sábado

O que...arrefece o prato da vingança

16:52
- Boa tarde, o que vão querer?
- Eu quero um batido de chocolate e.....não sei...uma panqueca...pode ser?
- Claro que pode....E a menina?
- Vocês fazem tostas mistas, não fazem?
- Fazemos sim....É uma tosta mista?
- Sim! E uma cola, se faz favor.
- Um batido de chocolate, uma panqueca especial, uma tosta mista e uma coca-cola....Trago já...
- Obrigado, Vasco....
16:57
- Tens razão, Neves....isto é mesmo bom. Mas afinal, porque me convidaste para lanchar? Achava que não levavas os teus engates a sair.
- Enganas-te, Matilde....Sou mais do que aquilo que pareço.
- Diz antes assim, és mais do o que queres dar. Se te entregasses às pessoas, talvez te dessem mais beneficio.
- É mesmo sobre isso que queria falar contigo.
- Não me digas....vais finalmente decidir-te?....
17:08
- Tenta entender-me, Matilde....Não é nada contra ti...És uma mulher fascinante.
- Pensava que me vias como uma miúda mimada à espera do namorado ideal....
- Vejo-te como uma jovem. Uma jovem mulher que cria ilusões. E eu não quero que cries expectativas comigo. Entendes?
- Sim, entendo....Tu só me queres foder.
- Achas pouco? Tu também queres....
- Mas quero mais do que isso. Adoro que me comas....Adoro quando olhas para mim e sei no que pensas....Mas gostava de ser mais do que isso....
- Acho que já sabes que tipo de homem sou, Matilde. Eu não me fixo. Não gosto de me dar a ninguém.
- Nem mesmo a prostitutas?....
17:15
- Ok, já percebi.... Eu não te peço nenhum compromisso, Neves.... Apenas gostava que me visses como alguém que está disposta a fazer-te feliz.
- Fazes-me feliz.... Muito feliz. Nunca te disse o contrário.
- Vai-te lixar...
- Vá lá, Matilde....Não és nenhuma garota. Qualquer outra mulher já teria desistido de mim, dito que sou um cabrão egoísta, que só me aproveito delas e que nunca mais me querem ver.
- E?!
- E tu ainda estás aqui.... Sabes que apenas pretendo um bom momento. Uma aventura carnal... Se não gostasses tanto como eu, não estavas aqui.
- O que é queres? Que me entregue a ti e depois aja como se nada fosse?
- É o que eu faço. Não é por isso que gostas de mim?
- Presunçoso de merda...
17:19
- Tu é que decides, Matilde. Vou levantar o braço e não tarda, o Vasco está aqui para receber. Hoje pago eu o lanche. Vou levantar-me e vou subir até ao meu 3º esquerdo. Se quiseres, podes subir comigo. Dispo essa tua blusa provocadora no corredor. Seguro-te pelas nádegas porque aposto que por baixo dessa saia nem deves ter cuecas. E depois, deito-te na minha cama e podemos fazer o que quiseres, até à hora que quiseres. Sem compromissos..... Ou, se quiseres... podes achar que de facto, eu sou um homem presunçoso e frio. Desistes de mim e segues o teu caminho....Então, o que vai ser?
17:28
- Cabrão!....Tu sabes que eu quero....Tu sabes exactamente o que eu quero, Neves!
- E gostas?
- Oh, sim!...Leva-me! Leva-me para o teu quarto!
- Não!...Ainda não...Eu quero-te aqui!
- Fecha a porta, então, que a tua vizinha pode ver! Abre as calças....
- Vais chupar-me?
- Sim.....vou!
- Uhm....ohhh...sim...uhm... és mesmo vaca, Matilde...uhmm.... ohhh, tão bom...oh, que a tua boca sabe tão bem...Isso...uhmmm!
- Sabe-te bem?...Uhm?
- Sabe!...Ohhh...Não pares! Continua a chupar...uhmm.... Não pares!... Siimm... ohhh... agarra... agarra-as, oohh...
17:35
- Deixa-me vir, Matilde....Não pares...uhmmm...Deixa!!...Ohhh, Matilde...Ooohhh, tão booom!
- Uhmm, estás apetitoso....
- Não te rias assim, cabra....Ficas mesmo com ar de cabra. Anda, vamos para o quarto...
17:38
- Abre as pernas....Isso...Vês como tinha razão? Não tens cuecas.
- Gosto que me sintas o cheiro...
- Caramba, Matilde...Não precisas de te oferecer tanto...
- Também não me parece que consigas resistir...
- Não!...Não consigo! Mas tu sabes qual é o acordo.
- Sei....Fode-me, come-me... Não precisas de amar-me...Só preciso que me possuas...
17:40
- Deita-te...Deita-te assim...ok...Olha para mim...
- Levanta...Levanta-me mais as pernas, Neves...sim...Oh, estou tão quente....
- Dá cá essa almofada....
- Onde é que a queres pôr?.....
- Debaixo do teu rabo....Já experimentaste?
- Uhm...sim! Entra...entra agora assim...ohhhh...uhmmm...tão bom, Neves!
17:43
- Neves..uhmm..ohhh...sinto-te...oohhh...sinto-me tão cheia de ti...oohhh!
- Ohhh...gosto de ti...ohhh...é bom ter-te...uhmm....
- Gostas?...Gostas mesmo?
- Sim...ohhh...Sim....gosto mesmo disto! Ohhh!!
17:50
- Matilde...uhmmm...sabes tão bem..uhmmm...
- Abraça-me, Neves...Abraça-me...Sim, também gostei...Vem cá...
- Foi bom, não foi?
- As tuas fodas são sempre boas..... Posso jantar contigo?
- Sim, podes...Disse-te que podíamos fazer o que quisesses. Mas talvez não gostes da minha companhia para jantar.
- Porquê?!
- Porque com a tua tia diz, sou um homem desinteressado. Tu sabes disso. E eu não quero esconder isso, Matilde.
- Ao menos se pudesses abrir um pouco os olhos e ver que alguém te pode fazer feliz.
- Não podes, Matilde. Não podes.
- Porquê?!!...Merda, diz-me só porquê? Não gostas de mim?
- Gosto. Muito sinceramente, gosto....
- Então?!...O que é que te assusta? Porque é que te é tão difícil comprometeres-te com alguém? Eu sei que no fundo até queres que alguém esteja ao teu lado....
- Não és tu.
- Não?
- Não és tu, Matilde.
- Então quem é?...A minha tia?
- Sabes melhor do que eu que a Cristina é casada e para além disso ela gosta ainda mais da foda casual do que eu.
- Diz-me quem é!
- Não és tu.
- A acompanhante....
- Desculpa??
- É aquela tua vizinha....a puta....É ela que tu queres conquistar....
- Isso não é da tua conta, Matilde.
- Eu sabia....Eu sabia!!! Eu vi aquele teu olhar quando nos cruzámos com ela...quando sai daqui no outro dia....Eu vi o olhar dela quando entrei hoje no Espaço.
- Tu viste-a?
- Vai-te foder, Neves....
- Onde vais?!
- Vou-me embora. Não acredito que prefiras apaixonar-te por uma prostituta do que por mim. Bolas, Neves. Se entendesses ao menos o quanto eu gosto mesmo de ti....
- Matilde, espera...Não te vás embora....
- A minha tia já me tinha avisado....Bolas...como é que eu sou tão estúpida?
- Espera lá, Matilde....
- Até qualquer dia, Neves....
17:57
- Eu gostava mesmo que jantasses comigo, Matilde....
- Não posso....Experimenta tocar naquela campainha. Pode ser que ela aceite e te faça um desconto.
- Ouve...eu não preciso disto, Matilde! A vida é minha, não te devo nada. Queres tanto estes momentos como eu. Acho que já falamos o que havia a falar sobre sentimentos. Só te peço para jantares. Se quiseres ficas, mas não me mandas à merda!
- Se eu gosto que me lixes, provavelmente tu também gostas...E a puta? Achas que ela te dá mais do que eu posso dar?
- Ela não é puta, Matilde....Ela é acompanhante....
- Bonito. Muito bonito mesmo.....Adeus, Neves....

sexta-feira

Quem...ela quer escolher

20:10 - Ana é uma profissional esmerada. Sabe os riscos da sua profissão. Tem consciência que as regras do jogo tem que ser tomadas por si desde o inicio. Caso contrário, existe uma boa probabilidade de um encontro com um cliente correr ao contrário de qualquer expectativa. E tal como muitas mulheres que procuram ganhar a vida com o sexo, a experiência pode tornar-se desagradável e até violenta. Mas Ana é diferente. Quer ser diferente. E procura gerir o seu trabalho de uma forma diferente. Os anos que passou no clube, por conta de uma patroa flexível, de clientes seleccionados e de remuneração total sobre o que fazia, ensinaram a jovem a estabelecer-se por conta própria. A definir o que pretende, a escolher clientes, a estudar cada cliente. Em última instância a ser ela a dizer pessoalmente aos clientes a conclusão da sua análise. Ana é metódica. Quente, sensual, excitante mas extremamente calculista. Este é o seu trabalho como acompanhante. A noite está pensada. É a sua sala de jantar que vai servir como plataforma inicial para uma derradeira análise ao próximo cliente. Antes disso, Ana prepara-se. Os mesmos rituais. O mesmo banho relaxante. Os mesmos sais aromáticos que lhe perfumam o corpo. A mesma hora para colar a maquilhagem à sua pele. E instantes antes da campainha tocar, diante do espelho, Ana liberta um sorriso, confia em si mesma para mais uma noite e aperta o último botão do vestido.
20:32 - O jantar decorre calmamente. É quase uma negociação. Sem dúvida um jantar profissional. O seu cliente é um desafio. Misterioso, mas cativante. Charmoso, mas mulherengo. Está na palma da mão de Ana, mas ainda assim ela mantém o seu jogo.
20:45 - A refeição termina. A negociação prossegue. Mário é um homem quase a entrar na casa dos cinquenta anos. É produtor de televisão e entusiasta adepto da noite. Apostas em casinos e casas ilegais. Discotecas e casas de alterne luxuosas. As mulheres colam-se a ele. Por interesse, por paixão. Uma mistura de ambas. Ele aprecia mulheres em seu redor. Em privado. Fantasias e fetiches. Desejos íntimos que ele consegue satisfazer. Tudo isto Ana conhece no seu cliente. Após vários anos a trabalhar de perto com um mundo à parte, poucos segredos faltam para a acompanhante conhecer. Ele pede-lhe tudo. Ana regateia. A regra de ouro é não se falar de dinheiro. Mário é um homem ambicioso. Ela veste a sua máscara nocturna. O homem quer um serão com actos sado-masoquistas. A acompanhante arrefece os ânimos do homem e estabelece as exigências. Se Mário está ali a jantar com ela é porque sabe o que a mulher pode fazer, quer dar e pretende receber. Antes mesmo do café, cliente e acompanhante têm as regras do jogo definidas.
20:56 - Para um cliente, uma noite com Ana pode ser excitante, cheia de adrenalina e até inesperada. Para a acompanhante, tudo o que possa acontecer tem um plano que ela pretende seguir. Quando tal acontece, a sua máscara torna-se mais fria, mais distante, mais receosa, mais cautelosa. Nada foge ao controlo de Ana. Sentado no sofá da sala do 3º direito, Mário aguarda alguns minutos pela sua companhia. Ana sai da cozinha e entra na sala. Traz um tabuleiro com um café e um bule de açúcar. Olha para o seu cliente com um ar sério. Ouvem-se os tacões do sapatos negros de salto alto a percorrer o chão. Diante do sofá, diante das pernas dele, Ana não retira o olhar do homem. Em silêncio, ajoelha-se no tapete. Continua a segurar o tabuleiro preto e estuda o sorriso de Mário. Ele entorna o açúcar na chávena e mistura o café vagarosamente. Aprecia a forma como a sua acompanhante vai satisfazendo as suas exigências. Ana mantém-se ajoelhada no chão enquanto assiste ao degustar do café feito por si pelo seu cliente. Para além dos sapatos, Ana veste agora apenas um avental branco quase transparente que lhe cobre as coxas O seu peito está descoberto, mesmo defronte do olhar dele. Não veste roupa interior. Nada. Por uns momentos, Ana é uma acompanhante submissa. E se Mário a quer ver num papel passivo, ela consegue divertir-se com isso.
21:03 - Durante alguns segundos, Ana volta a ser calculista. Negoceia com o cliente. Mário pretende que a sua "empregada" o chupe. Mas que o faça com os pulsos amarrados. Ana recusa veemente. Com uma postura séria, discreta, mas nega o pedido. Para compensar, ela propõe-se a chupar o homem assim mesmo. Ajoelhada, com avental, mas sem usar as mãos. Ela mesma as coloca nas costas, encostadas ao rabo despido. Mesmo que não esteja de mãos atadas, Ana saciará o fetiche do cliente. Mário pousa a chávena, abre o fecho das calças e retira o seu sexo entesado, colocando-o junto à face da acompanhante. Ana faz o seu trabalho. E até a sua máscara nocturna consegue ser falsamente submissa.
21:11 - Na cabeça dela, ainda paira a imagem surreal de se ver amarrada a uma cama. Mãos e pés. Ela até consegue satisfazer a sua mente com tal ideia. Ser penetrada assim, sem qualquer tipo de poder, excita-a. Mas não com um homem que não conhece. Não com um cliente que demonstra não ter limites. Assim, o pedido de Mário volta a ser recusado por Ana. Gentilmente, com uma educação fora do vulgar e com uma convicção que desarma o cliente. Não se sente satisfeito. Mas Mário avança para uma nova sugestão que é aceite pela acompanhante. Com os lábios cremosos e os seios entesados, Ana está deitada no sofá, mas em cima do colo do homem. Ainda calça os sapatos. Tem o pénis teso dele a roçar no avental e é o seu ventre que sente o inchaço dele. Mário ainda continua sentado. As suas mãos estão pousadas sobre o rabo dela. Como uma menina mal comportada, a acompanhante está à mercê do homem que a possui. Com o rabo empinado, as pernas ligeiramente abertas, os pés encostados a uma ponta do sofá e a cara deitada na almofada, quase junto ao braço do lado oposto. Mário tem a vista em cima do sexo de Ana. Ele abre-lhe as nádegas e ajeita postura dela. Tudo é feito de uma forma vagarosa. Ana sabe exactamente o que pode acontecer. Mesmo numa posição à mercê dele, ela controla. Movimenta as ancas, abrindo a sua rata. Os lábios vaginais estão inchados. Só ao primeiro toque dos dedos dele na racha, se visualiza uma gota na borda. O clitóris já está bem estimulado. Ana está excitada. Percebe-se na forma como ela se deixa manusear. Os dedos dele vão enterrando devagarinho dentro da rata e ela pousa as mãos na almofada do sofá, ao lado da cabeça. Mário nem sequer consegue entender o que vai na mente da acompanhante. Não obstante a mão esquerda dele acariciar as nádegas macias e redondas como dois montes formosos. Mesmo com dois dedos dele a penetrarem suavemente no sexo dela, o homem está longe de imaginar o prazer que é possível dar a uma prostituta que se entrega a ele. Porque na cabeça de Mário é a sua excitação que manda. É a sua ansiedade em retirar todo o prazer possível de uma mulher tão fogosa e agora sua súbdita sexual.
21:16 - Ana ainda procura controlar a respiração. Os seus dedos fincam-se na almofada do sofá. A boca dela está aberta e os lábios mantém-se melados. Os cabelos dela espalham-se pela face e os seus pulmões enchem e esvaziam a um ritmo estonteante. A masturbação ao seu sexo deixou-a fora de si. É o seu prémio. Aquele que ela ambiciona a cada cliente que recebe. O presente que faz valer a pena a entrega a uma pessoa, grande parte das vezes desconhecido. A jovem veio-se. Os dedos dele souberam tocar nos pontos vitais que provocaram uma explosão imparável dentro de si. A rata de Ana está encharcada. O seu clitóris inchou até palpitar por entre os lábios vaginais ruborizados. Aquele momento pertence a Ana. À jovem que anseia um dia inteiro por isto. Ela não se levanta, não se mexe, não reage. Porque a máscara diária está a deliciar-se. Num mundo só dela. Num regozijo que irá subsistir até ser manhã. E a pouco e pouco, Ana vai regressando. Coloca os pés no chão. Neste caso, no sofá, onde ainda está deitada sobre o colo do produtor. Mário ainda não está satisfeito. Tal como ela sabia, ele só quer o prazer dele. E a sua fantasia ainda não está completa. Ele aproveita a inércia do corpo da prostituta e procura penetrar mais fundo na rata. Tenta enfiar mais um dedo. E quando ele demonstra a sua obsessão por trazer a noite para um lado extremamente selvagem, ao querer colocar a mão na vagina saciada, Ana sobressalta. Liberta um contundente Não e vira o seu corpo, evitando a penetração mordaz. Mário poderia libertar um sorriso inocente, talvez presunçoso. Mas ao invés, a jovem testemunha um ar sério na face do cliente.
21:23 - A empregada de avental continua a desempenhar o seu papel. Sentada em cima das coxas de Mário, ela sente o pénis dele novamente entesado, a roçar nas suas virilhas. A acompanhante procura manter uma posição submissa, dando a entender ao cliente que supostamente, ele é dono da vontade dela. As mãos femininas estão seguras aos joelhos dele. O seu corpo encosta-se ligeiramente para trás. As mamas dela estão ao dispor da boca dele, das mãos que enchem a carne dela. A boca de Mário viaja entre o vale do peito macio e os mamilos quentes e rijos. Ana geme. Ana faz vibrar o seu corpo. Ana roça as nádegas nas calças dele. Ana liberta-se. E quando as mãos dele passeiam pelo corpo dela, a acompanhante mantém-se atenta. Ele quer fodê-la. Acaricia as costas, arrepiando a pele. Ele quer possui-la. As mãos apalpam as nádegas e puxam-na contra o seu sexo. Ele quer domá-la. Agarra os pulsos dela com força, juntando-os, como que a exigir a prisão da acompanhante. Mário levanta o olhar e cinge um olhar possessivo. A jovem também já perdeu o seu ar de encantamento. Ainda geme. Ainda respira com intensidade. Mas na mente de Ana não se põe a hipótese de perder o controlo. Ele pede gentilmente que a deixe amarrar. Ela abana a cabeça negativamente. Ele volta a pedir, com o tom de voz mais alto. Ela sussurra um não, enquanto procura libertar as mãos. O pénis dele prepara-se para abrir os lábios vaginais. Ele insiste, com mais rudeza. Ela repete o não, sem sussurrar. Ele desespera e duplica o pedido rígido de amarrar a sua prostituta. Ela respira fundo e desvia o olhar dele. Durante um par de segundos, o tempo pára. Depois tudo quebra. Tudo cede. Tudo se desmorona. Ana exerce uma força superior nos braços e liberta-se das mãos de Mário. Solta um vigoroso Não e afasta-se do seu cliente.
21:40 - As regras do jogo pertencem à sua máscara nocturna. Não há espaço para condescendências. Não há lugar para atalhos desconhecidos. Ana sabe os riscos da sua profissão e faz questão de não fugir ao controle que caracteriza o seu desempenho. A noite entre cliente e acompanhante terminou. Ana está junto ao lavatório, diante do espelho. Olha para o reflexo da sua face e desaperta o avental excitante. Mário saiu alguns minutos depois da sua acompanhante se levantar do colo dele. Após um breve espaço de negociação, Ana salientou que não entrava em jogos sado-masoquistas, principalmente quando ela tem que desempenhar um papel submisso. Depois de algumas insistências, o ambiente criado desvaneceu. E Ana sentiu que a noite não podia continuar. Mário ameaçou que não pagava o serviço. Ana nem precisou de responder. Um simples pedido para sair foi suficiente. Mário não entendeu as regras do jogo. Certamente que lhe custou mais perder uma noite fantástica com Ana, do que o dinheiro que a jovem possa ter perdido. E mesmo que ela julgue controlar o processo todo, mesmo que ela ambicione uma noite sem problemas, o facto de o serviço não ter corrido da melhor forma não significa que Ana tenha perdido confiança. Pelo contrário. De corpo nu, sem sapatos, ela ergue a cabeça, fixa o seu olhar no espelho e liberta um enorme sorriso. Sozinha na sua casa, segura no seu espaço, feliz com as suas decisões, Ana inspira fundo e retoma a máscara que a torna, à sua maneira, mulher. Depois do banho revigorante, haverá tempo para uma noite relaxante. E tudo irá correr bem.

quinta-feira

Porque...é que tudo isto parece inevitável

10:21 - A ronda diária está quase concluída. Paulo altera quase sempre o trajecto elaborado pelo seu superior. A rua onde está estabelecido o Edificio Magnólia costuma ser trocada com uma avenida três quarteirões acima. Normalmente, o carteiro deixa este arruamento como conclusão do seu trabalho, antes de se dirigir novamente à estação de correios. Depois de entregar a correspondência em todas as caixas de correio do lado esquerdo e do lado direito da estrada, o jovem profissional dirige-se à entrada do seu edificio predilecto. Coloca as cartas nas devidas ranhuras e toca à campainha de um apartamento no terceiro andar, para entregar uma carta registada. Ninguém atende. Notifica a ocorrência e deixa o aviso na caixa de correio. Depois, Paulo respira fundo e pressiona o botão do 1º direito.
10:25 - Maria José abre a porta. Entrega um sorriso ansioso ao seu carteiro. Entrega um olhar que lhe diz o quanto ela o deseja. Entrega a sua casa. Entrega o seu mundo a partir do preciso instante em que ela pega o braço dele com a sua mão húmida.
- Desculpa, estava a lavar a loiça e.....
Paulo sorri. Gosta da forma como a mulher quarentona, madura mas frágil demonstra satisfação por o ver entrar no seu apartamento. Segura a mão terna dela, ainda que humedecida pela água morna. O habitual destes encontros entre Maria José e o seu carteiro é abrir o desejo e procurar a forma mais fácil, mais rápida e mais directa de extravasarem a excitação que percorre as veias dos dois amantes. Mas desta vez, algo os prende. Algo os mantém inertes junto à porta. A mão da professora roça pela face dele, acarinhando a pele jovem dele.
- Posso pedir-te um beijo?....
- ....Podes....
- Tenho saudades de beijar a sério um homem e....
Sem qualquer hesitação, ela aproxima-se dois palmos do seu amante e entrega-lhe um beijo. Não um beijo quente. Pode parecer um beijo ansioso, carregado de desejo e fervor sexual. Não. É tudo isto, misturado com uma paixão intensamente surreal. E um beijo assim, Maria José não se recorda de partilhar. E um beijo assim, Paulo nunca sonhou receber. Após a envolvência dos lábios, após uma repetição de cada gesto, numa clara demonstração de querer aquele beijo eternamente, depois de tudo isto, ela regressa ao mundo. Ao mundo onde tem um amante diante de si que entrou ali porque a quer possuir. Maria José olha novamente para ele e pega no braço do jovem.
- Vem...
10:28 - Sentados na varanda do apartamento que Maria José alugou, os dois adultos olham em silêncio para o exterior. Para a rua do Edificio Magnolia, onde o quotidiano decorre, indiferente à paragem no tempo que ocorre naquele ponto. Paulo desvia o olhar para a sua amante, fixando os pormenores corporais da mulher. A roupa que ela vestiu há poucos minutos. O cabelo quase seco do banho que lhe dá um odor perfumado. A frescura matinal que ele se habitou a ver e a querer. Detalhes românticos à parte, Paulo procura a melhor peça de roupa para começar a despir a amante. E quando a mão dele pousa sobre a coxa dela, mesmo junto ao fecho das calças de ganga, Maria José gira a cabeça e olha para ele. Inspira fundo e difunde um enorme sorriso.
- Quase todos os dias, a esta hora, fico aqui...A ver a rua, quem passa, o que acontece, até quando é que possível ter esta tranquilidade, pergunto-me como é que há pássaros que ainda vêm aqui cantar, para onde é que eles vão.... E depois penso o porquê?
- O porquê do quê? De estares aqui?
- O porquê de estar sempre tão ansiosa que toques à minha campainha.
- ....Isso...Isso é bom....
- Que entres nesta casa e que te sintas bem. De pensar sempre o que podemos fazer hoje e....
- O que vamos fazer hoje?
10:35 - A professora já não tem as calças vestidas. Apesar de só soprar uma ligeira brisa, a camisola vermelha que se ajusta ao corpo dela não é suficiente para a deixar quente. Paulo está ajoelhado no chão da varanda. Acaricia as coxas da amante e levanta a cabeça para lhe sorrir. O sexo dela está descoberto. Ligeiramente húmido e sedento de ser tocado. Maria José quer libertar um sorriso, mas a sua ansiedade prende todo o seu corpo. E até ele encostar a face à rata dela, a professora não vai largar um único som. Porque depois, com a ternura do toque dele, com a língua a deslizar pelos lábios vaginais, com o indicador e o polegar dele a segurarem o clitóris molhado, com toda a envolvência que está diante dela, Maria José é obrigada a soltar um gemido. Ela abre um pouco mais as pernas e deixa que o jovem a lamba. Mas ele faz mais do que isso. Come a rata, contorna cada pedaço, abre os lábios e penetra com a língua bem fundo. O rasgo nervoso que incha na vagina dela estimula-se. Segura a excitação dela enquanto ele liberta toda a fúria em querer lamber o sexo feminino. As mãos dela, agora secas, acariciam os cabelos do rapaz. Os seus pés descolam do chão. Maria José não sabe se sonha e flutua, se aquilo é apenas fruto da sua excitação. Ela puxa a cabeça dele contra si, enterrando a boca de Paulo entre as suas pernas. O nariz dele roça nos pêlos púbicos castanhos claros da mulher. Mais um gemido, mais um testemunho da intensidade do sexo oral que o amante lhe proporciona. Maria José levanta as pernas e coloca as coxas sobre os ombros do carteiro. A excitação apodera-se de todo o corpo da mulher. Os dedos dos pés seguram-se ao muro frontal da varanda. O seu tronco inclina-se para a frente, deixando a cabeça do homem mais aprofundada no âmago dela. A rata dela está molhada e Paulo prova-a. Os lábios dele esfregam nos lábios vaginais inchados. Os dentes trincam ao de leve o clitóris mas trazem uma onda de euforia ao intimo de Maria José. Ela agarra-se com força aos cabelos dele e olha em frente. Há sempre a possibilidade um vizinho perceber o que se está ali a passar. Ela quase que abraça o amante, escondendo a sua rata de olhares indiscretos. Mas não é posta de parte a probabilidade de a acção sexual inusitada de Paulo e a sua amante estarem a ser vigiadas. Mas quanto mais Maria José olha para o exterior da sua varanda, mais aumenta a sua tesão e a abstracção da realidade. As mãos de Paulo rodeiam o corpo dela. Abraçam as coxas dela, acariciam as nádegas, apertam tudo o que é dela contra a sua face. E ela vem-se. Com uma inevitabilidade desmesurada. Tão certo como o carteiro apenas tocar uma vez à sua campainha. Sem conseguir desmentir que era aquilo que esperava. Maria José explode por entre as pernas e espalha o seu prazer na boca do seu amante intenso. E o abraço é mais forte. É uma comunhão entre os dois. É um pacto de prazer. É uma rendição à evidência daquilo que eles queriam e obtiveram. Paulo guarda agora muito mais do que um beijo romântico na sua boca.
10:43
- Com certeza que já te passou pela cabeça que é uma loucura o que fazemos.
- Porquê?
- Não sei....A tua idade...a minha idade....os nossos encontros fortuitos.
- Maria José...talvez pareça ridículo, mas...que importa a idade? Eu gosto de estar contigo...acho que tu sentes o mesmo....és uma mulher descomprometida....eu também....
- Gostas de estar comigo?
- ....Sim....
- Então fica comigo.
- Como assim?
- Passa o dia comigo...deixa-me ficar com este sorriso até adormecer...Fica aqui comigo...Almoças aqui e....
- Tenho que ainda ir trabalhar...
- Mas esta não era a tua última rua?
- Normalmente é, mas hoje não consegui trocar.
- Tens que ir?
- Tecnicamente....
- Janta comigo. Passa a noite comigo....Vais ver que vais gostar. Adormece comigo e amanhã esta será a primeira rua em que trabalhas....
Paulo descola as suas mãos. Abre os braços que envolviam o tronco da sua amante e apalpavam os seios cobertos de Maria José. Afasta as pernas e levanta-se. O carteiro já não está nas costas da professora, abraçado a ela, confortando-a. Ele ainda não respondeu. Mas Maria José está confiante. Tem a certeza do esplendor daquele momento. Deste instante em que Paulo, o seu carteiro, a sua visita dos dias úteis, o seu amante, a agarrou coo se pensasse que nunca mais a fosse largar. E quando tudo parece especial demais, gera-se um silêncio. Gera-se um olhar brilhante na face de Maria José. Gera-se um sorriso ansioso no semblante de Paulo. Gera-se uma empatia anormal entre os dois. Apenas semelhante ao momento em que ambos se viram pela primeira vez. Os mamilos de Maria José ainda estão entesados, como sempre. Cedo ele sai e ela é uma mulher feliz, ansiosa por explodir a sua felicidade.
10:49 - O carteiro ainda tem que prosseguir o seu trabalho. Não é um desejo, não é algo que tenha efectivamente que ser feito. Mas tudo tem o seu tempo. Tudo tem a sua explicação. Paulo abre a porta de entrada do Edificio Magnolia e antes de entrar no passeio, apercebe-se de uns ruídos no altifalante de serviço. Provavelmente Maria José levantou o microfone. Possivelmente está agora a olhar para ele através da câmara. E Paulo olha para o vazio. Tudo parece perfeito. Porque tudo tem que acabar por acontecer.
- Amo-te!... - diz a voz distorcida de Maria José.
Ele fica impávido depois de ouvir aquela palavra com sufixo. Por uns segundos, ele mantém a face virada para a câmara. Depois ajeita a mala onde ainda tem o resto do seu trabalho e verifica que está pronta. Levanta a face e volta a fixar a câmara. Agora, mais do que nunca, Paulo sabe que olha para Maria José. E entrega então um sorriso revelador. Ainda há lugar para o amor no Edificio Magnolia.

quarta-feira

Quando...deixará ela de conseguir resistir

17:23 - Helena fecha a porta do seu apartamento e sobe de elevador até ao terceiro andar. Envolta num robe azul, a mulher vem com o cabelo apanhado. Nas mãos tem as chaves de casa, uma revista e o telemóvel na mão, e nos pés uns chinelos a proteger-lhe os pés. Com um ar melancólico e fechada no seu mundo, ela dirige-se sozinha para o terraço do Edificio Magnolia. Dentro da casa do jacuzzi já estão os seus dois filhos e um amigo do rapaz mais velho. O telemóvel toca. Helena acaba de desmarcar um encontro com o seu cliente e amante, Alberto. Como mãe protectora e desconfiada das últimas acções do seu filho, a mulher prefere reservar o seu tempo na mais recente infra-estrutura do prédio e vigiar os passos dos seus herdeiros. Ao mesmo tempo, goza o privilégio do dia reservado ao 1º esquerdo de usufruir do jacuzzi.
17:31 - É o primeiro dia que Helena toma o verdadeiro gosto ao espaço pensado por ela. Mais do que um motivo de orgulho, olhar em redor para todo este lugar é um conforto. E hoje, ela pode sentir que o lugar naquela espreguiçadeira é verdadeiramente seu. Como se fosse o seu spa privado. Neste instante não parece assim tão privado. Dentro da piscina com água a borbulhar a uma temperatura ideal, estão os seus dois filhos, excitados por também eles poderem usufruir de um espaço tão luxuoso. Ainda para mais quando podem convidar amigos. Miguel estuda na faculdade com o filho mais velho de Helena. Guardam uma amizade modesta desde o Liceu e não é a primeira vez que ela o vê na sua casa, no seu espaço. Helena parece estar atenta a todos os movimentos. Lança o olhar na revista cheia de banalidades e procura encontrar o melhor momento para entrar no tanque. Miguel olha para trás e percebe que a mãe do seu amigo teme em se juntar a eles. O jovem, de estatura fisica imponente, faz força com os dois braços e completamente molhado sai do jacuzzi. Dirige-se até às espreguiçadeiras e pega na sua toalha. Limpa a cara e lança um olhar silencioso à mulher. Helena sente-se incomodada. Ver aquele jovem de calções era uma novidade para ela. Ver o seu ar descomprometido e à vontade fá-la sentir-se presa na cadeira. Ela pousa a revista e levanta-se. Retira o robe preto e apresenta o seu corpo apenas protegido por um bikini preto. Irreverente, no minimo. Sete passos até ao tanque. Sorri aos dois filhos e entra no jacuzzi. Miguel faz questão de salientar um sorriso misterioso.
17:35 - O filho mais novo também saiu do jacuzzi. Foi fazer companhia a Miguel na espreguiçadeira. Conversa sobre Playstation, futebol, motas, possivelmente miúdas. Enfim, os temas banais da adolescência, pensa Helena enquanto continua a vigiar o que acontece no espaço. Encostada à parede do tanque, ela olha para o seu filho mais velho, sem deixar de perceber o que se passa um pouco mais ao fundo. Helena está sentada. O seu corpo está quase dentro de água, estando o peito à tona da água. O biquini deixa transparecer o relevo dos mamilos. Demasiado irreverente. O seu filho, também ele dentro de água, olha para si. A mãe percebe que o rapaz não retira o olhar da sua postura e envia um sorriso.
- O que se passa? - pergunta a mãe.
- Nada....
- Ouve, desculpa se não te deixei trazer a Sandra, mas....
- Não faz mal...Ela de qualquer maneira também não podia...
- Não?!!
- Horas extra ou horas para dar à casa...sei lá....
- Estás chateado comigo?
- Não, mãe!
- De certeza?...Porque foi o pai que disse que falava contigo e eu não me quero meter nisso, mas sabes que....
- Falar o quê?!
- Uhm? O pai ainda não falou contigo?
- Não sei, acho que não....
Helena está confusa. Passaram alguns dias desde que Rodrigo prometeu à sua esposa que iria ter uma conversa de homem para homem com o filho mais velho. Tal não parece ter acontecido. Por falta de tempo ou por a oportunidade certa ainda não ter aparecido, iria jusitificar o seu marido. Trabalho a mais, imagina ela. É sempre essa a melhor desculpa. E o mais provável é ser essa a justificação para ele não aparecer a tempo de juntar a familia toda no novo espaço. Para Helena não faz diferença. Melhor oportunidade tem ela de falar a sério com o filho. Na mente dela, volta a surgir uma imagem repetida dezenas de vezes no seu imaginário. Dois adolescentes a terem relações sexuais ousadas na sua cama. Só a ideia de haver um adolescente a vir-se no sitio onde ela dorme faz-lhe alguma confusão. E é no momento que ela procura retirar este filme da mente, no instante em que ela sabe como iniciar a conversa com o filho mais velho, que o seu olhar se cruza com o de Miguel.
17:41 - Algo não bate certo. O amigo do seu filho ainda não retirou o olhar de si. Continua a falar com o seu outro rapaz, mas mesmo assim os olhos dele colam à sua face. E não pára. E incomoda. E prende-a. E ela nem sequer pestaneja. Porque algo a fixou ao jovem. Nem Helena consegue negar que Miguel é atraente. Tem um corpo bem formado. Demasiado bem encorpado para a idade. Ombros largos, pescoço firme, peito suave. Os calções justos às coxas salientam o rabo. Ela até tem medo de olhar. Mas é inegável que aquele rabo a está a pôr descontrolada. Mas ele é um jovem. Ele tem 19 anos. É um adolescente. Ainda deve pedir à mão que lhe conte histórias à noite. Helena está desorientada. A sua racionalidade pede-lhe que tire imediatamente o olhar do corpo do rapaz. Mas algo em si a aquece. E é uma coisa mais transcendente que as borbulhas que explodem à tona de água. O programa do jacuzzi está no modo de relaxamento. O jacto leve que lhe bate nas costas recorda a sensação de adormecimento. Todo o seu corpo aligeira, descontrai. Como se estivesse embalado. E o olhar de Miguel fixa a mulher que se encosta à parede. Os ombros dela retraiem-se. Os braços procuram discretamente encobrir o seu peito. Porque ela já percebeu. Miguel está a fixar as suas mamas. E ela acha que tal não pode estar a acontecer.
17:43 - Esconder os seios parece irrelevante. Mergulhar o corpo na água torna-se demasiado evidente. Fingir que não está atenta aos passos dele é inútil. Miguel come com os olhos cada pedaço do corpo de Helena. Descaradamente, mas em silêncio. Nem sequer os dois filhos da mulher realizam o que está acontecer. Mas ela sabe. Ela assiste. O seu corpo relaxado é aprisionado numa fantasia da qual a sua mente procura negar mas o seu corpo quer. E algo entra em curto circuito. Porque Helena sente-se devorada. Miguel já apreciou os contornos da face dela. As maçãs do rosto coradas, os lábios palpitantes, o pescoço húmido, os seios tesos por debaixo do tecido do biquini. Contra a sua vontade, aquilo está a excitá-la. A sua mente divaga. A sua mente perde-se. A sua mente desenha sonhos proibidos. Mesmo estando a olhar fixamente para o jovem, ela já não consegue distinguir a ficção da realidade. A sua boca está seca só de pensar nisto. A sua boca desvenda o toque dos lábios do jovem. Os seus lábios vibram com a lingua dele a entrar dentro da sua boca. Há um fervor no seu peito quando ela pressente as mãos dele a encherem-lhe as mamas rijas. Os seus dedos estão em formigueiro só de saber que podem baixar os calções do rapaz. A respiração dela começa a descontrolar-se. Os seus pulmões abrem-se. A sua garganta é vulnerável ao ar tépido. A boca não consegue cerrar. Porque enquanto fixa o olhar do amigo do seu filho, sentado na espreguiçadeira ao fundo com um sorriso, Helena apenas tem na sua mente a imagem do pénis inchado de Miguel na sua boca a latejar.
- Mãe!!!
Só pode ser a sua imaginação. Helena cerra as pernas e como que acorda de um sonho. Aquilo não está a acontecer. Diante de si está o seu filho, que não entende exactamente em que mundo é que a sua mão está. Tudo o que ele possa ter dito desde que ela se absorveu em pensamentos loucos, não chegou a entrar pelos ouvidos de Helena. A atenção de todos os ocupantes daquela sala ouviram a chamada de atenção do jovem. Inclusivamente Miguel, que mantém agora um sorriso presunçoso.
17:48 - Helena já conversou com o filho. Ou pelo menos tentou. Falar sobre Sandra e o que virtualmente aconteceu no quarto dos pais não parece adequado ao momento. Será mais fácil insistir junto de Rodrigo para que ele definitivamente faça ver ao filho que Sandra até pode ser uma jovem sensual, mas tem que haver limites. A mulher já saiu do tanque. Fê-lo no exacto momento que Miguel decidiu levantar-se da espreguiçadeira. E inequivocamente, ela está a evitar o rapaz. Ela dirige-se junto do seu filho mais novo e faz uma caricia maternal nos cabelos húmidos do rapaz. Vai buscar uma toalha e começa a limpar o corpo. Olha para a cabine do chuveiro, onde saberia bem experimentar um duche. Mas Miguel está demasiado próximo. Nitidamente, ela está confusa. O jovem parece querer afrontá-la. Sempre de olhos fixos em todo o corpo da mulher, ele aproxima-se das espreguiçadeiras. Helena já acordou. Ela tem que esquecer que aquilo está a acontecer. O amigo dos filhos está a comê-la com os olhos. Ou então é uma ideia devassa e escusada que a sua mente está a criar. Ela pega no robe e volta a vesti-lo. Miguel volta a sentar-se na cadeira. Por uns segundos, Helena olha para ele.
- Estás a divertir-te, Miguel?
- Imenso, dona Helena.
Ela respira fundo e levanta a cabeça, procurando fugir novamente com o seu olhar.
17:55 - A mulher rodeia o espaço. Como gestora do condominio, procura ver se o espaço se mantém em condições desde a inauguração. Diz ao seu flho mais velho para se portarem bem e dá-lhe um beijo fraterno na testa. Depois dirige-se vagarosamente para a porta. Mas a voz de Miguel que a chama, congela a sua postura. Ela aguarda uns segundos diante da porta e vê o rapaz, com mais um palmo que ela, a aproximar-se do seu corpo. Olhos nos olhos.
- Dona Helena...queria dizer-lhe....se quiser experimentar....eu não mordo.
17:58 - Helena desce as escadas apressadamente. Os seus piores receios confirmam-se. O jovem, aquele rapaz de dezanove anos, amigo dos seus filhos, um miúdo presunçoso que se julga dono do mundo, acabou de se atirar a ela, uma mulher madura, casada e mãe de filhos. Aquilo não pode mesmo estar a acontecer. O seu coração pula. Soube-lhe bem ouvir aquelas palavras de desejo. Palvras discretas, subliminares, mas que ela entendeu perfeitamente. Helena sabe que costuma ultrapassar todos os limites. Clientes que são amantes, vizinhos que a possuem em locais ousados, funcionários que extravazam a sua sede sexual em dose dupla, homens maduros que ela ambiciona e outros tantos segredos que a familia desconhece. Mas jamais ela concebeu a ideia de se envolver com um homem tão novo, tão imaturo, tão sedento de novas aventuras escaldantes.

terça-feira

Como...a conversa vem sempre assim

06:59 - Segundos antes do despertador começar a tocar. Momentos depois do sol espreitar pela janela do quarto e instantes antes da menina acordar, Laura e Afonso já partilham um abraço juntos. Olham-se mutuamente e falam em silêncio. Como se aquele pedaço de amanhecer nunca mais terminasse. Vai terminar. Mas só eles sabem como esticar o tempo que lhes pertence.
07:01 - Laura está deitada em cima do namorado. Procura os beijos dele, procura as caricias do homem que preenche as suas manhãs naquela cama. As mãos de Afonso apalpam o rabo despido dela. As mãos de Afonso incitam as ancas da namorada. Ele quer um acordar diferente. Ele quer despertar todos os sentidos da mulher que o ama. Ela percebe-o no sorriso dele. Ela percebe quando sente o pénis entesado dele a roçar no seu sexo.
- Agora não, Afonso...
- Porque não?
- A menina acorda...
- Ela não acorda...Tu sabes que não...
07:04 - Após intensas negociações, Laura acaba por ceder aos desejos do namorado. De qualquer forma, ela não pode negar o quanto anseia por sentir Afonso. Senta-se em cima dele. Ergue o seu corpo e olha para a parede em diante. As mãos do seu parceiro acariciam os seus seios. O sexo de Afonso continua a roçar na rata dela. Um movimento em falso e ele estará dentro dela. Ela mexe as ancas e deixa-se levar pelo momento.
- Vira-te... - pede ele.
- Não! Pára!
- Vá lá...Vira-te...
- Não, Afonso! Ela deve estar mesmo a acordar....
- Ainda temos tempo...Vira-te...
07:06 - Laura continua a ceder. Por gosto, por paixão, pelo desejo que fervilhou toda a noite no seu corpo, na ânsia de acordar ao lado do namorado. Ela está sentada ainda sobre o corpo de Afonso, com o pénis dele dentro de si. No entanto, a mulher está de costas para ele. Os seus braços apoiam-se nos joelhos dele e as mãos dele fazem viagens constantes ente os ombros, percorrendo as costas e as nádegas. Laura salta. Cavalga sobre a carne desejada do namorado, tentando não fazer barulho. Ouve-se a respiração dela, ouve-se um ligeiro som da junção entre os sexos. Ela procura manter a calma ao mesmo tempo que aprecia cada penetração. Ele fixa o olhar na porta do quarto, vigiando qualquer som ou movimento no quarto ao lado.
- Oh...amor...não!...Uhmmm...Siim....
- Gostas?...Não pares....Não pares, Laura!.....
07:09 - Num ritmo vagaroso mas atento a qualquer mudança de planos súbita, a cópula entre o casal decorre numa constância excitante. Laura salta com mais vigor. Afonso segura as pernas dela e incita-a a não parar. É perigoso. A qualquer momento, sem qualquer tipo de aviso, a menina pode levantar-se silenciosamente e surgir no quarto. Claro que eles medem a situação. Estão alerta e sabem que o mais provável é quando ela acordar ir directamente para a casa de banho, ainda com os olhos cerrados. E agora que a foda está a saber bem, agora que o corpo pede mais, agora que tudo entra em polvorosa, Laura e Afonso só querem saciar a fome e libertar a energia interior. Apesar de estarem de costas, apesar de se manterem atentos, eles libertavam os gemidos e as palavras em sussurros.
- Ooh....era ela que tu querias aqui...não era? Era ela! Era a minha colega...Ohhh...amor....
- Saberia bem...uhmmm...sim...teria sabido muito bem...ohhh...
- Depois disto?...Uhm...Eu deixava-te na cama com ela....
- Sim...ohhhh....
- Fodia-la?...Uhm...Fodias, amor?
- Ohhhh!...Sim! Depois de me vir em ti...sim!!!... Fodia!
07:12 - É difícil manter um tom perceptível nos sussurros. Os gemidos intensificam-se e tornam-se mais perceptíveis. Laura cavalga e pressente o momento em que o namorado perde o controlo sobre a sua excitação. Afonso vem-se e finca os dedos nas ancas da sua parceira. O orgasmo mal se faz ouvir. Liberta-se no intimo de Laura e vibra em todo o corpo dela. Exausta e com as mãos a tremer, ela procura voltar à realidade. À mesma que fugiu quando percebeu que podia foder sem que a sua filha percebesse.
- Nós vamos tê-la aqui na nossa cama, amor...
- Sim, eu sei que vamos.
- Afonso, é mais do que uma fantasia... Nós temos que a convencer.... Eu quero que seja realidade. E eu ontem à noite percebi que ela queria mais do que nunca.
07:14 - Ela já se deitou sobre o corpo do seu namorado. Afonso acaricia os seios dela e ambos trocam um beijo intenso. O sexo dele ainda se mantém dentro da rata dela. Sabe bem. Mantém-nos unidos. Mantém-nos quentes. E tudo poderia recomeçar de novo. Mas ouve-se um som do outro quarto. A filha de Laura parece acordar. Laura deita-se no seu lado da cama, sentindo o pénis molhado dele a roçar nos seus lábios vaginais. Os dois adultos procuram cobrir-se a tempo.
- Bom dia, meu amor! Dormiu bem?!......
07:19 - Na cozinha do 2º direito, Afonso despeja os cereais na tigela da menina e Laura começa a lavar a loiça do jantar do dia anterior.

segunda-feira

Onde...se perdem os gemidos

00:41 - Lúcia molha o seu corpo por entre milhares de gotas que explodem a partir do chuveiro. Água morna, água que lava o seu corpo de um dia para esquecer. E ela nem sequer abre os olhos para ver o suor sair da sua pele. Prefere vaguear a sua mente nos acontecimentos de hoje e procurar esquecer. Deve haver algum sitio no cérebro, na alma que permite guardar as memórias que precisamos de pôr de lado. Não se trata de esquecer, nem tão pouco de guardar. Apenas pôr de lado.
01:04 - A jovem morena fecha a torneira da água. O seu corpo já está suficientemente enrugado, já está lavado quanto baste para se sentir leve. A hora tardia pede ao seu corpo para repousar. O banho longo deu-lhe o descanso suficiente para a manter viva. Ainda assim, ela sabe que quando se deitar a sua mente vai querer ficar acordada. Pega numa toalha e enxagua-se, ao mesmo tempo que se dirige para diante do espelho, onde estuda cada traço do seu corpo.
01:11 - A toalha está embrulhada em redor do seu tronco. As suas coxas estão descobertas e o seu peito também é visível. Lúcia não se vê a transbordar sensualidade, mas transparece um ar de quem gosta do seu corpo. Pega no tubo de creme que está em cima do lavatório e segue caminho até à saída da casa de banho. No exacto momento em que pega no puxador da porta, ouve ruídos no exterior. Alguém entra no 2º esquerdo. Claro que o mais provável é ser Tania. Tal presença não a impede de sair dali, com a tolha envolta. Mas ela não vem sozinha e isso é perceptível nos risos que se ouvem. Tania chega a casa mais o namorado a uma hora inusitada. Provavelmente foram sair, provavelmente preferem dar a foda no quarto de Tania. E ainda que já todo o prédio adormeça em silêncio, Filipe e a sua namorada não procuram fazer pouco barulho.
01:15 - Eles não foram para o quarto. Não ligaram a televisão, mas estão no sofá da sala. Lúcia sabe, porque está agora com os joelhos dobrados junto à porta da casa de banho. Espreita pelo buraco da fechadura. Filipe está de pé. Tem as calças baixadas até aos tornozelos. Encosta-se à sua namorada, que também tem as calças de ganga puxadas para baixo, mas neste caso, só são visíveis as nádegas. Lúcia gosta do que vê, apesar de ser uma sensação estranha. A sua amiga está apoiada no encosto do sofá. Curva o seu corpo e empina o , directamente para o seu namorada. E é aqui que surge a sensação sinistra de Lúcia. Como pode ela sentir excitação de ver tal cena, se ela abomina Filipe e a sua apetência sexual? Já para não falar de que neste preciso instante, o jovem está a penetrar a sua colega de casa. Aquela que Lúcia sente uma paixão inquietante. Aquela que preenche as suas fantasias, até mesmo quando está envolvida com outras mulheres. Tania tem um sorriso na face e larga um gemido quando o namorado lhe enfia vagarosamente o sexo no rabo. Tania está a gostar do gesto de Filipe. Então como se justifica esta excitação? Como pode Lúcia explicar a palpitação e o calor que sente nos lábios vaginais? Ela retira o olho do buraco da fechadura e encosta a face à madeira da porta. Respira fundo e fecha os olhos.
01:19 - Ouvem-se gemidos vindos da sala. Filipe penetra com vigor por entre as nádegas da namorada. Tania agarra-se ao sofá e finca os dedos dos pés. O homem que tem por detrás de si agarra com firmeza no seu rabo e fode-a num ritmo constante. Ouvem-se pequenos gemidos junto à porta da casa de banho. Lúcia volta a ter o olho colado ao pequeno buraco, que lhe permite visualizar o que se passa entre a sua colega de casa e o homem que não lhe quer ser fiel. A toalha que envolvia o corpo dela já caiu. Estende-se nas suas coxas e descobre o peito húmido da jovem. A mão esquerda dela segura um dos seios volumosos que descai sobre o seu tronco. A outra mão confessa-se entusiasmada e não consegue resistir ao apelo da vagina quente e vibrante. Acaricia os lábios grandes e procura molhar o clitóris. Aprisionada na casa de banho, Lúcia sucumbe ao momento intenso que se vive na sala da sua casa e masturba-se em silêncio, num sitio deveras bizarro.
01:24 - Torna-se difícil para Lúcia suster-se naquela posição. Os pés descalços já tem formigueiro e o corpo vibra intensamente. Ainda assim, a jovem consegue espreitar pelo pequeno orifício que lhe dá a imagem excitante da sua amiga a ser comida. Tania é, efectivamente, penetrada com rudeza. Sabe-lhe. É uma mistura de dor e prazer que ela própria procura perceber como deseja tanto. As nádegas dela estão vermelhas. Saltitam de cada vez que a cintura do namorado choca contra si. E o sexo dele, mesmo não estando inchado como ela já testemunhou, dilata tudo dentro de si. Os gemidos e gritos de Tania excitam Lúcia. Obrigam-na a acalmar o calor que arde na sua rata. Transforma na sua mente uma imagem que ela procura a todo o custo modificar. Ao menos abstrair-se da imagem de Filipe. E quando ela se sente descontrolada o suficiente para já não ter controlo sobre os seus gemidos. Tania liberta o seu prazer confundido. Os dedos de Lúcia seguram a explosão da sua própria rata. E por entre a porta da casa de banho, decorrem dois orgasmos distintos.
01:28 - Não há dúvidas que a rata dela está molhada. Não há margem para erro no que toca a perceber que Lúcia transportou o seu próprio sexo para um espaço transcendente. Respira fundo e procura a custo aguentar-se naquela posição. Cerra as pernas, tentando suster a vibração que flui nos seus lábios íntimos. Acaricia as mamas, tentando pousar levemente. Mas é impossível. Mesmo com toda a excitação que aquela masturbação lhe provocou, Lúcia ainda consegue perceber o que se vai passando na sala. E para ela, também não resta qualquer dúvida de que Tania se veio com aquele momento intenso. Agressivo e intensamente louco. E o que mais custa a Lúcia entender, é que a amiga adorou e pede mais ao namorado. Ela já se levantou do sofá. Girou sobre si mesma e leva agora as mãos à face de Filipe. Beija-o enquanto ele leva a mão à rata de Tania. Parece escusado dizer que também Tania tem o sexo encharcado.
01:36 - Lúcia está sentada no chão frio da casa de banho, encostada à porta. Tania e o seu namorado já desimpediram a sala e fecharam-se no quarto dela. A jovem estudante tem o caminho aberto para ir para o quarto. Pôr o creme, vestir alguma coisa por baixo ou não vestir nada. Deitar-se, procurar o sono, procurar algum prazer solitário. Mas não. Lúcia chora. Talvez nem ela consiga perceber o motivo concreto pelo qual os seus olhos não sustêm as lágrimas. O que é certo é que a respiração dela está descontrolada. Ela chora quase em silêncio. Olha para o indefinido e procura acalmar. O mais provável é chorar pela mágoa de se sentir só. Desabafar a sensação de ver Tania com alguém que repudia. Libertar a ansiedade de querer confessar algo e não se sentir capaz de o fazer. Lúcia chora com a raiva de não se querer ver naquela situação. Escondida detrás de uma porta, a espreitar e a masturbar-se por causa de uma foda que não lhe pertence.
01:40 - E no quarto de Lúcia a noite ainda vai chorar mais ansiedade, mais incerteza. E do outro lado da parede verte um pouco mais de prazer.

domingo

As obras foram concluidas

"Provar uma vez não chega"

Tagline retirada do filme Chocolat de 2000, realizado por Lasse Hallström, baseado numa história de Joanne Harris. http://www.imdb.com/title/tt0241303/


Finalmente. As obras no Edifício Magnolia foram concluídas. Após algumas semanas onde os inquilinos viveram, ouviram e sentiram de perto o incómodo de parecer que o tecto ia desabar durante o dia, chega a recompensa. Talvez estas obras tenham passado despercebidas ao comum visitante do Edifício. Mas é certo também que a conclusão do projecto, agora concluído no topo do prédio, era uma ambição dos proprietários dos apartamentos e uma ansiedade quotidiana em todos os que acompanharam o desenvolvimento do que foi erguido. Naturalmente, esta curiosidade deve ter sido acompanhada também pelos visitantes que fortuitamente entravam no Edifício e ouviam os sons provenientes do terraço no topo. Como é compreensível, nem sempre seria possível observar o que era feito. E sinceramente, existirá obviamente um maior prazer e uma maior surpresa em saber o que foi feito no cimo do Edifício Magnolia, com a obra concluída.
Helena faz questão de apresentar o resultado do investimento, pelo qual todos os inquilinos que se aglomeram em redor da gestora de condomínio fizeram parte de bom grado. Depois de uma reunião de condomínio na sala indicada, a mulher de Rodrigo convida todos os participantes a subirem até ao topo do Edifício. E o convite parece inerente aos visitantes deste empreendimento. Portanto, veja, admire e fixe cada canto. As revelações também vão surgir por aqui.
Subindo as escadas renovadas depois do terceiro andar, saísse para o exterior. E desde logo é perceptível a diferença. O terraço ficou mais curto, com menos espaço ao ar livre. Tal como Helena refere, nunca ninguém fez questão de o utilizar frequentemente. A construção concluída ocupa quase dois terços do terraço. É um espaço fechado, com madeira a ladear as paredes que suportam a edificação. Tem uma porta também de madeira, que é aberta com uma chave especial. Um cartão magnético que permite a entrada num lugar diferente. Tudo cheira a novo, tudo brilha como novo. O espaço que agora é dado a conhecer aos inquilinos é um inovador jacuzzi. Amplo, coberto, acolhedor, romântico, intimo, prazeirento e com um espantoso ambiente sedutor. Vale a pena dizer que os inquilinos adoraram a primeira sensação mal aqui entraram? Ao subir imediatamente o primeiro degrau ladrilhado, é possível visualizar a piscina. Com capacidade para dez pessoas estarem de pé ou sentadas tranquilamente, o tanque tem quase um metro de profundidade, assemelhando-se a uma pequena piscina. Envolta em pedra terracota e um reboco de tez cinzenta, a água da piscina é aquecida por um sistema que é activado assim que o cartão magnético acciona a porta. O jacuzzi está situado no canto mais ao fundo da porta, dois degraus acima do espaço onde todos os inquilinos ainda admiram o novo local de lazer. O tecto por cima da piscina é uma enorme janela, que permite iluminação natural a todo o espaço. Mesmo ao lado do jacuzzi sobra ainda um espaço para três espreguiçadeiras de madeira e para um chuveiro especial. Dentro de uma cabine de vidro, que é opaco até um pouco mais de metro e meio de altura, o chuveiro permite ter duas pessoas debaixo do jacto de água com várias programas e uma cadeira de madeira surreal. É um único pedaço de madeira que se fixa ao chão, curva para permitir que alguém se sente e depois é fixado ao topo do chuveiro. Quem se senta nesta cadeira tem a possibilidade de desfrutar um duche diferente, onde a água escorre pela madeira e encharca as costas do utilizador. É esta explicação que Helena dá aos moradores atentos, indicando também que só experimentado é que se pode perceber as capacidades terapêuticas de tal sistema. Rendidos e envolvidos no espaço, os inquilinos vão-se espalhando pelo lugar. Laura e Afonso reparam nas espreguiçadeiras e trocam o olhar de uma forma mais perversa. Maria José admira em conjunto com o proprietário do seu apartamento, cada parede, cada recanto daquele sitio ousado. Ana não esconde o fascínio pelo chuveiro e Rafael faz questão de se aproximar dela, entendendo a reacção por tal habitáculo. Lúcia acompanha o sorriso de Tania, olhando para a piscina. Afinal, o espaço é enorme e tudo é possível ali dentro. Helena olha para todos os residentes do Edifício e sente-se satisfeita por o local ser do agrado dos moradores. Afinal, aquele espaço tem um enorme toque seu. Dela, do marido e da empresa de ambos que se encarregou de grande parte da obra. Eles próprios sabem o intuito deste projecto. Porque foi concebido, o que pode provocar, como vai aliciar, quando irá acontecer, onde é irresistível tentar e quem querem trazer.
Antes de saírem, pasmados com o equipamento que o prédio dispõe, Helena indica as poucas regras que o espaço tem, comum a todos os utilizadores. Apesar de existir uma equipa de manutenção que irá procurar manter o sitio asseado e confortável, a inquilina pede a todos os vizinhos que tratem tão bem do jacuzzi como tratam da sua própria casa. O mesmo acontece com todas as visitas que pretenderem usar este espaço. Este local de lazer irá ter também um mapa de utilização. Ou seja, cada inquilino tem um dia especifico da semana para usufruir em privado do jacuzzi. Obviamente que estes dias podem ser trocados, com o acordo prévio das partes envolvidas. Mais ainda, o Domingo ficou definido como dia aberto a todos os residentes para utilizar o espaço em comum. De resto, Helena apenas pede bom-senso a todos quanto anseiam utilizar esta nova infra-estrutura.
Não há por onde negar. Este é o novo lugar do Edifício Magnolia. Complementa o Espaço, intensifica o que se vive dentro dos apartamentos e liberta qualquer desejo de experimentar novas coisas, numa casa pouco privada. Esta é a palavra chave para o leitor que pretende visitar o Edifício nos próximos tempos. A privacidade escasseia. Porque voltam a haver revelações. Porque tudo se torna mais intenso, mais perigoso, mais aliciante. Porque cada revelação é mais que um segredo. É uma história para ler, saborear e voltar a rever na mente. Exactamente como se fosse possível espreitar. Porque cada um destes inquilinos pede para ser espreitado. E se verificar, o jacuzzi não é mais do que um espaço pouco dado a privacidades. Se vier visitar o terraço do Edifício Magnolia, irá perceber que consegue ver mais do que os seus próprios olhos alcançam. Tenha apenas uma coisa em mente. Assim que espreitar, é possivel que não consiga retirar mais a atenção deste Edifício. Assim esperam os inquilinos.