ok...sim, então? Combinaram cá fora...
- O Afonso disse que me queria foder no miradouro.
Laura engasga-se um pouco. O último pedaço de croissant custa a engolir, assim que ela pinta na sua mente a ideia que Sofia lançou. E essa ideia é agora mais concreta do que nunca para a namorada de Afonso. Na cadeira do Espaço Magnolia, Laura está agora inquieta. Dentro de si, ela sabe que está a ferver.
- Ele fodeu-te no miradouro?
- Pensava que ele te tinha contado....
- Eu não o quis ouvir...Queria ouvi-lo da tua boca....Ele fodeu-te no miradouro?
- Sim...Durante o percurso até lá ele foi-me despindo. Antes mesmo de começarmos a subir o monte, já eu tinha os seios de fora....Ele abriu-me as calças e pôs a mão lá dentro...Garanto-te que pus o carro no primeiro sitio que encontrei.
- É um bom sitio?
- Era fantástico, Laura. O sitio, como ele disse, é poderoso. Muito tranquilo, sem muita gente....
- Quero lá saber do miradouro! O que se passou depois?!
- Ele fez o que sabe fazer melhor...
- Ele tocou-te?
- Oh, Laura!... Estava ansiosa de saber novamente como era sentir aquelas mãos.... Como se quisesse confirmar que a primeira vez não tinha sido por acaso.
- E foi?
- A primeira vez, no teu sofá... foi só uma brincadeira....
- Comparado com o que ele te deu?
- Não imaginas. Ao mesmo tempo que tinha a boca nos meus seios, nem esperou que eu tirasse as calças. Pôs a mão bem fundo entre as pernas...
- E tocou-te como nunca te lembras de ter sido tocada....
- Mais ou menos assim.....
- Pois...
- Mas ainda não acabou....Brincou com o meu...com o meu clitóris....até eu me sentir mesmo louca...mesmo pronta a vir....
- Quis entrar em ti?
- Não. Tirou a mão, saiu do carro e chamou-me....Eu sai, olhei à volta e só se conseguia ver a cidade ao fundo. Ele chegou junto a mim, beijou-me o pescoço e empurrou-me contra uma árvore que estava ali próxima...
- Não acredito!....
- Acredita. A minha cabeça virava-se para todo o lado, esperando que ninguém estivesse ali. A verdade é que ali, nem se conseguia ver nada à volta.
- Ele fodeu-te ali?
- Não necessariamente. Acho que não precisou...Foi a boca dele que me fez vir.
- Ele lambeu-te ali?!...Como?...Como, Sofia??
- Não durou muito tempo. Mas o que durou...ohhh...foi bom! Ele estava ajoelhado no chão. Nem sequer foi preciso baixar muito as minhas calças....
Sofia está entusiasmada. A descrição de momento tão ousado no miradouro da cidade deixa-a excitada. Como se contar tudo aquilo fosse transportar-se no tempo, no espaço, na imaginação, para o exacto instante em que a boca de Afonso a levou efectivamente para as nuvens.
- Só me lembro de olhar em frente, sentir as mãos dele nas minhas pernas e o resto....o resto.... lembro-me de ver, por entre os ramos, a cidade ao fundo...e pensar em vocês...
- Em nós?! Sofia, estavas no auge do teu fim-de-semana e estavas preocupada connosco?.... Foi o auge da noite...não foi?
- Bem...não necessariamente....
- Conta!...
A loira baixa o olhar e procura encontrar as palavras certas. Porque a noite de Sofia e Afonso não terminou ali. No momento em que Laura e Diogo entravam na varanda do quarto do hotel, os seus namorados chegavam à recepção do hotel. Na verdade, o funcionário da unidade hoteleira estranhou o facto de os adultos chegarem com os pares trocados. Não havia nada a esconder.
- Subimos para o quarto....Ele despiu-me e....
- E?!...
- Ele estava louco....Eu estava louca! Eu queria-o. Laura, desculpa dizer-te isto, mas eu queria-o loucamente. A noite toda!
- Mesmo que estivesses a pensar em nós...
- Sim, como te disse, era isso que me estava a excitar também.
- Mas diz lá!...Onde é que foi? Conta, bolas!
- Não sei se te devo dizer....
- Porquê?...O que foi? Fizeram em algum sitio que.....Fizeram na varanda?
A amiga de Laura volta a baixar o olhar. Bebe um pouco mais de sumo e acena afirmativamente. De corpos nús, Afonso e Sofia levaram-se a si mesmos para a varanda no quarto que estava mesmo ao lado dos seus parceiros. Nesse instante, Laura e Diogo já tinham entrado no quarto.
- A parede de tijolo? - solta Laura.
- Também....
- Também?? Desculpa, diz lá...
- A mesa....
- A mesa?? Em cima da mesa?
- Sim...
Laura está algo impávida. A descrição da amiga, com alguns pormenores sórdidos e imaginativos, deixa-a entusiasmada. É agora ela que tem dificuldades em manter-se quieta na cadeira. Laura só consegue imaginar o seu namorado a abraçar Sofia. Ela de corpo nu, com as pernas abertas, sentada em cima da mesa. Ela com os braços envoltos nele, a pedir-lhe mais. Ela a gemer baixinho, procurando resistir a um prazer interminável. Ela a partilhar Afonso, mesmo que na mente da loira estivesse o prazer que Diogo pudesse estar a dar à amante.
- Eu bem me parecia ter ouvido gemidos. Eu cheguei a comentar com o Diogo.
- Também não gritei assim tanto...Estariamos mal se assim fosse.... Achas que alguém no hotel percebeu?
- Quero lá saber! - responde Laura - Foi bom....soube-me bem...E acho que nos divertimos imenso. Tu gostaste?
- Acho que sim....Só posso dizer que sim, não é?
- Só podes dizer o que sentes....
- Adorei, Laura. Quando eu e o Afonso voltámos para o quarto, mais do que sexo, mais do que paixão, mais do que tentar aproveitar cada pedaço...acho que estávamos os dois a pensar no que estava a ser feito....Sabes, em silêncio?... Ele foi muito querido, querendo saber se estava a gostar. Mas no fundo, acho que isso pertence a cada um de nós. Senti ciúmes sim. E só pensava mesmo em ti...Em como iria olhar para ti de manhã....Foi assim que adormeci.
- Odiavas-me? Quando estavamos a tomar o pequeno almoço?
- Sim...tanto como acho que tu me odiavas a mim...
- E no entanto, estava mais excitada do que nunca.
- Também eu...talvez fosse normal...toda aquela sensação....
- Voltarias a repetir?
- Como assim?! Laura, eu quero repetir...Este mês, não sei. Mas no próximo mês são vocês que têm que encontrar um sitio. Mas olha, desta vez quero um sitio com camas maiores....Camas vibratórias uma ova...Ainda estive para ir perguntar se aquilo era cama de solteiro.
As duas amigas riem-se, acompanhando os mesmos sentimentos. Os olhares de Laura e Sofia trocam-se. A conversa estimulou-as. Mais do que dar a entender o que foi a noite de Sábado, misteriosa para qualquer um dos presentes, elas criaram novas sensações na sua mente. Como se de facto, elas pudessem estar no quarto ao lado. Como se pudessem apreciar e até ter um sentimento em relação ao que o fim-de-semana diferente proporcionou. E os olhares que elas trocam são as reminiscências daquilo que elas querem entregar. Mais até do que partilhar.
- Estou a ouvir um telefone a tocar... - diz Laura - É o meu ou o teu?
- É o meu...Deve ser o Diogo.
Sofia atende o telemóvel. Mesmo confirmando que é o seu namorado, ela nem sequer se move. Mantém-se no mesmo lugar. Desvia apenas o olhar para a rua, evadindo-se do desejo que se espelha nos olhos de Laura.
- Sim, estou com a Laura....No Espaço Magnolia.....A minha amiga está a contar-me como a fodeste......Diz que sim...Que só te vieste depois de ela ter implorado....E que lhe roubaste as mamas......A minha noite...Ela sabe...Ela sabe de tudo!......Esta noite, amor....Esta noite conto-te tudo o que quiseres saber........Isso? Logo se vê...se te portares bem....Beijinhos...Amo-te...
Desliga o telemóvel e volta a fixar o olhar na sua amiga, com um sorriso. Laura inspira desejo. Toda a conversa despoletou uma excitação que tem que ser extravasada. E Sofia percebe isso.
- O Afonso demora?... - pergunta a loira.
- Está a chegar...Espero que não demore, porque eu estou....
- Eu sei...Tu estás a arder....Eu também vou andando....
- Vai...Hoje sou eu a pagar o lanche...
Sofia levanta-se. O Espaço começa novamente a encher, numa hora de clientes regulares. Laura levanta a cabeça e liberta um sorriso para a miga. A namorada de Diogo aproxima-se e antes de sair entrega um beijo profundo na testa de Laura. Terno, acolhedor, intensamente quente. Apaixonantemente intimo. A partilha é um sentimento que só está ao alcance da confiança.