domingo

Não tenha receio em aproximar-se

"É o sentido do toque. Em qualquer cidade real, tu andas, sabes? As pessoas chocam contra ti. (...) Eu acho que nós sentimos tanta falta desse toque, que colidimos uns nos outros, só para conseguirmos sentir alguma coisa"

Retirado do filme Crash, de 2004, com Brendan Fraser, Matt Dillon, Sandra Bullock, Don Cheadle e Thandie Newton. http://www.imdb.com/title/tt0375679/





Há algo distinto na vida deste Edificio. Existe uma sensação diferente que torna o quotidiano de cada um dos inquilinos, um acontecimento ímpar. Porque já nada é o mesmo. Ninguém neste empreendimento pode dizer em voz alta que a sua vida se mantém na mesma e insignificante rotina. Porque algo mudou. Ou até o que essa pessoa tocou, fez mudar algo. E a estrada não parece a mesma. Segue trilhos distintos, sem sequer se adivinhar um fim de percurso. Porque tudo vai deixar de ser o mesmo. As vidas movem-se. Os pensamentos transformam-se. Os desejos ebulem. Porque eles hoje querem sentir. E não da mesma forma que sentiram ontem. E certamente de uma forma que não se repetirá amanhã.
O que está então de diferente? O que distingue com tanta intensidade este Edificio dos restantes que o envolvem. Nesta rua, neste bairro, nesta cidade, neste mundo onde todos procuramos sentir algo distinto.
Há uma sede. Há um desejo. Há uma procura. Há uma distância. E o que distingue as vidas destes seis apartamentos é a procura dessa distância. A sede de aproximar essa distância. O desejo de guardar uma distância. O capricho de conquistar essa distância da forma como se pretende e nunca mais mudar. Seja essa distância um mundo inteiro. Seja esse espaço que separa um quarto. Seja um palmo de distância. Seja a pele que se cola ao outro corpo de uma forma inseparável. Há que guardar uma distância. Porque o amor também se guarda. Porque os segredos também se guardam. As paixões ficam cá dentro e não se diluem. A dor guarda-se de uma forma transcendente. A saudade guarda-se. Porque não guardar uma distância? Numa casa, num quarto, numa caixa, no peito, no coração, no mais intimo desejo sexual. Os inquilinos do Edificio Magnolia vão guardar uma distância.
Para si é seguro aproximar-se. A distância é suficientemente intensa para se poder quebrar. Este semana, quebre tudo isso. Quebre a distância, quebre os tabus, quebre os seus próprios limites. Leia, empolgue-se, sinta esse fervor interior, partilhe essa fome, comente, critique, sugira, apaixone-se. intervenha. Aventure-se, imagine, fantasie, arrisque. Esta também pode ser a sua vida, ou o seu desejo, ou o seu pecado. E ainda que possa ser só um grande fruto da imaginação, aproxime-se. Venha ver o que para aqui vai e melhor do que nunca, irá entender a distância que quer guardar.
Para além de daqui em diante conseguir perceber ( finalmente ) a diferença entre o dia em que a acção decorre e o dia da publicação da postagem, para além de dar de caras com novas revelações, cada vez mais profundas e inebriantes, esta semana ouse em sentir o toque. No fim, diga-nos o que pensa.

2 comentários:

luafeiticeira disse...

Pois vou dizer, aliás se já passaram alguns dias sem visitar o edifício é porque tenho estado doente, claro. E olha que fui surpreendida, pela positiva, quando vi que além de obras, Magnólia também teve arranjos florais.
Vou ler mais.
até já

Magnolia disse...

Já havia saudades das tuas visitas, LUA FEITICEIRA. Doente? Espero que de facto os arranjos florais não piorem a situação :) E gostas dos arranjos? Espero que sim. Espero que nos visites ainda mais vezes. Comenta, já que isto de facto tem estado fraquinho nos comentários. Visitas parece haver, mas comentários :( De qualquer forma, aguarda pelas novas revelações