sábado

Chocolate salpicado com laranja e amêndoas laminadas

Qual a melhor brincadeira de Carnaval que se conhece? Até onde pode ir uma partida em que ninguém pode levar a mal? Qual o limite entre uma surpresa fantasiosa e uma gracinha de mau gosto? O Entrudo pode ser uma linha ténue entre a diversão e a decadência.
Rodrigo espera por mais uma bebida no sofá mais próximo da porta de entrada. Está sozinho. Muito sozinho. A sua esposa deixou-o. Trocou-o por uma noite de Carnaval com as amigas. Abandonou-o na solidão de mais uma noite de folia da qual ele nunca foi adepto.
- Aqui está a tua imperial....
O convite de Clarisse para acorrer ao Espaço Magnolia na noite de Carnaval foi tentador. Assim que soube que Helena tinha uma noite de mulheres num bar do outro lado da cidade, correu para o centro comercial, comprou uma máscara e escolheu a sobremesa de chocolate.
- Não queres marcar a bebida no cartão? - pergunta ele à funcionária.
- Não é preciso. Foi oferecida...
- Por quem?
Clarisse levanta o olhar e aponta-o brevemente para o balcão. Rodrigo percebe onde pára a atenção da funcionária do Espaço e avista uma mulher mascarada. Sensual. Charmosa e madura. Quente. Intima mas segura. Ele sabe que chamou a atenção. Rodrigo é um homem disponivel. Na noite de Carnaval, ele está sozinho com as suas bebidas, olhando para o desenrolar da festa. Apesar de ostentar a aliança de casamento, ele não tem companhia. Mas é notório que a procura. Rodrigo anseia por uma foda. Rápida, instantânea, prolongada, em que sitio seja, a que momento fôr. Mas tem que ser nesta noite, com uma mulher que se entregue a ele. Isto é o que o corpo dele transmite. Isto é o que ele deseja. Clarisse está obviamente ocupada para ser a sua presa. A mulher que dança diante da jukebox está quase perdida nos braços do seu vizinho e não trda vão sair para o apartamento dele. E todas as outras mulheres solteiras e descomprometidas já sairam do Espaço, rumo a uma discoteca onde possam libertar os seus desejos mais intensamente. Mas uma mantém-se. Misteriosamente, há uma mulher sozinha ao balcão que chegou há cinco minutos e desde então não retira o olhar de Rodrigo. A oferta da bebida é o culminar de um assédio silencioso que ocorre desde que ele a avistou. O homem pega na bebida e levanta-se. O seu olhar mantém-se na mulher. Procura perceber se a conhece, mas a máscara não deixa vislumbrar a sua identidade. É uma máscara branca, que ocupa toda a face, deixando apenas descobrir os cabelos negros, penteados com uma laca modeladora. A mulher ostenta o espirito de Carnaval. Pelas pernas também não é fácil desvendar uma familiaridade com o corpo. Cobertas com uns collants pretos quase transparentes e uma saia que com dificuldade tenta tapar as coxas, ela exibe-se. Escaldante. Apetecível. E parece que a mulher apenas se quer guardar para Rodrigo. Ele conhece-a. Ele tem que a conhecer. Ele acredita mesmo que a conhece.
- Obrigado pela bebida...A máscara é fantástica...
A mulher mantém-se em silêncio. Mesmo quando Rodrigo está próximo dela. Tão próximo que as pernas dele roçam nos joelhos dela e a incitam a descruzar as pernas. Ela mantém-se sentada junto ao balcão, mas subitamente sente uma vontade de se levantar. Um desconforto invade a sua postura. Mas ainda assim, ela mantém-se firme. Ergue o olhar para o homem, pega no copo dele e dá um gole rápido. A sua mão, coberta por uma luva negra, percorre o peito dele.
- Isto é um jogo?... - pergunta ele.
Rodrigo sabe que está ser seduzido. Delira com o facto de uma mulher misteriosa o galantear. Ela não responde. Mas o homem ainda está convicto que a conhece. Uma cliente da sua loja, possivelmente. A vizinha morena da rua por detrás desta. As pernas dela fazem-no recordar instantaneamente a funcionária do restaurante onde ele vai almoçar diariamente. Rodrigo lança um sorriso presunçoso. O sinal que demonstra o desejo por ela está lançado. A mulher opta pelo jogo do silêncio. Ele respeita. Se a mulher o quer, terá que se entregar.
- Ok, se queres um jogo...então...eu serei o teu jogador...
Percebe-se que a mulher sorri, por detrás da máscara. Aproxima o seu corpo do peito dele. Como se pedisse um abraço. Como se pedisse uma entrega total. A mão dele envolve a face da mulher. Tem vontade de retirar a máscara e descobrir a amante que atrás dela se esconde. Ele conhece-a. Ele tem a certeza. Quase de certeza que já se envolveu com ela. Só assim é possivel a mulher seduzi-lo daquela forma tão ousada. Acaricia os cabelos dela.
- Onde o queres? Ainda temos tempo para subir....
Ela acena negativamente. A mão dele desce até ao ombro da mulher. Pressente-se que debaixo do casaco negro de veludo, ela gosta do gesto.
- A esta hora já é tarde para ir para um hotel...
A mulher baixa ligeiramente a cabeça. Imediatamente fixa o olhar no peito dele, mas depois olha por cima do ombro dele.
- A casa de banho?!...Não achas um pouco precipitado?
As mãos apertam o casaco, que lhe cobre o tronco até um pouco abaixo da cintura. A mulher demonstra que pretende algo intenso, louco e diferente. Ela desafia Rodrigo para uma verdadeira queca. Mas também demonstra que se ele não estiver interessado, o jogo pode terminar ali mesmo. A mão de Rodrigo percorre todo o braço dela, segurando com firmeza a mão coberta dela.
- Está bem....Nós vamos...És louca!
Rodrigo mantém segura a mão da mulher. Ele faz rodar a sua cabeça, procurando perceber o que o rodeia. Subliminarmente, ele percepciona se ninguém olha para ele. Quando ele puxa a mão da mulher misteriosa, tem a certeza que a consegue levar para a casa de banho dos homens sem que ninguém perceba a acção.
São uns lavabos limpos. Ostentam o mesmo brilho e charme de todo o Espaço Magnolia. O chão e parte das paredes são ladrilhados de um mosaico negro mas brilhante. Um metro acima, o resto das paredes vestem uma pintura pérola. Os enormes espelhos do lado direito e os focos de luz no topo entregam uma luminosidade surreal àquele lugar. Ainda assim, Rodrigo leva a mulher para o interior de uma cabine. Depois de fechar a porta, sente a segurança suficiente para se entregar aos desejos da amante desconhecida. Não há beijos. A ocultação da face assim o dita. Não há tempo para ternuras e caricias. Eles não estão num lugar dado a prazeres demorados. As mãos de Rodrigo querem despir o peito dela. A mulher não deixa. A mulher quer ser consumida. A mulher vira-se e encosta-se à parede fria, mesmo ao lado da sanita. Apesar de confuso, Rodrigo sabe perfeitamente que já provou esta mulher. A excitação invade-o. A incerteza da identidade deixa-o louco. Abre as calças enquanto procura dar um palpite a si mesmo sobre quem lhe está a dar uma misteriosa noite de Carnaval.
Ela geme. Sente o corpo dele a empurrá-la contra a parede. Ela quer. Anseia pelo instante em que o sexo dele subir pelos seus collants, roçar por entre as nádegas e entrar no seu rabo. Porque é isso que ela quer. É isso que ela demonstra quando emite sons excitantes ao sentir a mão dele levantar-lhe a saia. Rodrigo faz escorregar um dedo por entre a carne do rabo. Desvia a tanga que ela traz e penetra-a. Ela volta a gemer. Procura abafar o som suave que é largado da sua garganta. Alguém pode entrar. Alguém pode ouvir. Ele conhece-a. Ele sabe que já provou um cú assim. Apertado. Quente. Sufocante.
- Ansiavas assim tanto por isto?? Ansiavas assim tanto que eu te fodesse?
Ele segura-se às ancas dela. Puxa a cintura dela para trás e põe o rabo mais a jeito. Fode-a. Penetra nela como uma verdadeira amante sua gosta de ser fodida. Porque efectivamente, para o querer assim, a mulher só pode ter fogo a despertar dentro de si. Para se submeter a uma queca assim, ela deseja-o intensamente. E ele corresponde. Fode o rabo dela. Acaricia as nádegas femininas quentes. Dá-lhe aquilo que a respiração dela pede. Mais. Muito mais! Rodrigo encosta a boca junto à face dela, coberta pela máscara e pelo cabelo. Sente os gemidos dela. Sente como eles bortam do peito dela e se desfazem na garganta. Enquanto a penetra, o homem faz sentir à amante aquilo que ela deseja. Ser comida como uma puta. Como uma mulher que apenas quer retirar o prazer instantâneo do sexo dele. E isso dá gozo a Rodrigo. Mesmo que na cabeça dele, ele saiba que come alguém conhecido. O que o faz vir-se neste instante, é a sensação de foder uma mulher oferecida. Esporra-se no interior dela de uma forma descomprometida. Ouvem-se os gemidos da mulher. Agora os lábios finos dela não oferecem resistência. Soltam os gritos, exprimindo o prazer louco que o orgasmo do parceiro lhe está a dar. São gemidos excitantes. Abafam no plástico da máscara, mas tornam a sua voz perceptivel. Rodrigo conhece-a. Melhor do que ele pensa. No momento em que ele liberta tudo para o rabo. No momento em que a sua mão esquerda aperta o peito dela. No momento em que a queca impulsiva decresce o seu ritmo, uma ideia estonteante e insane invade o seu pensamento.
- Ohhh...não...não pode ser!.... - desabafa ele.
Rodrigo retira a picha do rabo da amante. Segura nos ombros dela e vira o corpo. Um olhar momentâneo é trocado entre os dois. Ela encosta-se à parede. Ele mantém um ar sério. Mas no instante em que Rodrigo leva a mão à nuca da mulher e puxa a máscara para a retirar, um arrepio atravessa-lhe a espinha.
- Não pode ser o quê? - pergunta ela - Nunca imaginaste foder-me assim?
Defronte de si. Defronte de Rodrigo. Defronte da sua atitude de desejo lívido. Defronte de tudo o que ele jamais procurou pensar, está Helena.
- ....Não sei...Julgava....Não sei...Helena....Julgava que não gostavas de...
- De ser fodida numa casa-de-banho?!
O ar de estupefacção dele é inacreditável. Ele conhece-a. A mulher que o galanteou no meio do bar, escondida por detrás de uma máscara, é a sua mulher. Ele procurou imaginar qualquer uma das suas amantes. A filha do seu namorado. Qualquer uma das suas clientes com os mesmos traços ele imaginou. A secretária da outra cidade, talvez disfarçada. A sua esposa foi a última mulher que ele esboçou por detrás da máscara. E agora? Será que Helena o desmascarou? Porque desde o inicio, Rodrigo julgou que ia comer uma amante. E isso quase implicitamente saltou à vista. Até mesmo de Clarisse. Até mesmo de qualquer cliente no bar que os tivesse visto a entrar para a casa de banho. Mas é um jogo o que Helena faz. E nesse jogo, nem ela própria consegue alcançar o verdadeiro objectivo. Nem ela mesmo recolhe a presa que se sente caçada pela ratoeira dela. Não. Helena ainda geme. A sua rata ainda lateja da foda. Mas ela quer mais. O sorriso dela não engana. Abre o casaco, abre a camisa branca com folhos que veste. Porque Helena veste-se como uma prostituta. Mascara-se de uma fantasia que quis entregar ao seu marido. E já é tarde demais para ela perceber o que ia na mente dele. Ela jamais o irá perceber. Para ela, tudo aquilo não passou de uma brincadeira envolvente. Em que ela comandou e ele participou. Como um lindo menino. Rodrigo esteve a um palmo, a uma foda, a um pequeno deslize de ser descoberto. Algo que ele tivesse dito ou desejado e tudo terminava ali. Impávido e ainda a procurar recuperar a respiração, ele leva as mãos aos seios da sua própria mulher. Não é uma amante. Não é tão pouco uma mulher desconhecida que se ofereceu a ele. Os seios quentes, tesos e espelho do desejo do corpo da mulher, são da sua esposa. O coração dele palpita. Excita-se com o momento, mas palpita velozmente. Como se a qualquer momento, pudesse saltar do peito para fora. O que o segura é uma linha ténue. Uma linha muito fina. Quase invisivel. A linha ténue que separa uma brincadeira gostosa, de uma partida de mau gosto.
Helena está montada no corpo do seu marido. Tem a testa a suar, tens os lábios molhados. Rodrigo já não tem a sua máscara a envolver a face. A sua pele toca nas maçãs do rosto da sua esposa. Segura o corpo dela contra a parede húmida da cabine da casa de banho. As pernas da mulher estão envoltas na cintura dele. O sexo dele ainda incha dentro da rata de Helena. O impacto do momento, a excitação do perigo, a adrenalina que explodiu no seu interior, fez Rodrigo entusiasmar-se e por cerca de três minutos perder a cabeça. Voltou a foder a amante que escolheu para esta noite. Segurou-a pelas nádegas e entrou nela, abrindo as suas pernas. Entrou na rata dela de uma forma intensa. O sexo dele roçava no clitóris da esposa, ao mesmo tempo que enchia o sexo dela. Os seus lábios vaguearam várias vezes pelo pescoço húmido da mulher. Chuparam os seios. E nesse instante, ele não sabia quem era. Talvez não lhe fizesse diferença de que eram aquelas mamas. Helena segurou-se à nuca dele, beijou-o várias vezes. Gemeu. procurou gemer de forma a que ninguém ouvisse. Veio-se sem pensar que alguém verdadeiramente lá fora pudesse perceber que ela estava a adorar ser comida pelo próprio marido. O entusiasmo que soluçava dentro de si tornou-o um homem diferente. Podia ser uma amante que ele comia. Podia ser uma mulher quente, sem compromissos, sem nada a perder que estivesse a entregar-se a si. Mas não. Ele perdeu a cabeça e voltou a foder a sua mulher ali mesmo. E nem ele pode negar que com o descontrolo que invadiu a sua mente, ele comeu-a como se fosse uma verdadeira puta. Helena foi, mais do que nunca, literalmente e por um momento insane, a sua amante.

sexta-feira

Fondue de chocolate preto com espetadas de morango

Prepara-se em pouco tempo. Numa fantasia viciante, parece simples de confeccionar. O primeiro passo é segurar a peça de fruta. Descascar e verificar se está suficientemente madura. Para evitar que possa oxidar ou murchar, tem que se regar a peça de fruta com um pouco de sumo. Limão, de preferência. É recomendado que se mantenha a fruta predilecta sempre húmida. Se for mais apetecível, tem que ser apertada levemente com a mão mais vigorosa. Convém repetir a acção até lhe tomar o gosto. Cozinhar é um processo prazeirento e vagaroso.
Laura acorda com a leve sensação de tudo ser real. A noite foi longa. Intensa. Vibrante. Ousada. Sobrou apetite. Gula. E quando descola a face da almofada quente, vira o seu corpo. Do seu lado esquerdo na cama, o seu namorado está a ser chupado. Ainda dorme. O seu sonho confunde-se. Levemente, os seus olhos vão abrindo. Laura sorri. Sofia está colocada sobre o corpo de Afonso e tem o sexo dele completamente enfiado na sua boca macia. Nesta manhã, é assim que a inquilina do 2º direito acorda. Com uma companhia diferente, com um despertar excitante. A convidada levanta o olhar. Percebe que a sua amiga acordou e a apanhou num momento escaldante. Não pára de chupar. Desliza os lábios pelo sexo carnudo. É assim que Afonso acorda. Excitado e teso. O broche sabe-lhe bem. Quando ele aterra no mundo real, percebe que tudo aquilo acontece. A suanamorada do lado direito, a amante do lado esquerdo. É um amanhecer a três. Sofia chupa. Segura a pele com dois dedos e degusta-se com a ponta da picha. Laura está encantada. Nem que tivesse pedido. Acordar assim é surreal. Leva a mão aos cabelos de Sofia e impulsiona a sua cabeça. Afonso geme. Todas as conversas, todas as fantasias, todas as expectativas antecipadamente criadas sobre um momento a três, a quatro, não alcançavam a plenitude deste instante. Ele é chupado por outra mulher e a sua mulher assiste. E a acção promete prolongar-se. Porque Afonso sustém o seu prazer e Sofia gosta de o provar vagarosamente.
O próximo passo é cortar em fatias a manteiga e partir todo o chocolate. Até este processo pode ser feito com prazer. Com uma ansiedade gostosa. Com a convicção de que tudo vai sair perfeito. Assim que houver satisfação na quantidade de pedaços para levar a aquecer, é necessário inteirar-se que toda a fruta também está pronta. Passar por água, cortar os pés verdes e enxaguar devidamente os morangos. Não se pode ceder à tentação de outra fruta da época. Morangos são a escolha certa.
Laura abre a porta do seu apartamento. Regressada do Espaço Magnolia onde foi buscar o recipiente de loiça que deixou no estabelecimento, na noite anterior. Segundo as palavras de Vasco, a sua sobremesa de chocolate foi um sucesso. Fecha a porta e atira as chaves para o armário no hall de entrada. Quando pousa o saco dos utensílios no chão, ouve ruidos vindos do quarto, onde deixou por dez minutos, o seu namorado e a sua amiga. Gemidos. Alguns gritos de prazer. Afonso está ajoelhado na cama e tem o corpo de Sofia com o rabo virado para si, de gatas. Penetra a amante por trás. A queca já dura há alguns minutos. Ele segura as nádegas da mulher e entra vigorosamente na rata dela. Sofia geme. Ouviu o barulho da porta e olha para a entrada do quarto.
- Já cheguei, meninos...
Com toda a naturalidade, Laura observa a situação. Abre um sorriso e delicia-se com a forma como a amiga é penetrada. Aproxima-se da cama e fixa o olhar na face de Sofia. Ainda restam vestigios na cara e no peito dela, do orgasmo de Afonso depois de ser chupado. Sofia sente cada penetração do amante. Ele está a delirar por conseguir foder a amiga da namorada de uma forma intensa. Quando as forças começam a faltar e um novo orgasmo se aproxima, ele pende o seu peito contra as costas da loira. Laura volta a acariciar os cabelos dela e sente a vibração que passa pelo corpo da mulher. A sua rata nunca tinha sido penetrada assim. O seu namorado jamais lhe deu a conhecer um prazer que se prolongasse por tanto tempo.
- Vou preparar o pequeno-almoço....
Laura sai do quarto e dirige-se para a cozinha. Retira os utensílios do saco e adiciona os ingredientes necessários para fazer a primeira refeição alimentar do dia. Ainda assim, não desliga a atenção do que se passa no quarto. Ouvem-se os gemidos de Afonso. Ecoam os gritos e os pedidos intensos de Sofia. Ela é comida. Enquanto ele lhe agarra as mamas entesadas, mexe as ancas para conseguir fodê-la até ao último suspiro. E o corpo de Sofia vai cedendo. Entrega-se ao prazer do sexo dele, mas sufoca na loucura das penetrações. Quando Afonso se liberta dentro da rata dela, Sofia estende-se na cama e recebe o corpo saciado do amante. Ainda existe um abraço reconfortante. Por breves segundos. Ainda existe uma leve caricia no pescoço, um beijo nas maçãs do rosto que fervem. E ainda que as mãos dele aguentem nas mamas de Sofia, a foda foi uma foda. Uma verdadeira foda.
Antes de servir, tem que se levar o chocolate negro, dentro do recipiente de louça, ao microondas durante cerca de um minuto. É importante certificar que o aparelho está na potência máxima. Essencialmente, a calda tem que ficar quente, escaldante. A ferver.
Afonso refugia-se por alguns minutos na casa de banho. Sofia sai da cama, com um sorriso na face. A estranheza dos acontecimentos. O desconhecido surreal do que vai acontecendo entrega à mulher uma ansiedade a cada passo que troca entre o quarto e a cozinha. Nua. Comida pelo homem que não é seu e nua. Saciada e nua. Sofia aproxima-se do corpo da amiga com toda a naturalidade. Laura está a ultimar o pequeno-almoço e sente as mãos da amante nas suas ancas. Leve e vagarosamente, Sofia abraça o corpo vestido dela. Um beijo seco no ombro. Um beijo profundo no pescoço. Um beijo a deslizar os lábios pelo queixo. Um beijo húmido nos lábios desejosos de Laura. As duas mulheres abraçam o desejo e até um beijo enrolado com as linguas parece ser um gesto proibido mas liberto de qualquer barreira.
- Já conseguiste falar com o Diogo? - pergunta Laura, entre dois suspiros.
- Sim, está ansioso para estar comigo esta noite. Quer que eu conte tudo....Tudo!
Afonso entra na cozinha. Não interessa o que veste ou o que ainda não vestiu. Afonso depara-se com o beijo prolongado e surreal da sua anamorada e da sua amante. Laura está vestida, com as mãos quentes e sujas. Sofia está nua, com as mãos carregadas de desejo, a acariciar a face da amiga. Ousadamente excitante. Perversamente belo.
Pode adicionar-se à calda de chocolate natas ou chantilly. Criatividade, imaginação e irreverência são doses que convêm ser juntadas. No fim, mexe-se com uma vara de arames até derreter todo o chocolate. Sobre uma superficie plana e estável, serve-se coloca-se a tigela sobre uma lamparina para manter o chocolate fluído. Prova-se com encanto. Seja onde for.
O cobertor vermelho está estendido no chão da sala. O fondue, as frutas, os biscoitos e as bebidas frescas espalham-se em redor dos três corpos nus. Sofia está deitada, com os cotovelos a apoiar todo o tronco. Oferece um sorriso aos anfitriões. Afonso está ajoelhado no chão, junto à cintura da amante. Partilha o olhar entre a ansiedade de Sofia e a excitação da sua namorada. Laura mistura a calda do chocolate com um arame. Tem um morango espetado na ponta e molha-o com o chocolate derretido. Está quente. A mulher aproxima-se da cara da amiga e coloca a fruta nos lábios dela. Sofia prova o chocolate intenso, enfeitiçando-se com o seu aroma. Trinca com firmeza o morango maduro e olha fixamente para a sua amante. Apetece-lhe. Saboreia. Mas Laura provoca. Faz escorregar o arame pelo seu lábio inferior e desliza pelo queixo até ao pescoço. A pele de Sofia molha-se com o chocolate negro. Enquanto o morango passeia nos seios da mulher loira, Afonso acaricia as coxas da amante. Brinca com os dedos por entre as pernas dela. E a fruta percorre a barriga da mulher. E Laura acende todo o seu corpo. No momento em que o morango se aproxima da rata de Sofia, ele molha os lábios na boca quente dela. Vibrante. O envolvimento entre os três parece natural. Ouvem-se gemidos derretidos de Sofia. O corpo dela está totalmente entregue aos desejos dos anfitriões. Quando o arame descobre o caminho do intimo da loira, Laura ajoelha-se defronte da amiga, abrindo-lhe as pernas. Não há nada a esconder. A namorada de Afonso anseia por comer a rata da mulher. Pálida, carnuda, macia e agora deleitada em chocolate. A boca de Laura come a delicia. Lambe o morango e chupa os lábios vaginais dela. É só nisto em que Sofia se concentra. Porque o beijo achocolatado que troca com o homem arrefece. As linguas trocam-se para saborear o cacau que se espalha no interior das duas bocas. Sofia pega num pedaço de ananás e coloca-o em redor do pénis do amante. Agora, a convidada é chupada e chupa. De novo. Sabe-lhe bem. É gostoso. Coloca o sexo dentro da boca e quando o retira, trinca um pedaço ácido da fruta. Volta a repetir a acção. E outra vez. E mais uma vez. Afonso sente-se de novo louco com a boca dela. O suco da fruta escorre pelo seu corpo. Ela lambe o que sobra do ananás e abraça a cintura dele. A excitação está ao rubro dentro do espaço do cobertor. Laura lambe a amiga toda. Já comeu todo o morango. Retira o arame e atira-o para o lado. Agora, a rata com sabor a chocolate pertence-lhe. E quando chupa o clitóris por entre o chocolate morno, sente o corpo de Sofia a vibrar. A loira já não chupa. Já consumiu o sexo do amante. Afonso quer mais. Quer libertar-se. Quer prazentear-se com algo ainda mais vibrante. Dois segundos para se colocar por detrás do corpo de gatas da namorada e fazer explodir o êxtase que se evapora na sala do 2º direito. Fode-a. Afonso fode-a loucamente. Sem misericórdia. Com uma dose de paixão, uma pitada de sensualidade e uma enorme fatia de loucura. Segura o rabo dela e entra profundamente na rata de Laura. Enquanto é comida, ela impulsiona a sua boca para o intimo da amante. Sofia sente a lingua da amiga entrar vertiginosamente no seu sexo. Até ferver. Porque tudo ferve ali. Atinge uma temperatura explosiva. Ebule uma sensação de loucura nos três adultos. O sexo de Afonso, molhado de chocolate e ananás, rebenta dentro da rata da sua namorada. Comida e a comer, resta a Laura deixar-se levar pelo seu intimo a tremer e a rata de Sofia a vibrar convulsivamente. É a imagem que está diante de si. O pequeno-almoço irreverente e original que faz borbulhar o prazer de todo o seu corpo. A mulher liberta os cotovelos e deixa o resto do seu corpo deitar-se na manta vermelha. A sua boca saborosa emana um grito de prazer. Ela é a boca do vulcão de toda a combustão. O chocolate ainda fervilha na tigela. A fruta espalha-se pelo chão e os corpos estilhaçam em prazer. Laura e Afonso partilham o auge deste instante. Sofia delicia-se a vê-los. Sabe que aquilo não lhe pertence. Mas excita-a. Tudo se consumiu. Derrete-se numa única calda de prazer. Alguma vez o chocolate foi tão saboroso?
Como sugestão de apresentação da receita, aconselha-se a prolongar a fluídez do chocolate na tigela. É sempre possivel voltar a prová-lo. Misturá-lo com novos condimentos. Com maçãs, com banana, com uvas. O sabor que se recolhe na boca e no interior do desejo será sempre divino. E mais do que fome, vai-se estender um apetite sublime.

Um agradecimento profundo, especial e íntimo à Teresa, detentora dos segredos culinários mais intensos e estimulantes. Amar-te ainda é pouco para mostrar aquilo que sinto por ti.

quinta-feira

Mousse de chocolate sem creme de leite em dez minutos

A noite ultrapassa a hora estipulada. A casa não fecha tão cedo, mas os clientes começam a sair. O serão pode continuar numa discoteca próxima ou num quarto acolhedor ou num local excitante. Ainda assim, é possível encontrar no Espaço Magnolia almas que procuram um desfecho diferente e corpos que exalem um desejo transcendente.
- Vasco, trazes-me dois Martinis?
O cansaço já se vai apoderando dos empregados do Espaço. Mas Vasco ainda tem energia para servir duas bebidas sobre o balcão a Rafael. O instrutor de equitação, homem com uma postura presunçosa, confiante mas aliciante, enche a sua noite com vários copos. O calor do chocolate ainda invade a sala. A música libertada pela jukebox espalha-se por toda a área e contagia alguns presentes. Rafael fixa desde há alguns minutos o olhar numa mulher trintona que dança junto ao aparelho de som. É uma convidada diferente, desconhecida à maioria dos habituais clientes do estabelecimento. É desconhecida dos habitantes do Edificio. É demasiado desconhecida à panóplia de contactos femininos de Rafael. Ela dança. Baila por entre os resistentes da noite do Espaço. Expõe as suas curvas aliciantes em movimentos sensuais. Esbanja o seu júbilo com traços extrovertidos na face. Ela dança.
- Se a conhecesse, iria dizer que se exibe perante tanto homem sedento...
Rafael cola-se ao corpo da mulher. Tem um copo em cada mão e oferece-lhe um deles. Ela sustém os pés, mas o seu corpo ainda continua a bailar. Lança o olhar ao homem e larga um sorriso presunçoso.
- Se o conhecesse, diria que está cheio de sede.
Ele franze o olhar. Ele vibra com o calor que a mulher solta. Ele fica atordoado com a sensualidade provocatória da mulher. Ele rodeia os seus braços na cintura da mulher, enquanto ela prova o Martini. Um silêncio intenso rodeia o espaço deles.
- Sou o teu engate? - pergunta ela.
- Talvez...Neste momento apenas te estou a oferecer uma bebida...
- E a oferecer-me o teu corpo....
- Não...Eu não o ofereço. Se o quiseres, tens que pedir.
Ela refugia o olhar. Pressente todos os passos que Rafael pretende tomar. Sabe exactamente a cantiga que ele lhe canta ao ouvido. Não nega. Não aceita. Gira o corpo sobre si mesma e encosta um pouco mais o seu traseiro ao corpo do instrutor. Ele sente-lhe o cheiro. Vibra com os movimentos dela, com as nádegas envoltas numa ganga azul apertada a roçarem bem perto da sua cintura. Os braços dele sobem. Estão agora bem por baixo do peito da mulher. A música que agora invade o espaço deles obriga-os a colarem-se. E eles dançam juntos.
- Vais ser o meu engate? - pergunta ele.
- Depende...Não sou mulher de ninguém...
- Não te quero prender....É pegar ou largar...
- Achas?...Devo ser a única mulher aqui que estaria disposta a ser comida por ti.
- Julgas-me assim tão desesperado?
- ....Sim!...
Rafael sente-se invadido. A mulher provoca-o. E não obstante o homem gostar de uma mulher atrevida, intensamente mordaz e capaz de dar luta, a mulher desconhecida revela-se misteriosa. Quer, mas não cede. Está nas suas mãos, mas não lhe pertence. Provoca-o mas derrete-se com a sua ousadia. Ele aperta o corpo dela. Coloca o queixo no ombro dela e solta a sua respiração para os cabelos castanhos volumosos da mulher. É uma brincadeira. Um desafio. Está muito quente ali. A bebida não arrefece, incendeia. E o abraço é uma fogueira. Pela primeira vez, ela sente-se aprisionada pelo charme do homem. Ela dança. Mexe o corpo com convicção e consegue liberta-se dele, virando de novo o corpo. A música pára. Os olhares comem-se. Mas comem-se mesmo.
A porta do 3º esquerdo abre-se. Para Rafael permitir a entrada de uma desconhecida no seu lar, transportá-la ao colo pelo corredor nos seus braços e manifestar uma louca paixão com beijos por toda a face da mulher, algo de muito emotivo surge. Junto à entrada da cozinha, já ela não tem camisola. As mãos dele abrem com algum custo o soutien, enquanto ela segura a face dele com as suas mãos finas.
- Podes tratar-me por Neves....moro neste sitio...e quero-te!
A sua força imponente arrastam a mulher pelas paredes até chegarem ao balcão da cozinha. Apesar do mármore estar cheio de objectos e ingredientes culinários, o rabo da mulher consegue arranjar um espaço para assentar.
- Podes tratar-me por Filomena...mas quero ser a tua cabra!
Rafel excita-se. A mulher entrega-se a si de uma forma mais inquietante do que ele poderia imaginar no bar. Ele desliza os lábios pelo queixo dela, refugia-se no pescoço e depois alcança os seios fofinhos dela. Filomena é uma mulher quente. Sensual quanto baste, adiciona uma elegância ousada na forma como se apresenta. Ainda assim, é complexo despi-la. Botas pretas altas e umas calças de ganga apertadas tornam o processo demasiado moroso. Enquanto isso, ela percepciona o que a rodeia naquele balcão. Tigelas com farinha, pacotes de manteiga e uma tigela com chocolate que já foi vertido. A mulher solta um riso, percebendo que o homem também dispõe de dotes culinários. Assim que o homem lhe despe as cuecas azuis, Filomena usa uma mão para raspar a tigela de chocolate e leva a outra até às calças dele. A tusa apodera-se violentamente do casal de amantes desconhecidos. Ela está sentada no mármore frio da cozinha e não deixa o sorriso que lhe enche a face. Ele vicia-se no olhar misterioso dela. É um olhar ardente, possessivo, louco. Passa as mãos pelas coxas dela. Encosta o seu corpo por entre as pernas da mulher e com convicção penetra no sexo dela. A mão achocolatada de Filomena segura-se afincadamente ao pescoço dele, espalhando o liquido castanho pela derme dele. Quente! Está muito quente ali. Rafael sente-o, quando entra profundamente na mulher. Filomena só pode sentir. O homem é verdadeiramente possante. E todo o seu corpo ebule com cada penetração. Um movimento dele arrasta o rabo dela para trás. Para trás e depois para a frente e o seu coração ferve. Transporta um ar morno pelos pulmões até se libertar um gemido ofegante da sua boca. O chocolate tépido fervilha agora nas costas de Rafael. Porque as mãos dela estão irrequietas. Chamam o corpo dele a si. Imploram por mais. E a excitação alcança uma temperatura inconcebivel. Tudo é demasiado rápido. Quando ele entra há um abraço frenético misturado no sabor a chocolate. Quando ele sai tudo vibra. E um arrepio atravessa a espinha do instrutor. O sexo dele incha. E ela sente. E ele delira com a rata quente da mulher. E ela sente-o tão bem!
- Ohhh...Sai...uhmm... Pára..ohhh tão bom...Saí....
Rafael levanta a cara fixando-se no olhar dela. A mulher está em êxtase. Delira com o sexo dentro dela, mas Filomena não o conhece. Tudo isto é uma aventura inconsequente. Ela encosta-se para trás. A mão deleitada de chocolate apoia-se no balcão, onde a farinha já se espalhou.
- Vou-me vir...ooohh....és sem dúvida...oohh...uma cabra...oh, vou-me vir!
- Não!....Não vais não...
Filomena desconhece o homem que entra dentro de si. A sua outra mão afasta o corpo dele, deslizando ao mesmo tempo pelo tronco de Rafael. Cinco segundos antes dele libertar o seu prazer, a mulher fecha as pernas, leva a mão suja ao cabelo dele e beija-o. Beija-o intensamente enquanto o sexo dele se esporra nas coxas da mulher. É um prazer incompleto. É uma sede que transborda para o exterior do corpo da amante. É toda a preparação de um momento escaldante que derramou no sitio errado. Filomena não se veio. Rafael veio-se no sitio onde não esperava. O beijo ainda continua, mas Filomena continua a afastá-lo. Salta do balcão e de pé, encosta o amante à parede em frente. Apalpa-lhe o rabo e suga a lingua dele. Como uma menina mimada que raspa o dedo no que resta da tigela de mousse. Mas tudo é precipitado. Rafael procura um abraço. Um gesto que possa prolongar aquele momento. Para uma outra divisão, para a cama, para outra posição que o volte a excitar. Mas Filomena recusa. Cancela o beijo, guardando o sabor intenso da boca dele. Volta a abrir os olhos e fixa-o misteriosamente. Um sorriso de troça chega a esboçar-se na face dela. Ela encosta o rabo à ponta do balcão e pega na camisola dele que pousa em cima do mármore. Limpa-se. Mantém a distância corporal, usando apenas o olhar. Filomena procurou a sua satisfação. Tudo foi precipitado. Bom, muito bom. Mas o tempo de preparação foi intensamente rápido. Soube-lhe bem. Muito bem. Mas Rafael gosta de ser usado. Usa para ser comido. Nada mais. Somente prazer. Lentamente, em silência, ela veste-se. Come o homem com o olhar. Aguenta o cheiro dele no seu corpo, a saliva dele na sua boca, o liquido dele na sua pele, a repentina sensação de poder ser fodida pelo homem que um dia Clarisse lhe disse que poderia ser seu. Bastava um pouco de charme. Um pouco de sedução e mais uns gramas de cacau. Sem nada dentro de si. Porque são desconhecidos. Vestida, aprontada. Coloca a mão suja sobre a face do homem que se mantém incólume junto à parede e sai. Foi tudo demasiado rápido. Ainda assim, saboroso. Muito saboroso!

quarta-feira

Bolo mármore com nozes e molho de frutos silvestres

A festa continua no Espaço Magnolia. Começou pouco depois do jantar e promete prolongar-se para além da hora normal de fecho do estabelecimento. Clarisse volta a entrar no local de trabalho. Com a pele do pescoço pescoço quente e rosada, consegue prender a atenção de vários clientes, incluindo Rodrigo e a sua mulher, incluindo Neves, agora sentado junto ao balcão. Incluindo Vasco que apesar de demonstrar desagrado com a ausência da colega, percebe exactamente o que aconteceu. Imediatamente entrega à jovem uma bandeja com dois whisky's, para servir na mesa próxima dos sofás.
- São para si os dois whiskys, Maria José?
- Sim, são..
- Mas só pode beber um de cada vez, não se esqueça.
- A esta altura, até podes trazer um duplo, Clarisse.
Maria José já ultrapassou o seu limite de teor alcoólico no sangue. A bebida já consumiu a sua racionalidade. Invadiu o coração, fazendo-o pular velozmente. Acendeu o rastilho do seu desejo, irradiando uma chama sensual em todo o seu corpo. Uma máscara branca cobre a sua face. Tem uns motivos azuis no topo e mistura-se com a sua indumentária branca. Não há disfarce. É mesmo ela. Maria José recolhe-se nos braços do seu cunhado. Henrique pressente o estado embriagado da mulher. Recebe as bebidas e sorri para Clarisse. A funcionária entende a cumplicidade dos clientes e continua o seu trabalho, dirigindo-se para outras mesas.
- É a última bebida, Maria José...
- Talvez...Se me levares a casa, prometo que não bebo mais...
- A tua casa é já aqui.
- Leva-me a casa, fecha a porta...deita-me...possuí-me..torna-me tua...dorme comigo...
- Maria José....
- O que foi?! Não foi para isso que vieste aqui? Para foder-me?...
Henrique pega no copo da professora. Segura o braço dela com convicção e levanta-a da cadeira. Apesar de descontrolada, Maria José deixa-se levar pelo homem. Quando pressente o casal a levantar-se, Clarisse aproxima-se deles.
- Já vão?
- Como estás a ver, ela não consegue beber mais uma gota...Quanto é que é pelos whiskys?
- Nada...A última bebida é oferta da casa...
- Obrigada, Clarisse... - diz atropeladamente Maria José - Provaste o meu bolo?
- Sim, eu quero essa receita do molho de frutos...
- Uhmm... é feito com muita paixão...
Clarisse larga um sorriso. Percebe o estado da sua cliente e pendula o olhar para Henrique. Ele retribui o sorriso, como que a agradecer pela noite diferente no Espaço Magnolia.
Henrique abre a porta do 1º direito. Que lhe pertence por escrito, mas que sentimentalmente o cedeu a Maria José. Procura acender o minimo de luzes, levando a inquilina para o quarto. Senta a cunhada na cama e retira-lhe os sapatos.
- Mal sabe ela como foi feito o bolo... - diz a mulher
- Despe-te, por favor...
- O truque está na quantidade de chocolate que misturas com o molho...Mal sabe ela...
- Onde é que tens o pijama?
- É feito com paixão...É assim que o faço...Com paixão....e tesão....
- Maria José!...Onde é que meteste o pijama...
- Se me conhecesses como deve ser, saberias que durmo nua.
Ele congela a postura. Fica a olhar para a mulher e durante uns segundos, tenta pensar na melhor reacção. A sua cunhada está bêbeda. Da sua boca saem disparates. Mas disparates sensuais. Do seu corpo é libertado um odor agradável, excitante. E ela pede subliminarmente para a despir. Abre as calças da mulher e puxa-as vagarosamente. Por uns momentos, Maria José pára de falar, pára de gesticular. Por breves instantes, a mulher quase deixa de respirar. Henrique ergue-se um pouco e bem próximo da face da mulher, abre os botões da camisa. Ela ajuda e despe-a em movimentos lentos soberbos. Maria José oferece um sorriso hipnotizante na sua face. As suas pupilas dilatam, assim como os seus seios, que despontam os bicos pelo tecido do soutien. Entusiasmado pela excitação da amante, ele começa a despir-se. Tira a camisa e prepara-se para abrir as suas calças.
- Achas que estou nua?...Não estou nua...Só consigo dormir nua.
Ele ri-se. Pousa as mãos nas coxas macias e pálidas da mulher e aproxima-se do peito dela. A sua boca quer beijar a pele dos seios, mas Maria José afasta-se. Deita-se na cama, com a cabeça sobre a almofada. Dobra as pernas e coloca-se na posição fetal. Henrique ergue o seucorpo e retira finalmente as calças. Coloca os joelhos no colchão e acaricia toda a nádega da amante. Maria José larga um gemido e fecha os olhos. Ela já nem se sente acordada. A sua racionalidade evadiu-se para um mundo instável, fantasioso. E são as mãos dele que a transportam. Os dedos puxam as cuecas, obrigando a mulher a remexer-se na cama. Henrique agarra na coxa da mulher e levanta-a ligeiramente. A face da mulher está agora enterrada na almofada. Ainda tem a máscara a envolver a sua cara. O homem senta-se sobre o corpo dela e esfrega o sexo já descoberto nas nádegas quentes femininas. E dali em diante, tudo o que Maria José se recorda é de uma imensa sensação de sonhar extravagantemente. Porque o seu corpo pede. Porque as suas ancas puxam o seu rabo contra as ancas dele. Porque o sexo dele tem que entrar em si. Profundamente. Meigamente. Surrealmente. E o sonho dela não tem chão. Não tem cama para se deitar. Nada a faz pousar. Tudo a segura. A intensidade do pau teso do amante eleva-a no vazio. As suas mãos deslizam pelos lençóis brancos. E nesse sonho, sem chão, sem pousio, ela é penetrada. Saciada da gula que a embriaga. Embulida nos movimentos masculinos. Tudo em si entra em combustão. O sangue ferve. O ar comprime. Os nervos excedem-se. E ela geme. Como uma ferida a sarar. Como uma leve dor acalmada. O prazer espalha-se pelo seu corpo. O sonho separa-se da realidade. Porque Henrique fode-a. Pressente o corpo da amante a adormecer e antes que tudo nela arrefeça, ele entra e sai vigorosamente na rata dela, apertada pelas pernas dormentes. Maria José estende-se ao longo da cama, de barriga para baixo. Tem todo o corpo dele sobre si, a penetrar bem fundo. Ele abre-lhe o soutien e procura separar a peça de lingerie do corpo da amante. O sonho dela eleva-se. Sem pousio, sem chão, sem nada. Apenas uma fome que a absorve. Apenas uma sensação louca de estar a ser comida e apenas responder com gemidos. Tudo em si pesa. Mas algo a faz subir. Sempre mais alto. E quanto mais sobe, mais Maria José avista o seu prazer. Dali de cima, seja onde for, tudo parece mais intenso, mais desperto. Mas ela adormece. Progressivamente. Henrique está agora deitado sobre todo o corpo da mulher. Enrola o braço pelo tronco dela, segurando um dos seios. Quentes, tesos e com o mailo duro. O seusexo entra profundamente dentro da arata dela. O seu rabo abana e tudo vai ceder. As últimas penetrações são mais secas, mais profundas. Porque ele liberta-se no interior da mulher. No sonho sem pousio, sem chão de Maria José, existe uma voz grave e intensa a ecoar dentro de si, dentro de todo o espaço que lhe é concedido para voar. E num periodo de tempo indefinido, o corpo da mulher explode. E ela sente-o. Como se estivesse acordada. O coração bate com força. As mamas derretem na mão cheia do amante. As suas mãos fincam nas ancas dele. A sua rata arde, encharca-se de prazer. E quando a vontade louca de gemer, de gritar, de dizer ao mundo que se está a vir surge, Maria José entra em queda livre. Os beijos cremosos de Henrique ainda a procuram acordar. O braço dele em volta do seu corpo agarra-a com vigor. Mas ela vai cair. Tudo em si vai ceder. Tudo em si vai estatelar-se. O sonho desvanece-se. O prazer foi gozado. Agora avista-se o pousio. Henrique ainda está dentro dela, mas já não consegue impulsionar o seu voo onírico. É uma queda sem pára-quedas. Maria José estende os braços ao longo do colchão. Não consegue mexer o corpo e uma força arrebatadora esmaga os seus sentidos. Henrique retira a máscara dela e entrega-lhe um beijo profundo nas maçãs do rosto em brasa.
- Fica comigo........
Um suspiro longo dita o encerrar da noite de Maria José. Adormece, cheia de prazer, despida de ansiedade. Henrique entende a decadência física e psicológica da mulher e ampara a sua embriaguez. Abraçados e colados, adormecem na cama que por escrito pertence a Henrique. Sentimentalmente pertence à sua cunhada. E o 1º direito só eles sabem partilhar.

terça-feira

Explosão de chocolate

O que se festeja, ao certo ninguém sabe. Entrudo, Carnaval, ou apenas uma noite como tantas outras? Folia, diversão, ou só uma outra forma de libertar as energias do mundo real? Máscaras, disfarces, ou a procura em esquecer quem se é?
- Entrem e provem a noite achocolatada do Carnaval no Espaço...Divirtam-se!!...
Clarisse dá as boas vindas às pessoas que vão entrando no estabelecimento do rés do chão do Edificio Magnolia. Entregando um cartão de entrada e um sorriso charmoso, a jovem funcionária esconde-se por detrás de uma máscara dourada que lhe cobre o olhar e as maçãs do rosto. A boca é descoberta, como forma de pretensiosismo em relação à identidade de quem veste a fantasia. Mas não há nada a esconder. Clarisse continua a ser Clarisse. Os convidados são facilmente identificáveis. As pessoas que normalmente frequentam o Espaço ainda vestem a mesma pele de todas os dias. Acrescentadas de uma máscara e de uma indumentária mais ousada para uma noite especial. Hoje é Carnaval no Espaço Magnólia. Mas é uma noite diferente, ou não fosse o espaço especial por si só. Antes de tudo, trata-se de uma festa privada. Apenas convidados intimos dos funcionários e gerência, sejam eles vizinhos próximos, amigos ou familiares. Dentro do estabelecimento não estavam mais que trinta pessoas. E todas elas com a sua máscara veneziana. E todas elas trazem o pedido da casa. Algo com chocolate. Algo que saiba a chocolate. Algo que possa ficar na memória como algo extremamente achocolatado. E numa enorme mesa ao centro do espaço, está efectivamente uma mesa recheada de chocolate. Nem bebidas, nem outros pratos, nem mais nada. Uma toalha bordada a dourado e em cima, dezenas de doces à base do chocolate. Chocolate negro, chocolate branco. Torta de chocolate, bolo de chocolate. Trufas. Bolo recheado. Bolo mármore. De chocolate. Mousse ou creme. Mas sabe a chocolate. Tabeletes e bombons. Tudo é chocolate naquela mesa. Só de olhar, a mente surpreende-se, a boca deleita-se e a gula explode dentro de quem assite àquela surpresa de Carnaval.
- Querem que vos arranje uma mesa?
Clarisse mantém-se ocupada. Olha em redor e vê o Espaço cheio. Encontra uma mesa pequena com duas cadeiras para a Tania, o Filipe. E Lúcia. Vestidos a rigor, ostentam máscaras brancas que envolvem quase toda a face. Os olhares entre Lúcia e Tania são trocados várias vezes. Filipe pouco percebe, até porque tem a namorada ao seu colo na cadeira. Ainda que possa parecer exíguo, o Espaço está feito à medida para todos os convidados. Essencialmente para os inquilinos do Edificio Magnolia. E hoje, estão cá todos.
"Rodrigo! Que bom ter vindo! Pode deixar ali essas...Isso é licor de chocolate?"
"Querem que vos traga mais alguma coisa? Afonso? Laura?"
"Vem tão bonita hoje, Maria José!"
E todos vêm fantásticos. E todos respondem com o sorriso fantasioso para a funcionária. Atrás do balcão, Vasco procura responder a todos os pedidos que a colega lhe traz. E o trabalho é cansativo. Para ambos. Mas Clarisse está exausta.
"O que é que tinhas pedido, Neves?"
Rafael sorri. Não responde imediatamente à jovem sensual. Fixa o olhar dela e puxa uma cadeira, na mesa onde ele se senta sozinho.
- Pareces cansada...Porque é que não te sentas?
- Porque tenho que trabalhar...O que é que tinhas pedido? Uma vodka?
- Não...mas agora não interessa. Senta-te.
O charme de Rafael é lançado. Como uma névoa que quer envolver a presa. Como um perfume que enfeitiça as mulheres que se aproximam do desejo dele. Clarisse senta-se. O cansaço apodera-se por uns momentos dela e sentar-se durante dois minutos não vai deixar ninguém irrequieto. Lança o olhar a Vasco, que parece ter acalmado o trabalho ao balcão. Seguidamente, Clarisse atenta na postura do cliente. Rafael traz uma máscara veneziana. Distinta de tantas outras. Uma máscara com nariz mais longo, caracterizando o homem de uma forma presunçosa, até autoritária. Ela sorri, mas não se ilude. Ao contrário de imensas mulheres que se sentam em diversas cadeiras do espaço, Clarisse não se sente fatalmente seduzida pelo instrutor. Não será pela falta de charme. Não será pelos ombros imponentes. Nem tão pouco o aroma intensamente sexual que exala dele. O que não seduz Clarisse é a confiança desmesurada do homem. É a certeza dele em que irá conseguir convencê-la a terminar o turno mais cedo e levá-la para o seu apartamento, onde lhe irá dar uma noite escaldante e se tudo correr bem, sair pela porta do terceiro esquerdo depois das duas da manhã. Clarisse não está interessa no olhar que a come desde a primeira hora da festa.
- Estás a atender, Clarisse?...Preciso de algo e não está ninguém a atender às mesas...
- Claro que sim!
Ana acaba de entrar no Espaço Magnolia. Não veste a sua máscara diária. Não veste a sua máscara nocturna. A sua face é envolta de uma máscara branca, com adornos violeta. Só a sua boca é visivel. Ana veste uma fantasia de Carnaval. E só quem a conhece verdadeiramente, sabe que ela não está a usar mais nada a não ser essa mesma máscara.
- Trazes-me um chocolate quente?
- Sim...claro.
- Podes levar-mo lá fora?
Clarisse acena positivamente. Levanta-se imediatamente e segue para o balcão. Rafael sente-se roubado. Sente que a sua vizinha a roubou. Sente que ela o provoca. E hoje não é claramente a primeira vez. Os olhares trocam-se por entre as máscaras. Uma fricção violenta irrompe naquela mesa.
- Tens que escolher outra esta noite para aquecer a tua cama.
- Se te pagasse, poderia escolher-te?
Rafael jamais poderia sentir-se usurpado. E neste confronto de olhares, nesta troca de palavras, ninguém fica efectivamente a perder. Ana sai do Espaço, abre a porta de saída e aguarda de pé no passeio. Três minutos depois, Clarisse vem sozinha, juntamente com duas canecas de chocolate quente. A de Ana. E a sua.
- Obrigada! - solta Clarisse.
Porque a funcionária sabe o que aconteceu dentro do café. Sabe que Ana percebeu o que se estava a passar. Sabe que era perceptivel o seu incómodo entre querer recusar o Rafael e não poder recusar um cliente. Ana pega na chávena e partilha a bebida quente junto à entrada do Espaço. As duas jovens estão lado a lado. Lançam um olhar sério uma à outra e depois de perceberem que conseguiram fugir ao ambiente frenético que se vive dentro do estabelecimento. Riem-se uma para a outra e são cúmplices de um momento agradável.
- Ainda fumas, Clarisse?
- De vez em quando...Porquê?
- Posso roubar-te um cigarro? Posso roubar-te a ti por uns momentos no topo da Magnolia?
- ....Sim...


Existe o rés-do-chão. Existe o terceiro andar. E depois existe o topo do Edificio Magnólia. Só acessível por escadas, é possivel sair das paredes do prédio, entrando num enorme terraço superior, que cobre o tecto do empreendimento. Raramente é usado pelos habitantes do Edificio. Ana e Clarisse aproveitam assim o segredo do espaço para estarem juntas e sozinhas. A funcionária já acendeu o cigarro e já o partilhou com a amiga.
- Pergunta-me porque é que lhe disse aquilo... - diz Ana.
- Porque é que lhe disseste aquilo?
- Odeio-o...Odeio-o mesmo.
- Ana, eu era a foda dele desta noite.
- Já não és mais....Hoje és a minha foda.
Os risos espalham-se com o fumo do cigarro e com a brisa da noite, ali tão alto. Bebem o chocolate quente e apreciam o som que vem do Espaço, bem como parte do bairro que ainda se consegue avistar dali. Ambas as mulheres estão com a máscara posta. Sabem quem têm ao lado e sabem com o quem podem contrar. Ter máscara ou não é irrelevante. Clarisse veste uma roupa informal, ganga, top, um casaco de malha preto. Ana veste apenas aquilo que é diferente do seu dia e da sua noite.
- Queres ser a minha foda?
Clarisse silencia mas olha detrás da sua máscara para a amiga. O convite da amiga é efectivo. Ela pousa a chávena e levanta-se. Coloca-se diante de Ana e abre as calças. Convicta de ter conquistado a sua noite, a acompanhante leva as duas mãos ao rabo da amiga e aproxima-a da sua face. Levemente vai puxando a peça de roupa de Clarisse para baixo. Esta não é a primeira vez que as duas jovens se envolvem. Nem tão pouco se revela ser a sua experiência pioneira com uma mulher. Num local ousado, numa noite fria mas numa fantasia quente, os corpos delas explodem. O desejo de se envolverem fervilha na pele de Clarisse quando sente as mãos vibrantes dela no seu rabo. Os dedos de Ana deslizam pelas curvas da jovem e alcançam as virilhas. Ela puxa a tanga da amante para o lado e sente o calor que emana do sexo de Clarisse. Vagueia a mão por todo o papo saliente dela. Clarisse geme. Passa as mãos pelos cabelos encaracolados de Ana e aproxima a cabeça dela contra o seu umbigo descoberto. Sentada num pequeno muro, Ana consegue chegar com a boca ao ventre da sua amiga. A sua lingua atrevida molha a pele de Clarisse e rasteja até aos lábios grandes do sexo dela. Ana é acompanhante. Ana é uma mulher. De noite veste o papel de uma mulher fogosa, calculista e que ostenta o poder de entregar prazer. De dia procura ser uma pessoa tranquila, simples, amante de paixões efémeras. Neste terraço, onde ocorre um momento sublime, Ana está mascarada. Não se disfarça. Apenas mascara. É fiel a si mesma, mas transforma o prazer lésbico numa louca fantasia. Clarisse gosta da entrega. Gosta de se sentir pertença da amiga. Não como cliente. Não como paixão. Apenas como pedaço de amizade. Porque amanhã, tudo o que vai haver para recordar deste momento é a sensação sublime dessa fantasia. Porque amanhã, Clarisse ainda vai sentir a lingua de Ana que entra profundamente dentro do seu sexo. Vai sentir o calor do pedaço de carne a penetrar por entre os seus lábios vaginais. Ana sabe lamber. Sabe lamber tão bem quanto chupar um homem. E ela sabe-o. E goza desse privilégio. Porque a rata de Clarisse arde. Vibra. Echarca-se de um sabor genuino. E quanto mais ela delira com a boca da amiga quase dentro de si, mais as suas pernas tremem. Mais as suas mãos apertam a nuca da amante. Mais o seu coração palpita. Mais o orgasmo é intenso e libertado para o silêncio da noite no terraço do Edificio Magnolia...
Ainda existe o parapeito frontal do terraço. Ainda existe o olhar distante para a rua. Ainda existe toda a envolvência do ambiente que as faz sentir isoladas. Ana debruça-se ligeiramente no parapeito. Já tem as calças dobradas junto aos tornozelos. Já sente a boca de Clarisse a beijar-lhe as nádegas formosas. Já cerra os olhos, consciente da excitação que lhe está aser provocada. Ouvem-se os ruídos do bairro. Os carros a passarem ao fundo, as pessoas a cirandar. Vê-se as luzes dos apartamentos dos prédios em redor a acender e a apagar. Ana entende que alguém pode estar a ver. Os imóveis vizinhos do Edificio Magnolia têm aproximadamente a mesma altura. Três, quatro andares. No entanto, está escuro. Apenas a lua brilhante ilumina o espaço onde elas se envolvem. Clarisse tem dois dedos a acariciar o clitóris húmido da amiga. A sua lingua percorre os lábios grandes. A outra mão apalpa a carne do rabo. A pele de Ana ressente a brisa que passa naquele local. O seu corpo empoleira-se no parapeito, empinando o seu traseiro. Clarisse sorri. Gosta de ter o intimo da acompanhante em seu poder. Sem compromissos. Sem porquês ou recompensações. O minete, pura e simplesmente acontece.
- És linda, Clarisse!...Uhmmm...ohhh...é bom...
A jovem funcionária só pode sentir-se excitada. Ajoelhada no chão sujo, ela segura o rabo da amiga. Ana sente-se a flutuar. E a única coisa que a segura são os dedos que a estimulam cadentemente. E flutuando, tudo é possivel. Esquecer o que a rodeia. Envolver-se num prazer intenso. Despir-se vagarosamente. Abre a blusa que veste e retira os seios por debaixo do top preto. Sente-se louca. Sente-se livre. Sente-se incrivelmente impulsionada pelo prazer que explode na sua rata. E quando o seu clitóris enrijece, quando a sua respiração se descontrola, quando os seus gemidos são libertados para a rua, Clarisse invade-a. Ergue o corpo e abaraça-se à amiga. Beija-lhe o pescoço e enche as mãos com as mamas de Ana. A acompanhante não consegue mascarar-se. Perdeu-se na atitude a demonstar. Não se sente como puta. Não se sente como amante. Clarisse despiu-a. Pôs às claras a sua faceta de menina. Porque Ana entrega-se a Clarisse como uma menina que prova uma experiência lésbica em segredo. E assim que o seu corpo é puxado, ela está predisposta a tudo. Como uma pena fechada na mão de Clarisse. De peito aberto, ela volta-se cara a cara para a funcionária. As jovens olham-se. Tem o olhar coberto pelas máscaras. Violeta e dourado. Olhos castanhos, olhos verdes. Bocas finas. Seios volumosos, rijos e escaldantes. Clarisse levanta a sua camisola e pressiona o peito da amiga contra as suas mamas estonteates. Uma mão segura o rabo de Ana, a outra volta a segurar-lhe o clitóris. Ninguém leva a mal. Ninguém vai ouvir o orgasmo de Ana a explodir na boca suave de Clarisse. Ninguém vai incomodar ou interromper o prazer que o abraço e longo beijo que elas partilham. Ninguém percebe a fantasia que elas vestem. Porque nem estão vestidas. Nem tão pouco despidas. Estão rasgadas de prazer. Coladas num enorme recheio de suor, carne e deleite. Ninguém leva a mal. É Carnaval, mas elas extravazaram a sua fantasia.
As máscaras ainda cobrem o olhar de Ana e Clarisse. A funcionária desce as escadas porque ainda vai trabalhar. A acompanhante está quase a entrar pela porta do 3º direito. A sua noite está a terminar. Nem um cliente, nem um amante. Um sorriso invade a sua face. Ela pega a mão de Clarisse, obrigando-a a travar o seu passo. Dois degraus acima, Ana empurra o corpo da amiga para junto de si. As máscaras tocam-se, o disfarce mantém-se. Mas o beijo fino, suave e elegante que elas trocam é mais oculto do que alguma vez alguém irá perceber. Dois sorrisos. O que festejam, nem elas sabem. Mas nesta noite, por detrás das máscaras, elas sabem o que entregaram uma à outra.
- O que celebraste hoje, Clarisse?

segunda-feira

Trufas de chocolate em banho morno

São rotinas diferentes. Porque são pessoas diferentes. Porque viveram experiências diferentes. Ambicionam coisas diferentes. Lúcia e Tania acordam a horas diferentes. São distintas. Vivem juntas, partilham segredos, procuram conjugar as suas vivências. Mas algo as separa. No 2º esquerdo, a vida nasce às sete da manhã. Lúcia acorda e elabora todas as tarefas rotineiras de uma mulher caseira. Põe a roupa a lavar, retira os objectos da cozinha que precisa, dobra a roupa acumulada no cesto junto à máquina de lavar, pega nos ingredientes guardados no armário e no frigorifico, limpa a casa de banho, põe a água ao lume, estende a roupa na corda da janela da marquise e finalmente ocupa-se do balcão da cozinha. Tania acorda vinte e tal minutos depois das oito. Ouve-se o despertador a tocar várias vezes. Percebe-se que a jovem o desliga repetidamente. Finalmente, quando o cansaço do mesmo gesto se apodera dela, Tania levanta-se e sai do quarto. Ainda meio sonolenta, arrasta-se até à casa de banho, de cuecas brancas e uma t-shirt apertada a cobrir-lhe o tronco. Antes de lá entrar, apercebe-se da presença de Lúcia na cozinha.
- Estás a fazer o pequeno-almoço? - pergunta Tania.
- Não...Estou a cozinhar...
O pequeno almoço de Lúcia já tinha entrado à sete e um quarto da manhã. Tania é que já chega atrasada. Ela entra na cozinha e aproxima-se da amiga.
- O que estás a fazer?
- Trufas.
- Blherk...Detesto isso!
- Isso é porque nunca provaste as minhas. Estou a fazê-las para a festa de hoje...
- É preciso levar alguma coisa?
- Eles pediram para levarmos algo ao nosso gosto...Descansa, estas trufas vão em nome de nós as duas...
Tania sorri e entrega um beijo na bochecha de Lúcia, como agradecimento, por se lembrar dela. A esta hora, a amiga de Tania já está bem acordada, ao contrário dela. Enquanto boceja, ela dirige-se finalmente para a casa de banho.
- Vou tomar banho...Ligas o esquentador?
- Já está....
- És um anjo...
Lúcia respira fundo. As palavras da colega de casa soam-lhe bem. Distantes e deturpadas. Mas soam muito bem e transformam os seus lábios num sorriso divino. Tania fecha a porta e ouve-se a água quente correr. Lúcia tem tempo de verter o liquido quente numa tigela e deixar arrefecer, arrumar os ingredientes, limpar o balcão e tudo isto, enquanto a água corre livremente. A porta da casa de banho volta a abrir-se e de lá sai Tania, apenas em cuecas, olhando para a cozinha.
- Já fizeste? - pergunta ela.
- Acabei agora....Queres provar?
- Não...Já te disse...não gosto...Mas gostava que me fizesses companhia.
O silêncio regressa ao semblante de Lúcia. O mesmo processo de ideias borbulha na mente da jovem. Tania tomou o gosto de convidar a colega de quarto para a acompanhar no duche. Entre o duche da semana passada e o momento em que Tania fica especada na porta da casa de banho à espera de uma resposta, muitos acontecimentos suspeitos ocorreram. Na verdade, Tania demonstrou ter ficado perturbada com a ligeira caricia ocorrida debaixo da água que arrefecia. Durante estes dias, Lúcia tem percepcionado um outro tipo de aproximação por parte dela. Sorrisos diferentes. Conversas diferentes. Até a forma como a jovem olha para o seu corpo é diferente. Tudo isso Lúcia já percepcionou. Mas este convite continua a ser inusitado. Tania voltou a entrar dentro da casa de banho, esperando a presença dela imediatamente. Lúcia olha para a tigela cheia de chocolate e coloca um dedo no doce. Leva-o à boca e certifica-se que a temperatura é a ideal. Coloca rapidamente a tigela no frigorifico e segue para a casa de banho. Lá dentro, Tania está sentada na banheira. A água morna envolve o seu corpo um pouco acima do peito. A espuma cobre o nivel da água e a humidade cria um ambiente estimulante. Lúcia confessa a si mesma a surpresa de tal imagem. Apesar de terem ao dispor uma banheira, raramente ela a usou para banhos relaxantes.
- Entra...Não mordo.
Ela sorri. Retira o robe e vagarosamente vai-se despindo, entrando na banheira. As suas pernas habituam-se à temperatura agradável e gradualmente Lúcia senta-se de frente para a amiga. As pernas das duas mulheres tocam-se. Tania sorri. Lúcia fica com a mente suspensa na ansiedade. Ainda assim, mantém um ar calmo. Concentra-se no olhar e no sorriso da amiga. Tania brinca com a espuma e guarda alguns segundos com uma respiração mais célere. Lúcia habitua-se à água morna e molha todo o corpo. A amiga lava as mamas com as mãos, apalpando vigorosamente o seu peito.
- Quero fazer-te uma pergunta, Lúcia...
- Ainda te sentes confusa em relação ao Filipe?!...
- Não!!...Isso já tenho a certeza. Adoro isso...Lúcia...achas que sou lésbica?
- O quê?!!...
Agora Lúcia não consegue esconder o seu ar de surpresa. Fixa descontroladamente o olhar da amiga e em dois segundos olha para as partes mais sensuais do corpo da amiga. Tania larga um sorriso mas depois rodeia o olhar na espuma à tona da água.
- Vou ser sincera contigo...Aquilo excitou-me...Excitou-me muito!
- Aquilo o quê?
- A tua mão nas minhas mamas.
- Foi só um toque...Qualquer uma sentiria tesão com aquilo.
- Esta noite sonhei contigo, Lúcia...
Mais uma vez, a jovem bissexual não consegue esconder a atrapalhação com o que a amiga diz. Será que ela se está a apaixonar por si? Seria normal. Tanto tempo a morar juntas, tantas acções que partilham juntas, algumas jovens que Lúcia traz a casa, a procura de novas sensações, efectivamente o último toque no peito de Tania. Tudo isso pode modificar aquilo que Tania pudesse achar quando conheceu Lúcia. Há de facto uma verdadeira aproximação ao sentimento que ela busca. Mas até que ponto tal mudança pode ser concreta?
- E então? Achas que me estou a tornar lésbica?
- ...Não!
- Não?!...Mas...nunca tinha sentido isto.
- Tania, excitaste-te com uma caricia no mamilo. É perfeitamente normal.
- Mas eu sonhei contigo. Estavas nua e voltavas a tocar-me. E depois estava lá o Filipe e eu senti-me mal e...
- Não és lésbica, Tania. Se calhar poderias gostar de fazer amor ou envolver-te com uma mulher, mas isso não te torna lésbica. Como tu disseste, tu adoras a picha do teu namorado.
- Sim, adoro. Não a trocava por muita coisa, mas....Nunca senti isto.
- Quando beijavas as tuas amigas no secundário, não sentias isso?
- Não as beijava!
- Não? Espera lá...Tu nunca beijaste uma mulher?
- Tirando chochos à minha mãe e à minha irmã...não...nunca...
- Meu Deus!
Tania ri-se com algum descaramento, sabendo que aquilo que ela disse deixou a amiga surpreendida. Lúcia está realmente estupefacta. Medindo cada passo, sabendo que um movimento em falso pode tomar interpretações erradas, ela olha com atenção para Tania. Procura perceber o que pretende ela. Porque alguma coisa Tania pretende. Seja uma aproximação carnal à parceira de banho, seja uma justificação para o facto de ela achar que a sua orientação sexual está ser posta em causa. Lúcia flecte as pernas e arrasta o seu corpo para a proximidade da amiga. A sua face está a um palmo e meio da cara de Tania. O seu pescoço toma o último passo. Os lábios de Lúcia colam aos da amiga. Tocam levemente na carne molhada e depois chupam levemente o lábio inferior de Tania. A jovem comprometida com um homem fecha os olhos e por uns segundo bloqueia. Como se o tempo parasse. Lúcia tem o coração a palpitar. Ela anseia por isto desde o primeiro dia em que a viu. É um beijo. Sim, é só um beijo. Um beijo experimental. Um beijo quase sem sentimento. Mas dentro dela, do seu imaginário, da sua paixão, do seu intimo aos pulos. Bolas, aquilo é um beijo! Os corpos da duas mulheres estão quase colados. Abraçados. Envolvidos. A força que sugou as duas bocas em simultâneo enfraquece e os lábios descolam-se. Tania volta a abrir os olhos, impávida. Lúcia sorri para a amiga.
- Então? Ao que sabe?
- A chocolate...As tuas trufas devem mesmo ficar boas...E tu? O que achaste?
- Bem, não és lésbica. Tens uma boca saborosa. Mas não és lésbica.
- Gostava de acreditar em ti, mas ainda estou meio assustada.
- Assustada? Seria assim tão grave sentires desejo por uma mulher?
- Não...Sim...Talvez...Acho que não. Mas...eu gosto de homens Lúcia! Podes enfiar-me os dedos na rata e eu sei que vou sentir exactamente o mesmo do que se fosse o Filipe.
- Enganas-te...Como podes saber se nunca experimentaste os dedos de uma mulher?
- Eu também me masturbo, Lúcia. Acho que sabes disso...Eu também conheço os meus dedos.
- Não é a mesma coisa.
- Claro que é!
Lúcia silencia. Esboça um sorriso e procura tomar consciência da postura corporal de Tania. A jovem está algo ansiosa, mas não está nervosa. Lúcia fixa o olhar nos olhos dela. E por uns segundos, elas parecem comunicar em silêncio. Tania entende. Tania percebe o que a amiga quer. Tania envolve-se no pensamento de Lúcia. As suas pernas movem-se. Erguem-se ao mesmo tempo que o seu corpo recosta para trás. Os pés de Tania apoiam-se nas margens da banheira. Completamente aberta, Tania convida a sua colega a experimentá-la. Literalmente. Apesar de não esconder a estupefacção, Lúcia sorri, entendendo perfeitamente o que a amiga pretende. E entra no jogo. Navega a mão direita pela água morna e cola os dedos ao sexo fechado de Tania. Nunca retira o olhar da face da companheira de banho. Tania está a experimentá-la e ela simplesmente não pode recusar. Mesmo que o intuito dela pareça ser mais superficial do que o desejo puro. Depois de acariciar os lábios grandes da rata de Tania, ela coloca dois dedos dentro da vagina da amiga. Tania parece querer controlar-se. Mantém um ar sério na sua face, mas percebe-se o palpitar do seu coração. Aquele gesto fez pular o seu intimo. Vagarosamente, os dedos de Lúcia entram e saem do canal erógeno da amiga. Parece não haver sentimento no gesto. Parece ser uma atitude algo fria de Lúcia. No entanto, ela pretende dar prazer a Tania. Pretende mostrar-lhe que dois dedos dela podem fazer a mulher heterosexual ansiar por desejar alguém do mesmo sexo. E Tania rapidamente parece entregar-se. Os dedos da amiga entram bem fundo. São dedos carnudos, macios e rijos. A estimulação acontece, como seria de esperar. Mas acontece de uma forma especial. Tania ergue a cabeça, retirando finalmente a atenção do olhar da colega. Larga um gemido mas procura controlar-se. Baixa a cabeça e olha para o peito da parceira. Lúcia penetra cadentemente na vagina da mulher por quem se apaixonou. Ela própria procura não se envolver em demasia na masturbação. Afinal, nem ela sabe as conseuqências que podem advir deste banho. Mas sabe-lhe bem. E isso ela não pode negar. Encanta-se com cada gemido que Tania larga. Sorri em cada momento que percebe que controla a amiga. Vigoriza os seus gestos quando a sente completamente fora de si. Tania já não está ali. Rendeu-se às evidências. Nunca Filipe lhe tinha tocado assim. Nunca os seus dedos se puderam aproximar daquela sensação. Será a água morna? Será o sonho erótico que ainda percorre a sua alma? Ou será mesmo a convicção de Lúcia a tocar-lhe.
- Ohh...Lúcia...não pode ser...ohhh...
E quando Tania parece preparada a render-se, Lúcia pára de penetrar. Com dois dedos ainda, mas agora usando o polegar e o indicador, ela segura o clitóris rijo da colega. A intensidade de Tania está agora presa nos dedos da jovem morena. E Lúcia brinca com ela. Apenas com dois dedos. Como se estivesse a acariciar um mamilo. O clitóris pertence-lhe. A rata de Tania explode na mão da sua amiga. E agora, como é que Tania pode reagir a um sentimento tão estranho ao seu corpo e à sua mente? O braço dela envolve o pescoço da outra mulher e puxa com força a cabeça dela contra o seu ombro. Lúcia não pára. E os gemidos libertam-se aos soluços de dentro de Tania. Os seus olhos estão bem abertos, mas fixam-se num mosaico qualquer da parede junto à banheira. E quando a tempestade que brota dentro de si, debaixo de água, começa a acalmar, Tania ainda sente a respiração perdida. Lúcia retira os dedos do sexo da colega e passa a mão pela coxa de Tania. Afasta-se ligeiramente do corpo da jovem e fixa-lhe o olhar. Lúcia expõe um sorriso terno, amigo e tranquilo. Tania tem um ar algo apavorado. Parece que vai chorar. Parece que vai rebentar a rir. Parece disposta a render-se a tudo.
- Eu tornei-me na porra de uma lésbica!
- Não! Não tornaste. Só descobriste que uma mulher te pode dar tanto ou mais prazer que um homem...
Lúcia retira as duas mãos debaixo de água e envolve-as na face de Tania. Entrega um beijo terno, amigo e tranquilo na testa da sua colega de casa, enquanto ela baixa as pernas. E quando Lúcia abraça a sua amiga, há uma mudança na atitude. Ela quer separar o que foi um momento surreal, inesperadamente prazeirento para Tania. O beijo na testa confirma que tudo se dissipou. Confirma o que aquele instante não foi. Não foi paixão. Não foi desejo. Não foi uma entrega devota a um prazer que seria para sempre dela. Não. Os dedos dela dentro da rata de Tania foram uma experiência diferente. Talvez um dia possa ser mais.
- Tenho que ir trabalhar, Lúcia...
Talvez um dia as coisas possam ser diferentes. Possivelmente no dia em que Tania entender efectivamente o que Lúcia sente. Até lá, a água morna envolve o corpo dela, com a certeza de que ste momento mudou algo. Em si, mesmo que o prazer tenha sido dado. Em Tania, mesmo que ela procure recusar a intensidade desse prazer. Nas duas, o banho morno irá perdurar por quanto tempo a mente o quiser.

domingo

Ao Domingo há reunião de condominio

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"A vida é como uma caixa de chocolates. Nunca sabemos o que nos vai calhar."
Retirado do filme Forrest Gump, de 1994, realizado por Robert Zemeckis, com Tom Hanks http://www.imdb.com/title/tt0109830/




Foi uma semana longa. Irá voltar a sê-lo. Em cada apartamento. Em cada inquilino. Em cada revelação que ainda falta contar. Existem preferências. Existem boas histórias. Existem histórias que poderiam ser contadas de forma diferente. Existem ainda pequenos pormenores que não estão ao alcance de todos os vizinhos e de todas as visitas. Mas existe uma certeza. A porta do Edificio Magnolia continua aberta. É preciso tocar à campainha, bater à porta, procurar esboçar um sorriso. Sem dúvida. Mas a porta mantém-se entrebaerta a novas visitas. A quem queira descobrir aquilo que já foi revelado. A quem queira ansiar por novas revelações. E essas revelações estarão ao alcance de um toque. "Isto é apenas um inicio" marcou um começo. Mas marca cada dia que passa da vida deste Edificio. Porque é a partir dessa introdução que se trona possivel entrar na atmosfera e no aroma deste local. Porque é com base nesse inicio que se pode espreitar por cada porta. Vezes e vezes sem conta.


O Edificio foi premiado. Recebeu uma carta especial. Uma carta que entrou em cada uma das seis caixas de correio das diferentes fracções. E apanhou de surpresa qualquer dos habitantes. E surpreendeu. E fez sorrir quem todos os dias abre e fecha a porta do Edificio Magnolia. O prémio, ou melhor Selo "Me Amarro a Este Blog", foi entregue pelo bloguista QJ e foi revelado no espaço Provoca-me. Tendo sido atribuido esse prémio e sendo algo inédito na vida deste Edificio, os condóminos decidiram reunir extraordinariamente, tendo em vista a análise de tão distinto prémio. Assim, nesta última reunião que contou com todos os inquilinos, foram tomadas várias decisões. Para além das matérias relativas ao carácter interno do empreendimento, ficaram indicadas em acta, as seguintes alineas:
- Agradecer em particular ao blogue Provoca-me esta distinção e dar a conhecer a satisfação por parte de todos os intervenientes no quotidano do Edificio Magnolia;
- Agradecer em geral todas as visitas, todas as cartas entregues, todas as leituras, todas as opiniões, todos os votos e toda a apreciação feita pelos imensos leitores que desde o inicio de Janeiro já subiram as escadas de entrada do Edificio Magnolia, bateram à porta de cada fracção e até visitaram o Espaço Magnolia. A todos, um agradecimento formal com a esperança de que continuem a visitar, na expectativa de novas surpresas;
- Partilhar a distinção entregue a este espaço e difundi-la por mais blogues, por mais espaços, por outros locais onde a leitura, o entretenimento e a divulgação de novas ideias, novas imagens, novos pensamentos enriquece fortemente as constantes visitas de que são alvo. Assim, ficou unanimamente decidido em reunião de condominio do Edificio Magnolia, a atribuição do Selo "Me Amarro Neste Blog" aos seguintes blogues:
- Tenho Uma Amiga Que. Uma descoberta recente. Uma ideia simples para divagar e falar sobre as coisas que podem não dizer respeito a mais ninguém, mas dizem respeito à amiga da Allen Girl. E isso no fundo, diz-nos respeito a todos.
- 3º Frente. Uma espécie de vizinha do Edificio Magnolia. Uma visão ainda mais intima e mais reveladora de um apartamento diferente. Boa disposição, divagação sobre o que todos queremos saber sobre alguém que vive do outro lado da porta. Vizinhos estonteantes, revelações intensas, escrito com prazer e com classe.
- Lua Feiticeira. Uma boa dose de criatividade. Adicionem uma escrita irreverente e mordaz. Misturem com personagens tão insólitas como o Harry Potter, o Gato Borralheiro, Adão e Eva, Tarzan ou ainda numa saga intensa, os Dalton. Agora imaginem que têm ao vosso alcance os Contos Eróticos mais inacreditáveis da história da literatura, da ficção e dos heróis que sempre tomamos como fantásticos. As recordações de infância nunca mais foram as mesmas depois de as vermos ao olhos da Lua Feiticeira.
- Red Light Special. Quem disse que o Second Life não é real? Quem disse que a nossa imaginação não ultrapassa limites desconhecidos? Quem disse que não existe amor, sensualidade, erotismo, paixão na internet? Quem disse que os pensamentos profundos não podem ser os mais excitantes? Quem disse? Quem o disse nunca conheceu a Red Light nem tão pouco testemunhou a sua Alta Te(n)são.
- Shelyak. Um magazine. Uma matiné. Uma crónica. Um cartoon. Uma fantasia. Um pensamento. Cultura, opinião, sexo, literatura erótica, humor ao rubro, pensamentos concretos num mundo imaginado. Uns dizem, outros pensam. Neste espaço pensa-se de uma forma diferente. Na boa, na maior. Com calma, sem stress. E tudo o mais é irrelevante.
Cinco. Aos outros que não constam aqui, constam na barra lateral. Constam nas satisfações dos inquilinos da casa. E como a atribuição do selo "obrigou" a uma nomeação, foram escolhidos aqueles que de facto obrigam a pelo menos uma visita diária. Os outros...continuam na barra lateral. Para fazer o link, para serem visitados e degustados. Acima de tudo, a todos esses blogues, um agradecimento especial vindo do condominio por entregarem uma satisfação aos habitantes e também visitantes do Edificio Magnolia.


Chocolate. Esta semana vai saber a chocolate. Porque o chocolate é sempre uma surpresa. Procurando não fugir à regra, procurando manter a toada, as revelações terão novos sabores. Mas prometem saber sempre o melhor possivel.
Prove.
Coma.
Delicia-se.
Guarde este segredo.
Guarde até sentir que não consegue escondê-lo.
A fome por esta caixa de chocolates não se vai esgotar tão cedo.