segunda-feira

O que aproxima também pode separar

Publicado a 02-05-08
É irresistível. Qualquer oportunidade que surja, o jacuzzi é o espaço de eleição dos moradores do Edifício Magnolia. Seja para partilhar o lugar com os vizinhos, como já se viu com alguns inquilinos mais ousados. Seja para convidar os amigos a usufruir de momentos de lazer, como é o caso do filho mais velho de Rodrigo, que goza há cerca de uma hora a piscina com a namorada e o grande amigo, Miguel. Seja para procurar um pedaço de tempo para relaxar, como pretende Helena ao subir as escadas do edificio com uma revista na mão e a cintura envolta numa enorme toalha para enxaguar o corpo.
É irresistível. O olhar trocado à distância, entre Helena e Miguel, quando a mulher entra pela porta da casa do jacuzzi. Ela não estava propriamente à espera de o encontrar ali, tal como enfrentar a presença de Sandra. Mas o seu filho tinha-a avisado e só um lapso de memória leva Helena a confrontar a crua realidade de ela não desejar este instante. E o que ela pensava que seria uma tarde tranquila e evadida do mundo, transforma-se agora numa ansiedade pesada no seu peito. Ela respira fundo e pressente que Miguel está a olhar exactamente para as suas mamas, debaixo do soutien branco. Ao mesmo tempo, o olhar do seu filho dirige-se a si, mas com alguma desconfiança. O jovem pensa que a sua mãe surge ali apenas para o vigiar. Algo que obviamente não lhe agrada. Sandra mantém um ar frio. Percebe que a mulher nunca simpatizou muito com a sua pessoa. Mas como a jovem rapariga deve, também teme. À medida que Helena se aproxima das espreguiçadeiras, sem saber bem como reagir, o silêncio toma conta do espaço.
É irresistível. Helena não consegue sentir-se tranquila. Mesmo que esteja deitada na espreguiçadeira, procurando abstrair-se do que está em seu redor. Mesmo que o artigo da revista sobre a traição de um membro da nobreza dinamarquesa ocupe por completo o seu olhar. O seu filho é parco em palavras, Sandra procura entregar um gesto terno mais subtil ao namorado e Miguel não pára de rodear a sala do jacuzzi. Ela já pensou em sair. Mas na sua cabeça invadem-lhe dois pensamentos. A imagem do filho na sua cama com a namorada. A imagem de Miguel completamente nu, diante da sua boca faminta. Ouve-se o barulho da água que borbulha a sobressaltar. O filho de Helena e Rodrigo salta da piscina e vai pegar uma toalha. A mãe baixa as folhas da revista e procura perceber o que se passa em seu redor. Miguel continua a olhar subliminarmente para si e só ela é que percebe. Sandra acaba de sair também da piscina e o seu filho está a vestir uma t-shirt.
- Miguel, eu vou andando....A Sandra ainda tem que passar pelo trabalho e depois eu encontro-me contigo, está?
- Ok....a que horas?
- Sei lá, às oito....Não te atrases, o resto do pessoal não curte que chegues sempre tarde.
- Ok, ok....vou tentar...Mas não queres que eu vá com vocês...
- Não...Eu tenho pressa e...fica à vontade...quando quiseres sair só precisas de entregar a chave à minha mãe.
É irresistível. O coração de Helena pula com mais força. Ela deixa cair a revista em cima do seu peito. O seu filho acaba de vestir-se e aguarda mais uns segundos até Sandra estar pronta. Nesse espaço de tempo, dá um beijo à mãe em silêncio. Imediatamente depois, sai com a sua namorada. Helena percebe o constrangimento da situação. O olhar de Miguel não descola de si, do seu corpo, de tudo o que ela possa querer demonstrar. E nem ela tem a certeza do que pode estar a evidenciar. Nem ela sabe o que quer transmitir. Aquilo que ela temia, está a acontecer. E ela tem que encontrar uma solução. E isso não passa por sair, deixando o jovem sozinho no espaço que não lhe pertence. E muito menos se equaciona a hipótese de entrar no jacuzzi, onde Miguel relaxa, encostado à parede, com os braços esticados.
É irresistível. Sem saída. Sem solução. Sem um horizonte à vista. Algo parece querer aproximar Miguel e Helena. Tudo o que acontece é demasiado flagrante. Tudo o que se passa atrai. Ele sai da piscina. Com o corpo molhado, com os calções pretos encharcados. Apesar do silêncio ser a palavra de ordem de Helena, eles mantém a comunicação. O olhar dele a deliciar-se com cada pedaço corporal da mulher. Os olhos dela a perderem-se na cintura do jovem. Helena está sentada na longa cadeira de madeira da cabine do chuveiro. A água com a pressão ideal passa pelas costas dela. Deixa-a enfeitiçada, hipnotizada, deslocada do mundo real. Os nervos dela estão sensíveis, o seu corpo amolece. A porta está aberta. E a aproximação é inevitável.
- O seu filho disse-me que foi você que pensou neste espaço....

- Sim...

- Em que é que estava a pensar quando escolheu essa cadeira?

- Eu quero que pares, Miguel...

- O que é que eu estou a fazer?

- Pára!...Por favor...estou a pedir-te...Pára ou eu saio.

- Então...saia....

- És um garoto....És um garoto, Miguel.

É irresistível. Não há nada a fazer. Miguel já está dentro da cabine, com um sorriso presunçoso. Os músculos das coxas de Helena não obedecem à razão do seu cérebro. Ela não se consegue levantar. E ele já está diante de si. O toque. Os joelhos dele tocam nos joelhos dela. Helena olha para ele. Helena come com o olhar o sexo dele, por debaixo da peça de roupa. Helena não consegue obedecer às suas próprias ordens. Nada tem nexo e os olhos dela cerram. Miguel despe os calções. Miguel irrompe por entre as pernas dela. Miguel ajoelha-se. E o toque. As mãos dele seguram com convicção nas coxas formosas da mulher e abre-lhe as pernas. Helena respira fundo, mas depois só consegue soltar suspiros. Ele ergue ligeiramente o corpo e com a ajuda dos joelhos, levanta as coxas dela. Os pés de Helena não obedecem. Os calcanhares colam-se ao rabo dele. Uma mão dele agarra-se à madeira, por detrás das costas femininas. A outra mão acaricia as coxas, o rabo e aventura-se. Helena já lhe pertence. É o toque. As mãos dela escorregam na pele das costas de Miguel.
É irresistível. A tanga branca e encharcada de Helena não a protege. Nem a sua consciência a protege. O corpo do jovem está colado a si. E o verdadeiro motivo que a faz libertar um gemido intenso, vibrante e excitante, é o pénis inchado de Miguel a abrir-lhe os lábios vaginais palpitantes. O toque. Os mamilos dela enfurecem. Ficam rijos. Sobressaem no tecido do soutien. Espetam no peito robusto e carnudo do amigo do seu filho. E aquilo que ela sente a penetrar dentro de si, é mais do que toque. É uma louca sensação de preenchimento carnal que extravasa o desejo, a paixão ou o amor. Aquilo que Miguel dá à sua nova amante é uma pecaminosa foda. Literalmente. Sem ligeireza. Sem qualquer exagero. E já não há retorno. Helena e Miguel fodem. Numa cena escaldante. Num abraço despido de pudor. Num desejo absurdamente irresponsável. Eles fodem.
É irresistível. O sexo dele vai inchando. É pelo menos esta a sensação de Helena, perdida na sua evasão. É esta a sensação que percorre cada pedaço intimo de si. É isto que o seu cérebro racionaliza. A constante entrada de uma carne vigorosa e excitante. A tanga roça no pénis de Miguel e começa a tornar-se incómoda. As mãos de Helena fincam-se nas costas dele, caminhando para baixo, à medida que ela parece pedir ao puxá-lo contra o seu corpo. As pernas dela cada vez mais erguidas e abertas. O rabo dela encharcado e a escorregar no assento de madeira. A água que escorre no corpo da mulher. O rabo dela já sentado. O sexo a entrar e a sair. Aquele sexo inchado não pára de foder Helena. Os gemidos. A respiração. A penetração. O toque. É disso que ela não se consegue desfazer. Da sensação absorvente do toque dele por todo o seu corpo.
É irresistível. Ela não aguenta. Ela não oferece resistência. Nem o seu corpo, nem a sua mente, nem a sua alma, nem a sua consciência nem o seu sexo. A sua rata lateja a cada penetração dele. Helena sente um prazer inolvidável. E as suas pernas já estão no topo. No topo do mundo, no topo do céu, no topo da sua maior loucura. O filho do seu amigo segura-a e ela tem as mãos no rabo dele. As unhas fincam-se nas nádegas. Sempre a pedir mais. Porque não há retorno. E ela não recusa o toque. A tanga aguenta-se nos tornozelos e estão prestes a cair.
É irresistível. O pedaço de roupa no chão. A água a encharcar o mosaico da cabine. O vapor a consumir o desejo dos dois corpos. Miguel está a foder a mãe do seu amigo. E Helena não quer acreditar que se deixou render à tentação. As suas pernas estão abertas. Nada a protege. Nada a segura. E ela voa. Porque o toque do corpo dele enche-a de tudo o que ela recusava a si mesma. Helena sempre soube que era difícil resistir as investidas aliciantes de Miguel. Da mesma forma que sabe que é dificil suportar por mais tempo às investidas do sexo grosso e convicto do jovem. Ele fode-a e é muito mais do que o toque. Os braços dele seguram o corpo de Helena enquanto a consciência dela se mistura com a humidade da cabine. Ela vêm-se. Com a boca dele no seu pescoço. Com o peito dele a chocar contra o seu corpo. Com o rabo do jovem nas suas mãos. Com a picha dele a concretizar aquilo do qual ela nunca quis negar. Tudo isto é irresistível. E no chuveiro que ela pensou para aquele espaço, para que todos os vizinhos usufruíssem, Helena é a primeira a ser possuída. Na sua mente, aquele chuveiro nunca mais será o mesmo.
- Ohhh...Miguel..isto é uma loucura...põe-me no chão...por favor!
É irresistível. Porque ela não está arrependida. Ainda pouco ciente do que fez, mas não há remorsos. A foda soube bem. O beijo quente que ele lhe ofereceu assim que ela alcançou o êxtase, apenas lhe pode deixar a certeza que Miguel sentiu algo semelhante a ela. O beijo que os lábios carnudos e tesos dela provaram, são a prova. O toque. Os lábios dele deram-lhe o toque que lhe dá um novo rumo. E nunca ela pensou estar tão próxima de um amigo do filho. Proibido. Devasso. Imoral. Irresponsável. Incoerente. Tudo isto, talvez. Mas a perdição deu-lhe um momento fulgurante. E isto, Helena sente. O jovem está abraçado a ela. Entrega-lhe caricias, experimenta a pele amadurecida dela. Alivia a sua tesão dentro da rata dela. Aprecia o toque das coxas dela a roçarem no seu corpo. Miguel não a vai largar enquanto ela não pedir.
- Ninguém precisa de saber disto, certo?
- Descanse...você não é a primeira mulher casada com quem me envolvo...Tenho tanto a perder como a Helena.
- Só não quero que dês com a língua nos dentes perto do meu filho ou da Sandra esta noite.
- Eu não vou estar com a Sandra....
- Não?!
- Ela não costuma assistir aos nossos jogos de futebol.
- Uhm?!...Ah, ok...
- Helena...eu não sou um garoto.
- Eu sei...Eu reparei...Mas não sei se tudo isto não foi um enorme erro.
- Está arrependida?
- Não....
É estarrecedor. O amigo do filho de Rodrigo já se vestiu. A tarde vai terminando. Helena está enfeitiçada. Sai dos sanitários disponíveis no espaço e pega na enorme toalha que trouxe. Rodeia-a pelo seu corpo e procura ter a melhor reacção diante do rapaz. Será ele um amante? Será ele apenas um momento repentino de perdição? Ele é amigo do seu filho. Isso tem que contar. Talvez tudo tenha ido longe demais. Mas o prazer foi concebido. Tudo aquilo, toda aquela foda aconteceu realmente e ela não pode negar que gostou. Ela não quer ser vista a sair dali, apenas acompanhada por um jovem irresistível. Por isso, apressadamente, acompanha Miguel até à saída do jacuzzi. Ele percebe que não vale a pena esticar o tempo, porque ele pode virar-se contra si. Também ele tem consciência do que fez, do que quis e das implicações. Com encontro marcado com o filho da sua amante, ele segue para o corredor de acesso do Edifício. Mas a lucidez invade a mente da mulher. Antes de fechar a porta do novo local de lazer, antes de se fechar no 1º esquerdo, Helena apercebe-se que se esqueceu de algo. Sozinha, dirige-se junto à cabine do chuveiro. Encostado à porta de vidro, no chão, está a sua tanga branca. Esquecer-se desta peça, neste local acessível a qualquer morador, poderia ser fatal. Mas o toque é revelador. O toque. Assim que ela se ajoelha e agarra a tanga, uma sucessão de pensamentos aterradores explode na sua mente e a sua consciência formula uma conclusão. A tanga que ela achou junto à cadeira do seu quarto. O encontro de futebol do seu filho e dos seus amigos. A ausência da namorada. Sandra. O seu filho e a namorada no quarto do casal nunca aconteceu. O seu marido. A tanga de Sandra. O seu filho nunca esteve ali naquela tarde. Sandra. Rodrigo. Ele não poderia estar com uma rapariga tão nova. Ele não tinha coragem de se envolver com a namorada do filho. A tanga dela. A sua tanga estava perdida no chão. A tanga de Sandra estava no chão do seu quarto. Rodrigo. Ele fodeu-a. No instante em que Helena realiza a dimensão da traição, ela apercebe-se que tem tudo a perder. É estarrecedor.

4 comentários:

Anónimo disse...

Aos moradores do Magnólia
O último personagem criado, Miguel, é um exemplo de personalidade forte, marcante, decidido e objetivo. Tem um "feeling" fantástico. Descobriu que Helena gosta de uma foda no primeiro momento, e partiu para a conquista. Lembremos que o rapaz tem sómente cerca de 19 anos, idade de seu amigo, filho da mulher que possuiu na área da Jacuzzi. A mulher possuida deve ter pelo menos o dobro da idade dele, fato que não o intimidou. Aposto que ainda vai ser concorrente do Rodrigo, fudendo com a namorada de seu amigo. Para quem fode com a mãe do amigo, fuder com a namorada, é fácil. Estou fã deste novato.
Rodrigo agora se enroscou de vez. A mulher alertada pelo sexto sentido está inferindo que a tanga de Sandra deixada no quarto tem algo a ver...Mas quem tem "telhado de vidro"....O que será que Helena fará? Vejamos. O Magnólia está a arder em chamas....Maria José simplesmente colocou o cunhado em segundo plano alçando o carteiro para primeiro. Tania e Lucia afinal quebraram as barreiras psicológicas que as separavam. Queremos ver como Felipe vai entrar neste cenário, que se descortina fantástico. Ana e Rafael estão curtindo o início de um caso, pois, Ana dobrou o professor. Com a introdução do Bi Gustavo o swing de Afonso e Laura entrou em nova fase. Terá homem fudendo com homem? Esperamos anciosos.
Beijos molhados para as mulheres e abraços para os homens
Julio135

luafeiticeira disse...

Comentar depois do julio135 é difícil...
Bem, parece-me que Helena e Rodrigo continuarão numa vidazinha mais hipócrita, pois já ambos sabem que são traídos, mas nenhum comentará o facto, pois tanto um como o outro sabm o que faz, daí não nenhum ter a consciência suficientemente tranquila para fazer julgamentos. Mas, e há sempre um "mas", terem essa revelação de serem traídos faz com que a sua consciência não seja a mesma, não poderão continuar a trair da mesma forma e isso o narrador do quotidiano de Magnólia revelar-nos-á, com certeza.
Beijos

Magnolia disse...

JULIO 135 e LUA FEITICEIRA, as vossas perspectivas e projecções são válidas. Não implica necessariamente que tal venha a acontecer, até porque o que se tem passado é efectivamente inesperado.
Sim, LUA, tens razão, a Helena e o Rodrigo não podem continuar a trair da mesma forma.
JULIO, já havia saudades dos teus comentários no Edificio :) Em relação a Miguel envolver-se com Sandra. Pode até ser plausivel. Mas há dois senãos. Não é pretensão de Miguel trair o amigo, mesmo que o jovem se envolva com a mãe dele. E depois, Miguel demonstra uma atracção por mulheres maduras. Se ele quisesse uma jovem como Sandra, não precisava de trair o amigo....Mas, lá está. O Edificio reserva muitas surpresas.
Voltem sempre...Comentem, porque tem havido poucos comentários. E o Narrador, como os inquilinos gostam de ser visitados, mas também mimados com as vossas palavras.

Ártemis disse...

Aonde é que já vi filme?!
Pois é, foi comigo mesmo que isto já se passou. Será que o desenrolar será igual ao meu?!
Até arrepia...

Beijos