sábado

Helena e Rodrigo

A mulher que está agora no 1º esquerdo do Edificio Magnólia não é uma das inquilinas. A mulher que se senta na cama de Helena e do seu marido não está a medir o erro que comete. A mulher que olha para Rodrigo com um desejo incendiado é mais que amante dele. A mulher tem 18 anos e entrou naquele apartamento há dez minutos.

O que procura ele, quando sabe que é perigoso trazer mulheres para a cama onde ela adormece todas as noites com a sua mulher perfeita? O que espera ele de uma amante que acabou de sair do liceu e procura todas as loucuras da vida? O que pode acontecer quando o desejo inflama a racionalidade que pode existir na mente de um homem maduro, com a vida concretizada? Tudo se explica num nome. Sandra. No fundo, aquilo que Rodrigo cobiça é uma jovem que ainda há bem pouco tempo era uma menina. Sandra mora nos arredores da cidade. Trabalha. Sai à noite. Sai com as amigas. Sai com os amigos. Namora. Faz amor. Fode. Sandra faz tudo aquilo que uma jovem da sua idade normal faz. Claro que nem todas as suas amigas entram na casa de homens com o dobro da sua idade para uma relação carnal. Mas Sandra é verdadeiramente única. Bonita, com uns olhos verdes estonteantes, lábios carnudos macios, um cabelo castanho que se liberta sobre a sua face leve. Tem um ar provocante, uma personalidade fria e algo distante. Tem um corpo bem feito. Magra quanto baste para não parecer esquelética, curvas na medida certa para não parecer larga. Tem tudo aquilo que os sonhos de Rodrigo pedem.
- O que se passa? - pergunta ela, ainda sentada na cama.
- Estou a olhar para ti...Tão jovem. A perceber o que me faz voltar a cometer estas loucuras.
- O facto de gostares de ratas quase puras. O facto de não duvidares que me vais dar prazer. O facto de se notar na minha cara que estou a ferver de desejo. Isso é o que te faz ser louco.
Ela provoca. Sabe perfeitamente as dúvidas e receios do amante. Sabe exactamente os pontos fracos dele. E a fraqueza de Rodrigo é a tentação por todas as mulheres sensuais para além da sua. Sandra levanta-se da cama, onde estava quase deitada, esperando por ele. Mas ele bloqueava. Há cinco minutos que eles estavam assim. A olhar um para o outro. Ela a perceber que ele está entesado. Ele a imaginar o calor que se guarda debaixo daquela saia de ganga. Sandra não quer perder mais tempo. Ajoelha-se no chão, à frente dele e despe-lhe as calças. O mastro do homem casado está algo descontrolado. A mão direita macia dela acaricia o sexo e o seu olhar levantou-se, provocador. Ele segura esse olhar em si. Sandra chupa a ponta da picha, obrigando o amante a despejar um gemido receoso. Não é a primeira vez que eles se envolvem. Sandra sabe os momentos certos para ser possuida pelo homem maduro. Rodrigo escolhe as alturas exactas para provar um fruto diferente. E no entanto, ambos sabem que aquilo não está certo. Ambos sabem que acima de tudo é isso que os excita. A picha dele descobria a boca quente da jovem. Sandra segura o pau teso do homem casado com o indicador em cima e o polegar em baixo. Rodrigo pergunta-se a si mesmo como é possivel que uma rapariga assim saiba fazer um broche tão bem. E ela, efectivamente chupa com afinco. Molha a pele, lambe a ponta, acaricia a carne, apalpa os testiculos. Nenhum pormenor é descurado. Ele sabe que ela lhe pretende dar o máximo prazer, mas apenas e só para também receber. A posição dela é submissa e não é deveras confortável. Mas Sandra esforça-se. Chupa de uma forma cadente, dando sempre um pouco mais de impulso de cada vez que ele geme. Rodrigo acaricia os cabelos macios dela.
- Como é que pode ser?...Como podes ser tão cabra?
Ela volta a levantar o olhar atrevido em direcção à face dele. Sandra excita-se ao ouvir a forma como ele o trata. Está agora a chupar numa intensidade louca. Já não há forma de retroceder. Sandra vai consumir o sexo dele, deixando-o cada vez mais sedento de a comer. Será que Rodrigo sofre com o terramoto que abana a sua consciência enquanto se vem na boca daquela jovem. Serão os seus gemidos uma consequência de prazer, de insanidade ou de choque? O que torna os lábios fofos e húmidos de Sandra mais apetitosos que a boca madura e carnuda da sua própria mulher? Efectivamente, o que leva Rodrigo a arriscar trazer uma amante ao seu próprio leito, sabendo que a sua esposa pode chegar a qualquer momento?
- Ohh....és uma cabra provocadora!!
A irresponsabilidade, a imaturidade e a ingenuidade de uma menina como Sandra trazem àquele espaço um sentimento de que o mundo pode acabar ali mesmo, mas o broche impessoal e despreocupado é realmente poderoso. O sorriso da jovem, depois dele se vir é extremamente conclusivo. Ela chupou-o sem receio de nada, sabendo que a todo o momento, na cabeça dele, estava a ansiedade de a mulher poder descobrir.
Helena chega às traseiras da rua do Edificio Magnolia. O portão que permite a entrada na garagem exclusiva a todos os inquilinos abre-se. Vagarosamente, ela conduz o automóvel pelos espaços exíguos e de pouca visibilidade.
O homem infiel já despiu a roupa atrevida da jovem. Deixa-a simplesmente de collants pretos. Em cima da cama, testemunha de imensos momentos intimos entre si e a mulher, Rodrigo deita a amante. Ela deixa-se levar pelo desejo desnorteado dele. Liberta os seus gestos provocadores e falsamente inocentes. Sandra é uma menina que vai ser comida pelo homem. É exactamente isto que passa pela cabeça dos dois, no momento em que Rodrigo segura as coxas cobertas dela, levanta uma das pernas e se senta junto a ela, para a penetrar de lado.
O veículo foi estacionado com alguma dificuldade. Helena detesta pôr o carro na garagem, mas desta vez tem que ser. Não pode ser doutra forma. Retira da bagageira uma enorme mala e entrega-a a ele.
- Se alguém perguntar...chegaste depois de mim.
Hélder trabalha na empresa de manutenção de Rodrigo e Helena. É um dos aprendizes contratados há dois meses. Faz todo o tipo de reparações no interior de casas, lojas, escritórios. Arranja electrodomésticos, aparelhos de refrigeração, equipamentos audiovisuais, etc. Para Rodrigo foi uma óptima contratação. Para Helena foi uma oportunidade louca de encontrar um homem vigoroso, que a pudesse comer, sem ter que dar muitas justificações. Eles entram na casa de serviço do Edificio Magnolia. Este espaço ocupa toda a cave do empreendimento. Serve como casa das máquinas ( elevador, quadros eléctricos, máquinas de lavar ), mas também como arrecadação. Geral do condominio e privada de cada fracção. Caracteriza-se por ser um espaço fechado e muito reservado.
- E se alguém entra? - pergunta Hélder.
- Eu e o meu marido temos a gestão anual do condominio. Sou eu que detenho a chave de toda esta divisão.
Helena fecha a porta, trancando por dentro o espaço onde se encontram duas máquinas de lavar e um enorme estendal. Ela tira a camisola, resguardando os seios por baixo do top branco. A excitação dela é perceptivel com os mamilos bicudos e húmidos. Hélder, homem quase trintão e solteiro, não se intimida com os avanços ferozes da mulher do patrão. Em poucos segundos, ela está envolvida nos braços dele, entregando os seus lábios num beijo sufocante. A respiração dela acelera. Salta para o colo do amante que a leva para cima de uma das máquinas. O programa activo no electrodoméstico é longo. Sentada em cima da tampa, Helena sente-se estimulada para uma queca rápida. Sem medo.

Rodrigo entra dentro da sua amante com força. O vigor exercido às penetrações é intenso e a jovem rapariga já o sente. Sandra segura as suas mãos ao corpo despido dele, incitando-o a fodê-la por completo. O homem é seduzido pelo corpo esbelto e puro dela. Os seios são pequenos, mas redondos, quentes e com os bicos a pedirem carinho. A boca dele chupa-lhe as mamas enquanto a sua picha abre cada vez mais a rata de Sandra e por sua vez as pernas. Os gritos são acusadores. Demonstram a satisfação louca da mulher e evidenciam a tesão que Rodrigo sente em cada penetração. As posições são trocadas com frequência. Os corpos deles rebolam pela cama. Sandra precisa do sexo dele. Precisa de sentir que vale a pena estar a correr o risco. Afinal, ela está na cama de uma familia que se finge perfeita. E mesmo não tendo tudo a perder com uma foda assim, a verdade é que tem algo a perder. Mas o risco compensa e é estimulante. Sandra sabe perfeitamente o motivo que a põe fora de si quando sente as mãos de Rodrigo agarrarem os seios dela, impulsionando-a a cavalgar ainda mais, sobre o sexo dele. De costas para si, Rodrigo tem uma rapariga atrevida e perigosa em seu controlo. Pelo menos é isso que ela julga. Considera que tem um homem confiante a dar um prazer que mais nenhum rapaz da idade dela consegue dar. Mas Rodrigo está perdido. A tesão descontrola-o. A rata dela funciona como uma droga que apenas o faz desejar por mais sexo. Por mais foda. Por mais loucura. Por mais gritos da jovem que chama por ele.
- Estás tão cheio!...Ohh...É assim que fodes? É? É assim que fodes a tua mulher?
- Ohh..Sandra...És tão excitante...tão boa!....És uma vaca!
- Fode a tua vaca! Fode! A tua mulher não te dá a rata assim!....Pois não?
A melhor resposta de Rodrigo é fazer vir a jovem como a sua mulher nunca se veio. Sandra liberta o seu orgasmo, penetrada com força por trás por ele. Como se ele jamais fosse parar. E tudo aquilo, só um homem como Rodrigo, preso a um segredo louco lhe pode dar.

Os tornozelos de Helena estão seguros aos ombros dele. As mãos de Hélder seguram as nádegas dela. As mãos da mulher seguram-se à nuca do amante. A boca do aprendiz devora os seios da mulher da patroa enquanto o seu sexo paralisa a rata de Helena. A rapidinha consome-se com um pequeno vicio. Como um cigarro acelerado. Como um café a ser tomado num gole. Como um animal que encontra outro e procura satisfazer o seu desejo instintivo. Hélder fode Helena como algo que tem que ser instantâneo e prazeirento. E ela está a gostar. A sua rata é um canal aberto e molhada para as penetrações dele tocarem no âmago da sua tesão. A vibração da máquina de lavar só podia estimular todo o corpo da mulher. Os seus mamilos são vulcões a explodir e só as suas mãos conseguem controlar a percepção da verdadeira sensação de estar a ser fodida. Helena está a ser comida da forma mais selvagem que podia esperar. Porque aquele rapaz, que a olha diariamente com fome e com vontade de a tornar a mulher mais devassa, está a conseguir fazê-lo. Ela sente-se suja e infame às mãos daquele homem. E gosta. E tem prazer. E vem-se como uma louca, como se aquele fosse o último orgasmo a gozar. Como se por uns momentos esquecesse a sua vida, o seu papel. As suas obrigações. Porque tudo aquilo é mais que uma necessidade. É um vicio.

Sandra fecha a porta do 1º esquerdo, satisfeita. Ao terceiro degrau que desce, encontra-a. E a surpresa abate as duas. Como se ambas se sentissem despidas.
- Olá, dona Helena.
- Olá, Sandra. Já vais embora?
- Sim...Vou ter com ele à escola de condução.
A jovem acena uma despedida à mulher e continua a descer as escadas, em passo rápido. Helena procura reagir ao momento, mas tem medo que a jovem consiga percepcionar o seu ar consolado, com as maçãs do rosto quentes, com o pescoço inflamado, com os mamilos perfeitamente visiveis. Abre a porta de casa e encontra o seu marido a sentar-se no sofá, com um ar atónito.
- Já chegaste, querida?
- Sim...mesmo agora...O teu aprendiz está lá em baixo para arranjar a máquina de secar.
- Eu pensava que já funcionava...Vou lá ter com ele.
Rodrigo levanta-se rapidamente, tentando esconder a sua surpresa por ver a sua esposa tão cedo em casa. tentando esconder a preocupação de tudo não se ter desmoronado por uma questão de segundos. Passou junto da mulher e deu-lhe um beijo na face, com a boca junto ao ouvido dela.
- Esta noite quero-te!....Sinto falta das nossas noites...
- Eu também.....Ah, Rodrigo....
- Sim?!....
- A Sandra passou por aqui?...
- Uhm?!...Sim, há uns dois minutos....Vinha ver se ele já tinha chegado.
- Pois...encontrei-a no corredor...Não consigo gostar daquela rapariga....
- Não digas isso, Helena. É a namorada do teu filho....

sexta-feira

Ana

É um homem nervoso que se senta num dos topos da longa mesa castanha da sala de estar do 3º Direito do Edifício Magnólia. Prestando atenção a todos os pormenores, César é também um homem atento. A sala tem um ambiente escuro, no entanto leve. O candeeiro castanho faz vislumbrar todo o aspecto elegante deste espaço. Sobre a mesa, tudo está preparado para jantar. Dois pratos, um manancial de objectos decorativos delicados, copos de cristal finos e altos, guardanapos bordeaux, uma travessa coberta, possivelmente com a refeição, uma garrafa de Dão e, no centro da mesa, uma caixinha preta misteriosa. À hora de jantar, ansioso pelo inicio do serão especial, nervoso pela expectativa dos próximos instantes, César é acima de tudo, um homem excitado.
Ana sai da casa de banho de uma forma deslumbrante. O vapor que se liberta da divisão em que ela se preparava, torna a sua entrada para a sala ainda mais fascinante. César rodou a cabeça, virando o olhar para a sua companhia desta noite. Ela está divinal. Colado ao seu corpo está apenas uma tanga preta, muito fina, muito sugestiva. Os seus pés calçam uns sapatos pretos, de saltos altos, com um tacão extremamente fino. O seu andar é ponderado em cada passo. Os seus seios desnudados dançam, firmes ao seu corpo. Escaldantes ao ar que a envolve. Eróticos aos olhos de qualquer ser humano. O corpo de Ana não é perfeito. Algumas imprecisões são visiveis, mas se ela desfila confiante até à mesa de jantar, isso é sinal de que ela sabe que isso é irrelevante. Ela é sensual. Ela ferve. Ela paralisa a capacidade de reacção do seu cliente.
Ao chegar perto da cadeira de César, a acompanhante passa a mão pelo ombro dele. Baixa levemente o seu corpo e entrega um beijo fino na ponta dos lábios do cliente impávido. Ele olha a mulher de cima abaixo e sente-se descontrolado. A surpresa que ela lhe tinha prometido no inicio daquela noite está a concretizar-se. Ana abriu-lhe a porta e pediu ao homem para se sentar, não tocar em nada e aguardar. Agora, que se exibe sensualmente ao cliente, Ana prossegue com o trabalho que se propôs. Abre a garrafa de vinho e serve o copo dele. De seguida, retira o pano que cobria a travessa, onde o pato com laranja ainda se mantém quente e apetecivel. Ana é a empregada particular de César. Jamais ele poderia esperar isto quando requisitou os serviços da prostituta especial. Enquanto serve os pratos, o olhar dela mantém-se preso ao homem que se senta na mesa da sua sala. Ouvem-se os tacões a pisar o soalho. Ouve-se a respiração intensa do homem. Ouve-se a leve combustão das velas no centro da mesa. A única coisa que ele não vislumbra são os pensamentos que percorrem a mente da jovem. O que pretende ela fazer, sabendo que ela oferece um jantar pouco usual? O que pode ele esperar mais, quando a companhia da noite se senta delicadamente na cadeira do lado oposto, nua e excitada?
- Espero que gostes... - diz ela com um sorriso firme.
- Não imaginava que fosses tão sexy, tão... Meu Deus!...
Ana pega nos talheres e começa a comer. E até essa acção carrega uma sensualidade ousada. César consegue manter a calma e a percepção da realidade e prova a refeição.
- Quero que saibas, antes de tudo, que não é usual eu trazer clientes novos a casa.
- Eu agradeço-te. O meu sócio falou-me muito bem de ti.
- É um favor especial que lhe faço. Além disso, fiquei cativada com o teu perfil.
- Com o meu perfil?!...
- És casado, César. Estou certa?
- Sou...Porque perguntas?
- Os clientes casados excitam-me.
- Uhmmm...Posso saber porquê?
- São os que têm mais a perder.
A mente de César jamais poderia fantasiar aquele momento. Uma mulher escaldante, a oferecer-lhe o jantar na casa dela, com o peito sensual descoberto e suavemente quente. O pato parece estar saboroso. O vinho só pode ser gostosamente morno.
- O que está ela a fazer? - pergunta Ana.
- Ela quem?!
- A tua mulher.
- Ah...não sei. Possivelmente a fazer o jantar. Para ela e para o meu filho.
- Quero que feches os olhos.
Durante uns instantes, César olha para o sorriso sinistro da acompanhante. Ele percebe que Ana quer brincar com ele. Ele dá um gole forte no vinho e fecha os olhos, obedecendo-lhe. Ela saboreia a bebida e pousa a mão sobre as suas coxas.
- Consegues imaginá-la?
- Sim...
- Diz-me...O que te leva a pensar que ela está a fazer o jantar em casa?
- É uma rotina. É aquilo que ela faz diariamente.
- O que te leva a pensar que ela não está com outro homem?...E que esse homem a deseja tanto como tu me desejas agora?
É um jogo. Ana adora jogar. Adora brincar com a consciência dos seus clientes. Adora sentir que pode manipulá-las. Adora trazê-las para a palma da sua mão. Só assim se sente segura em entregar-se a um cliente desconhecido. Ele volta a paralisar. Tudo em si bloqueia. E o alcance da sua imaginação é perigoso. De tal maneira que César não aguenta ficar de olhos fechados.
- Consegues imaginar ela a ser fodida? A vir-se nos braços de um outro homem...
Ela domina-o. Ele sente-se agora viciado na ousadia dela. Na capacidade dela de o aprisionar a si. E Ana controla. Exactamente como ela esperava. Porque ela, como profissional, conhece quem acompanha. Estuda a personalidade das pessoas, decora as peculiaridades de cada cliente. César não é excepção. O jantar prossegue, com a provocação dela, com a subserviência dele aos desejos da acompanhante. É isso que o excita. O carácter selvagem da jovem.
- Posso propor-te um brinde? - sugere César.
- A quê?
- A uma noite memorável.
Ana congela os seus gestos por dois segundos. Apenas o seu olhar se desvia da atenção do seu cliente. Respira fundo e surpreendentemente, coloca-se de pé em cima da sua própria cadeira. Pega no copo de vinho e coloca um pé sobre a mesa de jantar. Ana ainda calça os sapatos altos. A mesa tem cerca de três metros de comprimento. Uma mesa imponente, valiosa e luxuosa. César não consegue compreender a acção da acompanhante. Mas no momento em que ela atravessa com um passo esbelto, toda a extensão da mesa, ele sabe que tudo pode acontecer. O ruído dos tacões é estonteante, hipnotizante, provocador. E o corpo quase nu dela continua a ser sensual. Ainda de pé, parada quase no canto da mesa do lado de César, ela baixa o olhar. Segura o copo e exibe o seu corpo perante o olhar perplexo do homem. Ele quer levantar-se, mas Ana continua a controlar. O tacão do seu pé finca-se no peito dele. César obedece. Mantém-se sentado e procura manter aquela imagem soberba na sua mente. Ela coloca um pé na cadeira dele e gentilmente senta-se na mesa. Ela é linda. Ela é escaldante. Ela é explosiva. Tudo o que ela é, tudo o que ela faz, tudo o que ela demonstra, fere. É uma violência intensamente erótica.
- Pertenço-te. - desabafa ele.
- Um brinde à melhor foda da tua vida.
Presunçosa, confiante, actriz. No momento em que ergue o seu copo, defronte da face dele, Ana sabe que protagoniza um papel irresistivel. Ele soluça os seus movimentos, mas consegue atirar muito levemente o vidro do seu copo contra o copo dela. E depois do brinde, a acompanhante bebe o que resta do liquido dos deuses. A bebida aquece-a. A posição excita-a. O homem entrega-se a ela. Sentada na mesa e depois de desviados todos os objectos que restam do jantar, Ana abre as pernas. A visão do seu sexo, com a tanga a cobrir os lábios é divina.
- Tens vinte segundos para tirar a tua roupa. Se eu me vier antes disso, a tua noite acaba aqui.
Dois dedos a desviar a tanga, um dedo que penetra na sua vagina, outro dedo que estimula o clitóris. Ana masturba-se em frente ao seu cliente. César tenta despir-se o mais rápido possivel, sem tirar os olhos da rata da acompanhante. Ela geme, ela gosta do toque macio do seu próprio sexo. César está nu e delira com o perfume que todo o corpo dela emana.
- Daqui em diante, sou eu que mando aqui. Fazes o que eu pedir, falas quando eu quiser, vens-te quando eu desejar.
Ele só consegue acenar afirmativamente. Ana desvia-se, percepcionando todo o corpo do seu cliente.
- Deita-te na mesa.
Ele até pode estranhar o pedido. Ele até pode não concordar. Mas a sua tesão decide por si e obedece. César deita-se na mesa. Ana pega na caixinha preta. Abre-a delicadamente e olha para ela, como se estudasse o seu conteúdo. Ele procura saber o que está lá dentro. Ana retira algo do seu interior e guarda-o com a mão fechada. Fecha a caixa e pousa-a na mesa. Com a mão esquerda, esfrega o sexo do homem ansioso. Sem tempo a perder, mas com uma vagarosidade delirante, ela coloca a picha dentro da sua boca. Chupa com força o pau teso e com a mão direita cerrada, desliza os dedos pelos testiculos dele. A respiração dele altera-se. Ana chupa da forma que só ela sabe. De uma forma que só pode deixar o homem que agora lhe pertence, completamente louco. Ela pára de sugar o sexo. Lambe a ponta e sentindo o pedaço de carne molhado, coloca o preservativo que tem na mão suavemente pelo sexo dele. É um preservativo especial. Com estrias, extremamente fino e com um anel especial, propositadamente para estimular o clitóris da companheira. Ela apoia-se nos pés e coloca-se sobre ele. Volta a pegar na caixa e lá de dentro retira um tubo de creme. Um creme da cor da pele. Lubrificante. Frio. Excitante. Os sapatos de salto alto não parecem incómodos. Ana mantém-nos a todo o custo. Uma perna de cada lado, aos mãos apoiadas nos seus joelhos e senta-se por cima do sexo coberto dele. César delira. Olhar para a imagem da acompanhante sobre si é dificil, dada a excitação que a sua picha sente dentro da rata dela. Ana salta. Procura sentir o sexo dentro de si o mais profundo possivel. O anel roça no seu clitóris mole. As suas mamas exaltam-se. E a concretização de César é a fantasia de Ana. Um momento assim tem que ser desejado por ela. Tem que lhe dar prazer. Tem que a por louca. Ela abre o pequeno tubo de creme e com firmeza, espalha-o pelo peito dele. Ao mesmo tempo que cavalga sobre ele, desliza as mãos já cobertas do creme lubrificante. Mas está a faltar algo. Ele penetra-a. Ela está estimulada. César está deliciado. Ana não está sentir prazer. A sua rata não quer aquecer. O seu clitóris teima em não endurecer. Jamais. É impensável para Ana não ter prazer numa relação, ainda para mais com um cliente. Uma acompanhante como ela, profissional há já alguns anos, pode dar-se ao luxo de ter principios. E um desses principios é não fingir orgasmos. É isso que a torna especial. É isso que a faz vibrar constantemente com cada noite de trabalho. É isso que a faz vencer o jogo a que ela se propôs. A picha de César pode não estar a estimular a sua rata. Ele até pode estar prestes a vir-se com a cavalgada que ela proporciona sobre si. Mas Ana vai vir-se. As estrias do preservativo estimulam ao de leve o eu interior. O anel envolto no sexo do homem esfrega o seu clitóris. Mas não chega.
- És incrivel! Ana!!...Meu Deus...Oh...estás a sentir?...Ohh!
Ela ainda não sente. Os dedos da mão direita dela acariciam o bico do mamilo excitado do seus seios fenomenais. Os dedos da mão esquerda brincam com o clitóris. Cesár tem agora o corpo delirante daquela mulher a saltar sobre si e a rata que ele tenta foder a ser masturbada. Finalmente, Ana entra na velocidade certa. Ela pula para o mundo onde o prazer lhe pertence. Os seus gemidos intensificam-se. Transformam-se em gritos soltos. Os seus dedos esfregam com mais força o seu clitóris e quando o orgasmo de César se liberta, Ana está num turbilhão autêntico. César puxa a cabeça para trás, aguentando a emoção do momento.
- Olha para mim! Eu sou a tua puta! Quero que olhes para mim quando te vens!
César, na sua posição, só pode obedecer. Ela ajoelha-se na mesa e vai-se curvando sobre o peito melado dele. O homem segurou as nádegas da mulher e no limite do seu orgasmo, procura que ela continue a cavalgar. As mamas da mulher pousam sobre a pele dele. O abraço é inevitável e necessário. A estimulação dele é erguida com a loucura de sentir o corpo dela a esfregar no seu.
- Fode-me! Fode-me, César. Mostra-me que sou a tua puta! Ah!
Ele está louco. Sobre a mesa poderosamente resistente, o homem segura no corpo da sua amante e deita-se sobre ela. Estonteado pelo último orgasmo, ele ainda sente forças para penetrar nela até a acompanhante se vir por completo. De pernas completamente abertas, erguidas e com os calcanhares a ficarem os tacões no rabo dele, Ana recebe o seu cliente. A picha dele já nem tesa está. Mas o anel é pressionado contra o seu clitóris. O interior da sua rata está demasiado sensível para não explodir com ligeiros toques. César salta para foder violentamente a sua puta. César chupa as mamas irresistiveis da jovem. César liberta a energia que ainda lhe resta. E a loucura de Ana agradece. As unhas dela arranham as costas do amante. A sua cara cola-se ao ombro dele. Os sapatos que calçam os seus pés estão quase espetados na carne das nádegas do homem. O grito que denuncia o seu orgasmo é uma explosão sua, puramente egoísta. O prazer pertence-lhe. O jogo está conquistado.
- És louca! Ahh...tão bom!
Ana estende os braços na mesa, pousa os pés na cadeira, repousa a alma num sonho concretizado. Segura o corpo nos braços do seu cliente. Há um calor que se funde entre eles. O creme torna-se uma cola que os une. Mas não há amor, a paixão é um conceito subjectivo na ressaca desta foda. Ana continua a ser uma prostituta e César é apenas mais um cliente.
O programa da noite estava bem definido. O desejo dele era a promessa da jovem. O jantar e a foda da vida dele. Como todos os clientes de Ana, César tem uma vida. Este é o segredo deles. Asssim que ela procura sair da mesa, o homem percebe a deixa. Limpa o corpo, tentando adiar a dissipação do gosto dela, do sabor dela, de tudo o que pertence àquela mulher. Veste-se e vê Ana concluir de uma forma estranhamente excitante o jogo sensual. Nua, ela pega em dois pratos e leva-os para a cozinha.
- Precisas de ajuda? - pergunta ele.
- Só preciso do teu agradecimento.
O envelope é retirado do bolso do casaco. César agradece. Mais tarde, depois dele sair, Ana vai abrir o envelope e guardar o agradecimento generoso. Até lá, a jovem acompanhante vai saborear o estranho encanto pessoal do prazer de ganhar o seu próprio jogo.

quinta-feira

Laura e Afonso

As velas acesas. Um leve som emitido pela televisão que desbobina noticias até à exaustão. A chuva ainda pode cair lá fora. Mas a noite no 2º direito vai manter-se calma até à sua conclusão. Laura está sentada no sofá vermelho, no seu lugar habitual. Costas derramadas na almofada, pernas estendidas na chaise-longue, mãos a acariciar os cabelos finos da filha, alma a vaguear por pensamentos eróticos. Afonso navega pelos programas que instala no computador portátil. Desenrola-se uma comunicação silenciosa entre eles. É uma espécie de jogo. Ela convence a filha a ir para a cama quando ele desligar o computador. Os olhos da menina pesam. O ar morno que invade a sala de estar, o avançar da hora e as carícias tranquilas que a mãe lhe entrega aceleram a entrada no sono da alma da criança. A menina é filha de Laura, do seu casamento que terminou há três anos. Afonso, mantendo o respeito sobre o poder paternal, acolheu contudo a menina como sua. Como sua enteada, como sua educanda, como sua filha. E a menina guarda-o como o seu pai surreal. E Laura entende tudo isto como a perfeição desejada. O computador encerra a sua sessão. A menina corre meia sonâmbula para o conforto dos seus lençóis, protegida por um cobertor meigo. A pose de Laura aconchega-se no sofá. Afonso invade o seu espaço e abraça-se a ela. A sua diferença de idades é visível, mas um abraço deles é simplesmente eterno. O olhar dele não engana. Ele quer senti-la, ele quer tê-la. De uma forma terna, de uma forma intensa, de uma forma única. Mas Laura recua. Faz um beicinho de quem demonstra uma dor de cabeça inoportuna. Afonso percebe. Afonso reclama, mas só para si. Afonso entrega uma carícia na face dela. Tudo está bem. Sexo não é tudo. Para se sentirem unidos, basta cingirem o olhar mutuamente.
- A Sara ligou… - disse Afonso.
- Sério?!...E o que disse ela?
Sara é uma jovem de 29 anos, com uma beleza peculiarmente diferente, com uma sensualidade estranhamente apelativa. Apesar do seu ar irreverente e metodicamente citadino, ela é uma bancária estagiária num balcão central na cidade, de um dos maiores bancos nacionais. Amiga próxima do casal, trabalhou alguns meses em conjunto com Afonso. Desse relacionamento profissional surgiu uma amizade mais pessoal, uma proximidade com Laura. Antes de Afonso sair do banco, a relação entre o casal e Sara tornava-se cada mais íntima. Ela procurava sarar feridas do seu passado emocional, abstraindo-se na companhia deles. Afonso e Laura procuravam uma companhia agradável para os seus serões, uma pessoa com carácter que completasse a sua relação, uma mulher que se rendesse ao desejo mútuo deles. Essa pessoa era Sara. Eles sentiam-se preparados para saltar mais uma barreira no seu relacionamento. O assunto foi discutido em longas noites, em longas viagens de carro, em longos passeios ao fim da tarde. A ideia foi imaginada em reflexões, em conversas, a meio de fodas. A simulação do momento foi feita por intermédio de toques, de troca de mensagens, de telefonemas obscenos a meio do trabalho. Eles sentiam-se prontos. Mas faltava alguém que estivesse pronto para eles.

A estagiária aceitou o convite para jantar mais uma vez no 2º direito. Uma ementa mediterrânica, carinhosamente preparada com afinco por Laura. Servidos de um vinho rosé fresquíssimo, acompanhados de uma conversa sinistra sobre espiritualidade, a sobremesa trouxe o assunto que Laura e Afonso desejavam colocar sobre a mesa. Misturado com os primeiros efeitos do álcool, a terceira garrafa de rosé brindou o devaneio de Sara.
"Eu já não estou muito bem…Qual de vocês me quer levar para uma cama?”
Laura sorriu com cumplicidade para o seu companheiro. A consciência de Sara estava ao alcance do casal. A mulher levantou-se e passou a mão pelo pescoço descoberto da jovem. Afonso gostou da carícia e excitou-se. Levantou-se da longa mesa de jantar e aproximou-se das duas mulheres. Sara estava envolta pelo casal que, sem ainda ela efectivamente perceber, a desejava. Afonso beija a sua namorada, sentindo a língua dela a deslizar nos seus lábios. A jovem levantou o olhar e fixou o seu amigo. Ele não perdeu tempo e beijou-a. O desejo concretizava-se, o isco foi mordido. Sara pertencia agora a um circulo reservado e intimo do casal. As mãos de Laura aventuraram-se. Percorrem o pescoço da amiga e desceram até ao peito. Sara vestia uma camisola branca, com um decote ousado. Os seios dela eram grandes, macios e ligeiramente descaídos. Enquanto beijava a colega de trabalho, Afonso colou mais uma mão ao corpo dela. Os longos dedos percorreram as curvas de Sara até esfregar por entre as pernas, na ganga que a vestia. A bancária rendia-se. O gemido que a sua boca ofegava soltou-se no desejo profundo do casal. As mãos dela seguraram-se ao jovem. Com as mamas que se excitavam, Sara percebia no seu intimo que eles a desejavam. Foi fácil levar a convidada para o sofá vermelho. Sara sentou-se, preparada para tudo. Foi Laura quem a despiu. Tirou-lhe a camisola e com alguma surpresa, o peito da jovem estava completamente descoberto. Uns seios bonitos, suaves, fofos. Sara precisava daquilo. A sua libido pedia sexo. O seu corpo pedia que a possuíssem. A situação podia parecer estranha, mas naquela noite, o casal era o elemento que mais a podia desejar. Mesmo que isso implicasse um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo. Mesmo que isso implicasse uma estranha forma de se entregar a alguém. Sara ficou nua. Laura entusiasmava-se com a perspectiva de comer uma mulher. A única experiência que a namorada de Afonso teve com outra mulher estendia-se à adolescência. A relação com o namorado aperfeiçoou esse desejo. Ele acariciou os cabelos da colega. De pé, ele incitou-a a abrir-lhe as calças. Sara estava quase adormecida. Enfeitiçava-se com a excitação misturada no rosé que lhe invadia o sangue. Jamais ela poderia imaginar aquele momento. Jamais ela podia questionar-se por dois segundos. A sucessão de movimentos ousados por parte do casal amigo bloqueava o seu pensamento. Acendia-se nela uma tesão intensa. Laura apoderou-se da rata da amiga. Abriu as pernas dela e sem receio lambeu o clitóris tímido da jovem. Um gemido seco e envergonhado libertou-se da boca de Sara. Afonso sorriu para ela e segurou-lhe a face.
"Queres parar?”
"Não!...Sou vossa!”
Sara enlouqueceu. Descolou os pés do mundo real e aprisionou-se entre eles. Segurou a picha dele e enterrou-a na sua boca. Possuída, a jovem chupou o sexo do novo amante e procurava perceber o que despertava na sua rata. Laura saboreava vagarosamente a excitação emanada da vagina molhada de Sara. Os gemidos intensos da bancária transformaram-se precocemente em gritos presos no sexo teso de Afonso. As mamas dela eram estimuladas pela mão esquerda de Laura e pela mão direita dele. Sentada no sofá sensual, a jovem descontrolava-se. Brincava com a língua e chupava com os lábios. Uma das suas mãos segurava os cabelos da sua amante surpreendente. A outra abraçava a cintura dele, apertando-o contra a sua face. Afonso gostava de ser chupado, mas não podia deixar de pensar que aquela era a primeira vez que sentia outra boca que não a da sua namorada, a deliciar-lhe o sexo.
"És nossa, Sara!...Sentes o quanto te queremos?”
Ela só conseguia abanar afirmativamente a cabeça. E no instante em que sentiu a picha tesa dele pronta para explodir, desorientou-se com a chama que irrompia da sua rata. A boca de uma mulher estava a conseguir fazê-la vir-se. E tudo era tão rápido. Tudo era fascinantemente intenso. Laura saboreava o liquido derramado do seu objecto de prazer. E quando sentiu todo o corpo de Sara a vibrar, segurou as nádegas da amiga e e gozou o orgasmo domado da jovem. Porque Sara estava a ser domada. Estava nas mãos do casal ousado. E o seu prazer pertencia-lhes. Rapidamente, Laura levantou-se e abraçou-se a Afonso. O seu namorado tinha a respiração descontrolada e quando Sara lhe segurou as bolas com uma pressão um pouco mais forte, ele veio-se. O momento era inexplicavelmente louco. Sara estava completamente aberta. Recebia o orgasmo de Afonso na sua face. O casal beijava-se, trocando o sabor da rata da amante pelas suas bocas. Tudo aquilo se resumia no sabor escaldante do sexo oral a três. E era tudo uma emoção nova. O rodopio de sensações brotava de uma forma descontrolada. A sede de prazer não permitia um descanso, uma reflexão do que acontecia. Sara ainda estava atordoada com a explosão ocorrida há instantes.
"Fode-a, amor. Eu quero que a fodas!”
Não havia tempo para contemplações. A tesão de Afonso estava ao rubro. O feitiço que corria nas veias de Sara atingia o seu auge. Deitou-se no sofá, com os pés no chão. Com o corpo fragilizado e exposto ao desejo deles, a jovem flutuava naquela cama improvisada. Rapidamente, Afonso ajoelhou-se numa das almofadas vermelhas e acariciou o rabo da colega. Sara excitava-se cada vez mais com as carícias. Com a rata dela molhada, com a picha excitada até ao limite, foi fácil gerar uma união entre sexos. Laura encantou-se ao ver aquele momento tão imponente. O seu namorado penetrava numa outra mulher. Este era o seu desejo. Infame. Pecador. Ousado. Inconcebível. Mas estava a concretizar-se. A excitação invadia o seu sexo. Laura despiu as calças. Chupou um dos mamilos da jovem, anestesiada com a penetração funda que o amante infligiu.
“Vocês são loucos!....Ohhh!...Vocês só podem ser loucos!”
Os gemidos de Sara entusiasmavam o casal. Afonso fodia-a. Não havia lugar para um carinho mais profundo. É certo que ele entrava nela com uma dedicação terna, com o intuito de dar prazer à mulher que se deitava perante si. Mas aquilo era um foda. Nua e crua. Era um jogo de deleite carnal. Entre Sara e Afonso havia carne. Carne grossa que entrava vezes sem conta dentro dela. Carne saborosa que excitava a fome do sexo dele. Laura aventurava-se. Trincava os bicos das mamas entesadas da amante. Percorreu com a boca a pele dela até ao pescoço. As mãos de Sara seguravam a cabeça da amiga. Por algum motivo, era agora mais complicado à mulher alcançar a boca da jovem. Porque Laura queria beijá-la. Queria provar o sabor que ela respirava. Queria entregar-lhe toda a sede que avassalava o seu corpo. A boca de Laura fervia. A sua rata explodia de tesão. E Afonso fodia.
“Ahhh….sim! Vou-me vir, Afonso…Ahhh, Laura, por favor…não!”
Sara não estava amarrada. Já não prendia o seu corpo ao desejo do casal. As penetrações fortes e velozes de Afonso excitavam-na. No entanto, o feitiço desvanecia-se. A libido da jovem consumia-se na excitação provocada ao interior do seu sexo. Mas a aproximação feroz de Laura assustava-a. A boca feminina dela não lhe pertencia. Antes mesmo de conseguir conquistar os lábios finos da amiga, Laura lambeu o que sobrava do sémen espalhado pelo seu amante nas maçãs do rosto de Sara.
“Prova-me, Sara….”
“Não!...uhmmm….”
Afonso esporrou-se para a rata da amante. Não poderia perceber o choque que ocorria mesmo em frente dos seus olhos. Segurou afincadamente as coxas da colega e entrou por uma última vez na rata de Sara.
“Laura…sente-me!”
Tal como prometido em tantas fantasias. Tal como desejado em tantos sonhos. Depois de se vir na amante, Afonso queria entrar na sua mulher. Com o rabo quente apontado para si, ele não perdeu tempo. Saiu do sexo consolado da jovem e penetrou-o profundamente a sua namorada. Mas tudo já estava desfeito.
"Não façam isso...por favor..."
Laura estava cheia. O seu namorado dava-lhe tudo. Mas amante que ela queria possuir tinha acordado. Percebendo a situação estranha em que estava, Sara desviou o corpo da amiga, que estava nua por cima de si. E só depois de obter o prazer intenso é que ela negou a continuação de tudo aquilo. Nua e desconsolada, Sara levantou-se. Só então é que Laura e Afonso, colados um ao outro, perceberam que a sua amiga não estava preparada. A bancária até podia desejar uma foda. Podia sentir-se satisfeita de ter chupado, consumido e sentido dentro de si o sexo frenético de Afonso. Mas Laura, por mais que a desejasse, não poderia entrar no jogo. Sara nunca se sentiu fiel consigo mesmo ao entregar-se a uma mulher daquela forma.
"Desculpem, não consigo....Não é isto que quero....Desculpem."
Em poucos segundos, a jovem pegou nas suas roupas espalhadas junto ao sofá surreal e foi imediatamente para a casa de banho. A noite terminava ali. Tinha sido intensa. Tinha sido proveitosa. Mas terminou. Sara ainda se riria despedir envergonhada dos anfitriões. Mas nada mais seria o mesmo.
O olhar entre Laura e Afonso bloqueia durante alguns segundos. O olhar dela torna-se mais sério. Ele resigna-se com o facto de nem sequer ter uma resposta concreta para dar à namorada.
- Ela diz que nos estamos a afastar...
- Quem se afastou foi ela, lembras-te?
- Sim, lembro-me...
- Não precisamos dela, amor. Eu sei qual vai ser a nossa melhor foda...
Afonso sorri. A menina deles já dorme profundamente. A noite pode até nem trazer o prazer que eles pretendiam. Mas eles tem a certeza que não precisam da primeira experiência a três para saber que o grande momento vai surgir e vai começar ali mesmo. No sofá daquela sala do 2º direito. Muito brevemente.

quarta-feira

Rafael ou Prof. Neves

Cada fracção do Edificio Magnólia dispõe de uma varanda na parte frontal do prédio. Apesar de ser modestamente pequena, a varanda tem espaço suficiente para usufruir de momentos de relaxe. Claro que alguns dos inquilinos a aproveitam para estender a roupa no periodo da tarde, em que o sol ainda aquece as paredes da fachada do imóvel. No entanto, Rafael aproveita aquele fim de tarde para ler. Lê a última novidade da livraria numa rua paralela àquela. Lê as palavras que lhe introduzem a paz de espirito necessária para libertar o cansaço frutífero de mais um dia de trabalho. Mas acima de tudo, Rafael lê para ocupar os momentos que antecedem a chegada do seu desejo.

Os vizinhos de Neves entram e saem do Edificio. Esta é uma hora normal de movimento em toda a rua. Alguns inquilinos a vir do trabalho e da escola. Poucos a regressarem das compras. Outras há que seguem caminho para iniciarem por mais uma noite o seu trabalho. E Rafael toma especial atenção a uma vizinha com a actividade excêntrica. De qualquer forma, e apesar de não se considerar coscuvilheiro - apenas e só atento ao que o envolve e efectivamente lhe interessa - ele apercebe-se do automóvel preto a estacionar. Um automóvel com classe, de uma marca conceituada. Ele pousa o livro e olha para junto do passeio, onde a porta do carro se abre, uns metros mais abaixo da entrada do Edificio. Dentro do carro, sai uma mulher. De óculos escuros, cabelo castanho escuro apanhado e todo o corpo coberto de um sobretudo preto, a senhora tem classe. Porque parece uma senhora, com o seu perfil moderado mas com estilo. Parece uma mulher madura, com a sua imagem formal e aperfeiçoada. Parece uma trintona, ambiciosa de demonstrar carácter, personalidade, estilo, tranquilidade financeira e sensualidade. Ela quer despejar sensualidade para quem se cruze com ela, mesmo que procure um distanciamento altivo. Depois de fechar o carro, ela movimenta o olhar protegido para toda a rua, terminando na porta do Edificio Magnólia. Rafael segue-lhe os movimentos. Sai da varanda e enquanto percorre as divisões da casa, ouve a campainha tocar. Abre a porta e no espaço de dois minutos tem Cristina à porta. Cristina mora num apartamento do outro lado da rua. Conheceu o instrutor de equitação no dia em que ela se mudou para a morada actual, há cinco meses. A sedução agarrou-a desde o primeiro momento, procurando entregar-se ao homem. Apesar de ser uma mulher perspicaz e orgulhosa, Cristina só percebeu que o homem apenas a procurava pelo fogo do seu corpo e intensidade do seu erotismo ao segundo encontro. No momento em que ela entra, confiante, pela casa de Rafael, ela não procura carinho ou compaixão. Dá um beijo leve e seco nos lábios dele e retira o sobretudo.
- Isso é que é um beijo?
- E tu alguma vez foste homem de brindar as tuas fodas com um beijo?
Cínica e frontal. Estas virtudes ele conhece bem na sua amante. E é por esse motivo que ele sabe criar o distanciamento certo com a mulher. Cristina percorre o corredor num andar excitante, sabendo que ele vai seguir os seus passos. Antes dela entrar no quarto, Rafael dispara a palma da sua mão contra o rabo empinado de Cristina. Ela gira sobre si mesma e lança-lhe um olhar frio. À entrada do quarto, ela gela a sua pose, esperando que ele avance. A mão esquerda dele segura os dedos finos dela. A mão direita dele agarra com ternura o pescoço da mulher, entregando-lhe uma caricia ousada e sensual na sua pele quente. Cristina não quer perder tempo. Desaperta as calças de Rafael, enquanto larga um gemido impulsionador do seu desejo. Puxando com força as cuecas, ela enche a sua mão com o sexo dele. O professor está agora colado ao corpo da amante. O professor tem a boca a molhar o queixo dela. A mão direita dele já apalpa o peito pequeno mas firme da vizinha. Da garganta dela já saem gemidos mais acentuados, carregados de ânsia. Cristina já despiu a sua personalidade fria e exigente. No momento em que a mão esquerda dele lhe agarra o rabo, ela pertence-lhe. Ela sabe que não é mais do que qualquer outra mulher possuida por Rafael. Ele detém-a e será dono dela até ao último orgasmo.
- Onde é que me queres, cabrão?
Rafael retira a camisola de algodão azul da mulher, deixando-a só com uma blusa branca muito fina. Abre botão por botão, desafogando peito apertado dela. De camisa aberta, Cristina salta para o colo dele. O instrutor segura com as duas mãos as nádegas excitantes da mulher trintona. São cinco passos até alcançar a máquina de exercicio anaeróbio - onde Rafael exercita os músculos todas as manhãs - para depois ele sentar a mulher no assento preto e confortável. Ela respira excitação. A pele dela vibra de descobrir o que pode acontecer. Porque com ele, Cristina sabe sempre que cada foda é diferente. Não importa o sitio, não importa a hora ou disponibilidade. Rafael tira a camisola, exibindo o seu peito definido. Despir as calças antecede o momento em que ele segura as botas castanhas de salto alto da mulher, para lhe abrir as pernas. Desaperta um cordão de cada vez lentamente, para num gesto sensual, descalçá-la. Ela gosta da sucessão de acontecimentos. Ela gosta da forma como ele a toca e puxa cada peça que veste. As calças apertadas demoram mais tempo, mas Cristina excita-se. Puxa as mangas da camisa até aos cotovelos e ajeita-se na cadeira ergonómica. Antes mesmo de conseguir retirar as calças de ganga da amante, Rafael aproxima-se dela. Cristina sente-se prestes a ser possuida. Quase despida da sua indumentária discreta mas provocadora, ela leva a mão até à sua tanga azul. Desliza suavemente os dedos por entre as pernas, por cima do tecido rendado que procura a custo cobrir o seu sexo já quente. Ele segura as coxas dela, levantando as pernas à sua amante. A respiração do homem mergulha agora na humidade junto às virilhas dela. Um gemido longo saído da sua boca desprotege a mulher. Ela deseja-o.
- Neves...entra...Entra, por favor!
Mas ele prolonga a ansiedade dela. O acto de despir a sua amante revela-se excitante e prazeirento. Rafael sente a mulher a vibrar. Sente-a louca de prazer. Segura o fio da tanga para puxar levemente a reduzida peça de roupa. E só quando Cristina sente a tanga a roçar nos seus tornozelos é que ela realiza a sua ansiedade. Os seus braços puxam o amante contra si. Rafael beija a mulher e encosta a ponta do seu sexo nos lábios molhados dela. Cristina está encharcada. Não é a humidade que se adensa na sua pele. Não é o suor que escorre pelos lábios vaginais. É o suco doce que brota por entre o seu clitóris que a põe fora de si. É a sua rata molhada que deixa a picha dele deslizar para dentro do seu âmago.
- Ohhh....porra!...Sou tua, Neves!
Rafael está sentado na cadeira, colado a ela. O abraço que eles seguram une-os nesta foda. Cristina tem os braços tensos envoltos no pescoço dele, quando as mãos pendulam nas costas largas do amante. Ele come o pescoço escaldante dela. O seu sexo está incontrolável. Incrivelmente teso, espantosamente enérgico, ele penetra-a várias vezes, num movimento seco mas profundo. As coxas dela balançam por cima das pernas dele. Os gemidos dela não param. Os olhos de Cristina cerram. O momento é bom. Muito bom. Fascinantemente bom e deliciosamente gostoso. Mas ela sempre soube que Rafael a deixa louca. Cristina nunca esquece cada orgasmo derretido no corpo dele. O que a faz então gemer daquela forma, se ainda agora ele a começou a foder?
- Está tão grande! Oh! Tão dentro de mim! Ah...não tires......Não....tires!
O amante fisicamente dotado deixa de movimentar as ancas. Apalpa as nádegas macias de Cristina e incita a mulher a saltar. Em cima da cadeira de exercicios, a vizinha de Rafael faz força nos cotovelos seguros aos ombros dele para ela mesma foder a picha do homem que a possui. O sexo entra dentro da rata da mulher, deixando-a louca. Os gemidos intercalam-se com gritos curtos mas agudos. O pescoço dela liberta gotas de suor, o peito dela, ainda coberto pelo soutien azul encaixa-se na face dele. A boca de Rafael molha o vale entre os seios de Cristina. A cópula aumenta progressivamente o seu ritmo. Tudo é poderoso. Tudo é supremo. Tudo atinge uma dose de erotismo surpreendente. Cristina está prestes a vir-se. Cristina quer vir-se. As investidas do amante, proporcionadas pelos seus próprios saltos, não deixam margem para ela poder gozar muito mais aquele momento. Todo o seu corpo quer libertar-se. No entanto, Rafael ainda não parou. Ele ainda tem fôlego e tesão para a levar à loucura total. Volta a segurar nas nádegas dela e levanta-a daquela máquina. A cama está a dois passos dali e para a compleição fisica dele não é dificil atirar a mulher para o colchão. Por uns instantes, a rata de Cristina esvazia-se do poder do sexo dele. Por um lapso de tempo, Cristina tenta perceber como tudo aquilo está a acontecer. Mas dura pouco tempo. Rafael volta a abrir-lhe as pernas e quase deitado em cima da amante, penetra-a de novo. E Cristina volta a sentir-se completa. Cheia de tudo. Ele está excitado e os seus movimentos são escaldantemente agressivos. As suas mãos quase que arrancam o soutien dela. O seu pau teso entra com força no sexo da mulher. Ela não pode aguentar mais. É impossivel resistir ao orgasmo quando ele a fode como um louco. Ele enche o desejo dela até à exaustão. E só no momento em que ele chupa o mamilo castanho da vizinha é que tudo explode. Como a gota de água que transborda o copo. Como o toque que desequilibra um objecto ténue. A foda compulsiva e vibrante dos amantes transforma-se numa avalanche. Ele vem-se. Ela grita. Ele abre as pernas dela. Ela recebe-o dentro de si. Ele grita. Ela vem-se. E como uma enorme onda de desejo, os corpos estatelam-se no colchão, cansados de prazer. Saciados de paixão.
- És um cabrão...Porque me levas a isto?
- Porque tu queres...
- Claro que quero, merda... Preciso disto!
Sem carinho, sem ternura, sem um pedaço de amor para entregar, mesmo que falsamente. Rafael liberta-se do corpo dela, envolto em suor. Procura recuperar o fôlego daquele momento intenso. Dentro dela ainda lateja o rubor da intensidade da queca. Cristina não pede mais. Sabe que não vai ter mais. Nem tão pouco o deseja. Nem ao menos o sonha. A vida de Rafael não é dela. O sexo dele é.
- Queres ficar mais um pouco?
A pergunta de Rafael tem rasteira. Uma mulher apaixonada, iludida, poderia interpretar aquela pergunta como um convite. Como um pedido irresistivel para passar uma noite encantadora e apaixonada com aquele homem vigoroso. Mas a pergunta tem efectivamente rasteira. Cristina é presunçosa e já conhece o seu amante.
- Tu sabes que não queres dormir comigo. Tu sabes que apenas me queres comer mais uma vez. Ou duas. Quantas te puderem saciar dessa tesão.
- Não queres?
- Não posso.
Cristina retira a mão dele que vagueia nos seus seios quentes e suados. Levanta-se e procura as peças de roupa que o homem tão intensamente lhe despiu. Veste as calças e enfia as botas. De costas para ele, que está deitado e satisfeito, a mulher aperta a custo os cordões.
- Sempre te casas no Sábado?
- Porque duvidas?
- Sei lá...talvez porque me deixas vir dentro de ti.
- Não tens essa exclusividade, sabias?
Ela olha precipitadamente para Rafael. Ele sorri, consciente do alcance da expressão dela. Cristina é uma mulher comprometida. A poucos dias dos seu segundo casamento, a mulher não é vulnerável às suas constantes cedências ao prazer da carne alheia. E a sua frieza, a sua confiança, a sua determinação de ser uma mulher carismáticamente forte, abatem qualquer tentativa de Rafael a tentar fragilizar.
- Queres mesmo que vá à cerimónia?
- És o professor de equitação do meu filho. Tens que ir.
- E consegues resistir-me?
- Veremos...
Cristina levanta-se, veste a camisola e procura ajeitar-se. Do outro lado da rua, o seu noivo, gestor de uma empresa no ramo da informática aguarda a sua companheira infiel. Rafael, nu na sua própria cama vai assistir ao cair da noite na melancolia do seu coração escondido. A mulher prende novamente o cabelo, que se despentou algures no meio de tanta loucura. Ela volta mais uma vez junto dele e dá-lhe um beijo leve e seco. Ele não quer mais. Ela não pede mais.

As batidas secas do tacão das botas dela acompanham a respiração dele. A batida forte da porta de entrada do 3º esquerdo anuncia o fim da paixão momentânea que Cristina e Rafael acendem em fins de tarde sedentos de desejo.

terça-feira

Lúcia e Tania

Lúcia está farta de estudar. Está cansada de aguardar ansiosamente pelas frequências, pelos exames, pelas datas limite de entrega dos trabalhos. Está exausta de ficar fechada no quarto a ler vezes e vezes sem conta a mesma matéria que já serviu para um projecto interminável, já foi encaixada na frequência da qual não passou e que agora tem imperetrivelmente que ser fixada para o exame. Acima de tudo, Lúcia aborrece-se de não poder sair do quarto quando Tania e o seu namorado Filipe estão na sala. O momento é deles, apesar de eles não serem anti-sociais. São um casal de namorados intimo, mesmo tendo em conta que eles convidam Lúcia várias vezes para estar com eles ao serão. No entanto, não seria a primeira vez que eles se excederiam. Não seria inédito ver Filipe sentado no sofá, que também é de Lúcia, e constatar que Tania está a chupá-lo gentilmente. A melhor solução é ficar trancada no quarto, mesmo que não seja essa a sua vontade. Se ele não sair até à conclusão da leitura do documento que ela tem em mãos, Lúcia está decidida. Irá desligar as luzes, vestir o pijama e adormecer até ao sol acordar, horas antes do exame decisivo.
Na sala de estar tudo parece calmo. A televisão tem o volume médio, a ponto de se perceber que o casal deve estar ver a primeira novela da noite. Lúcia prefere não arriscar. Aguenta a leitura até ao último parágrafo, mesmo que o seu cérebro já carbure Psicologia. Ela fecha o caderno e lança o olhar para a cama apelativa. É nesse instante que um som de alarme ecoa do seu computador. Uma nova janela do Messenger abre-se, piscando intermitente na barra de tarefas. Um "olá" timido e seco surge nessa mesma janela de conversação. Lúcia rejuvenesce e fixa a sua atenção no monitor do seu PC. Do outro lado da linha, algures, está Joana, a sua nova amiga virtual, desde o pedido de amizade do hi5. Lúcia gostou do perfil da pessoa que encontrou, da forma como essa jovem se aproximou de si. É a segunda vez que a rapariga mete conversa com ela no Msn. A ideia de ir dormir é posta temporariamente de parte.
"olá, joana"
"como estás?"
"bem, e tu?"
"aborrecida"
"antes aborrecida que nervosa, como eu estou."
"o que se passa?"
"tenho exame amanhã e já não consigo estudar mais"
"desculpa,devo estar a incomodar-te"
"não! já tinha fechado o caderno e já ia dormir."
"ias dormir?...uhmm...como costumas dormir?"
Joana é atrevida. A primeira e única conversa em directo entre as duas tinha atraido Lúcia. Afinal, a jovem estudante não procura apenas uma amizade, com conversa de circunstância. E Joana não foge à regra. A internet pode provocar emoções fortes e a nova amiga de Lúcia não entra em rodeios e sabe explorar as potencialidades de um meio com este. A sua pergunta é subjectiva, digna de várias interpretações, mas Lúcia entende-a perfeitamente.
"costumo dormir de lingerie, mas hoje apetecia-me dormir nua"
"porque?"
"não sei...talvez me dê sonhos mais eróticos...talvez....lol"
"e queres ter sonhos mais quentes?"
"claro que sim!"
"o que gostavas de sonhar hoje?"
"......contigo"
"comigo?!!!"
"sim. não gostavas?"
"adorava!!....lolol"
Durante uns segundos, a conversação na janela de messenger pára. Nenhuma das jovens consegue seguir com o diálogo. Apesar de não ter esperado a presença online de Joana, a estudante não quer perder a oportunidade de a noite poder ser ilusoriamente diferente.
"posso ver-te?"
Lúcia respira fundo. O acessório do computador no canto do monitor tem uma função especifica. Permitir que a vejam quando ela está ao computador. Seja com a familia, seja com amigos, ou novos contactos que desejem algo mais ousado. A sua mão ansiosa carrega no botão e uma luz verde acende-se. Lúcia levanta o olhar em direcção à porta, mantendo também os ouvidos atentos. À partida, Tania não a irá incomodar. A barra de carregamento da web cam evolui na janela de conversação. E num espaço de segundos, ela vê Joana. Num espaço semelhante ao do seu quarto, a amiga de Lúcia emana um sorriso terno e peculiar. A jovem morena já tinha visto Joana anteriormente em fotos. Jovem de 21 anos, estudante também, loira e com uma cara muito fofinha. Desde o primeiro momento, era impossivel a Lúcia não se sentir atraida por uma rapariga que oculta de uma forma discreta no hi5 a sua orientação sexual.
"costumas estar sempre de soutien em frente ao computador?"
"só quando estou à espera de alguma coisa."
"e o que estás à espera?"
"...uhm...não sei...diz-me tu...."
Joana parece ser algo imatura. Simpática, decidida, sensual, até mesmo inteligente. Mas ingenuamente menina. Isso não incomoda Lúcia.
"já que despiste uma peça de roupa, gostava que despisses a outra"
"e o que ganho eu com isso?!"
"não ganhas nada. alimentas a tua imaginação, o teu desejo...não é isso que pretendes?"
"...sim..."
E no mesmo momento em que liberta um sorriso ligeiramente envergonhado, Joana abre o soutien preto e entrega a imagem do seu tronco nu. Momentaneamente, Lúcia paralisa. Fixa o olhar na imagem que lhe é fornecida, admirando os seios fofos e moldados da jovem. Volta a levantar o olhar para a porta do quarto, receosa que alguém pudesse abrir repentinamente a porta.
"és muito bonita...mesmo..."
"posso ver-te?"
Lúcia não respondeu. Apesar de apreciar o jogo erótico que se pode concretizar no msn e por web cam, ela sabe que existem regras a cumprir. Regras pessoais, formas de agir que a podem diferenciar entre uma tarada que só pretende masturbar-se à custa de outra pessoa, ou uma jovem que partilha emoções fortes por um meio mais fácil, mais rápido, menos intruso, com uma boa dose de excitação. Este é o jogo de Lúcia e ela sabe quais as regras a seguir.
"tens uns seios..."
"diz!"
"apetitosos...lololol"
"ansiava por poder mostrar-tos"
"a sério?!"
"sim...é excitante saber que estás a olhar para eles assim. Com desejo..."
"gostavas que estivesse contigo?"
"se não gostasse, não estava a falar contigo..."
"eu gostava de provar os teus mamilos...sempre gostei de mulheres com os seios assim..."
"excita-te?"
"uhmmm..."
"põe-te louca?"
"simmm..."
"adorava ter a tua boca neles"
"páraaa!!!!!....lolol"
"não estou a brincar..."
"vais sonhar comigo hoje?"
"já estou a sonhar...."
A mão de Lúcia inquietou-se desde que despiu o peito. Os dedos dela entraram agora dentro dos shorts laranja que ela veste. Com a mão a deslizar pelo papo da sua rata, Lúcia escreve agora com uma mão. A sua repiração acelera, mas Joana não consegue perceber isso. Nem tão pouco ver a mão de Lúcia a brincar com o sexo.
"já estou próxima de ti...abraças-te a mim e apertas o teu corpo contra a minha mão. sentes-me quente. sentes que te quero. sentes que preciso da tua boca na minha rata. dás-me um beijo doce. trinco esses teus lábios fofos e possuo a tua alma.... fazes exactamente o que a minha mente te pede. lavas-me os seios com a tua lingua. rasgas a minha barriga com a tua boca. devoras o meu sexo com tudo o que podes.... sinto a tua mão dentro de ti....sinto essa tua tesão a excitar-me.....sinto o meu clitóris a colar-se a ti.....sentes o meu calor...sentes o meu corpo a tremer.....sentes os meus gemidos.....sentes tudo em mim a vir-se......eu sinto a tua boca...quero a tua boca...quero que me derretas de prazer na tua boca....quero que me lambas até eu desaparecer daqui........"
Sem dar conta disso, Lúcia pára de escrever progressivamente. A loucura que turbilha no interior do seu sexo descontrola os seus sentidos. Ela deixa de distinguir o que faz e escrever deixou de ser uma prioridade para o seu desejo. Ela leva a mão às suas mamas e acaricia a pele quente, macia e suada do seu peito.
"Lúcia?"
..........."sim?"
"estás excitada?"
"deixei de estar aqui.....desculpa..... :) "
As regras do jogo anteciparam-se. Lúcia não contava vir-se daquela forma. Um orgasmo implodiu na sua rata, na sua mente e nem Joana, olhando pela imagem exibida da web cam consegue percepcionar exactamente o que está a acontecer.
- Lúcia?!
O transporte para o mundo erótico e virtual do messenger apagou os sentidos reais de Lúcia. Ela não se apercebeu que Filipe, o namorado de Tania já tinha saido e que agora a sua colega chamava por si, ainda que longe do quarto.
"tenho de ir, joana"
"tens mesmo?"
"sim...amanhã falamos"
"não vás..."
"prometo-te que voltamos a reptir isto...de outra forma"
"ok.... :("
"joana?.....adorei....de uma forma que não podes sequer imaginar"
"és linda"
E Lúcia deixa de estar online. Veste rapidamente os shorts e sai do quarto, antes que Tania possa perceber o que aconteceu no seu recanto. Tania sabe o que a amiga faz. Tania tem conhecimento das escolhas sexuais de Lúcia. Tania respeita e apoia a amiga. O que Tania não sabe é que a jovem morena nutre uma paixão diferente por si. Diferente de qualquer amiga virtual ou mesmo relações que Lúcia possa ter.
- Fiz pipocas...Vou ficar a ver o resto da novela. Ficas comigo?
Para sempre. É este pensamento absurdo que invade a mente de Lúcia, enquanto procura recuperar das emoções fortes de há momentos atrás. Quando Tania a chama, o seu mundo gira ao contrário.
- E o Filipe? - pergunta Lúcia.
- Amanhã tem exames? E tu, não devias estar a descansar?
- Tu sabes que eu não consigo recusar estar perto de ti.
Quando Tania reserva o seu tempo só para estar com ela, o mundo ao contrário de Lúcia transforma-se num paraiso surreal. Ela fecha a porta do quarto e senta-se na sala com a amiga que deseja. Lúcia detesta ver novelas. Mas isso é um pormenor.

segunda-feira

Maria José

As mudanças na nova casa de Maria José decorrem com alguma lentidão. Os compromissos na faculdade, a compreensão dos sentimentos em relação ao corte que fez com o seu passado, a falta de apoio dos familiares mais próximos e a gestão do espaço disponivel na casa, tornam a conclusão do processo de todas as arrumações, extremamente complexo. Com o falecimento da antiga arrendatária, todo o recheio do apartamento ficou por retirar. E Maria José incumbe-se de escolher o que era para retirar, mandar para o lixo ou dar para uma casa de mobilias em 2ª mão. Ainda assim, muita coisa tem que ser mantido na casa, até mesmo por questões de inviabilidade momentânea de aquisição de novas mobilias. Enquanto organiza o velho mas útil aparador de sala, com todas as loiças que conseguiu trazer, Maria José ouve a campainha da porta do 1º direito tocar. Exausta, suada e envolta de pó, a professora vai atender. À porta está Henrique, o seu cunhado. Traz o almoço em dois sacos. Ela sorri, agradecendo o gesto. O marido da sua irmã tem sido a única pessoa que se tem efectivamente disponibilizado para ajudar em tudo o que Maria José necessita. Nas mudanças, nos processos burocráticos que ainda são necessários, até mesmo a nível financeiro ele propõe-se a não deixar a mulher quarentona apertada. Mas acima de tudo, Henrique tem sido o suporte psicológico de Maria José. Por mais ousada que a situação pareça, por mais dilemas mentais que atormentem os seus sonhos, ela precisa dele. E ele sente essa necessidade. Ela retribui com as mãos carinhosas que tem, com a força que ganha de cada vez que Henrique entra por aquela porta. E ele é gentil. Conforta a mulher como nunca ela sentiu que foi tocada.
- Bitoques... - diz ele ao pousar os sacos na mesa da sala - Eu sei...a esta hora não é fácil arranjar o que quer que seja nesta rua.
- É suficiente, Henrique. Da próxima vez eu prometo que te faço o almoço.
- E as arrumações? É hoje que terminamos?
Maria José olha em redor e demonstra ao cunhado que ainda há um longo caminho a percorrer, no que toca a ter a casa em condições. Ela põe a mesa e serve os bitoques já algo secos que sobraram no restaurante, à entrada da rua do Edificio Magnólia. Durante toda a refeição, a professora procura recuperar a energia que libertou em toda a manhã. O seu olhar cinge-se ao prato de comida e na verdade, não havia muito tempo para saborear aquele prato. Henrique não tira os olhos da face dela. Denota o cansaço nos contornos dela, nos olhos inchados, nos braços tensos, no corpo intensamente nervoso. A mulher sente-se vigiada. Procura não levantar o olhar mas percebe que o homem concentra a atenção nela. E Henrique já não consegue libertar a ideia. O pescoço suado dela, as mãos nervosas mas delicadas, a roupa molhada do ar húmido e da transpiração do corpo dela. A refeição não pode ser tão saborosa quanto uma simples caricia na pele dela. Maria José vibra com a mão dele a roçar na sua face. Cerra os olhos e por uns segundos procura esquecer que ele está ali para ajudá-la.
- Henrique...
A respiração da mulher descontrola-se. A sua pele branca ganha tons rosados, sendo impossivel disfarçar a sua inquietude.
- Aposto contigo que ainda não experimentaste aquele sofá.
- Não tenho tempo...Tu vês que não tenho sequer tempo para fazer o almoço ou o...
A boca de Henrique invade os lábios secos de Maria José. O que pode ela fazer perante a irresistivel forma de Henrique a prender no seu desejo? Ele brinca com os lábios dela e agarra o calor da lingua da mulher. Jamais os beijos do seu ex-marido conseguiram alguma vez ser tão intensos com os que Henrique lhe oferece. Sem nada em troca. Porque tudo o que Henrique pede, ela deseja mais do que ele. Pega na mão dela e arrasta-a com ternura desde a mesa até ao sofá. Maria José ainda lança um olhar preocupado sobre a desarrumação da mesa de almoço, mas cede perante a inevitabilidade de o sofá ser mais reconfortante que aquele almoço. Dono do desejo dela, senhor da pretensão da mulher, Henrique brinca com as suas mãos no corpo da professora. A camisola de algodão castanha é fácil de despir. Há agora lugar para a inundar de caricias nos seios pálidos dela. A respiração de Maria José está à mercê da vontade dele. Despir as calças já é um processo mais complexo, mas Maria José ajuda. Ela só quer estar nua perante o seu amante. Ela só precisa de sentir livre, para que tudo possa receber. E de Henrique, ela pode esperar tudo. Maria José é uma mulher carente. A forma como ela deixa cair o corpo nu para o sofá e sorri de uma forma aberta, só demonstra o quanto ela precisa de compensar tantos anos em simples momentos como aquele, carregados de paixão.
- Preciso de ti...
Mas Maria José precisa de um homem que a faça sentir especial. Que a faça sentir amada. Que lhe devolva a sensualidade que ela esqueceu num dado momento do seu casamento. Ela precisa de alguém que lhe entregue a chave do prazer. Sem compromissos, sem tabus, sem compensações. Neste momento, esse homem é Henrique. Ele ajoelha-se no chão enquanto segura a carne das pernas dela. Maria José transporta-se a si mesma para uma nuvem, no instante em que as mãos dele enfeitiçam os seus membros inferiores. Suavemente, ele retira as cuecas brancas da mulher, deixando-a pura e simplesmente vestida de nudez. Em segundos mágicos, ela abre as pernas, colocando-as em cima das costas de Henrique que já se aproximou do seu corpo. Maria José deixa-se enterrar no sofá, do qual ela nunca se tinha apercebido do relaxamento que provoca. Afinal, a velha que morreu sempre deixou algo para estimar. A boca dele já desperta o ventre da mulher. No momento em que os beijos dele caminham em direcção ao sexo de Maria José, ela já não se sente sentada no sofá. Agora ela está segura às mãos dele, que a colhem pelas nádegas quentes. Ela já se esqueceu como respira. Prefere sufocar a perceber como é que se controla tamanha sensação. As suas mãos acariciam a pele dos seios. A boca de Henrique já se colou aos lábios vaginais da amante. Onde é que Maria José já sentiu um toque tão carinhoso, tão extremo, tão benévolo com o seu intimo? Apenas nos sonhos! E os sonhos não fazem vibrar a sua pele assim. Os dedos dele deslizam entre as nádegas dela, onde o suor quer libertar-se. Maria José afundava-se no desejo proibido. Mesmo que ela queira achar que aquilo é demasiado forte para entregar ao seu cunhado. Bem, agora é tarde demais.
- Por favor...não pares!
Maria José prende-se a ela mesma naquele sonho. Ele impulsiona a sua lingua por toda a rata da professora. Beija-a como se fossem os lábios da sua boca. Ternurentos, doces e ainda secos. A repulsa intima da mulher, em que a sua relação sentimental a deixou por tantos anos, prendeu-a na forma como pode libertar os seus desejos. Mas mesmo que Maria José não deixe a sua excitação gritar, a paixão e devoção de Henrique faz com a loucura intima da professora exploda. Como um vulcão adormecido. Ele introduz um dedo no interior dela. E a mulher rebenta. Cede àquilo que o corpo quer gritar e num rápido instante, o sexo dela molha-se por completo. Os sucos dela são águas que se libertam pelos lábios vaginais, pelas mãos de Henrique, pela boca dele, que agora segura com os lábios, o clitóris envergonhado dela. Os gemidos da professora sucedem-se. Com uma mão, ela agarra os cabelos dele, incitando-o a entrar mais dentro dela. Com os dedos, com a lingua, com toda a paixão que ele tiver para lhe dar. A outra mão finca-se na almofada do sofá. As suas pernas tremem de tanta excitação. O indicador dele brinca com a tesão da amante. Maria José só percebe que se vem, quando o seu clitóris incha por entre os lábios da boca dele. Porque tudo isso é demais. Porque tudo isso é como um maremoto dentro de si. Porque tudo o que Henrique lhe entrega, enche a mulher de um prazer transcendente.
- Como é que é possivel??!!...Ohh!...
Ela puxa a cabeça para trás, enterrando-a entre as almofadas do sofá. Henrique sente o orgasmo dela a desvanecer e acalma a sua boca. Delicia-se com o sabor dela e finalmente atira o olhar para a cara dela. Maria José volta ao mundo real. Se é que isso ainda existe. Nua. Nua como nunca se sentiu, ela colhe tudo o que é possivel guardar nestes instantes. O calor, a sede, a plenitude daquilo que teve, daquilo que ainda tem. Os sentimentos. Os que aprendeu, os que esqueceu. E ela pensa em voz alta.
- Como é que é isto possivel? Como é que eu nunca senti isto antes?!!
Henrique aproxima-se dela, ainda vestido, ainda confiante que naquela tarde não vai haver mais arrumações. Sorri e dá um beijo na boca saciada de prazer da mulher. E quando eles se olham, sabendo que são detentores da chave do prazer, a campainha volta a tocar. Maria José liberta-se do amante bruscamente e veste rapidamente as calças, sem cuecas. Enquanto se dirige para aporta, veste a camisola, onde o seu peito excitado ainda é perfeitamente visivel. Abre a porta. É o carteiro. Uma carta registada para a antiga residente do 1º direito.
- Lamento. Essa senhora já faleceu...
Maria José ainda procura controlar a respiração. Os mamilos ainda fervem. O seu sexo ainda está completamente molhado de tanto prazer. E a forma desconcertante como ela dá a noticia ao carteiro, deixa o homem algo confuso. Ela sente o desnorteamento dele, mas não sabe se é pelo facto da noticia que ela deu, se pelo ar louco que ela sabe que transparece. E o silêncio impera entre o espaço que os rodeia. Algo não os deixa avançar. Algo cola os dois àquele momento. Só a chegada de Henrique desfaz aquele momento surreal. O proprietário do apartamento volta a referir o motivo pelo qual o carteiro não pode entregar a carta e ele, educadamente sai. Henrique fecha a porta, mas ao voltar para a sua amante, percebe que ela já voltou às arrumações. Num silêncio sinistro e pronta para terminar até à última hora deste dia todas as arrumações.

domingo

Façam favor de tocar à campainha

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"Eu já vi uma ou duas coisas na minha vida, mas nunca, nunca nada como isto."
Retirado do filme Eyes Wide Shut, de 1999, realizado por Stanley Kubrick, com Tom Cruise e Nicole Kidman. http://www.imdb.com/title/tt0120663/

Ainda falta conhecer cada canto dos apartamentos. Ainda falta saber se a sala do vizinho do andar de cima é maior do que a da casa alugada. Ainda não foi desvendado o que de facto existe no rés-do-chão. Ainda falta saber tanto sobre o Edificio Magnólia e no entanto, ao fim de uma semana, já imensas revelações foram soltas sobre um prédio tão particular. Os seus habitantes, os seus amores e desamores, as suas fantasias, os seus desejos, pedaços do passado que já se tornam impossiveis de esconder. E é visivel que muito mais está por sair do oculto. Em cada fracção do Edificio existem histórias para contar, momentos imaginados para se pintar, mas também algo muito real para ser conhecido.
Ao longo da primeira semana deste blogue, as surpresas aconteceram. Algumas cartas foram escritas, alguns votos foram arriscados e acima de tudo, foi gerada uma boa empatia entre os leitores e o blogue. De todas as visitas ao imóvel, algumas são da parte de quem criou o blogue e revela os segredos do prédio, outras são de quem entrou no Edificio apenas e só para espreitar. Muitas são de quem leu e talvez não se aficcionou. E depois existe um pequeno número de leitores que entrou, viu cada fracção, sentiu, viveu a vida de todas estas personagens. E isso tem sido uma autêntica surpresa. Claro que o blogue pretende ter qualidade. Claro que os posts pretendem agarrar as pessoas que entram para descobrir uma ou outra história. Mas ao final de sete dias, é estimulante saber que alguém no dia seguinte vai ler e entusiasmar-se com as revelações. A esses - e eles até sabem quem são - um muito obrigado pelo interesse e pelas palavras carinhosas. Aos outros, espera-se que pelo menos quando entram no Edificio fiquem com uma boa sensação e que um dia se possam "apaixonar" pelas personagens.
A partir de um desafio podem surgir diversas e inusitadas reacções. Esta semana serviu primeiramente para perceber se a ideia de facto podia agarrar alguém. Modéstia à parte, parece agarrar. Seguidamente, procurou-se perceber até onde podia haver a exploração das novas personagens. As que excitam, as que são um espelho de alguém e a que de facto é real. Acima de tudo, foi essencial perceber se havia lugar para aprofundar a história real desse apartamento e misturá-la em fantasias de outras fracções. A resposta é Sim. É possivel revelar os segredos desta história. Uma história perigosa, passivel de ser mal interpretada por quem rodeia. Ousada e capaz de trazer novos episódios viciantes.
E contudo, em cada frase, em cada sentimento, em cada parágrafo, em cada ousadia relatada, o que se sabe sobre estas personagens, para além de morarem no Edificio Magnólia? O que pretendem elas? O que se espera sobre os próximos acontecimentos?
Ana tem o poder, a paixão veloz, o dinheiro rápido mas nunca fácil, os homens que quer. Mas falta-lhe algo demasiado elementar; Maria José volta a ter dezoito anos. Livre e capaz de se entregar a meio mundo que a deseje; Rodrigo e Helena ainda se unem de costas voltadas. Tudo é perfeito, mas tudo é demasiado perigoso; Lúcia, a jovem universitária ainda irá resgatar o coração, nem que seja por uma noite, da sua colega, Tania; Laura e Afonso irão encontrar novas formas de prazer. A partilha fica-lhes tão bem; Rafael ou Neves ainda não encontrou quem segure o seu coração e o prenda para sempre. Até lá, ele é o desejo carnal de todas as vizinhas;
Em resposta a uma leitora que se pretende assídua e interventiva... sim. Existe de facto uma história real. Não é pretendido enganar quem aqui entre e se sinta tentado a descobrir. Claro que para já, a identidade e residência de quem protagoniza a história real não será divulgada. A seu tempo o será. No momento certo, na altura mais extraordinária para o fazer. Na situação mais inesperada e de uma forma impressionante. Até lá, é plausível afirmar que o que move este blogue é essa incerteza. É esse desejo ardente de separar a realidade da ficção. É a ansiedade de se sentir perdido no interior de um Edificio misterioso mas ao mesmo tempo revelador de paixões. A olho nú.

O desafio para esta semana será exactamente esse. Onde é que o leitor se quer perder? Em que personagem ou personagens acha que é possivel infiltrar-se? Toque em que campainha quiser. No Edificio Magnólia a porta será sempre aberta e os segredos irão revelar-se de uma forma surpreendente.
Excite-se.
Viva estas vidas.
Surpreenda-se.
Palpite sobre o que quiser.
Faça bater o seu coração.
Faça tremer a sua paixão.
Vibre com o erotismo deste desejo.

Afinal, já tem mesmo a certeza de qual destas histórias é real?