sábado

Sol nascente

Ana abre os cortinados do seu quarto enorme. A luz volta a entrar naquele espaço de uma forma radiante. Os seus pés descalços sentem o chão quente. O seu corpo nu passeia-se entre as paredes intimas que já testemunharam tantos pedaços da sua máscara nocturna. Mas hoje, agora, neste exacto momento em que ela olha da janela do terceiro andar para os primeiros movimentos citadinos, com os seios pálidos à mostra, Ana sabe que estas paredes testemunham mais do que isso. Já não é só a sua máscara nocturna que faz parte do seu trabalho. Já não é só a máscara diária que se sobrepõe à magia das suas noites. O dia acorda gracioso, fazendo esquecer os dias de chuva que cairam nos últimos dias sobre a cidade. Ela olha para o passeio da rua do Edificio Magnolia. Liberta um sorriso e sente que a manhã lhe pertence. Passa a mão pelas mamas e sente-se suja. Deixa os cortinados abertos, vira-se e dirige-se num passo leve para a casa de banho, bailando o seu corpo saciado. Antes de entrar no banho, Ana vai despir a máscara que lhe assentou tão bem na noite passada.
É uma noite especial. A acompanhante usa a sua máscara nocturna, mas está despida dela. Guarda-a na sua alma, na sua genuina forma de ser. É uma noite diferente. O cliente é peculiar e tem desejos excêntricos. O jantar é servido no chão. Um tapete preto no lugar da enorme mesa de centro torna a sala de Ana irreverente. A anfitriã está sentada numa almofada branca, tal como o seu convidado, mesmo à sua frente. Entre eles, está um jantar requintado. Iguarias japonesas. Sushi. Oshizushi. Significa sushi prensado. Preparado com um pequeno pedaço que é colocado num bloco de madeira. O fundo desse bloco é alinhado com a cobertura e coberto com arroz de sushi. Depois de criar um bloco compacto, ele é cortado em pedaços que cabem facilmente na boca. O jantar foi preparado por Ana. Tudo o resto, acontece. Sebastião é diplomata. Um homem vivido, quase a chegar à casa dos cinquenta anos. Um homem viajado, já percorreu meio mundo, a nivel pessoal, a nivel profissional. Um homem charmoso, culto, intensamente cativante e sensual. Sebastião é o cliente perfeito de Ana e ele sabe que encontrou a acompanhante ideal nesta cidade.
- Falaram-me muito bem de si, sabe?... - diz Sebastião.
- Eu gosto de passar uma boa imagem.
- Acredite que tudo o que vejo, supera qualquer expectativa que possa ter criado.
- Agradeço-lhe, Sebastião.
- Não esperava era uma fantasia destas...
Ana estudou o cliente. Preparou tudo ao máximo pormenor que lhe era possivel. Na sua máscara nocturna, Ana é perfeccionista. Tudo tem que correr bem. E correr bem significa atender os desejos do cliente e ultrapassar as suas próprias expectativas. Ana veste outra máscara. Ainda mais profunda, ainda mais distinta do seu papel diário. A acompanhante está vestida com uma indumentária tipicamente japonesa. Um quimono sensual, de seda vermelha, adornado com flores douradas e revestido de um rebordo preto. A peça tapa-lhe os ombros e estende-se até aos calcanhares, onde os seus pés calçam uma sandálias genuinamente orientais. Para além da sola ter aproximadamente dez centimetros de madeira, os seus pés estão envoltos de umas meias brancas. Parte do seu cabelo liso está apanhado por dois pauzinhos e pendura do lado direito um arranjo floral lilás que se estende quase até às pontas. A sua face tem uma leve base branca e os seus lábios pintam-se de um rubor intenso. O leque com a figura de um dragão mistico compõe a imagem fantasiosa de uma mulher de prazer japonesa. Mas Ana é portuguesa. Ana guarda dentro de si uma imagem mais profunda do que a mera superficialidade de uma fantasia. E Sebastião sabe disso.
- Sabe, Ana....Viajo constantemente por todo o lado. Desde as ruas sujas de Havana, ao glamour de Manhattan. Adoro Amesterdão, fascinei-me com a Cidade do Cabo e vivi algum tempo em Banguecoque. O charme daquelas mulheres excita-me. Posso-lhe dizer que já experimentei o prazer de mulheres como tu em meio mundo. Mas nunca tive uma geisha...
- Não lhe pretendo oferecer uma geisha.
- Não?!
- É uma ideia errada. As geishas entregam-se a um homem, a um cliente, mas raramente existe sexo. As gueixas não são prostitutas...Podem ser mulheres da sedução, mas os clientes sabem que não passa disso.
- E o que é então, Ana?
- As verdadeiras prostitutas de luxo no Japão designam-se Oiran.
- E porque são diferentes?
- Já não existem. São mesmo casos raros de acompanhantes. E as que existem são prodigiosas.
- Mesmo?!
- As gueixas são vulgares e não se entregam aos prazeres carnais.
- A Ana quer-se entregar a esse prazer?
- Veremos...Veremos se esta noite o Sebastião quer uma gueixa ou uma Oiran.
Ele sorri. Entende a perspicácia da mulher. Entende o motivo que o trouxe ali. Que o convenceu a aceitar uma sugestão de um colega diplomata e que lhe prometeu que ele não iria conhecer outra acompanhante assim na cidade. E Ana faz questão de manter essa promessa. Essa imagem que está inerente à sua máscara nocturna. Ela serve o seu cliente. Entrega-lhe a iguaria, quase até à boca. Mantém o sorriso, mantém a postura. Ainda assim, o seu corpo está ainda coberto. A seda que a envolve sugere a fogosidade por debaixo daquela máscara. E isso excita-o. Ana, a Oiran, procura agradar a todo o instante ao seu cliente. Serva e acompanhante. E isso agrada-lhe. Porque é o jogo que Ana decidiu entregar. É a máscara que ela colocou por cima da de acompanhante. E ela quer experimentar. Ser ousada. Procurar os limites do seu prazer. Ana não se limita a dar e obter prazer. Ela brinca com o prazer. Engana-o. Torna-o complexo. E no fim, tudo só pode ser mais intenso e recompensador.
- Estou a ver que a Ana estudou a lição.
- A Ana que está aqui consigo vive isto. Respira esta roupa, esta maquilhagem. A outra Ana que não conhece levou três dias a preparar este dia, que possivelmente lhe custou mais dinheiro do que o que irá receber. Essa Ana que nunca conhecerá aprendeu a caminhar com estas sandálias. A Ana que vê aqui é uma Oiran...De corpo e alma.
Sebastião ri-se. Olha fixamente para a mulher que contratou para passar uma noite diferente. Procura perceber que ser está ali diante de si. E no entanto, percebe que efectivamente, diante de si, não está uma vulgar acompanhante de luxo. Depois de engolir um enorme pedaço de sushi, ele larga o pedaço de madeira. Pousa os cotovelos sobre as pernas dobradas e respira fundo.
- Posso ver? - pede ele.
- O quê?
- Dizes-me que és uma verdadeira...
- Oiran...
- Quero que me mostres...Quero ver se consegues andar nessas sandálias.
- Como o senhor queira.
Obediente e disciplinada. O jogo prossegue e Ana nem sequer pestaneja. A jovem pousa o leque em cima da almofada. Ela finca a sola do calçado no chão, faz força nos pés e ergue-se num movimento harmonioso. De pé, ela fixa o olhar naquele que agora considera o seu amo. Na verdade, andar naquelas peculiares peças de madeira, presas entre o polegar e o segundo dedo dos pés da mulher. Contudo, Ana desembaraça-se naturalmente. De postura erguida, ela olha sempre para o homem e troca o passo à volta do tapete. Repete esta acção duas vezes e a nenhum momento comete um erro. Pelo contrário. Sebastião fascina-se e sente-se excitado com tal entrega por parte da jovem. Ana ajoelha-se nas costas do homem. Levemente. Tudo o que ela faz é exercido com uma calma extrema. As mãos sedosas, limpas e arranjadas dela acariciam as costas do homem, por cima da camisa. Rodeiam nos ombros imponentes dele e deslizam pelo peito. E de cada vez que os seus dedos passam por um botão, ela abre-o. Sebastião respira fundo. Delicia-se com as mãos vagarosas da acompanhante e encosta as costas ao corpo dela. Ana está colada a ele. O seu queixo roça na orelha dele. A sua respiração é uma pequena sinfonia nos ouvidos do homem. Ela tira-lhe a camisa por completo. De tronco nu, ele rende-se aos encantos da jovem. Com delicadeza, ela empurra-lhe os ombros e vai deitando o cliente no tapete. Sebastião submete-se. No momento em que o seu corpo descai, a boca ruborizada dela está a uma unha dos lábios dele. Quando a cabeça dele pousa no chão, Ana sabe exactamente o que pretende fazer. Volta a fazer força na ponta dos pés e levanta-se. Rodeia novamente o tapete e, junto à sua almofada, dobra graciosamente os joelhos, pegando outra vez no leque. Abana-o levemente junto à sua boca e fixa o olhar na face do homem. Perceptivelmente, os seus olhos passeiam vagarosamente sobre o corpo quase despido dele.
- Diz-me outra vez, o que faz uma geisha?...Uma oiran?....
- Seduz... Encanta o cliente...Fala carinhosamente para ele. Dança se conseguir. Canta, se puder.
- E mais?
- O seu sorriso consegue pôr o cliente mais excitado que a visão do seu sexo.
- A sério?...Mostra-me...Mostra-me o que os teus lábios conseguem fazer.
O leque abana. Esconde os movimentos que a boca dela faz. Porque Ana está ansiosa. E tudo é o jogo. Até a ilusão da sua ansiedade. A acompanhante puxa o quimono até descobrir os joelhos que pousam de seguida no tapete. Ana caminha agora com eles. Abre as pernas ligeiramente até ter o corpo dele entre si. Com a mão que tem disponivel, abre as calças e puxa-as para baixo, deixando o sexo masculino entesado de fora. A outra mão abana o leque. O seu corpo baixa-se e aproxima-se do órgão erógeno. Ouvem-se gemidos da boca dele. Os lábios pintados de Ana chupam levemente a ponta do sexo dele. No entanto, o objecto que ela segura com a mão direita não permite que Sebastião visualize o que ela faz. Porque Ana chupa. A jovem faz o que sempre soube fazer de melhor. Delicia-se com o pedaço de carne que começa a inchar. Com uma jovem "oriental" obediente, ela entrega tudo o que pode dar de si. Sem falar, sem gemer. E ele não vê, apenas pode sentir. Ana chupa. Molha com o seu baton vermelho forte e com a sua saliva toda a carne inchada do cliente. Como se sempre tivesse sido ensinada a fazer daquela forma. Sem acidentes de percurso. Sem movimentos excêntricos. Ana chupa. Ele gosta. A lingua dela percorre todo o sexo. Ana chupa. Abana o leque. Ele geme baixinho. No tapete preto, o serviço é feito com intensidade e dedicação. Ana chupa. E Ana gosta. E quando sente o homem louco, ela levanta a face, tira a picha da boca e imediatamente levanta o leque, atirando-o para o tapete. O homem que ansiava ver os lábios dela a excitá-lo, apenas o pôde sentir. E ainda assim, guarda já em si o sabor da boca dela.
- As suas putas tailandesas chupavam-no assim?
- Não...
A acompanhante sorri, motivada com o voto de confiança dado pelo seu cliente, assumidamente estupefacto com tal momento requintado. Ana volta a fazer força na ponta dos pés, levanta os joelhos e coloca-se quase de cócoras, assente na sola grossa das sandálias de madeira. Arrasta os pés e aproxima mais o seu corpo da cintura dele. O olhar da jovem prende-se em Sebastião. E ele fascina-se com a atenção que aquela mulher lhe entrega. Mais do que acarinhado, o homem sente-se aprisionado na vontade louca dela em o satisfazer. O sexo dele roça pelo quimono e depois pelas coxas dela. Ana levanta um pouco mais o seu quimono. Descobre agora o rabo e um pedaço das ancas. Veste umas cuecas brancas irresistiveis, sugestivas. Os pés dela continuam a fazer força nas sandálias que a põe uns centimetros mais elevada. A sua mão direita desliza pela sua própria coxa. Com dois dedos segura a ponta da picha do amante, com outros dois dedos desvia o tecido das suas cuecas, junto aos lábios vaginais. As suas ancas descem ligeiramente, permitindo que vagarosamente o sexo dele entre dentro da sua rata. Um gemido fino e vibrante entoa da sua boca. Sebastião sorri e excita-se com aquele som. Ana gosta, mas ao mesmo tempo desempenha o seu papel. Ana é uma geisha. Mas uma geisha especial. Ocidental, atrevida. Não é dona de um só homem, mas entrega-se a ele como se tivesse sido ele que um dia lhe entregou a supremacia de lhe tirar a virgindade. É um jogo. Ana cavalga. Deixa o pénis dele escorregar por entre as paredes vaginais. Estimulam os seus lábios grandes e tocam ao de leve no clitóris. Ana geme como uma menina japonesa, que procura a todo o custo satisfazer os caprichos do seu cliente. Segura as suas mãos nos joelhos e movimenta as ancas. Para cima. Para baixo. E a carne entra dentro de si. O seu olhar não se distrai. Constantemente fixo na face dele. A posição que ambos experimentam é ousada. É diferente. É excêntrica. As mãos dele agarram-se aos tornozelos dela, por cima das meias brancas. E quando Ana se sente estimulada, aumenta o ritmo dos saltos sobre o sexo dele. O arranjo que se prendia aos seus cabelos escorrega, até cair sobre o seu ombro já desnudado e rolar até à barriga desnudada do cliente. O quimono sensual dela começa a abrir-se. O laço preto que prende à cintura vai-se desembaraçando com os movimentos do ventre dela. E assim, o ombro direito fica desnudado. Pálido e suave, é um encanto para o olhar do homem, que se excita violentamente. Ana sente-o cheio dentro de si. Geme. A boca dela larga gemidos como a jovem nunca ouviu sair da sua garganta. E cada salto é um estimulo para não parar. É viciante. É estimulante. É literalmente penetrante. Porque enquanto olha para ele, Ana só pensa o quanto a tesão daquele homem entra profundamente em si. Sebastião também está louco o suficiente. Ele procura recordar-se de uma acompanhante que o tivesse satisfeito assim, com tamanho prazer. Não consegue. E a noite parece ainda agora ter começado. A excitação fervilha em ambos os corpos. A cintura dela já não salta tão alto. A sua concentração diminui. Como tentar manter-se acordada com uma tortura agradável tão intensa dentro de si. E enquanto procura cavalgar, Ana vem-se.
- Ohhh...Sinto-o tão bem, Sebastião...Ohh...eu sou sua!!...ohhh...sou toda sua, Sebastião!!
O corpo dela abana como um leque. Vibra com toda a loucura que invade o seu intimo. Ferve desde o interior da sua rata até à ponta dos cabelos. Os seus mamilos estão quentes e rijos. O quimono já não se sustém colado ao corpo. E basta um pequeno puxão para ele deslizar até cair nas pernas dele. Diante de si, Sebastião tem os seios mais excitados que se recorda de ver na sua vida. Pulam defronte do seu olhar. Por entre as mamas, o vale humidifica. E a carne que enche a pele mamária baloiça de cada vez que ela salta. A visão da portuguesa "oriental" é sublime. E no mesmo instante, entende-se o prazer que Ana ainda liberta de si. O seu corpo, coberto apenas com as cuecas brancas, deixa vagarosamente de saltar. A mão direita dela desliza pelo seu corpo. Apalpa os seios, excitando ainda mais o homem. Aperta os mamilos, aumentando a tusa que ela sente. Passeia pelo pescoço, pelos lábios encarnados, pela face pálida, até chegar à testa. Os dedos fincam no cabelo, despenteando o arranjo que ela preparou. Ana retira os paus que prendem o seu cabelo e liberta-se. Liberta tudo em si. Completamente. O seu cliente está entusiasmado. O seu cliente deseja ainda mais. O seu cliente exige alcançar a plenitude do que pode ser dado pela sua geisha, a sua oiran, a sua acompanhante...
- És a minha puta, Ana...deixa-me foder-te!
- Sim...ohhh...sim...possuí-me..ohhh....sou a tua puta!
Sebastião agarra com força nos tornozelos dela. Levanta os seus pés pesados e puxa as pernas para cima do seu peito. Ana está agora literalmente sentada sobre ele. O sexo imponente dele enche a sua rata e as suas acções estão à mercê do que ele pretende. Ela coloca as mãos sobre o tapete, ao lado das pernas dele. O homem tem os pés dela junto aos seus ombros. Mas a acompanhante continua no seu jogo. É ela quem domina, mesmo que seja mediante as pretensões dele. Ana continua a cavalgar. Mas desta vez, com a sua rata encharcada, com o vigor dele dentro de si, com o seu corpo ainda a vibrar, ela empurra o seu intimo contra a cintura dele. Intenso. Delicioso. Original. Poderoso. Extravagante. Profundamente extravagante.
- Gostas assim? Ohh...gostas mesmo?..Ohhh...és de facto...ooohhh...Ana!
- Sim!... Ohhh...sim!...Ohhh... Sebastião!...Sebastião...Ahh!!...Uhmmmm...
A nova máscara de Ana desapareceu. Neste instante, em que ele segura os seus pés e a empurra com força contra si. Neste momento, em que ela já fechou os olhos, gozando a tensão do pénis dele no seu interior. Agora que já nenhum deles cumpre a etiqueta que os fez respeitar desde o inicio do jantar. Agora sim. Este instante é um momento reservado à verdadeira máscara nocturna de Ana. Porque de geisha, apenas as sandálias pesadas e as meias brancas resistem no corpo de Ana. De oiran, ela exala apenas os gemidos deleitosos que se libertam da sua boca. Ana, a jovem do 3º direito do Edificio Magnolia é nesta noite especial, uma verdadeira prostituta. Entregue ao seu cliente, usada pela vontade imensa do homem que requer os seus serviços, aberta a todo o prazer que ele queira libertar em si. Porque no momento em que os pés de Ana se colam à cabeça dele, Sebastião vem-se. E nenhuma formalidade lhe consegue retirar o ar de perversidade que se tatua na face dele. Sebastião é um homem satisfeito. Os dois corpos rendem-se ao cansaço e à intensidade daquela foda prolongada. A base que se esbate na cara dela mistura-se com o suor libertado da testa. Ana deita-se. Sebastião suspira. Procura controlar a respiração assim que se sente o orgasmo desvanecer-se.
- Aposto que uma geisha...uma oiran...jamais poderia oferecer um prazer assim...
- Só experimentando ir ao Japão...
- Ana, quer ser sempre minha?
- Como assim?
- Uma geisha tem um dono, um homem que a possui, que toma conta de si, que a torna só dele...
- Um "danna"...
- Gostava de ser a minha gueixa?
Recuperado o fôlego de momento tão prazeirento, Ana levanta os braços. Estica-os por cima da cabeça e levanta o olhar. Tem um sorriso sinistro, sem um significado aparente. Percebe-se que ela reflecte sobre as últimas palavras. Um silêncio invade a sala. Nua, despida do seu quimono e da sua fantasia, ela veste agora a sua máscara nocturna. Com prazer, com confiança, com a certeza de quem é, do que quer e a quem quer. A noite não acaba ali. É uma noite especial, mágica até. Mas naquela posição, Ana tem uma certeza inequivoca.
Ao entrar no banho, a luz do dia que vai nascendo viçoso, penetra nas paredes brancas da casa de banho e resplandece o espirito da jovem. Ana lava o seu corpo, ainda que procure recordar tudo o que ficou tatuado na sua pele. Levemente, a sua alma transforma-se na sua máscara diária. Agora com mais vigor. Na noite passada, tudo assentou muito bem. O quimono, as sandálias, a refeição estava óptima e a fantasia excitou o seu cliente tal como ela pretendia. Mas tudo terminou. Sebastião abandonou o seu apartamento, que por umas horas se transformou numa pequena Okiya, a meio da madrugada. Na sua cama, ficaram três certezas. O conteúdo do envelope branco dá para cobrir os gastos com aquela fantasia e patrocinar uma nova. O cliente não vai procurar mais nenhuma acompanhante nas suas estadias em solo português. Ana não se entregou e jamais se deixará comprar por qualquer homem que tente torná-la a sua gueixa privada e eterna.

sexta-feira

Céu nublado com abertas

O sol intromete-se a medo pela janela do quarto. Ilumina as paredes verdes e esbate na parede castanha onde a cama está colada. A cama onde Laura e Afonso já acordaram. Antes mesmo de o sol abrir por entre as nuvens. essas nuvens que se libertaram por toda a noite incessantemente. E agora que amanhece, o sol que descobrir-se. Por baixo do edredon, Afonso está deitado em cima da sua namorada. O seu corpo despido deliza pela pele nua de Laura. A sua boca enche o pescoço dela de caricias, envolve-a de ternuras macias pelos ombros e roça pela derme feminina até alcançar o peito. As mãos longas do homem enchem os seios de Laura. Os seus lábios beijam o vale húmido. Ela geme. Liberta dos pulmões a respiração tranquila de uma noite de sono longa. Exalta em si as fantasias que viveram nos seus sonhos. E quando a boca dele lhe chupa os mamilos, Laura desperta em si a surrealidade de acordar ao lado da pessoa que ama. Afonso está encantado com o sabor que ela acorda. O sabor dos seios fofos. A delicia da barriga despida. O gosto do ventre escaldante. E ela abre as pernas delicadamente. Porque se sente enfeitiçada. As mãos do seuc ompanheiro vageuam nas suas ancas, para depois apertarem as nádegas e incendiar o desejo dela. Debaixo do edredon, Afonso estimula as sensações da namorada. A sua boca cola-se aos lábios vaginais e enterra-se na carne erógena. Fresca, suave, gostosa. A lingua penetra dentro da vagina. Saboreia os nervos sensiveis. Alcança o clitóris ainda ténue. Segura o prazer que está a despoletar no intimo de Laura. E os gemidos intensificam-se. A sensibilidade dela está ao rubro e Afonso percebe-o. As pernas dela não param quietas. As suas mãos percorrem o seu próprio corpo até tocarem nos cabelos de Afonso, que roçam no seu ventre. Ele lambe. Ela geme. Sente a lingua dentro de si. Mais do que encher, os movimentos da boca de Afonso deixam-na intensamente completa. Os seus olhos vão-se abrindo a custo. Quando abrem, cingem o candeeiro verde que se pendura no tecto. E dentro de si, ela está iluminada. Dentro de si, o céu descobre-se e ela alcança a supremacia do desejo. Dentro de si, o tempo não se encobre, como o céu lá fora. Dentro de Laura, tudo acorda, tudo rebenta, tudo se desfaz num orgasmo intenso. Como um terramoto que se abre em cada pedaço de si. Afonso recolhe o prazer da namorada. Mistura nos lábios o suco vaginal que se liberta por entre as pernas dela. Ao mesmo tempo, guarda por entre os dentes, o clitóris inchado e palpitante. Laura puxa os cabelos dele e goza. E gozar, para ela, é sentir o espaço que a segura desvanecer-se. A mulher mergulha numa enorme e envolvente nuvem cinzenta de paixão.
- Ohh, amor..uhmm...amo-te..vem cá..uhm..vem cá, por favor!
Afonso lambe uma última vez toda a largura da fenda da namorada. Passa levemente a mão para sentir a palpitação. Seguidamente, sobre novamente pelo corpo, carregando a pele de beijos. A respiração dele está ofegante e exausta. A sua lingua está tesa e os seus lábios encharcados. Ao deitar-se de novo em cima da sua parceira, ele olha-a fixamente para depois beijá-la freneticamente. Um beijo saboroso. Um beijo revelador do desejo que une os dois adultos, depois de uma noite de sonhos próximos.
- Bom dia, amor...
- És lindo! Oh...Bolas...tenho a rata a arder...
- Está bom assim?
- Está perfeito!...Estou ansiosa por mais...
- ...Deve estar a chegar....E eu tenho que ir amor...
- Tens a certeza que não queres ficar?
- Não, não tenho...Mas tenho que ir trabalhar...
- Confias em mim?...
- Se me contares...confio...Continuas a ser minha...
Ele sorri e volta a beijá-la. Sai da cama e imediatamente pega na roupa interior para vestir. E enquanto efectua estas acções, Laura assiste. Aguarda na cama, aproveitando o calor que ali ainda se instala. Afonso está preparado para sair, rumo a mais um dia de trabalho. Aproxima-se uma última vez da sua namorada e entrega-lhe um beijo colado.
- Quero que me contes tudo...Não pode escapar um pormenor.
- Se estiver lúcida para isso.... - responde ela com um sorriso.
O dia levanta-se. Ainda assim, as nuvens teimam em encobrir o sol. Contudo, não conseguem tornar o dia mais frio. Porque no quarto do 2º direito, a manhã está quente. E ainda agora começou.
Doze minutos depois do seu namorado sair do Edificio Magnolia, a campainha do apartamento de Laura toca. No imediato, ela levanta-se da cama, nua e ainda inquieta com o minete que o próprio namorado pintou no seu sexo. Abre a porta de entrada do prédio e depois abre ligeiramente a porta de sua casa. Em trinta segundos, Diogo entra no apartamento e sorri para a mulher. A presença do namorado de Sofia àquela hora, sozinho, na casa do seu casal amigo tem um motivo. O encontro inusitado dos dois amigos, sem os parceiros respectivos, tem uma razão de ser. Tudo começou na noite anterior, cerca das dezanove horas. Afonso sugeriu à sua namorada um convite a Sofia e Diogo para jantar fora. Diogo informou por telefone que infelizmente eles não podiam. O convite surgia muito em cima da hora. Afonso, por intermédio de Laura, voltou a fazer uma nova sugestão. Um pequeno almoço a quatro, mal o sol levante. Diogo responde que a sua namorada não tem essa possibilidade. Começa o trabalho antes do sol levantar. Diogo afirma ainda que teria todo o gosto emtomar o pequeno almoço com o casal. No entanto, ele só poderia chegar à rua do Edificio Magnolia uma hora depois do sol se levantar. Após um silêncio sinistro, Afonso aceita. Uma hora depois do sol acordar, ele já está a trabalhar. Ainda assim, concorda com tal encontro. Mesmo que ele não esteja presente. O sim que Laura entoa da sua voz para Diogo ao telefone é uma confirmação de que a quadratura aceita um encontro de dois vértices. Mesmo que os outros ângulos não estejam presentes. A situação só pode ser proibida. Escaldante e atrevida. Perigosa e intensa. Vibrante e ansiosamente desejada. E ninguém guarda em si tanto desejo por aquele momento como Laura.
- Vem cá... - diz ela.
Sem palavras, sem conversas de rodeio. Sem qualquer tipo de acções que podem apenas fazer perder tempo. Laura segura no casaco de Diogo e puxa-o para o quarto. Tira-lhe a peça de roupa e senta-se na cama. Diogo está excitado. Ele esperava um pequeno almoço. E no fundo, o que ele recebe é uma refeição despida. Ela tem-no de pé, à sua mercê. Abre-lhe as calças com um sorriso ansioso na face. Quando a peça de roupa cai no chão ela aproxima a cabeça dos boxers dele e dá um trincada forte no chumaço. Diogo liberta um gemido. Acaricia os cabelos da amante, incitando-a a continuar. Laura enche a sua mão com o seu pedaço de loucura. Puxa os boxers para baixo e descobre o pénis entesado do homem comprometido. Segura-o novamente com a mão e esfrega-o vigorosamente. Escorrega a ponta à volta dos lábios, provando calmamante o pedaço de carne.
- Contaste à Sofia?...Uhm?? - perguntou ela.
- Que estou aqui?...Sim...Ela sabia o que querias...Não és a primeira que prova o meu sexo hoje...
- Uhmm....Assim deixas-me excitada...
Laura está de facto entusiasmada. Coloca a ponta do pénis do amante na boca e chupa-o. Ele volta a gemer. A mão esquerda da anfitriã segura as bolas dele. A mão direita desliza pela sua própria coxa e viaja até ao seu intimo. Entre as pernas, os seus dedos estimulam a rata ainda quente. Ela chupa e vai massajando a picha de Diogo com os seus lábios. A mulher larga um gemido, demonstrando o seu agrado pelo sabor que se mantém na pele do homem. Chupa agora com mais intensidade. Prova tudo o que pode, excitando Diogo. Os dedos dele tocam nos cabelos dela. Os seus olhos cerram levemente. E assim que o seu sexo se molha com a boca da amante, ele aproxima ainda mais o seu corpo. Laura continua a chupar. Procura levar o homem à maior excitação possivel. E ele está inchado. Geme de cada vez que os dedos dela apertam um pouco mais os testiculos. O sol começa a abrir-se novamente. A luz volta a entrar no quarto ao mesmo tempo que Diogo enlouquece com o broxe. Laura está completamente excitada. A leve masturbação que os seus dedos exercem no clitóris alimentam o fervor que está dentro de si. Ela retira o sexo dentro da boca, lambe a ponta e depois deita-se na cama. Diogo está frenético. Está a um passo de se vir, mas contava que isso acontecesse na boca da amante. Contudo, ela pretende mais.
- Prova-a...Quero que entres em mim...
Ele tira a camisola e ajoelha-se na cama. Segura as pernas dela já abertas e olha para a rata da mulher. Laura oferece a sua excitação, o seu corpo, a sua ansiedade em ter o homem dentro de si. Diogo não consegue aguentar mais. Os seus joelhos empurram as nádegas da mulher, levantando ligeiramente a sua cintura. O sexo do homem, já chupado pela sua namorada e pela sua amante, entra veemente dentro da rata de Laura, já encharcada pela boca de Afonso. As pernas da mulher estão colocadas sobre o peito dele. Ela geme quando sente a picha imponente a entrar dentro de si. Olha afincadamente para o amante e sorri. A foda ansiada pelos quatro adultos começa agora.
-
"- E depois?" - diz Afonso, do outro lado da linha.
- Depois ele comeu-me... - responde Laura.
"- Como? Diz-me como...Eu quero saber!"
- Oh, Afonso... Ele entrou em mim...Estava tão grosso...Enorme mesmo...E eu ainda tinha a rata molhada...
"- Gostaste?"
- Delirei!...Ele segurava o meu corpo e eu só me conseguia lembrar da tua boca no meu clitóris...ohh, amor...se tu visses...
"- Vieste-te?"
- Sim....Não foi preciso muito. Ele entrava em mim tão cheio e...
"- E tinhas a rata a arder..."
- Tanto! Ele segurou o meu rabo e só parou quando se quis vir.
"- Onde é que ele se veio?"
- No sitio onde mais gostas....
"- Sério?"
- Ainda tenho as mamas quentes...
"- Ele ainda aí está?"
- Não....saiu há dez minutos...
"- Nem tomou o pequeno-almoço?"
- Não. Fodeu-me, veio-se e....
"- E?...."
- Perguntou se eu gostava do sabor da Sofia no sexo dele...
"- E gostaste?"
- Adorei!... Quero-a tanto, amor...
"- Já ligaste à Sofia?"
- Já...Ela sabia exactamente o que o gajo ia fazer...Estava desde que saiu de casa à espera que o telefone tocasse...
"- Excitada?"
- Está louca para que ele chegue a casa.......Amor?
"- Sim?"
- Vais-me foder quando chegares a casa?
"- Preciso de te ter...Preciso que saibas que te quero mais do que ele te quis..."
- Vais-me foder ou não?
"- Sim...vou...Onde estás agora?"
- Na casa de banho...Vou tomar um longo duche...Vou-me tocar...A pensar em ti...Mas a pensar em como ele me fodeu...
"- Vens-te a pensar em mim..."
- Uhm....não sei....
"- Laura!......."
- Eu amo-te! Amo-te loucamente.....Volta depressa.
"- Espera por mim."
A chamada é terminada de ambos os lados. Laura ainda tem uns minutos antes de ir trabalhar. Contudo, não vai tomar banho. A loucura da manhã, primeiro com Afonso, depois com Diogo, deixou-a saciada. E ela não pretende retirar aquele cheiro para já. Ela quer ir trabalhar com um cheiro intenso a sexo. Se vir Sofia, isso será uma provocação. Ela ainda quer ter a rata a latejar quando, ao final da tarde se volta a encontrar com o seu namorado. Assim, Afonso irá entender o que sente a sua mulher quando ela tiver no seu corpo o sabor da quadratura em que os dois casais se envolvem. Como o céu que agora clarifica o sol, a relação deles está cada vez mais aberta.

quinta-feira

Chuva intensa

Chove a cântaros. Cai água no chão da cidade a potes. Nas palavras do povo, chove o que Deus lhe dá. A pluviosidade desta noite assemelha-se a um manto de água, feito de imensas gotas gordas e passível de encharcar qualquer corpo até aos ossos. Por outras palavras, a meteorologia desta noite, convida a ficar em casa. A sala está acolhedora. Aquecida. Intima. Romântica. Os olhares cruzam-se. Comunicam palavras silenciosas de desejo entre si. Transmitem uma quimica ardente que se sente. Se chuva pingasse daquele tecto, fervia. Maria José e Henrique partilham a mesma refeição. Preparado pela mulher e apreciado pelo convidado, o jantar decorre com algum silêncio. Ouvem-se os pingos de chuva que batem no vidro da janela. Ouvem-se os talheres a tilintar entre si e nos pratos. Ouve-se a ruidosa troca de pensamentos entre os dois. Henrique vai levantando o olhar a cada garfada. Maria José tem o sorriso fixo no seu inusitado amante.
- Ainda não me disseste o que estamos a comemorar... - pergunta Henrique.
- Temos que estar a festejar alguma coisa só porque te faço o jantar?
- As velas, o ambiente calmo, o teu sorriso...o teu sorriso é sempre sinónimo de uma felicidade enorme dentro de ti...
- Verdade...
- Então?!...
- Faz hoje vinte e três anos que me casei...
- E?...Isso é mesmo um motivo para festejar?...Maria José, não sei se te apercebeste, estás divorciada...
- Por isso mesmo!...
- E porquê comemorar isso comigo?
- Sei lá!...Porque acordei mal disposta. Porque tive que almoçar sozinha. Porque passei a tarde toda a chorar.... Estou a comemorar contigo porque não quero mais pensar naquele homem. Porque me sabe bem estar contigo. Porque me apetece ter-te...
Henrique engole em seco. Não que ele não saiba que naquele jantar está implicito uma sobremesa mais longa e saborosa. Não que não lhe apeteça ouvir palavras quentes da boca da cunhada. Mas a progressiva mudança nas atitudes da irmã da sua esposa desaparecida, surpreende-o constantemente. Maria José levanta-se. Ainda não terminou a refeição, mas está decidida. Desliza a mão pela mesa e aproxima-se do seu amante. Passa a mão pela sua face, sorri para ele, vagueia a mão por todo o corpo dele até chegar à cintura e ajoelha-se. Mantém o olhar preso à face de Henrique e abre-lhe as calças. O homem percebe. Entende o que ela pretende. Antecipa as acções dela. Pousa os talheres e movimenta-se na cadeira. Ajuda Maria José a retirar parte das calças. O seu sexo já está excitado. É esse o poder que os olhos intensos da mulher têm sobre ele. É esse o poder que as mãos finas dela exercem sobre o seu corpo. A professora retira o sexo dele dentro dos boxers masculinos. Confiante e convicta do que aquela noite ainda lhe pode dar, ela enche a sua mão com o pedaço de carne rija e molha a ponta com os seus lábios. Apesar de atordoado com a precipitação de acontecimentos naquele jantar, Henrique deixa-se levar. Abre as pernas e assiste ao broche que a mulher iniciou. Calmamente, ela chupa o objecto do seu desejo. Exerce pressão sobre a carne sensivel da ponta e segura todo o sexo. A outra mão puxa o tecido da roupa interior para baixo, descobrindo todos os órgãos genitais do homem. Procura apalpar tudo o que é possivel, de modo a saber o que tem em mãos. Insere a picha progressivamente na boca enquanto pendula a sua cabeça para cima e para baixo.
- Uhm... Maria José...Tens que deixar isso para trás... Tens que esquecer que ele existiu.....uhmm...Ou pelo menos tens que esquecer que ele existe na tua vida...ohh....
Maria José está ajoelhada, com o rabo sentado em cima dos calcanhares. Pousa os cotovelos em cima das coxas dele e concentra-se em cada movimento que faz. A sua boca enche-se quase toda com o sexo empolgado dele. Calmamente. Mesmo muito calmamente. O broche é feito com delicadeza, com ternura, como demonstração de querer dar algo à sua companhia desta noite. E com o prazer carnal dentro da boca, Maria José vai esquecendo o verdadeiro significado deste dia.
- Sabe bem... Sabe mesmo bem... Ele de facto não sabe o que perde...nunca soube o que tinha...uhmm....és fantástica...uhmmm....
Ela agarra as bolas. Enche a mão com tamanho volume. Coloca a boca toda de novo a envolver o pénis e chupa com força. Mantém-se assim por cinco segundos e depois puxa a cabeça para trás. Volta a erguer o olhar e sorri para ele. Faz força nos joelhos e levanta-se. Roça os lábios na pele madura da face dele e beija-lhe a orelha. Pega na mão dele e puxa-o.
Henrique já não tem calças, nem tão pouco cuecas. Está de pé diante da sua amante. Maria José está sentada na sanita da casa de banho. Apesar de ainda estar de lingerie preta, a mulher está apenas sentada. As suas mãos suaves acariciam as coxas dele e deslizam até às nádegas firmes do homem. O olhar dela ainda está fixo à face do homem. Sorri para ele, mostrando-lhe que ainda pode dar mais. A sua mão empurra a cintura dele para mais perto de si.
- És uma mulher bonita...Inteligente...Quente....
A boca dela procura a ponta do sexo masculino. Segura-a com os dentes e chupa-a ligeiramente. O corpo de Henrique mantém-se de pé, entre as coxas da mulher que se senta na porcelana branca. As mãos dele passam pelos cabelos loiros da mulher. A palma da mão esquerda de Maria José levita com sensibilidade as bolas que descaem por baixo do pénis.
- Ainda tens muito para dar...ainda tens tanto para receber...uhm...simm...só te podes apaixonar ainda mais...cometer loucuras até...amar de novo, quem sabe....uhm...não pares...
A palma dos dedos da mulher colocam-se por trás dos testiculos e empurram um pouco para si. O polegar faz a força oposta de uma forma ligeira. Maria Jose segura as bolas com uma delicadeza impressionante. Ao mesmo tempo, engole o sexo todo. Fá-lo escorregar na sua lingua. Molha-o de cada vez que volta para trás. E depois, retorna a saborear. Maria José chupa o amante como se nunca o tivesse feito na vida. Como se quisesse saborear aquela carne até à exaustão. O seu membro direito quase abraça a cintura de Henrique, obrigando-o a movimentar-se.
- Oh...sim... Eu gosto de estar aqui, Maria José...gosto das noites que passamos...das fodas loucas a...uhmmm...das fodas loucas a meio da tarde....gosto como me chupas....uhm...é tão bom...
A lingua dela atravessa toda a parte inferior da picha. Chupa as bolas, ao mesmo tempo que continua a puxar levemente os testiculos do homem. Os seus gemidos abafados, o seu olhar que pendula entre o trabalho que efectua e a procura em atingir o olhar do homem e a busca em intensificar o ritmo das chupadelas, demonstram que Maria José está a gostar. Está a sentir que Henrique não recusa o prazer da sua boca madura. E que aguarda. E aguarda imenso. Ao primeiro gemido mais intenso do homem. À primeira sensação escaldante que provém das bolas dele. À inevitável sensação de excitação extrema da picha dele. Maria José pressente que o homem começa a ficar louco com o broche. Ela tira a carne da boca, aperta os dedos com força por um segundo no chumaço e olha para ele.
- Vai para o quarto. Deixa-me agora fazer xixi... - diz ela.
E aguenta o sorriso. Aguenta a palpitação nos lábios fervorosos. Aguenta a excitação no seu amante, surpreendido por ela parar de novo de chupar. Maria José puxa as cuecas pretas para baixo no mesmo momento em que o homem sai da casa de banho.
Henrique está ajoelhado, mas firme, em cima do colchão da cama da mulher que lhe arrendou o 1º direito. Entre os seus joelhos, debaixo de si, está Maria José. Deitada, apenas vestida com as cuecas e com a picha entesada dele no vale dos seus seios. As suas mãos apalpam as próprias mamas. e apertam-nas contra o sexo dele. Brincam com ele. Excitam-no com a humidade que percorre a pele macia e pálida do seu peito. Os bicos entesados roçam na ponta do brinquedo sexual. O sorriso dela não descola. Liberta-se da sua face entusiasmada e é enviado para a alma dele. Henrique sente a mulher excitada. Há na professora uma sensação de necessidade. As amarguras que povoam o seu espirito, misturadas com o desejo que subitamente invadiu o coração e o corpo dela, transmitem a imagem de uma mulher ansiosa e desejosa de sexo, de paixão, de carne, de envolvimento. É um despertar surreal. E nem a Henrique ela consegue esconder isso.
- Tens sido fantástica...Põe...uhm...tens sido uma amante incrivel...tens-te entregue como eu jamais poderia imaginar....uhm...Põe na tua boca....
Ele segura no seu próprio sexo e coloca-o diante da boca da mulher. Maria José volta a agarrar as bolas com força e coloca a picha toda na sua boca. Desta vez, ela sente um sexo inchado, grande demais para ela o poder engolir por completo. Desta vez, ela sente-se livre para gozar todo o prazer. Desta vez, ela cerra os dedos com alguma pressão na carne do sexo dele.
- Ooohhh....Maria José...uhmmm....o que é que mudou em ti?!...Uhmmm...Estás diferente...tão diferente!....
A cabeça dela procura mexer-se. Mesmo estando debaixo dele. Mesmo estando com os movimentos mais presos, a professora mexe a cabeça por forma a conseguir chupar toda a picha. E consegue. E deixa-o louco. As bolas dele escorregam pelos seios fofinhos da mulher. Ajoelhado na cama, numa posição de posse, Henrique sabe, contudo, que é ela que o está a controlar. Limita-se a assitir ao broche longo, delicado, calmo, mas poderoso que a amante exigiu. A intensidade dos movimentos da boca de Maria José é tenebrosa. Para a frente e para trás. Molha o sexo, passa a lingua pela ponta, com toda a carne a encher a boca, trinca a base do sexo, puxa a cabeça para trás e roça os dentes em toda a extensão do pénis. Henrique enlouquece. Sente-se a explodir.
- Tu nunca foste assim..uhmmm....Nem mesmo quando eras casada....ohhhhh! Agora estás mais... ohhh... Estás mais solta... uhmm... ahh... Estás mais... ohhh, Maria José... sim.. oohh... siim... estás mais...ohhh....cabraahh!...Ohhhhh...siiiimmm!...
Um jacto de prazer é libertado do sexo dele quando a mulher acaba de chupar a ponta. O resto do gozo de Henrique é espalhado pelo pescoço enrugado da amante, pelo peito aberto da mulher, pelos mamilos escaldantes da professora, por quase todo o corpo de Maria José. Ele vai perdendo forças e o seu corpo pendula na direcção dela. E tudo o que ela chupou ao seu amante. E tudo o que ela ouviu da boca do seu cunhado serve apenas para ela confirmar a si mesma que está solta. Maria José é uma mulher livre, sem datas nostálgicas para recordar e atormentar, sem amantes que a façam sentir alguém presa à idade. No momento em que se ri e em que esfrega o sexo consolado de Henrique, Maria José ama o que é e como quer continuar a ser.
- Ainda quero entrar em ti, Maria José...Ainda tenho vontade de te comer, de te provar de te fazer...
- Não Henrique...és um homem lindo e hoje iria querer-te toda a noite.
- Mas...
- Mas hoje, infelizmente....não posso.
Limitados por condições fisicas dificeis de contornar, os dois adultos limitam-se a saborear o prazer daquela noite em que podem adormecer juntos. Agarrados um ao outro, quase nús. Envoltos num lençol caloroso. Guardados por uma paixão peculiar. A chuva cai lá fora a potes. Entoa uma sinfonia descoordenada mas melodiosa. Aos ouvidos dela, tudo parece simples naquele serão. Pode chover toda a noite, mas a felicidade de Maria José resume-se assim.

quarta-feira

Neblina matinal

As rotinas são feitas de pequenos gestos inconscientes. Os hábitos caracterizam-se por ideias moldadas na mente, preguiçosa de as querer alterar. No Espaço Magnolia, os clientes são rotineiros. Habituam-se aos mesmo gostos, a reagir aos mesmos estimulos sensoriais. Se for dia de batido de morango, eles bebem batido de morango. Se só houver de chocolate, será o melhor batido que já provaram. Se nem sequer houver batido, alguma coisa melhor um funcionário consegue sugerir e fazer com que agrade aos clientes. Às oito e meia da manhã, cada mesa tem lugar reservado. Os clientes habituais sabem a mesa que normalmente está reservada, porque cada um costuma sentar-se no mesmo sitio, levantar-se à mesma hora, pedir quase sempre o mesmo. Às oito e meia da manhã, um cliente que não seja regular neste horário, tem dificuldade em encontrar um sitio para se sentar.
- Posso sentar-me aqui?
Rafael tentou procurar em toda a amplitude do Espaço um lugar vago. Um lugar onde ele pudesse tomar um café com leite vagarosamente. No entanto, tudo está quase ocupado. E as cadeiras que estão vagas situam-se em mesas onde o professor improvavelmente se sentará. A mesa onde Ana toma o pequeno-almoço apresenta-se como a solução mais razoável para ele conseguir pousar a chávena e sentar-se.
- Eu sei que que normalmente não faria isto...sei que não provavelmente não estás para ai virada, mas já que tem que ser, pergunto-te, posso sentar-me aqui?
- Estou quase de saida...Sim, podes sentar-te. Se eu não for incómoda para ti.
Ele ri-se. Pousa a chávena na mesa e senta-se, do lado oposto da mesa. Ana, que até aqui estava perfeitamente tranquila, absorta de todo o rebuliço em redor, altera a sua postura na cadeira, de forma a encaixar-se na presença que invade a sua mesa. Ela vai concluindo a sua refeição. Ele mexe a chávena e procura olhar para a vizinha. Um silêncio acumula-se naquele espaço. Parece que absorve todo o barulho do estabelecimento.
- Estás diferente... - diz ele.
- E em que ponto é que isso te interessa a ti?
- Estás diferente.
- Possivelmente. Estou a vestir roupas novas. Este croissant tem um doce especial. Fui ao cabeleireiro ontem....
- O cabelo! Tens o cabelo diferente.
Ana está efectivamente diferente. Quebrou uma rotina quanto ao seucorte de cabelo. A roupa, apesar de ser nova, mantém o estilo da sua máscara diária. A sua pele tem um tom matinal, pálido. O seu olhar guarda nas pálpebras as poucas horas de sono da noite anterior. Mas o seu cabelo está claramente diferente. Esticado, mantendo aquele tom castanho escuro. Ana manifesta um ar mais maduro, mais reservado, mais intimista. E no entanto, aquilo ainda é a sua máscara.
- Quero pedir-te desculpa pela conversa do outro dia.
- Qual conversa?
- Do elevador...
- Estavas a falar comigo?
- Não...
- Então porque pedes desculpa?
- Não a fodi.
- E o que tenho eu a ver com a tua vida sexual?
- Porque se notou que ficaste incomodada.
- Conheces-me mal. Lá por seres meu vizinho, julgas que sabes os meus estados de espirito?
- Estás mal disposta?
- Não...Apenas não gosto de pessoas presunçosas ao pequeno-almoço.
- O que preferes, então? Homens bem vestidos, com dinheiro e com poder para te ter?
- Mas afinal, o que queres tu?!
Ela levanta ligeiramente o tom de voz. Pela primeira vez, dirige frontalmente o olhar para Rafael. O instrutor mantém um sorriso deveras presunçoso.
- Quero-te comer. - sussura Neves.
A jovem baixa o olhar. Engole em seco e depois dá a última dentada no croissant. Bebe um trago de café com leite e volta a fixar o olhar no homem.
- Não podes. - responde ela.
- Não posso porquê? Tenho que pagar?
- Achas mesmo que sou assim tão reles?
- Diz-me tu.
- Os clientes que tenho são escolhidos mais a dedo. Talvez tenham mais classe. Talvez sejam mais cavalheiros do que aquilo que queres aparentar ser. Talvez me possam dar mais do que dinheiro. Mais do que alguma vez pensaste dar.
- Amor?!...
- Paixão! Intensidade. Comprometem-se em não me enganar.
- Eu engano alguém? Achas mesmo que te iria enganar?
- Estarias disposto a pagar?
- Não...
- Então porque me chateias?
- Estás-me a dizer que não eras capaz de foder comigo, só por foder?
- Não sou a tua puta...Não sou o teu engate desta manhã.
- És mais do que isso. Quero-te na minha cama. Mas recusaria a pagar para ter sexo com uma mulher. Mesmo uma mulher como tu.
- Uma mulher como eu?
- Irresistivel. Inesquecivel. Imperdivel...
- A tua lábia conheço eu.
- Ana, eu quero-te. Vem para minha casa.
- Não costumo ir para casas de clientes.
- Eu não quero pagar.
- Então nada feito.
- Na tua casa, então...
- Fazemos assim. Vamos para minha casa, sou eu que decido o que vamos fazer e no fim deixas um envelope branco antes de sair. Não aceito menos que duas notas grandes.
- Não te pago.
- É pegar ou largar.
- Fazemos assim. Até chegarmos lá acima, ao terceiro andar, eu convenço-te a entrares na minha casa, fazemos o que quiseres, fazemos aquilo que nos der na real gana. E no fim, vais sorrir para mim e ansiar por mais. Sem dinheiro, sem compromissos.
O silêncio volta a invadir a mesa. Rafael não se desfaz do sorriso. Ana mantém a sua postura séria e algo distante. As regras de Ana, a sua postura está a balançar numa linha ténue entre a máscara diária e a máscara nocturna. O seu semblante já não consegue esconder a atracção por Rafael. Ela quer o homem. Mas não se quer entregar a ele. Ela quer o homem. Sentir que ele cedeu e recompensar financeiramente os seus dotes de acompanhante. Mas defronte de si, Ana tem um homem teimoso. Confiante e presunçoso. Determinado a levá-la para a cama, da forma que ele pretende. E isso não pode deixar de a seduzir. Mas ninguém quer ceder. Alguém tem que ceder. Porque já não se consegue esconder a atracção que existe entre ambos. Ana estica a mão com uma nota que serve para Vasco pegar e pagar o seu pequeno-almoço. Ainda assim, não retira o olhar de Rafael. Seriamente, ela estuda-lhe o perfil e encara-o como um novo cliente. O instrutor estabiliza a sua postura na cadeira. Sabe que conquistou o desejo da acompanhante. Mas está convicto de que ela não vai ser a sua prostituta. O silêncio continua. O silêncio absorve a racionalidade. O silêncio engole o orgulho dos vizinhos do terceiro andar do Edificio Magnolia.
A ausência de som envolve os dois corpos, assim que estes entram no Edificio. Ana e Rafael não se tocam, mas estão distantes um palmo um do outro. O elevador está já no primeiro andar. Abre-se a porta e eles encerram-se lá dentro. O botão do terceiro andar é pressionado.
- Quando este elevador chegar ao terceiro andar, eu vou voltar à direita. Se quiseres entrar, vens com a carteira preparada. - informa Ana.
- Queres apostar o valor que pensas receber em como vamos entrar os dois juntos do lado esquerdo? - insinua Rafael.
Número um. O elevador toma a sua marcha. Número dois. O cubículo prossegue e o silêncio é retomado misturando-se na ansiedade que se abate sobre os passageiros. Número três.....O elevador não alcança o terceiro andar. Subitamente, há um corte de energia. O elevador pára bruscamente, a luz que carregava a iluminação da caixa apagou-se. Uma escuridão vazia apodera-se daquele espaço. Sem se conseguirem avistar um ao outro, Rafael e Ana ficam impávidos. Não percebem exactamente o que se passa. Falha de luz geral? Avaria do elevador? Só é perceptivel a respiração dos dois adultos.
- Porra! O que é isto?! - diz Ana, ligeiramente preocupada.
- O elevador tem andado avariado...
- E ainda ninguém resolveu o problema?
- Eu falei com a Helena no dia da reunião e ela garantiu...
- Aposto mesmo que estiveram a falar...
- Desculpa? O que é que queres dizer com isso??
- Nada...devem mesmo ter estado a falar...Carrega no botão de emergência, Neves...por favor...
- Isto só pode ser um sinal..
- Quase......Um sinal do quê?
Ele silencia. Ana está literalmente às escuras. Tem a sua mão colada ao espelho do seu lado, de forma a ter percepção do que a pode rodear numa área tão minúscula. Num espaço de tempo reduzido a dois segundos, ela sente a respiração do homem próxima. Sem saber exactamente o que o homem pode estar a fazer, sem poder antecipar qualquer gesto, Ana bloqueia. E imediatamente sente a mão dele a segurar o seio direito dela. Ela quer reagir. Ela quer afastá-lo. A máscara nocturna de Ana quer fazer parar toda a precipitação do seu vizinho. Mas a máscara diária aperta-lhe o coração. Sobressalta o peito dela. O apalpão de Rafael faz vibrar todo o corpo da jovem que quando acordou na manhã de hoje, não esperava esta contradição dentro de si. O homem tem o corpo dela na sua mão. Acaricia o seio como se o conhecesse de antemão. Aquece-o por debaixo do soutien, por debaixo da camisola de algodão preta decotada. E quando ela liberta um gemido seco, ela já não consegue esconder a rendição às mãos de Rafael. A outra mão dele chega até ao rabo da jovem. Ele puxa-a e empurra a mulher contra a porta do elevador. Agora estão as duas mãos a envolver as ancas de Ana. Escorregam pelas nádegas cobertas pelas calças de lycra pretas que ela veste. Rapidamente, ela puxa o fecho das calças para baixo e retira o sexo de dentro das peças de roupa. Continua a acariciar o rabo redondo de Ana. Ela respira fundo. Geme. Tudo nela se transforma. Tudo nela mergulha numa enorme sensação de desejo. Racional ou não. Os cotovelos dela encostam-se ao aluminio da porta e a sua testa longa repousa sobre o braço. Ela fecha os olhos, movimenta levemente as ancas e aguarda. Os dedos de Rafael puxam as calças coladas ao rabo da nova amante. Puxar a tanga preta. Deslizar os dedos na pele fina e sedosa. Escorregar o indicador por entre as pernas femininas. Abrir os lábios vaginais. Introduzir vagarosamente o dedo. Molhá-lo por entre os lábios pequenos. Mergulhá-lo no interior da rata da mulher que agora se obriga a abrir ligeiramente as pernas e soltar um gemido intenso.
- Fode-me logo!...não é isso que queres?
Rafael solta um riso. O mais dificil foi alcançado. Agora ele sente que domina a jovem. Sente que a tem na ponta do dedo. E enquanto faz cócegas no clitóris dela, abre-lhe a nádega e roça o sexo na sua pele. Excitada, envolvida e húmida o suficiente, Ana sente o dedo sair e imediatamente um pedaço de carne mais grosso entrar dentro de si. Escorrega. Fervilha os nervos que transmitem uma sensação intensa até ao seu cérebro. O dedo molhado de Rafael desliza pelo rabo dela e sobe pelas costas, levantando a camisola preta da parceira. E continua a escorregar. Para dentro e para fora. Os braços de Ana vão cedendo e deixam o seu corpo pender um pouco. O seu rabo fica mais à mercê dele. Rafael sente-se possessivo. Entra. Sai. Prova a rata que tanto desejou. Entra. Sai. A palmada que é dada na nádega dela, é apenas um estimulo da perversidade que aquele momento contém. Ela quer. Mas ela não o quer. Não o pode querer. Não assim. Não com a sensação de que foi derrotada pela presunção dele. Ela não quer. Mas ela quer. E Ana tem agora a certeza de que não o poderia evitar. Entra. Sai. Ele puxa camisola dela para cima, até descobrir o soutien preto dela. Entra. Sai. Ana está excitada e agora nada pára aquela sede. No escuro do elevador, ela só pode sentir e escutar. Tudo o resto é sentido no vazio. Entra. Sai. E a loucura dele atravessa-lhe todo o corpo. Começa na mente dele, sabendo que fode uma puta sem qualquer compromisso. Percorre o corpo, atravessa o peito, sente-se nas pernas e extravasa no sexo inchado do homem. Rafael vem-se na rata de Ana, no momento em que ela começa a gemer com mais intensidade. No instante em que ela cedeu por completo à irracionalidade. No momento em que ela o sente em todo o corpo. Entra. Sai. As últimas penetrações de Rafael são feitas a custo, mas há ainda um vigor a encher o seu sexo. Mas as suas pernas fraquejam. O homem liberta-se dentro da acompanhante e de imediato retira-se do interior da rata. Ana percebe que ele vai parar. Ergue o seu corpo e no escuro vira-se para ele. Procura com as mãos o seu peito e empurra-o contra a outra parede de vidro.
- Não penses que vais parar agora.... - diz Ana - Não penses que vais parar quando eu ainda não tive o meu prazer...
Ouve-se um riso. Mas Rafael está exausto. O desejo ardente e a ansiedade que se mistura por entre a adrenalina do local e a perversidade de conquistar uma mulher assim daquela forma, obrigaram o homem a libertar todas as suas forças. No entanto, ele sente-se capaz de mais. E ela quer mais. O corpo de Rafael escorrega pelo espelho e senta-se no chão. Ana tira a camisola. Ela está completamente excitada. As suas calças de lycra já cairam até aos tornozelos. Ainda assim, ela posiciona os seus pés ao lado das pernas dele. Dobra os joelhos e sente a picha tesa dele a roçar de novo na sua rata molhada. A luz que ilumina habitualmente o elevador volta subitamente a acender-se. O elevador continua parado, mas eles continuam absorvidos no momento. Sem sequer o beijar, Ana senta-se em cima do sexo do homem. Entra. A carne escaldante de Rafael penetra fundo no intimo da jovem. Ela geme. Ela segura-se com as mãos à cara dele. O olhar deles cruza-se. Rafael segura com uma mão as costas dela e com a outra apalpa de novo as mamas redondas. Dentro daquele soutien, o peito da acompanhante ganha uma beleza estonteante. E isso estimula Rafael. Quando ele toca na pele macia dos seios, a picha dele incha. Ela sente-o. Flecte os joelhos e salta. Sai e entra. Ela tem dificuldades em suster o seu corpo em cima dele, com as pernas presas. Sai e entra. Os gemidos dela intensificam-se. Carregam em si um desejo enlouquecido. Ela segura-se ao pescoço dele. Procura certificar-se que o sexo dele não sai dentro de si. Sai e entra. Rafael puxa o soutien e liberta as mamas. Os bicos da acompanhante estão rijos. Quentes, húmidos e rijos. Ele sente-os. Prova-os com a boca e chupa-os até ao limite. Empurra o corpo dela contra si e saboreia as mamas deliciosas. Sai e entra. Rafael dobra as pernas e confirma que o corpo da amante se segura. As mãos dele voltam a apalpar o rabo firme da jovem e levantam as pernas. A posição é excêntrica. Ana está apoiada com as costas nas coxas dele. A ponta das suas sapatilhas já escorregam na parede do elevador. E a cabeça dele pende para comer o seu peito. Sai e entra. Sem parar. Ela acaricia os cabelos dele e enquanto se vê ao espelho naquela foda inusitada, ela sabe a loucura que comete. Ela sabe que está num fio muito ténue. Sai e entra. Por entre a ousadia do seu papel de acompanhante e a sua máscara de jovem que gosta de se divertir, Ana liberta o seu prazer. Todo o seu corpo vibra. E Rafael sente o prazer dela enquanto agarra as coxas dela. Ela deixa encostar um pouco mais o corpo para trás. O seu braço direito ergue-se e alcança o painel de botões do elevador. Carrega no botão de emergência e deixa cair os braços para trás. A campainha soa e Ana está a vir-se. Sai e entra. No chão daquela pequena caixa, o homem sem compromissos comeu a acompanhante. E os dois vizinhos contrariaram todas as suas convicções. Mesmo que no fundo, ambos estejam a conseguir aquilo que desejavam. Foder com o inquilino do lado.
- Ohhh.... cabrão..ahhhhh.... era assim que me querias foder?...Ahhh... pára...uhmm..pára...
A disparidade do som libertado pela campainha de emergência, obriga a que eles se procurem libertar daquela posição. Ana esta a voltar a si. O prazer que ela procurou depois de se ter entregue ao instrutor dissipa-se. cedo ela volta à realidade e percebe que está meio despida num sitio perigoso. Até mesmo nas certezas da sua máscara nocturna, ela sabe que existem regras a cumprir. Até mesmo na lealdade do seu papel diário, a jovem sabe que se for apanhada pode prejudicar a sua imagem social perante os vizinhos. Já de pé, Ana veste-se. Rafael acompanha-a. Ergue-se e mesmo que haja um sinal de alarme, ainda a procura. Encosta-a à parede e aproxima-se a um dedo de distância da boca dela. O beijo poderia acontecer. Mas o orgulho de ambos evita o que seria óbvio. Um olhar silencioso ocupa o espaço que os distância.
- Tens um sorriso delicioso!
- Deves-me duas notas grandes, cabrão.
Ana liberta-se dele, no mesmo instante em que a porta do elevador se abre. E mesmo que ela tenha fugido, directa para o seu apartamento. Mesmo que Rafael fosse imediatamente pedir justificação a Helena, que abriu a porta do elevador de emergência. Mesmo que os dois vizinhos voltassem a estar separados, há uma certeza. Uma rotina foi quebrada. O hábito de haver um ditanciamento entre os dois foi alterada. Precipitou-se na insegurança de tal afastamento. O desejo de ambos é inquestionável. No entanto, ninguém cede. Ana não se quer apaixonar pelo homem, mas quer ter prazer com ele. Rafael não se quer apaixonar, nem tomar um compromisso. Mas aquela mulher tira-o do sério. E pagar por algo que é recíproco, não faz sentido para ele. Para a acompanhante também não. Mas ela jamais julgou ser possivel nutrir sentimentos excitantes por aquele homem. Em jeito de conclusão, há a referir que o elevador avariou por um curto circuito na caixa de alimentação.

terça-feira

Céu nublado

A noite convida a ficar em casa. A noite pede para que se olhe para o interior do lar e se aprecie as virtudes de um serão caseiro. A sala aconchegadora. A cozinha onde se prepara um jantar quente. A intimidade que se vive ao percorrer cada corredor. Os segredos que se podem guardar no quarto de porta fechada. No 2º direito, a noite esconde as nuvens escuras que cobrem a lua. A luz acesa do abat-jour colocado na sala próximo da televisão, demonstra que há poucos minutos houve vida no sofá. De resto, todas as luzes estão desligadas. Na brecha que existe por baixo da porta do quarto de Lúcia, escapa-se um rasgo de luz. No seu interior, a luz do candeeiro da mesinha de cabeceira ilumina a presença humana que ainda não adormeceu nesta divisão. Ouvem-se gemidos. Do lado de lá da parede, onde Tania goza a noite com o seu namorado. Do lado de cá da parede, onde Lúcia partilha o prazer com a sua amiga colorida, Joana. É um abraço. Um abraço fraterno, intenso e peculiar. A amiga loira está deitada em cima de Lúcia. Os seus braços envolvem as pernas rechonchudas da morena, que por sua vez enche as mãos na carne do rabo da sua visita. Joana tem a boca dentro do sexo da amante. A morena junta os lábios e chupa o clitóris saido da amiga. Não obstante essa acção, os seus dedos abrem as nádegas formosas da loira e massaja o buraco anal da jovem. Elas envolvem-se numa posição sexual habitual nas suas noites intimas. Em casa de Joana, no quarto de Lúcia. Dá-lhes prazer, dá-lhes gozo saber que ciram uma simbiose de delirio intenso. Para si mesma e para a companheira. Sabem que tudo o que estão a dar, vão receber em troca. Sabem que o mais provável é um orgasmo suceder outro. E tudo ser incontrolável. A posição em que elas se encontram agora proporciona um descontrolo na forma como podem saber o que vai acontecer de seguida. Nunca se sabe quando tudo vai terminar. Nunca se sabe se a parceira vai parar por ali. E se alguém recomeça, a outra vai querer também continuar. Os cabelos pretos de Lúcia espalham-se pelos lençóis lavados e perfumados que ela mesmo colocou nesta mesma tarde. Os cabelos loiros de Joana suam até às pontas. Todo o seu corpo está húmido. Toda a sua pele escorrega no corpo da amante. A intensidade dos chupanços que a amiga faz no seu clitóris, nos seus lábios grandes e no interior da sua rata, obriga a que ela procure controlar tudo o que vai sair dentro de si. A profundidade da lingua da amante, estimula Lúcia a querer mais, a sentir mais, a libertar mais. Ouvem-se gemidos abafados. Os da morena são longos, com uma carga de loucura no seu timbre. Os de Joana são mais timidos. Vão sendo largados da sua garganta de cada vez que sente o seu clitóris palpitar. As enormes mamas de Lúcia esfregam-se no ventre de Lúcia e os seios queridos da loira roçam no umbigo da amante. No momento em que a inquilina empurra a sua convidada e força a virarem os dois corpos, Lúcia não resiste mais. Deita-se sobre o corpo dela e enterra um dedo no rabo dela. Morde com os lábios o clitóris e vem-se. Mas vem-se como se a plenitude daquela noite fosse direccionada apenas para aqueles segundos. A partir dali, Lúcia será uma mulher radiante. Joana acompanha-a. Recebe o prazer encharcado que jorra da rata da amiga e goza todo o sabor. Lambe o intimo da anfitriã e abraça com ainda mais força as pernas dela. Quando tudo rebenta, quando os sexos estão saciados, quando o corpo deixa de ter controlo sobre si mesmo, as duas jovens afastam-se. Lúcia deita-se na sua cama e olha para o tecto. Em posições inversas, as duas jovens seguram as mãos, demonstrando que o prazer foi mútuo, que a entrega foi partilhada, que a noite pertence a um só sentimento. Elas adoram comer-se.
- Uhm...já tinha saudades, miga...
- Lúcia...isto que eu ouço são os teus gemidos ou são os meus? Ainda me estou a vir?!
Efectivamente, ouvem-se uns gemidos, misturados com gritos e palavras de prazer. Mas as duas jovens já completaram a sua libertação. Respiram fundo, estão fegantes, mas já não se estão a vir. Mas os gritos excitantes mantêm-se.
- Não, Joana....é a Tania...
- Meu Deus! Ela é mesmo expressiva!
- É um festival...todas as noites....
- Consegues perceber o que eles estão a fazer?
No quarto ao lado, Tania entrega-se ao amor da sua vida, Filipe. Ela não pára de gemer. Não diz coisa com coisa, mas entende-se que está a adorar e não quer parar.
- Segundo o que percebo...E se não estou em erro já de outras noites....ele está a lambe-la...
- E nota-se que ela está mesmo a gostar....
- Imenso.....
As duas jovens riem-se. Começam a movimentar-se e aproximam-se uma da outra. Sentadas na cama, elas beijam-se. Trocam as linguas e provam os sabores que no fundo, lhes pertencem. As mãos de Joana acariciam as mamas da amante. Lúcia deliza os seus dedos pelas costas da loira e sente uma vibração percorrer toda a espinha dela. Voltam a abraçar-se. Roçam as bochechas uma na outra. Mais um beijo, as mãos a acariciarem os cabelos mutuamente entre a loira e a morena. Quando o olhar se troca, existe um pensamento agradável. Joana gosta de estar ali. Lúcia sente-se bem de ter uma amiga como Joana a aquecer-lhe a cama. A anfitriã levanta-se e pega no robe.
- Vou só à casa de banho....Não adormeces? - diz Lúcia.
- Eu espero por ti. Espero toda a noite por ti, amor.
Aquelas palavras soam-lhe bem. Lúcia sente-se satisfeita por alguém demonstrar um carinho assim por si. Seja num momento mais intenso, seja num beijo, seja num simples olhar. Elas não estão apaixonadas. Não se amam, pelo menos no sentido profundo da palavra. Afeiçoam-se, partilham-se e trocam segredos. Lúcia não se imagina a ter uma relação séria com Joana. Talvez porque tudo seja tão bom assim. Aprofundar a relação, dar-lhe outras bases, pode trazer compromissos dos quais elas não sentem que tenham que ter. A casa de Lúcia está aberta à amiga e vice-versa. De quem Lúcia gosta, já não é segredo. Quem Lúcia quer partilhar um quarto todas as noites, está no quarto ao lado a foder com o namorado. Os gemidos no quarto de Tania já cessaram. Apesar do silêncio, Lúcia cobre o corpo e entra no corredor, directa para a casa de banho.
A porta da pequena divisão abre-se após quatro minutos. A respiração de Lúcia já tranquilizou. Mas a sede apodera-se do seu organismo. A jovem entra na cozinha e apercebe-se que está uma luz ligada. Vem da marquise ao fundo. Ao dirigir-se ao frigorifico, percebe que não está sozinha. Filipe, o namorado de Tania também está ali. Levantou-se há um minuto para também saciar a necessidade do seu corpo após tão exaustiva noite. Quando se apercebe que a colega de Tania está ali, ergue o olhar e sorri. Lúcia procura responder, mas nunca lhe sai um sorriso certo. Parece sempre falso, perante tal jovem. Filipe está de boxers. Segura a garrafa de água e enche o copo. Depois passa a garrafa de água à inquilina. Os segundos de silêncio parecem prolongados. Cortam a respiração de Lúcia, ansiosa para sair dali e voltar ao seu ninho aconchegado. Ele nem chega a beber água. Assiste ao gesto dela, que bebe um trago, procurando desviar o olhar da face dele. Lúcia sente-se vigiada pelos olhos dele. Quando acaba de beber, entrega a garrafa ao jovem e vira-se imediatamente. Mais um segundo e ela podia expirar o ar que tem dentro dos seus pulmões.
- Lúcia.... - sussurra ele.
Ela pára. Congela a sua postura enquanto segura no copo. Ele dá três passos e está de novo diante dela. Ostenta um sorriso sinistro. Lúcia sente-o demasiado próximo. Filipe cola-se ao corpo dela. Põe o seu copo no balcão. A mão esquerda pousa no peito saido da jovem. A sua mão direita desliza pela face suave de Lúcia e ceifa os cabelos oleosos dela, até acariciar a orelha. A morena confirma da forma mais bizarra que tinha razão. A rata de Tania foi lambida pela boca do namorado. Antes mesmo que ela possa esboçar uma reacção, Filipe inclina-se e entrega um beijo forte nos lábios finos de Lúcia.
A jovem entra no seu quarto. Encerra a porta e olha para Joana, ansiosamente à sua espera na cama. O seu passo parece algo soturno. Enquanto caminha até à cama, ouve os risos que passam a parede desde o outro quarto. Lúcia senta-se no colchão, perto da sua amiga colorida. Joana estuda o semblante da amante e agora olha para ela seriamente.
- Lúcia...Lúcia? O que se passa?
A inquilina continua em silêncio. O seu olhar refugia-se no nada. A mão de Joana segura a da amiga. Os risos continuam a ouvir-se no quarto de Tania. A loira coloca a mão na face de Lúcia ao que a morena gira a cabeça, olhando fixamente para a amante, mas com um ar assustado. Quando Joana se prepara para voltar a perguntar o que se passa, a morena inspira fundo.
- Ele beijou-me.
- Quem?! Beijou-te? Quem é que te beijou?! Quando?...Lúcia, onde?...Quem?!!
- O Filipe...
- ...O namorado da Tania?!
- O cabrão beijou-me ali.
- Onde?
- Na cozinha...ele beijou-me...mesmo por debaixo do nariz dela...
- Como?...Como é que isso aconteceu?
- ....Fui beber água...ele estava lá e.....ele beijou-me....
- Porque é que ele foi fazer isso?
Lúcia tem um ar alucinado. Não compreende o que se sucede. Procura encontrar uma explicação e não consegue. Consegue mas não tem lógica. Não tem lógica mas aconteceu. Aconteceu e obriga-a a tomar uma conclusão.
- Ele beijou-me para me provocar....
- Porque é que dizes isso?
- Ele quis provocar-me para ver como eu reagia....
- E porque iria ele fazer isso?
- Ele quer...o cabrão quer....ele...
- Ele quer comer-te, é isso?!
Lúcia acena afirmativamente. Incosolável e estupefacta, ela procura regressar a si e perceber como reagir a momento tão absurdo e surreal.
- Mas...mas a Tania está mesmo ali...eu estou mesmo aqui...bolas, sou eu que te quero comer...
- Não sei, Joana...foi isto que aconteceu...não sei....
- E depois?
- Ele sorriu para mim, consciente de que estava a arriscar...
- E depois?
- Saiu...voltou para o quarto dela....
- E depois?...
- Mais nada...Depois mais nada...fiquei ali...vim para aqui...
- E agora o que vais fazer?
- Não sei...Ah, Joana, apetece-me chorar...apetece-me berrar...apetece-me....
- Vais-lhe contar?
- A quem? À Tania?
- Sim...vai ser um choque para ela saber.
- Não sei....não sei mesmo....que merda!
Apesar de manter um ar assustado, Lúcia silencia. Dentro dela, nem ela própria sabe o que há de pensar, o que há de fazer. O que fazer quando o homem, que é a paixão de uma vida, da pessoa por quem se está apaixonada, decide trair uma relação tão longa, tão concreta, com um mero beijo, mas tão denunciador? Este é um triângulo do qual Lúcia não quer estar envolvida. Por mais que esta seja a prova derradeira de que Filipe não ama assim tanto Tania. O que pode Lúcia fazer? E isto é um triângulo com quatro lados. Joana percebe que uma nuvem escura se abateu sobre este apartamento. Procurando acalmar a amante, que há poucos minutos lhe deu um orgasmo intenso, empurra Lúcia e deitou-se ao lado dela. Em silêncio, as duas jovens amantes procuram adormecer, no que resta desta noite surreal. Joana, cansada, adormece rapidamente em cima do peito da amiga. Lúcia não consegue dormir. Ao mesmo tempo que ouve mais gritos loucos e prazeirentos que Tania liberta no quarto ao lado, a morena passa a noite em branco, com o beijo inusitado no pensamento.

segunda-feira

Tempo húmido

Rodrigo estaciona a carrinha mesmo em frente ao Edificio. Apesar de tudo, estacionar nesta rua revela-se uma tarefa simplificada a meio da tarde. As pessoas ainda não chegaram a casa e as que trabalham ali perto encontram lugar facilitado num parque de estacionamento numa rua próxima. Assim, quando o homem chega, necessita apenas de encostar a carrinha e sair apressadamente. Rodrigo aproveita para dar um salto a casa, entre dois trabalhos a efectuar. Entra no prédio e antes de começar a subir as escadas, encontra uma empregada de limpeza. O homem lança o olhar, apercebendo-se que a mulher que efectua o trabalho já não é a mesma que habitualmente tratava da limpeza às quartas de manhã. Apesar da sua pressa, ele lança o sorriso de cumprimento. A mulher responde algo envergonhada e dá espaço para que ele passe, desviando o carrinho com dois balde e os produtos de limpeza. O segundo sorriso que Rodrigo lança demonstra a surpresa por ver ali, no seu prédio, junto à sua porta, uma mulher tão bonita.
Ele entra na sua casa, vazia de vida, despe a camisola, já cansada de quase um dia de trabalho, lava as mãos, lava a cara, segue para a cozinha onde retira do frigorifico a garrafa de sumo de maracujá, enche o copo, dá um enorme trago, volta a encher o copo, repete o trago, passa o copo por água, coloca-o na máquina de lavar loiça, vasculha o cesto de roupa lavada, retira uma nova camisola, veste-a, segue para a despensa onde recolhe peças que estão no interior de uma caixa, guarda-a no bolso, corre até à casa de banho onde ajeita ligeiramente o cabelo, retrocede o passo até ao hall de entrada onde verifica duas cartas carregadas de contas para pagar, em que ele não vai pensar nelas até regressar à noite e abri-las em conjunto com a mulher, que é ela que trata de toda a papelada e porque agora já é tarde e ele já abriu a porta para finalmente sair de casa. Dois passos em frente e ele alcança os degraus. As suas botas estão sujas, carregadas de alguma terra que o tapete de entrada não conseguiu limpar. As pedras presas à sola do calçado tornam os pés menos aderentes. Tendo em conta que o chão está molhado da primeira limpeza que a empregada já efectou, Rodrigo perde o controlo de si mesmo. Escorrega no terceiro degrau a contar de cima e nada o segura. O seu traseiro assenta com força no mármore e a partir dai é escorregar até alcançar o fim do lance de escadas. Um berro sustenido é a única coisa que sai da sua boca. Imediatamente, alertada pelo grito do homem, a empregada de limpeza desce apressadamente, mas com cuidado, as escadas que ela ainda procurava limpar.
- Senhor?!! O senhor está bem?!
Apesar do tombo, Rodrigo está consciente e já tem um sorriso na face. Tem dificuldades em movimentar-se, mas consegue sentar-se no chão. A mulher está ajoelhada à sua frente, com um semblante assustado no olhar escondido. Segura no braço dele, procurando perceber se o inquilino está bem.
- Está magoado? Não viu que eu estava limpando as escadas?
- Eu vi-a a si...e vi as escadas....mas não vi que elas estavam húmidas.
- E o que acha que eu estou aqui a fazer, uhm?
Ele ri-se. Qualquer apontamento sobre o propósito do trabalho da mulher e a atenção que deveria ter tomado, é tardia. Rodrigo caiu e possivelmente magoou-se.
- Onde é que se magoou?...Aii, meu Deus! Quer que chame uma ambulância
- Não...deixe estar...auuu...deixe estar! Ai!
- Eu vou chamar uma ambulância e...
- Por favor, não!...Só preciso que me ajude a levantar...Só preciso...Consegue ajudar-me a regressar àquela porta. Só preciso que me faça isso...Ah...Não sei o seu nome.
Rodrigo levanta o olhar e fixa a atenção em toda a face da mulher. Ela é uma funcionária nova, muito bonita, de cabelo loiro apanhado, com uma cara fofinha, com um ar singelamente atraente. E quando ele confessa que desejaria saber o nome dela, algo se transforma naquelas escadas.
- Sara.......O meu nome é Sara...
Ela fica impávida perante o olhar penetrante do homem. Quer sorrir mas não se consegue libertar. Puxa o braço do homem e ajuda-o a levantar-se. Degrau após degrau, o homem combalido consegue seguir às cavalitas da empregada de limpeza. Junto à porta, ele abre a porta. O olhar volta a cruzar-se entre os dois. Rodrigo mal consegue pousar a perna esquerda no chão. Não é nenhum incapacitado, mas subitamente ele quer ter a ajuda de Sara.
Na cama de casal do quarto onde dormem Rodrigo e Helena, o homem está deitado. A empregada de limpeza, até há quase quinze minutos uma perfeita desconhecida do olhar do inquilino, está sentada ao lado dele.
- O senhor ainda não me disse onde é que lhe dói.
- O senhor chama-se Rodrigo....e dói-me aqui junto ao...junto à ná....dói-me rabo todo...mas é aqui na anca.
- Acha que partiu?...
- Não, já caí de um telhado e só parti um relógio que tinha dois dias. Acho que não parti nada. Mas dói que se farta.
- Tem que se ver isso.
- Já passa, Sara...
- Tem que ver se ficou muito magoado, senhor.
- Rodrigo...
- Deixe ver se machucou...Rodrigo.
Ele olha conformado para ela durante dois segundos. Abre o cinto das calças e imediatamente a mulher puxa com ligeireza as calças. Apenas um pouco, apenas para deixar ver a anca, a nádega, o rabo todo. Enquanto ela puxa para baixo as calças, Rodrigo aprecia as mãos dela. Suaves e húmidas. Frias mas delicadas. Apesar de se sentir algo constrangida por estar na divisão de uma casa de alguém desconhecido, ainda por cima no primeiro dia de trabalho naquele local, Sara não hesita em levantar ligeiramente os boxers apertados do homem para ver a ferida que efectivamente foi gerada na anca.
- Isto está feio....
- A minha mulher tem ali...naquela gaveta, um creme...ela chama-lhe um creme milagroso.
Sara levanta-se, abre a gaveta e retira o creme. O olhar de Rodrigo já não descola de si. Ela é uma mulher ainda jovem, quase nos trinta anos. Por baixo da farda creme da empresa para quem trabalha, está uma saia que faz descobrir as suas pernas sensuais. Está uma camisola colada ao corpo que faz sugerir tudo aquilo que o seu corpo deve ostentar. E quando ela se senta de novo na cama, Rodrigo já sabe o que quer. Delicadamente, ela retira um pedaço de creme da bisnaga. Atenta à ferida, Sara massaja levemente com os dedos a pele do homem. Ele respira fundo e segura a mão da mulher.
- Estou magoando?
- Não...está a fazer muito bem...Sara?...A Sara não é portuguesa, pois não?
- ...Sou espanhola...
- E fala assim tão bem português?...
- Estou casada com um português e....a lingua não é dificil....
- A lingua...pois...
Agora o olhar está fixo entre os dois. Agora eles focaram-se mutuamente. Os dedos de Sara continuam a espalhar o creme pela ancas, mas progressivamente, a mão dela vai fazendo subir os boxers. Quando ela desvia o olhar da face dele, cai sobre a cintura do homem. Cai sobre o sexo que vai crescendo dentro da roupa interior. Tal facto não deixa Sara indiferente. Fá-la respirar fundo. Fá-la parar a massagem. Fá-la hesitar. Levanta de novo o olhar para Rodrigo. Ele sorri. Ele pede com o olhar. Há uma ansiedade a viver no coração de Sara. Palpita nos seus lábios finos e pálidos. Flui na sua respiração ofegante. Vibra na sua mão que sobre pela perna de Rodrigo até se encher com o sexo masculino excitado. Atreve-se a puxar o elástico dos boxers com a ponta dos dedos até avistar o pedaço de carne tesa. Ela fecha os olhos e corta a respiração até ter coragem de admitir o que quer fazer.
- Não posso....Não posso fazer isto, Rodrigo...
- Não o quer fazer?
- Quero!...Mas não posso...
- Porquê?
- O senhor é casado...Eu sou casada!
- E então?...Diga-me, Sara...Há quanto tempo é casada?
- Há quatro anos.
- E nunca esteve com outro homem?
- ...Não...sim....já...
- Nunca deu a provar a sua lingua?
Sara não precisa de responder. A sua ansiedade já a controla demasiado. Ela puxa os boxers totalmente para baixo. De uma forma ligeira e delicada. Evita passar o tecido pelo inchaço da anca do homem. E com a sua mão terna, segura a picha entesada de Rodrigo. Ele geme ligeiramente. E depois de um olhar intenso, liberto de qualquer sentimento, Sara põe a ponta do sexo dele na sua boca. Massaja-a com os lábios e movimenta a mão, esfregando todo aquele sexo imponente, que do nada irrompeu pelo seu dia de trabalho. Rodrigo gosta de sentir a boca dela, a lingua dela a brincar consigo. A sua mão desliza pelo seu corpo até alcançar a cabeça dela. Acaricia-lhe os cabelos loiros e incentiva-a a chupá-lo. O marido de Helena não sabe se Sara é feliz no casamento dela. Não sabe que tipo de vida sexual ela tem e se a satisfaz. Não sabe até que ponto Sara pode ser infiel ao marido. Mas ele sabe que a mulher chupa de uma forma especial. Calma, ligeira, terna e intensa. Carinhosa, vagarosa, meiga e excitante. E esta acção, diferente de outros broches que já lhe foram concedidos deixam-no subitamente entesado. Como uma anestesia que foi dada no seu intimo e se espalha por todo o corpo. Sara prova a carne que num breve espaço de segundos se tornou apetecivel. Fecha os olhos e saboreia tudo o que há para degustar. Mas com uma intensa suavidade. A sua mão leve e fina escorrega por todo o sexo até chegar à ponta. Ela levanta o olhar e vê Rodrigo completamente entregue às delicias da sua lingua húmida que agora escorrega pelo pénis dele até tocar num nervo mais sensivel.
- Ohhh...Sara....Já nem sequer dói...Você é fantástica...Uhm...Eu quero-a....Ouviu, Sara? Eu quero-a!!
Ela ouve.
A nova empregada de limpeza do Edificio Magnolia está sentada em cima do homem debilitado. A mulher desliza as mãos pelo peito dele, ao mesmo tempo que o seu olhar enfeitiça o desejo de Rodrigo. Sara tem os joelhos dobrados, ao lado do corpo do amante e faz descer todo o seu corpo até à picha entesada e já saboreada do inquilino entrar por entre as suas pernas. A rata húmida dela engole o sexo do homem. E entre os dois gera-se um misto de calor reconfortante e uma anestesia de prazer que tem que ser acordada. Sara delira em sentir a picha dele bem profunda dentro de si. Nua. Sara despiu a sua farda laborial e entregou-se ao homem como uma mulher sedenta do desejo que ele quer entregar. E perante a lesão de Rodrigo, só lhe resta cavalgar sobre o homem para poder alcançar a concretização desse mesmo prazer.
- Você é louco, Rodrigo...uhmm...você é louco...ohh!
- Você é linda....Deixa-me...uhm....deixa-me enfeitiçado, Sara.
Pelos olhos profundos e escondidos. Pelo cabelo loiro que divaga por entre a face dela. Pelas coxas formosas que sucedem às nádegas firmes que agora pulam sobre o corpo do homem. Pelos seios graciosos que descaem pelo tronco dela. São mamas bonitas. Todo o corpo dela é bonito. Sara é uma mulher linda. E ela salta. Faz força nos joelhos para subir e descer. Para que se repita vezes e vezes sem conta a plenitude do sexo dele a roçar dentro do seu intimo. Rodrigo está deitado e fixa todo o corpo da mulher. Admira a forma elegante e terna como a amante cavalga sobre si e lhe exibe as suas formas fantásticas. As mãos dele acariciam as coxas dela, para depois apalparem o rabo, incitando-a a foder.
- Si...ohhh...Rodrigo...por favor...sii...mais...nós somos loucos! Ahhh...
- Não pare, Sara...Hoje você é minha...uhmmm....Sara...Você é linda!
As mãos de Rodrigo são persistentes. Fincam os dedos no rabo dela e puxam o seu corpo contra si. O sexo dele entra profundamente na rata apertada. E tudo dentro dela vai-se encharcando. O vigor do pénis inchado dele transmite uma sensação de poder sobre um âmago tão frágil e sensivel. Sara está excitada. Muito excitada. Liberta gemidos da sua pequena boca. Espalma as mãos no tronco dele, procurando saborear cada pedaço do amante. Mas tudo parece demasiado espontâneo. Tudo parece demasiado envolvente. Tudo se revela intensamente poderoso. As mãos masculinas do seu amante empurram cada vez mais as ancas dela. Quando já lhe faltam forças para cavalgar com supremacia sobre o corpo deitado, Sara pousa em cima dele. Continua a movimentar a cintura, para que a picha dele brinque dentro de si. Os gemidos continuam. O sorriso de Rodrigo mantém-se. Ele prova os mamilos creme dela, ao mesmo tempo que agarra as nádegas dela com pão para amassar. A espanhola sente-se louca. Apesar de estar sobre ele, é o seu amante que a domina. E quando ele se esporra, atenuando o inchaço do sexo, Sara apazigua o seu gozo na boca dele. Um beijo profundo. Um beijo intenso. Um trocar de lábios e de linguas que significa algo. Mesmo que não signifique nada. As ancas de Sara deixam de se movimentar. O sexo dele aconchega-se na carne intima dela. As mãos dele libertam-se das nádegas vermelhas da amante. Os cabelos loiros de Sara deslizam pela face de Rodrigo. E ouve-se um riso masculino que é respondido com um sorriso terno feminino. A enfermeira de Rodrigo, improvisada mas sensual, rende-se às evidências de ter sentido o orgasmo do amante dentro de si. Não significou nada. Mas significou tanta coisa.
Helena está há dez minutos a perguntar ao marido como raio é que ele conseguiu escorregar pelas escadas daquela forma. O filho mais novo do casal ri-se à conta da atrapalhação do próprio pai. No sofá da sala, o dia de labor terminou para toda a gente nesta familia. Depois de todos terem jantado, reina a tranquilidade no 1º esquerdo. O jovem vai terminar o estudo para a próximo teste. Helena chegou um pouco mais atrasada do escritório, segundo ela, por um cliente que teimava em não sair da firma. Rodrigo teve que cancelar o trabalho que tinha antes do dia terminar.
- Queres que espalhe aí o creme milagroso? - diz Helena.
- Já não me dói nada...
- E posso levar-te à cama?....
- Sim. Hoje fiquei a sonhar toda a tarde com uma massagem especial.
- Valeu a pena esperar pela enfermeira?
- Completamente...

domingo

Mais uma reunião de condominio conclusiva

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"Ceda à tentação.........Experimente!"
Adaptação portuguesa da tagline do filme Seeing Other People, de 2004, escrito por Maya Forbes e Wallace Wolodarsky http://www.imdb.com/title/tt0362129/



A tentação não tem uma cor definida. Não tem cheiro. Não tem paladar. Pensar que se pode tactear a tentação é mera ilusão. Ludibriar aquilo que verdadeiramente pode significar tentação é enganar-se a si mesmo. Com o amor, como a paixão, como a amizade, ou o ódio ou a alegria ou até mesmo a mera sensação de estar vivo. Não tem cor. Não tem cheiro e paladar e tacto e um significado unânime. A tentação é algo transcendente. É algo surreal. É algo que se pinta com tinta inodora e incolor. É um sentimento que se fala sem palavras. É um objecto mais leve que o próprio ar que se respira. A tentação é apenas algo que se sente. E nem vale sequer achar que se tem um sexto sentido para estas coisas. A única coisa que vale é um sétimo sentido, apenas ao alcance dos audazes, dos incorruptiveis e das almas verdadeiramente transcendentes. É esse sétimo sentido que faz abrir mais uma reunião de condominio extraordinária.
Numa sala ampla junto à casa de serviço, na cave do Edificio Magnolia, os condóminos reúnem-se mais uma vez, sem uma única ausência. Inclusive, Clarisse está presente, em nome da gerência do Espaço Magnolia. Quando existe uma reunião das seis fracções ( mais uma ), existe uma ansiedade que percorre todos os inquilinos. Seja pela confrontação directa entre alguns vizinhos, seja pelos sentimentos que se despertam noutro tipo de confrontações, ou até mesmo pelo motivo que pode gerar um encontro extraordinário. Assim, ao inicio da manhã, está tudo sentado a ouvir Helena, a moderadora desta reunião.
Primeiro ponto. A empresa que faz a limpeza semanal de todo o Edificio pediu para alterar o dia de serviço, bem como as funcionárias que efectuam o mesmo trabalho. Após o asseguramento de que essa mudança é feita com as óbvias medidas de identificação das trabalhadoras, os inquilinos concordaram unanimamente com este ponto.
Segundo ponto. Com algum atraso, mas com muito tempo de meditação, as várias fracções do Edificio forma inquiridas sobre a possibilidade de responder a um desafio que chegou pelas mãos de uma visita muito ilustre deste empreendimento. No seu espaço de Devaneios, a Adore lançou uma mão cheia de propostas, de forma a dar a conhecer peculiariedades do gosto de cada uma das fracções que compõem o Edificio. Talvez não tenha sido desta forma directa que a mesma desafiadora tenha entregue a proposta. Mas é desta forma irreverente que foi decidio responder a um pedido tão entusiasmante. Assim, e tendo em conta que todos os intervenientes desta reunião aceitaram de ante-mão o desafio, a conclusão vai ser revelada hoje.
O desafio consiste as sete alíneas:
- 7 coisas que sei fazer bem;
- 7 coisas que não sei fazer;
- 7 coisas que digo frequentemente;
- 7 qualidades que aprecio no sexo oposto ( ou no mesmo ser for o caso );
- 7 filmes favoritos;
- 7 actores/actrizes preferidos;
- 7 vitimas para lançar este desafio;
Desta forma, o responsável de cada uma das fracções vai responder à preferência unânime dos membros que compõem a mesma fracção, em cada um dos sete pontos.
- No 1º esquerdo, Helena e Rodrigo indicam que sabem solidificar o seu casamento e torná-lo um pilar exemplar para os seus filhos. Referem que não sabem viver um sem o outro e que dizem constantemente "Sou louco por ti." Apreciam a confiança que podem depositar no sexo oposto e adoram qualquer comédia romântica que se assemelhe ao "Pecado Consentido". Nutrem uma admiração por Hugh Grant. Decidiram lançar este desafio ao multifacetado Francisco del Mundo.
- Maria José, apesar de não estar convicta na sua opinião, porque é demasiado subjectivo para responder a algo assim, diz que adora ensinar e transmitir ensinamentos aos seus alunos. Detesta que olhem para ela como uma mulher velha e adora mandar beijinhos. Aprecia as mãos imponentes e confiantes do homem. Tem como filme favorito "Magnolia" e como actor preferido Nicolas Cage. Na escolha da vitima para este desafio optou por entregá-lo à Rotunda do sexu.
- No 2º esquerdo as escolhas dividiram-se entre Lúcia e Tania. Mesmo não havendo unanimidade em todas escolhas, sobressaiu a preferência mais forte. É referido que a coisa que melhor se faz lá dentro são doces de chocolate. E apesar de ser dito que ninguém sabe lavar casas de banho, isso refere-se a uma pessoa em especifico. A frase que mais se ouve constantemente nos corredores desta fracção é "Quem é que mexeu na minha escova?!", dito com alguma irritação, normalmente às primeiras horas da manhã. "Romeu e Julieta" com Leonardo di Caprio e Claire Danes apresenta-se como o filme que mais lágrimas faz verter neste apartamento, sempre que o dvd é posto a circular. O actor já se percebe qual é. Adoram o sorriso que um homem ou mulher podem despertar. A vitima deste desafio será entregue à Allen Girl .
- Afonso e Laura partilham imensas coisas, inclusive as particularidades do desafio a que foram propostos. Adoram partilhar a mesma mulher. Sonhar com ela, fantasiar com ela, mimá-la e fazê-la sentir especial a quatro mãos. Detestam falsas ou exageradas amizades e passam a vida a pedir mutuamente uma coisa que é calão, é estrangeiro, mas basicamente quer dizer queca: "Coquinage". Apreciam a paciência mútua que nutrem um pelo outro. O filme preferido é o "Closer" e o actor preferido é sem margem para dúvida, o Johnny Depp. Finalmente, o desafio é colocado à Red Light Special.
- Rafael detesta ver os seus sentimentos nas bocas dos outros, mas já que até gostou de certo tipo de respostas dadas pelos outros inquilinos, cedeu. A custo, diz que adora dar longos passeios em ambientes naturais. Detesta estar preso no trânsito, ou outra qualquer fila de espera. Tem sempre na boca um "está muito bem" e aprecia imenso um pescoço enrugado numa mulher. O Matrix original não tem sequer margem para discussão a nivel de cinefilia. Nem tão pouco Julianne Moore com a sua actriz predilecta. Coloca o desafio a NM.
- No 3º direito, existe uma mulher decidida. Ela adora sexo. Não há por onde negar. Ela detesta sentir-se cansada às dez da noite. Ela costuma sussurrar ao ouvido de outras pessoas e para si própria "delicioso". Ela delira ver desde o primeiro ao último minuto o "Eyes Wide Shut" e não esconde o gosto em ver Nicole Kidman a representar. Ela coloca o desafio à Sexhaler.
- Clarisse, apesar de estar como representante da gerência do café preferido dos inquilinos, decidiu responder em pouco tempo. Possivelmente em nome pessoal. Ninguém de facto imagina que ela saiba os gostos dos chefes. Adora sentir-se livre. Detesta gente falsa. Repete frequentemente aos clientes habituais "o que faz que". Tem sempre reservado um pequeno espaço de tempo para ver a trilogia do Senhor dos Anéis e Viggo Mortensen. E lança o desafio à Cassamia.
Após larga discussão sobre todos estes pontos, concluiu-se que é exaustivo mas estimulante responder a um desafio. Fim do segundo ponto.
Terceiro ponto. Os inquilinos sabem que falam deles. Mesmo que seja nas costas, eles até nem se importam disso. Sabem que tem uma vida algo peculiar e nem mostram intenções de o esconder. Mas sabem que as pessoas falam. E não se importam. Pelo contrário. Sentem lisongeados com tanta cusquice e tanta palavra que é dita à porta do prédio. E mesmo que se ouçam facilmente estes boatos, os inquilinos acharam por bem afixar estas cusquices. Assim, com o acordo de todos, está instalda na entrada do Edificio um atalho para chegar a todas estas cusquices que tão saudavelmente incomodam os moradores. Porque está é a melhor forma que eles encontraram de poder agradecer tanto bate-papo, tanta publicidade e tanta palavra intensamente reveladora daquilo que o Edificio é. Para além de mais uma vez agradecer as palavras e a propaganda, espero que os cuscos sintam a verdadeira intenção desta afixação.
Quarto ponto. Ainda a tentação. Os inquilinos do Edificio Magnolia sentem-se tentados e não resistem. Assim, porque é que hão de ser eles os únicos a achar que cometem pecados? Esta semana, sem nenhum tema especifico, sem qualquer adoçante especial, sem qualquer arte envolvente, é apenas pedido que experimente. Ceda. Divirta-se e uso o sétimo sentido. Aquele que jamais pensou que pudesse ter e que se revela tão intensamente escaldante como os segredos de todos os inquilinos.