sábado

Meia-noite e dois

Publicado a 08-08-2008
Sábado. Quase Domingo. Um balançar entre uma noite cheia de desejos e uma madrugada por preencher. Ninguém parece gostar de adormecer cedo num Sábado à noite. Tem que haver um programa. Algo tem que ser diferente de uma noite ocasional de semana. Encontrar amigos, jantar fora, beber um copo, conhecer pessoas novas, experimentar sensações diferentes, viver emoções fortes. A noite de Sábado tem que acontecer. Quanto mais não seja para sentir que o mundo ainda gira. Rafael preenche a sua noite. No sofá da sua sala de estar, ele acaricia os cabelos lisos creme de Alexandra. Os olhos da jovem brilham. São uns olhos redondos, vivos, intensos. Os lábios dela palpitam. Ela anseia um beijo. A mão do homem a encher o seu seio volumoso é apenas um pormenor que Alexandra deixa que ele desenvolva em si. O desejo invade-a e o olhar penetrante de Rafael não a deixa sequer respirar. Ele quer esquecer a verdadeira motivação para querer a presença da jovem na sua casa. Ele quer viver a noite de Sábado como um sonho. Ele quer achar que aquilo é um desabafo instintivo da sua mente. Quando ele acordar, terá tempo para pensar no que fere o seu coração. Por agora uma anestesia toma conta do seu corpo. Os lábios colam-se. E uma mão desbrava caminho pela perna dele, em direcção ao fecho das calças. Porque a sua noite não podia ficar vazia.
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Foi duro. Pegar a chave da porta de entrada do Edifício Magnólia e dar de caras com a presença de Ana, a atravessar o passeio da rua, tornou-se uma crueldade indelével. Na ténue luz que marcava a sua postura, Rafael amolecia os seus gestos, na tentativa de que a sua vizinha denotasse que ele estava ali. Ana estava encantadora. Ousada, sensual. Vestia a sua máscara nocturna e ainda lançava as primeiras lufadas do seu charme. Ela tinha saído do estabelecimento do rés do chão do prédio e aguardou no lancil do passeio. Um carro preto, luxuoso, arrebatador esperava por ela. Um motorista abria-lhe a porta traseira do carro e ela entrava delicadamente. Antes de se sentar, Ana conseguiu avistar Rafael. Um olhar sinistro marcou a comunicação silenciosa entre ambos. A agenda da acompanhante continua preenchida. E a sua noite de Sábado reservava-lhe um cliente sumptuoso. Era como uma faca que atravessava as vísceras do instrutor. Mais do que vazia, a noite de Rafael parecia agora uma penumbra.
Um homem assim não adormeceria ferido de solidão. Não se fecharia no seu casulo num Sábado à noite, atormentado pelas suas mágoas apaixonantes. Rafael voltou a fechar a porta do Edifício e deixou-se atrair pelo movimento do Espaço Magnólia. Cheio. Carregado de pessoas que antecipavam uma noite de discoteca, de bares na baixa da cidade, de quartos quentes de paixões partilhadas. Assim sempre foram os serões de fim de semana neste lugar. Um aperitivo para fantasias. Rafael abriu a porta do estabelecimento climatizado e cruzou-se com pessoas que dificultavam a chegada até ao balcão. Vislumbrou a vizinha que mora por baixo de si e tentou desvendar o que procurava ela. Deu um encontrão no ombro de um homem com dois ou três martinis bebidos a mais para aquela hora. Apertou a mão a Vasco que tentava a custo atender a todos os pedidos. Na distracção de tanta envolvência, deu um encontrão a uma mulher jovem que como ele, tentava encontrar o caminho mais fácil para chegar ao balcão. Ele procurou pedir desculpa, mas ela lançou-lhe um olhar desinteressado. Rafael sentou-se finalmente no balcão e desviou o olhar dela. Pediu uma bebida e ansiava por encontrar um objectivo. Raramente ele viu o Espaço Magnólia tão cheio. A cabeça dele girava e criava uma imagem do que o envolvia. Subitamente, havia um olhar que se fixava a si. Carnalmente sorridente. Ingenuamente atrevido. Descaradamente persuasivo. Rafael recebeu a bebida, pegou nela e levantou-se do banco junto ao balcão. Cinco passos e ele alcançou a mesa. A jovem até levantou a cabeça para fixar a imagem dele. O homem até aguardou uns segundos. Mas o resto, foram apenas pormenores. Rafael conseguiu sentar-se na mesa dela.
Havia uma música envolvente. Alcançava o espaço que existia na mesa, que criava uma bolha invisível. A confusão de todo o estabelecimento parecia um som de fundo. Rafael já estava enfeitiçado.
- ...Alexandra.
- Rafael, muito prazer.
- Veremos...
- Tens um sorriso fascinante.
- É essa a frase que usas para engatar mulheres num Sábado à noite?
- Não preciso de engatar. Isso é para frustrados.
- Ai é?! Então o que estás a fazer?
- A corresponder.
- Desculpa?!!
- Estou a corresponder ao sorriso deslumbrante que me lançaste quando estavas a olhar para mim.
- Eu não estava a olhar para ti...
- Estavas...
- Não. Não estava.
A jovem parecia mais distante do que à primeira vista ele tinha deduzido. Ela não recusou que ele se sentasse. Ainda assim, parecia reservar algo só para si. Alexandra ainda guardava um ar excitante, confiante e ainda assim, meigo. A nova companhia de Rafael não parecia querer afastá-lo, mas fazia questão de se mostrar complexa. A conversa desenrolava-se. Por vezes, o olhar dela evadia-se. Mas cedo ele a recuperava. Passo a passo, ele assumia o controlo. Com o olhar fixo nela, o homem pincelava a conversa.
- Isto é mais um sitio para tomar o pequeno-almoço e apreciar o amanhecer... - disse ele.
- E moras aqui?
- Três andares acima...
- A sério?! Curioso.... Mas parece ser um sitio muito....
- ...Se soubesses o quanto ficava bem se desprendesses o cabelo...
E Alexandra bloqueia. O elogio inusitado arrepiou a coluna da jovem até à nuca. Agora, Rafael sabia com o que podia contar. Alcançou um ponto nevrálgico na auto-estima de Alexandra e arrebatou a atenção dela. Nervosa, ela tentou dissipar o seu olhar. Virou os olhos para a esquerda, para a direita e depois para trás, directamente para o balcão. Desta vez, Rafael também olhou. O balcão já estava vazio.
- Estás com alguém? - pergunta o homem.
- Não!...Eu vou só à casa de banho....
Atrapalhada, Alexandra levantou-se. Seguiu imediatamente para a casa de banho feminina, com ar empolgado. Sem hesitar, Rafael levantou-se também. Acompanhou de perto o passo da jovem, por entre a confusão do Espaço. Assim que a porta encerrou, ele olhou para o redor, evitando que alguém percebesse a sua intenção. Ele volta a abrir a porta e invade um espaço que não lhe pertencia. Instintivamente, confirmou que ninguém entrava. A porta da primeira cabine estava entreaberta, a segunda estava fechada. Por uns segundos, a sua mão abriu-se, querendo tentar empurrar a porta. Ainda assim, ele hesitou.
- Alexandra?.....
Não se ouviu uma resposta. Pelo menos verbal. Ouviu-se um leve tossir. Rafael assumiu-o como uma confirmação de presença. Encostou-se junto à porta e soltou um forte suspiro.
- Deixa-me levar-te ao meu apartamento... Ao terceiro andar... Eu sei que estavas a olhar para mim... Eu sei que houve qualquer coisa ali... Não estou a tentar engatar-te... Há coisas que não se podem evitar e eu sei que sentiste o mesmo que eu... Vem comigo... Ofereço-te um copo...ofereço-te as minhas mãos... eu sei que vais gostar das minhas mãos... Se soubesses como elas te podem dar prazer... Deixa-me desprender o teu cabelo... Desprender a tua roupa.... Bolas...deixa-me ser teu...por esta noite... Há qualquer coisa, não há?... Não estou enganado... Eu desejo o teu corpo, os teus lábios... Eu sei que há qualquer coisa nos teus lábios... Eu estou excitado, acho que tu também estás.... Vá lá, Alexandra...Abre a porta e sobe comigo... Sobes? Eu conto-te como a minha mente te está a imaginar...
00:02 - Enquanto não obtivesse uma reacção, Rafael não se iria calar, nem tão pouco sair daquela casa de banho. Mas houve um ruído. O trinco da porta rasgou as palavras do instrutor. Lentamente, a porta abriu-se. Rafael afastou-se e não escondeu alguma ansiedade. Dentro da cabine, saiu uma mulher efectivamente excitada. Mas não era Alexandra. Era a jovem mulher. Aquela que - quando ele entrou no Espaço - procurava o caminho para o balcão ao mesmo tempo que ele. Afinal, ele não estava a falar para a jovem que que estava sentada consigo. Estava a libertar palavras excêntricas para uma mulher que lhe fazia lembrar Alexandra. O cabelo, os contornos da face, os olhos. Os olhos redondos, vivos, intensos. Em tudo semelhante à jovem que ele procurava alcançar. Ainda assim, esta mulher parece ter bebido as palavras quentes de Rafael. Na verdade, ela estava mesmo excitada. Era perceptível nos seus lábios finos, húmidos e palpitantes. A mulher saiu da cabine, não sem antes lançar um olhar interessado em Rafael, como que a dizer "Eu aceito". Ele estava atrapalhado, sem perceber ao certo o que estava a acontecer. Ela foi dirigindo-se para a saída da casa de banho, num passo provocante, com as nádegas redondas a sobressaírem ao olhar do homem. Entretanto, da primeira cabine com a porta entreaberta, apareceu delicadamente Alexandra. Depois da outra mulher ter saído, ele lançou o olhar à jovem que ele cobiçava. Algo demasiado estranho e embaraçoso estava a acontecer. Mas a explicação foi curta e eloquente.
- Rafael... apresento-te a minha irmã Carolina...
E um sentimento perverso e alucinado invadiu a mente do instrutor. Nada do que Rafael tinha imaginado se podia comparar com a transformação excitante que ocorria dentro de si e que Alexandra parecia entender.
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É a mão de Carolina. Desaperta as calças de Rafael e procura acariciar o tecido dos boxers dele. Ele troca a língua com a irmã da jovem mulher. Um beijo macio, envolvente, assertivo. Porque ninguém esconde o que quer. Carolina transpira uma sensualidade inusitada. Desenha em si uma beleza misteriosa, um olhar desgarrado, um sorriso surreal e uma empatia estranha com a irmã. Alexandra expõe os seus enormes seios ao homem que a enfeitiçou no café. Florescem do top vermelho decotado que ela ostentou no bar. São mamas descaídas mas formosas. Curvilíneas mas cheias. E enquanto as mãos de Rafael lhe enchem o peito, a sua irmã - quatro anos mais velha - retira o pénis do amante dentro dos boxers. Segura-o com vigor, aperta-o, faz com que ele inche, masturba-o, dá-lhe satisfação. Apesar de sentir o entusiasmo a eclodir num ponto específico, Rafael mantém a concentração e mima Alexandra. Acaricia os seus cabelos com dois dedos, apalpa os seios quentes femininos de uma forma terna e brinca com os lábios carnudos e vermelhos da jovem. As línguas envolvem-se e a tesão aumenta.
É a mão de Alexandra. Detém agora o sexo masculino na palma da mão. Aperta ligeiramente os testículos e procura segurar a excitação dele. O olhar da jovem prende-se à face dele. Os seus lábios palpitam, desenhando ao mesmo tempo um sorriso perverso. Carolina ocupa-se. Enche a boca com a carne erógena do homem que aceitou receber duas mulheres em sua casa. Não será a primeira vez que Rafael partilha prazer com duas mulheres ao mesmo tempo. Mas isto é inédito. Duas irmãs, cúmplices, sensuais, conscientes, maduras. Uma experiência assim complementa-se na frieza com que ele encara os sentimentos nesta noite cruel. A boca fina de Carolina chupa o seu pénis. O pescoço dele exerce um movimento que pretende proporcionar um deleite fantástico ao anfitrião. Ela tem os olhos fechados e solta breves gemidos. O broche está a ser delicioso, a jovem mulher lambe a ponta do sexo, mas ele quer mais. Acaricia os cabelos castanhos de Alexandra e exerce uma pequena pressão na nuca. Ela só queria um pedido dele. A exigência dele é um desejo que Alexandra goza. Agora, os lábios carnudos de Alexandra absorvem gentilmente a ponta da picha do instrutor. Agora, ele tem duas mulheres a deliciarem-se com a sua carne inchada. Agora, naquele sofá, a fantasia mistura-se com um deboche sensual. Agora, o sexo oral pratica-se a duas bocas, a quatro mãos, a duas línguas que brincam incessantemente com a tesão de Rafael.
É a mão de Rafael. Descreve círculos carinhosos com a palma das mãos no rabo feminino despido. Carolina está sentada em cima dele. Da cintura para baixo, a suavidade da sua pele deixa transparecer o sexo húmido, as pequenas pernas e o rabo largo. São duas nádegas salientes, macias, mas cheias. Ele apalpa-as, decorando as formas excitantes. Da cintura para cima, Carolina veste ainda a camisola ousada. É uma lã suave. Resguardou a brisa nocturna, mas não conseguiu esconder os seus mamilos entesados. Os bicos parecem querer furar por entre os fios brancos da peça de roupa. Rafael olha para eles com desejo. Surgem deliciosos, perversos, sedentos. E cedo aquela camisola de lã prostrará no chão e será testemunha da degustação da boca dele nos seios pequenos mas sensuais da jovem mulher. Ela está aberta. Os seus joelhos fincam nas almofadas do sofá. As suas virilhas roçam nas coxas do homem. E o sexo dele já entrou três vezes com vigor dentro da sua rata. Ela pula sobre ele com ligeireza, com encanto, com devoção, com uma imensa vontade de prolongar aquele momento. Alexandra ainda se mantém sentada ao lado do amante e da irmã. Já ergue o corpo depois de ter chupado com intensidade o sexo de Rafael. A sua face desvenda os restos do prazer obtido. Tinge a pele macia dela com um fio que flui pelas suas bochechas fofinhas. Ao olhar para a sua irmã, Alexandra descobre que o prazer foi distribuído. Não há tempo para limpar, para retirar aquilo que já foi gozado. A mão dela acaricia o peito do amante e cedo a jovem perceberá o seu lugar nesta inusitada orgia.
São as duas mãos de Rafael. Estão ocupadas e cheias de carne erógena. A mão esquerda continua a apalpar o rabo de Carolina, incitando-a a cavalgar sobre o colo dele. O sexo do instrutor penetra profundamente na vagina da jovem mulher e ouvem-se alguns gritos vindos da boca dela. Os olhos de Carolina cerram e os seus seios bicudos, com o movimento do seu corpo, tocam ligeiramente no rabo da sua irmã. A mão direita de Rafael apalpa as mamas de Alexandra. O seu braço ergue-se por completo. A jovem está com ambos os pés colaterais ao abdómen do amante. Agora nua, ela coloca-se com os joelhos ligeiramente dobrados e colados ao encosto do sofá, aproximando a sua cintura à cabeça de Rafael. Os cotovelos dela fincam no cimo da peça de mobiliário enquanto ele procura com algum custo tocar a rata de Alexandra com a língua. O envolvimento a três prolonga-se numa acção dividida em vários estímulos sensuais e excêntricos. Carolina está prestes a vir-se, com o pénis inchado a fazer sucumbir o sexo feminino que pede um pouco mais, conforme os pulos progressivos que o corpo desenvolve. Alexandra está entesada. As suas mamas estão rijas e acariciadas. A sua rata parece volátil às lambidelas que proporcionam uma sensação intensa e latejante, desde o clitóris até ao cérebro. Rafael, esse, incorpora-se numa fantasia surreal. É difícil ele conseguir manter-se consciente da realidade que ocorre. É difícil ele procurar uma devoção maior a todo o seu corpo. É difícil ele imaginar uma lascividade maior que aquela. As duas mulheres absorvem as suas energias. As duas jovens engolem o corpo dele, retirando todo o poder sexual e físico do instrutor. Alexandra e Carolina entregam os seus orgasmos ao homem, numa transmissão fervilhante. Desde a ponta dos dedos dos pés da mulher mais velha, deslizando pelas suas nádegas redondas, passando pela picha inchada do anfitrião, suavizando nos seis da irmã mais nova até terminar na explosão libidinosa da vagina dela, onde a língua de Rafael consome a paixão, o desejo e a tesão dos três elementos.
São todas as mãos. Alexandra, Carolina e Rafael unem-se pelas caricias contagiantes das seis mãos, dos trinta dedos e das centenas de pequenos poros que se misturam e absorvem o que a derme do parceiro pode oferecer. Os dedos de Carolina fincam nos joelhos firmes do homem. Ela ainda está sentada no colo dele. Mas desta vez, vira as suas nádegas salientes para a cintura dele. O seu corpo pende ligeiramente para a frente e os seus seios pequenos mas bicudos balançam ao sabor das penetrações do instrutor de equitação. Rafael tem o tronco erguido. As suas mãos seguram-se com dedicação às ancas da mulher. Apalpa-lhe as nádegas e penetra por entre a carne erógena. Com poucas contemplações, ao ritmo dos gemidos intensos de Carolina, ele invade o ânus dela com virtuosismo. É frenética a forma como ele sente que a jovem se dilata para o receber. Alexandra pressente a intensidade do momento. Ouve cada tom de voz que se liberta da boca da irmã. Vibra com a forma como as mãos dele se apoderam do rabo de Carolina. Delicia-se com a forma como o seu corpo ainda treme do último orgasmo, da sua rata a ferver, da tesão que o seu peito ostenta, ao sentir toda esta orgia. Ajoelhada em cima da almofada, ela coloca-se ao lado do casal de amantes que se une e divide a atenção das suas mãos. A palma da mão direita acaricia o braço da sua irmã. Atenciosamente, ternamente, intrinsecamente. Os dedos da mão esquerda viajam entre o peito impulsionado de Rafael e a nuca dele. Caricias intensas, selvagens e aguerridas. Alexandra sacia por mais. Exige mais. Suplica por uma repetição prazeirenta. Aproxima a sua face para o beijar, para trocar com ele as línguas escaldantes. A boca dela sabe ao orgasmo dele. A boca do homem tem todo o suco intimo dela. Enquanto a mulher mais velha se infiltra numa sensação de prazer enlouquecido, Alexandra volta a reunir as suas mãos e colhe as mamas enormes com a derme da palma. Apalpa-as, brinca com elas, aperta os mamilos. Rafael atenta a estes gestos e ao mesmo tempo que entra com alguma dor no rabo de uma das amantes, abre a boca para devorar um dos seios de Alexandra. Ela cerra os olhos. Geme. Deixa-se levar pelo hipnotismo de todos os sentidos. O que ouve, o que toca, o que cheira, o que não vê mas imagina. Os lábios e a língua de Rafael deliciam-se com o peito suave, meigo mas estupendamente voluptuoso da jovem. Carolina não aguenta. Finca as unhas na pele das coxas dele. Grita num tom de voz implorável de desejo. Flecte todos os músculos, prendendo a energia numa imensidão de delírio físico. Carolina sente o seu interior a arder. Sente as nádegas vibrar. Os seus olhos também cerram. Mas quando ela movimenta a mão esquerda para se segurar à irmã, pressente algo mais ali. Um braço. Outro braço. Entre as pernas de Alexandra, a sua mão aperta com entusiasmo o pulso de Rafael. Ele acaba de a penetrar com dois dedos na rata e um no ânus. Ele masturba a jovem de uma forma ainda mais intensa do que penetra a irmã dela. Mais uma vez, a orgia borbulha numa explosão. Diversas acções não permitem distinguir sentimentos e sensações. Rafael, Carolina e Alexandra tornam-se num único elemento de prazer. Ainda assim, eles nunca se tinham visto até esta noite.
Rafael procura perceber quem tem diante de si. Duas irmãs. Com idades ligeiramente separadas, mas com um envolvimento muito forte entre ambas. Não é só a semelhança física que as aproxima. Os gestos, a voz, a forma de agir parecem uma só. As partilhas, as emoções e as convicções também se assemelham. É evidente que não é a primeira vez que as duas mulheres partilham o mesmo homem. Ao mesmo tempo. É possível que já tenha havido um beijo. Numa hipótese remota, o envolvimento carnal pode ter acontecido numa experiência de descoberta. Mas pelos vistos, as jovens mal se tocam. Respeitam o espaço de cada uma. Não misturam desejos. Há realmente toques. Os corpos nús chegam a roçar-se. Mas tudo desprovido de paixão carnal, lésbica e incestuosa. Rafael entende que a fantasia não irá mais longe que isto. Ainda assim, o maior envolvimento entre as duas irmãs, está nos olhares silenciosos e lascivos que trocam. Elas devoram-se mutuamente pela força da mente, porque procuram o mesmo proveito.
A noite é longa. Só pode ser longa. As sensações não se esgotam. Desvanecem. Querem adormecer na profundeza do cansaço. Testemunham o arrastar da hora desta madrugada frenética. Os orgasmos incontáveis colam-se ao suor dos três corpos. O homem e as duas irmãs terminaram a noite nús. Estendidos no sofá que jamais experimentou tamanha ousadia. Elas entendem a ocasião da noite. A perversão da sedução no Espaço Magnolia transportou-as para momentos sexuais indescritiveis. De manhã tudo isto não passará de um sonho. Talvez uma fantasia. Delicadamente uma aproximação real de desejo. Certamente uma surrealidade. Assim, em conjunto, Alexandra e Carolina levantam-se exaustas. A noite de Sábado aconteceu. Vai amanhecer. Rafael irá acordar de uma madrugada em que não dormiu, em que se entregou, em que rendeu-se aos fantasmas que o assolam, em que bebeu o deboche apaixonante. Rafael irá acordar e perceber que Ana não adormeceu ao seu lado. Nem na sua cama, nem no apartamento ao lado. Rafael irá acordar e tentar esquecer que a noite de Sábado foi demasiado real.

sexta-feira

Onze e um quarto

Publicado a 24-07-2008
A casa está graciosa. Sempre o esteve. Desde o instante em que Maria José abriu a primeira vez o estore da janela do quarto, o interior do 1º direito ganhou uma nova vida. Pura e simplesmente pelo facto da mulher respirar ali. Hoje, a casa não é invadida pela habitual luz solar que enche os recantos deste lar. Maria José deixou os cortinados cerrados e os estores não enrolam nas caixas. Pequenas brechas de luz incorporam um ambiente sereno na sala onde a professora está sentada desde há alguns minutos. Repousa no sofá. Olha para uma carta que segura com as mãos. O olhar parece enfeitiçado. As mãos libertam um ligeiro suor. Ela ergue a cabeça, levanta-se e dirige-se em direcção à porta de entrada. Porque ouve a campainha tocar.
- Henrique...
- Maria José... Posso entrar?
- Claro que sim. O almoço ainda vai levar um bocadinho.
- Também ainda não é meio-dia...
Maria José cerra a porta e dirige-se para a cozinha, onde um refogado inicia o seu processo de confecção. O proprietário desta fracção do Edifício Magnólia segue atrás dela e não deixa de repara que para aquela hora matinal, a mulher está extremamente elegante. Uma saia preta, colada à coxa, salientando o rabo ligeiramente descaído. Uns sapatos pretos com salto que lhe sobe o calcanhar alguns centímetros e lhe tonifica a barriga da perna. Uma blusa amarela torrado que desvenda a forma sublime do peito maduro. Um colar artesanal que se esconde dentro da blusa. Um rasgo diferente na forma como o cabelo ondula junto às orelhas.
- Cortaste o cabelo?
- Hoje...Logo de manhã.
- Está bonito... Estás bonita.
- Obrigada...
- Vais a algum lado?
- Porquê o interesse? Já não tenho o direito de querer estar bonita para mim mesma?
- Talvez esperes alguém...
- Esperava-te a ti.
Ele sorri. Desvenda a atrapalhação de um elogio rasgado nas palavras subtis de Maria José. Ela está encostada ao balcão. Parece indecisa. Ainda segura a carta na mão. Volta a cingir o olhar nela. Quer abri-la. Mas hesita.
- Alguma carta importante?
- É...
- Não vais abri-la?
- Acho que não.
- Mas se é importante....
- É um extracto do banco.
- E o que o torna tão importante para nem o quereres abrir?
- Não a vou abrir. Vou guardá-la e não se fala mais nisto, ok?
- É o carteiro?
- Sim...Sim, Henrique. É o carteiro.
Maria José baixa o olhar. Continua com a carta na mão. Respira fundo. Sabe que o seu cunhado lhe cinge o olhar com alguma estranheza. Talvez ele entenda. Talvez ele ache ridículo. Talvez ela conte o que se passou, o que ainda se passa dentro de si. Talvez seja algo que não é da conta dele. Mas aquela carta será para sempre de Maria José.
11:15 - A campainha tocou à mesma hora de sempre. Hoje parece que nem se ouviu. Ela sentiu. Abriu a porta e com alguma ansiedade aguardou. De uma forma diferente. Numa percepção distinta. Numa assimilação afastada da concepção apaixonante com que eles aprenderam a olhar-se. Paulo alcançou o primeiro andar e sorriu para Maria José. Mas foi diferente.
- Olá...
- Olá!... Tens correio para mim?
- Tenho... Tenho... É uma carta do banco.
- Deve ser o extracto...
- Pois... Desculpa, estive para te entregar ontem, mas o turno mudou e eu ainda tentei passar aqui e o meu colega afinal não estava a ver onde era e...
- Não precisas de justificar, Paulo.
- Não estou. Eu não...
- Como estás?
- Bem, e tu?
- Estou bem...Estou...Tu sabes...
A verdade sempre acabou por consolar a mente dos presentes. Depois do orgasmo de Maria José, encostada à parede do tanque do jacuzzi, a professora gritou para si mesmo. Confessou um intimo basta e suspirou um desejo de redenção. A traição é algo que sempre lhe pesou na mente, no corpo, no contacto com o mundo que a envolve. Suportar uma ocultação durante uma mão cheia de dias tornou-se insustentável. Assim, quase nua, com o sexo do carteiro dentro de si, Maria José clamou uma conversa inadiável. Nas espreguiçadeiras do espaço no topo do Edifício, a mulher sentou-se diante da pessoa que ela queria amar. Paulo olhou seriamente para a mulher. No fundo, ele sentiu que algo de extraordinário se passava na mente da amante. E ouvir da boca de Maria José que o amor dela não era verdadeiro, precipitou a verdade. Sem meias palavras, sem refúgios cobardes. Nu e cru. O estado de espírito da professora foi aberto. A confusão da sua mente. A incerteza de um amor complexo por alguém de uma geração distinta. A atracção pela alma que a conhece melhor do que ninguém. A cedência aos instintos que desaguou numa apaixonante mas irresponsável envolvência. A sincera mágoa pela traição. A inevitável sensação de falsidade. A inerente necessidade de pedir desculpas. Tudo isto Paulo ouviu. Recebeu. Interiorizou. Reflectiu. Aguentou. Aceitou. O carteiro, de idade ingénua, de carácter por amadurecer, aceitou a crua realidade dos factos. Maria José, a sua confessa namorada, expunha-se à frágil rendição da mentira. A mulher jamais aceitaria continuar com um segredo demasiado injusto para com um homem tão carinhoso, atencioso e ousado, como Paulo quis ser. E perante a exposição da verdade, ele sentiu-se consolado. Desconfiou. Sempre desconfiou. A empatia que ele sentia gerar-se quando viu os dois cunhados juntos falou mais do que mil palavras. Assim, aceitar a consequência daquilo que já não pode ser esquecido, foi um consolo para a mente de Paulo. Apesar de estupefacta, Maria José agradeceu a compreensão imerecida do seu ainda amante. Mais do que rendida a outra pessoa, mais do que incapaz de assumir coragem de assumir uma relação séria com alguém tão novo. A mulher sentia que não consegue dar a mesma felicidade ao jovem que ele lhe procurou entregar a cada momento. Cobardia, talvez. Sinceridade, imensa. Carácter, quase perfeito. As alças do fato de banho dela subiram. Os bicos dos mamilos ainda estavam salientes. Mas o beijo que ela entregou na maçã do rosto de Paulo foi o pacto que alterou o relacionamento dos dois. Agora, eles já não eram mais amantes. Eles eram amigos. Porque a verdade atempada pode magoar, mas tem perdão.
- Queres entrar?
- Não. Tenho ainda mais onze ruas para fazer e hoje já tenho a ronda atrasada.
- Chegaste à hora certa...
- Eu sei...
- Eu...Paulo...eu... tu sabes que eu não queria...
- Eu estou bem, Maria José. A sério.
- Ok.
- Ok...
Um silêncio gerou-se entre os dois. O olhar mantinha-se. Maria José tinha a certeza que essa comunicação oculta se iria manter por muito tempo. Mas para já, naquele instante, algo os separava por tão pouco. Já não eram amantes. Amigos, com toda a certeza. Um dia, talvez o desejo traga mais uma fantasia que outrora foi real. Paulo desceu as escadas e abandonou o Edifício. Maria José fechou a porta com a carta na mão. Não era uma carta do banco. Era um pedaço da alma de Paulo, que ele quis continuar a entregar quantas vezes lhe for possível, à porta do 1º direito.
Já existe uma enorme ebulição na panela que está no fogão da cozinha de Maria José. Ela ainda está bloqueada com a manutenção de sentimentos confusos que bailam na sua mente. Henrique ouviu as palavras dela. Uma espécie de rampa para a confissão do que exala dentro do seu coração. O homem aproxima-se dela, faz deslizar a mão pela face da mulher, desviando ligeiramente os cabelos loiros. Ela inspira com um toque de nervosismo. Henrique segura a carta que está nas mãos dela e suavemente, retira-a da posse de Maria José. Ela expira. A professora sabe o que deseja. Sabe o que pode acontecer. A sua alma prepara-se para aceitar livremente a inevitabilidade dos acontecimentos. Convidar o seu cunhado para almoçar foi fácil. Entregar-se a ele é um passo que parece demasiado forte. Os olhos do homem afeiçoam-se aos contornos da sua cara. Entusiasmam-se com as curvas salientes do seu corpo maduro. Excitam-se com os aromas graciosos que despertam do pescoço feminino. E ela sabe.
- Faz amor comigo.
- Diz isso outra vez.
- Faz amor comigo, Maria José.
- Só mais uma vez!
- Faz amor comigo...
Cheira aos cozinhados confeccionados numa cozinha antiga. Cheia de utensílios maduros, inundada de especiarias expostas ao ar leve, carregada com as mãos sábias de uma cozinheira que parece uma avó. A cozinha de Maria José vive um ambiente gracioso. Imaginar uma entrega carnal numa cozinha idílica assemelha-se a fazer amor de uma forma intemporal. É isso que Maria José sente assim que se entrega ao seu amante de longa data. É nessa atmosfera que o bailado que eles incorporam pelo mosaico do chão antevê o desejo intrínseco. O rabo dela cheio com as duas mãos másculas que a levitam e arrastam levemente o bico dos pés pelo solo. O abraço que se consuma quando Henrique a senta no balcão de mármore encostado à janela das traseiras. O vidro está aberto. O cortinado que cobre a intimidade daquele espaço flutua com a brisa que traz um incenso ilusório do campo. A cozinha tradicional carrega uma aura sensual. As mãos dele deslizam pelas coxas da mulher até aos joelhos. O polegar traz uma nova excitação no intimo de Maria José. E as mãos retornam, arrastando consigo a borda da saia que agora se prende nas ancas dela. Suaves as mãos dela, quando sugam a paixão da face dele. Hipnotizante a ternura que se solta dos dedos femininos quando as impressões dela se tatuam na pele madura de Henrique. Transcendente o beijo que une a fantasia de ambos. Os olhos de Maria José cerram suavemente. Para não voltar a abrir. A sua cozinha é uma fantasia campestre. Como o cheiro que transporta para um sonho ingénuo. Como magnólias que seguram o seu corpo num manto surreal. Maria José está enfeitiçada. Certamente. Mas sentir o homem que traz a chave do seu desejo entrar em si, é uma concretização demasiado poderosa para ser apenas e só real. Os cortinados bailam ao lado da cabeça dela. As mãos dele fabricam a excitação na pele de Maria José, nos vários pontos erógenos do seu corpo. A face já não é madura. É doce. O pescoço já não tem rugas. Tem folhos meigos. O peito já não é flácido. São seios saborosos e palpitantes. As nádegas já não carregam o esforço físico rotineiro. São duas enormes maçãs ruborizadas, que caíram de uma árvore viçosa. E o sexo dela já não é o órgão onde começa a decepção da sua vida. É um brinquedo que faz renascer a vivacidade de tudo o que pode tornar Maria José feliz. Seduzida pelo desejo que ele introduz na sua rata. Arrebatada pelo toque viciante do homem em tudo aquilo que a entesa. Impulsionada pela excitação que as suas mamas espetam no pescoço do amante. A professora encarna um ser cintilante, bafejado pela entrega de prazer. Os seus lábios finos e húmidos palpitam. As maçãs do rosto fervem. Os seus seios são constantemente estimulados. Seja pela boca dele, seja pelo leve roçar de tudo o que pertence a Henrique. As pernas dela envolvem o corpo do homem que devora sagazmente a delicia do seu âmago. Maria José é possuída. Pela brisa que flui da rua. Pelos aromas que o seu refogado transpiram. Pelo vigor que o sexo do amante enche na sensibilidade estonteante dos seus lábios vaginais e na delicadeza do seu interior. Agora, Maria José é reclamada. Pela paixão que o seu cunhado exige oferecer. Pelo libertar de sentimentos confusos. Ela clama a sua posse para quem no momento certo guardou recordações recentes de ilusão. Porque Maria José ainda aprende a viver. Porque ela ainda renasce constantemente. No instante em que o corpo dela é apertado pelas costas - que libertam o suor na blusa molhada - um tremor de espírito solta-se de si. O apêndice erógeno explode por entre uma torrente que a encharca. Os dedos dos pés esticam-se a um cúmulo de prazer, quase rasgando os sapatos frágeis. O refogado parece estar pronto. O orgasmo confecciona-se. A cozinha ainda é antiga. Respira aromas de outrora, desejos de sempre, sentimentos contemporâneos. É uma fantasia. A divisão continua a ser a cozinha que Henrique pediu para renovar depois do desaparecimento da antiga arrendatária. Mas na mente da professora, tudo se modificou. O homem respira no seu ombro despido. As mãos dele deslizam no suor das nádegas femininas. O sexo continua inchado dentro de si. É difícil retirar uma emoção coerente no descontrolo físico de Henrique. Sentada no balcão, com as pernas abertas, saciada de um prazer maduro, com a blusa quase despida, a saia dobrada na sua cintura, as cuecas encharcadas e presas na sua virilha. Acordar para a realidade é saber que o homem que passeia pelos seus sonhos de felicidade eterna, fez verdadeiramente amor com ela.
A cozinha é sua. Tem toques graciosos da sua imaginação. Alimenta ideias mais excêntricas do que uma cozinha normal. O refogado está quase pronto. Ela segura o tampo da panela e infiltra o aroma que se solta no seu olfacto. Algo lhe sabe bem. Algo penetra em si e a deixa tranquila. Os sentimentos confirmam-se. A ansiedade acalma. As certezas percorrem-lhe o sangue. Isso, ou o cheiro formidável do almoço preparado enquanto ela fazia amor. A sua saia está amarrotada, a blusa está desconcertada e há um suor que lhe invade o corpo todo. Ainda assim, Maria José sente-se feminina, elegante, sedutora. As mãos de Henrique a acariciarem o seu corpo transmitem-lhe essa sensação tranquila. Junto ao fogão, os dois amantes envolvem-se numa envolvência intima. Daqui a uns minutos, a refeição será partilhada. Até lá, Henrique perde-se com os lábios no pescoço macio, maduro e húmido da professora.
- Foi por isso que te arranjaste?...Foi por ele?
- Não... Foi por ti, Henrique. Quis sentir-me bonita junto a ti.
- Não sei se acredito em ti...
O passado recente torna-se uma boa memória na mente dela. É uma carta que ela guarda numa sensação forte, que tão cedo não se dissipa nos corredores da sua paixão. Mas agora, mais do que seguir em frente, há outras cartas para abrir. Agora, mais do que conquistar a presença de Henrique, Maria José necessita de segurar a confiança do homem que um dia amou incondicionalmente a sua irmã.

quinta-feira

Sete para as cinco

Publicado a 21-07-2008
Os encontros desejados no calor das fantasias secretas. No mesmo lugar de sempre ou num lugar inusitado. As coincidências do quotidiano, mas também o ocaso da fuga ao vulgar. Amantes casados. Casamentos atraiçoados. Numa tarde folgada, há espaço para sentir a novidade, há tempo para o deleite alheio. E ninguém vai descobrir. Talvez desconfiar. Descobrir é uma acção demasiado complexa que destrói relações perfeitas. A paixão, essa, ainda que adúltera, é uma acção romântica, surreal, quase filosófica de tudo o que arde por dentro e não por fora.
16:53 - Despropositada. A melhor forma de caracterizar a posição que Rodrigo mantém com a sua nova amante. Encostados à porta do 1º esquerdo, ele de pé, ela com as pernas envoltas na cintura dele, o casal de amantes entrelaça-se num abraço extenuante. Há roupas desconcertadas, peles suadas e sexos húmidos a colarem-se. Ela está pressionada entre a madeira vertical nas suas costas e o tronco de Rodrigo no seu peito aberto. Os seios voluptuosos desvendam-se por entre a blusa rasgada. Já saciaram a fome do homem que a desejou num momento impulsivo, numa entrega ousada, numa foda libertadora das expressões mais intimas da boca da mulher. Devota esposa, mãe de filhos adorados, espírito feminino empolgante, assediosa amante de homens comprometidos. O telefone toca, o abraço desfaz-se, ela recompõe-se. Do outro lado da linha, o marido confirma subliminarmente onde é que a esposa se encontra.
Ele pousa o telemóvel. A chamada terminou e há uma segurança evidente na sua postura. O seu olhar levanta-se, o seu corpo ergue-se. Helena está diante dele, sentada, ansiosa pelas consequências da chamada que ele efectuou à esposa. O médico rodeia a larga secretária do seu consultório privado e aproxima-se da mulher que entrou na clínica para vir buscar os exames do filho mais novo. A mão dela vagueia a coxa descoberta e aliciante. As suas pernas abrem-se suavemente, à medida que o desejo do médico se aproxima. Distante da atenção da esposa, ciente de que o marido da paciente não está próximo, ele invade o corpo de Helena. A mesa de carvalho vai ser testemunha de uma possessão obsessiva, quando ele deitar o tronco da mulher - com a face e as mãos dela pressionadas contra a base - levantar-lhe a saia, arrebitar o rabo feminino suave e delicado e penetrá-la vigorosamente por trás na rata escaldante, até consumir a tesão que Helena teima em não esconder. E o médico vai vir-se de pé e em êxtase. Marido atencioso, pai dedicado ao bem-estar emocional e material dos filhos, detentor de uma privilegiada ostentação social, perverso amante de pacientes calorosas. A posição que ele experimenta no seu consultório com a paciente sensual tem uma definição. Inusitada.
A cinco minutos das cinco há uma certeza de que isto não fica por aqui. Há uma insanidade apaixonante que eclode o fervor pela novidade proibida. Quem são estas pessoas que se coincidem numa traição simultânea ao casamento, em momentos adúlteros com os cônjuges alheios? Quem são eles?

quarta-feira

Nove menos um quarto

Publicado a 18-07-2008
- Bom dia!
- Olá!...
Há coisas que não têm preço. Há sentimentos que não podem ser contratados. Há emoções que não se encomendam num catálogo, num anúncio, num boato. Há gestos que só acontecem uma vez na vida e não voltam a ser repetidos. Rafael acorda com uma pintura genuína, única, incomparável, para sempre sua. Ana é uma mulher especial. Veste uma máscara à noite que é difícil de vestir ao vulgar humano. Despe essa mesma máscara na certeza das suas convicções. Aquilo que ela entrega ao vizinho, quando a mão percorre o peito dele despido, quando a face dela se aproxima do ar ensonado dele, quando o sorriso da jovem é um dom sublime, é a sua pessoa. Pura e crua. Sem máscaras. Porque aquilo que ela veste num dia normal, não é mais do que a riqueza da sua personalidade genuína. Completamente nua, colada ao corpo dele, Ana acorda o seu amante, após uma noite incompleta, em que adormecer na casa dele foi um passo de gigante. Ana e Rafael não são namorados. Não têm compromissos. Recusam-se a afastar-se das suas rotinas, demasiado vincadas nas suas vidas. Mas esta noite, ela adormeceu na casa dele. Ele aceitou. Comprometeu-se a acordar com ela. Ao lado dela. Junto a ela. Colado a ela. Algo mudou. Mas nem eles parecem ainda ter aceitado que mudou.
- Está a ser assim tão difícil? - pergunta ela.
- O quê?
- Acordar com companhia?
- É complicado... Quando encontro um sorriso assim...Por mais complicado que seja, é arrebatador. És linda, Ana.
- Estarias disposto a dizer-me isso todos os dias?
- Não sei... Estarias disposta a adormecer todos os dias comigo?
- Possivelmente...
- Como ontem, não é?
- Estás a queixar-te?! Vim aqui ter contigo, não vim? Toco à tua campainha, estavas quase a adormecer no sofá, faço amor contigo, tomo um banho relaxante ao teu lado, adormeço na tua cama e ainda te estás a queixar?...
- Tendo em conta que vinhas de um cliente... sim, estou a queixar-me.
- Não aconteceu nada, Neves...
- E estás à espera que isso me faça sentir melhor?!
- Porque é que estamos a discutir?... Estamos outra vez a discutir! Eu pensava que queríamos acordar juntos.
- Eu não quero discutir.... A noite de ontem já passou, já não se pode voltar atrás...
- Sim, tens razão... A verdade é que sabe bem estar aqui contigo.
- Em que sentido?
- Como assim?!... Quantas vezes acordas e podes dar tanto valor a pequenas coisas como partilhar um beijo?... Tomar o pequeno almoço a dois, sentir-te assim nu....sentir-te assim entesado....
Os seios redondos de Ana deslizam pelo tronco firme do homem. A mão dela já acaricia o sexo hasteado dele. O olhar da jovem fixa-se naquele pedaço de carne delicioso. E os lábios da amante de Neves palpitam de desejo. Ela deita-se de lado na cama e coloca a sua cabeça junto à cintura do instrutor. Os dedos tenazes da mão esquerda dela agarram o pénis com sabedoria e convicção. Os dedos delicados da mão direita acariciam as bolas do homem. A boca doce e carinhosa engole com suavidade e vagarosidade a carne que se deita sobre a língua dela. Tudo junto, demonstra-se uma dedicação saborosa na forma como Ana pratica sexo oral com uma pessoa que é tudo menos seu cliente. Rafael sabe que vai ser bom. Capacita-se de que a jovem amante desenvolve um gesto apaixonante, logo pela manhã, logo quando uma simples acção significa mais do que qualquer palavra. Ana chupa e demonstra o quanto pode dar-lhe mais. Ana come a picha dele e segura a tesão do parceiro numa degustação soberba e fundamental. Ele ergue o seu tronco e olha com mais atenção ao trabalho efectuado por Ana. Ele vê uma acompanhante a chupar. Ele sente uma amante a consumir-lhe a excitação. Mas ele também sente uma mulher devota, apaixonada, desarmada da sua máscara, desprotegida da personalidade distante que caracteriza a profissão da jovem. A sua mão direita acaricia os cabelos lisos e despenteados e algo gordurosos da amante. A sua mão esquerda segura o seio macio e meigo e puro da parceira. E nesta harmonia e equilíbrio de sentimentos, ele vem-se.
É irresistível cingir o olhar na sensual e ousada Ana. Seja como acompanhante, seja como uma comum jovem citadina e extrovertida. Rafael encostou o seu corpo para trás e apoiou o peso do seu tronco no braço, onde o cotovelo finca no colchão. Ele repara na posição que a amante dispôs, imediatamente depois dele se ter vindo, salpicando-lhe ligeiramente o queixo e de grosso modo, o peito. Repara na sumptuosidade da leveza que Ana assume, deitada de costas para cima, com o rabo suave e ligeiramente elevado - por causa da almofada onde ela colocou a cintura - a reflectir a luz matinal. Repara nos seios dela que descaem como duas gotas cheias e perfeitas e fazem os mamilos tocar levemente no lençol branco. Não consegue esconder a excitação que lhe provoca ver Ana a levantar-se da cama e caminhar confiante em direcção à casa de banho. O corpo nu, a pele límpida e brilhante, as costas sublimes, as nádegas a balançarem suavemente, a cabeça que se movimenta, só para olhar uma vez para trás. Rafael espera por ela. Não consegue deixar de se mostrar estarrecido quando a vê sair da casa de banho, com uma toalha branca a limpar gentilmente as mamas, outrora embebidas do sémen masculino. O pescoço dela está húmido, a face dela solta pingos da água que a lavou, as mãos guardam um aroma refrescante dá água que ela usou. É magnânimo, para ele, trocar um olhar intenso com Ana, enquanto ela se senta. É magnânimo vê-la sentar-se, com a maior calma do mundo, e senti-la pura e simplesmente tranquila.
- Que horas são? - pergunta Rafael.
- São quase nove.
08:45
- Quase nove?!! Estou atrasado! Tenho que ir para o clube...
- Fica mais um pouco...
- Eu não tenho a tua vida, Ana... Eu trabalho de dia... Fazemos assim, vemo-nos logo à noite. Jantamos juntos, vemos um filme e...
- Não posso...
- Não podes??!
Rafael já se levantou da cama. A falta de percepção da hora certa deveu-se ao relaxamento com que encarou esta manhã. Deve-se à abrupta mudança de hábitos matinais, que a presença feminina na sua cama provocou. Ele apressa-se em encontrar as suas roupas no armário e decidir o que coloca primeiro no corpo. Ainda nua, ainda serena, Ana mantém-se sentada na cama, com a toalha no colo, com um pé no chão e outro em cima do colchão, com o joelho dobrado.
- Já tenho um encontro marcado para as sete.
- Desculpa?! Não...repete outra vez que eu não percebi bem...
- Tenho uma pessoa que vai chegar às sete da tarde para um encontro e não sei a que horas..... quando é que consigo libertar-me...
- Estás a dizer que não podes anular um encontro?! Não és tu a tua patroa? Dá-te assim tanto trabalho cancelares...
- Eu tenho um trabalho, Neves! Exige rigor e disciplina! A minha semana já está toda organizada. Como as pessoas normais fazem. Organizam a semana. E tu pedes-me que em cima da hora altere a minha semana!...
- Não te estou a pedir para cancelares a semana toda! Estou a pedir-te que abdiques de certas coisas e te dediques a outras. Estou a pedir-te um pedaço de ti. Estou a pedir-te para ficarmos esta noite juntos e tu preferes dar prazer a um desconhecido.
- Desconhecida....
- Diz?!...
- Desconhecida. É uma cliente....
- Vai-te lixar!
- Neves...tu sabes que é isto que eu faço. Tu já estás atrasado para o trabalho e eu não posso exigir que fiques a manhã comigo.
- Tens razão, não te posso exigir que não te envolvas com outras pessoas. É perfeitamente normal....
- Eu disse-te que não ia mudar o que tinha. Eu já te pedi para mudares por mim?!....
- Adormeci contigo, não adormeci?...
- É diferente, Neves.
- Completamente diferente! Já percebi que podemos comer quem quisermos... Já percebi, Ana...
O instrutor acaba de se vestir. Entra na casa de banho e acaba os últimos preparativos, antes de seguir caminho em direcção ao trabalho. Regressa ao quarto e pega nas chaves de casa. Lança um olhar frio à jovem que se mantém calma na margem da cama. A postura dele é apressada. O olhar é cabisbaixo. Os nervos estão à flor da pele. Finalmente, ele pega na sua mochila e caminha em direcção à saída do quarto.
- Não tenho aqui um duplicado das chaves...Por isso fica à vontade, mas quando saíres confirma que a porta fechou... Até amanhã...
- Estás zangado comigo, é isso?
- Não!...Não estou zangado!...Vai lá ter com os teus clientes.
- Neves!!
- Se ainda tiveres espaço marca comigo para amanhã...Tchau!...
Sem mais. Rafael sai da sua própria casa e deixa Ana entregue a um vazio emocional a que ela se julgava imune. Magoada? Não. Triste? Pouco provável. Irritada? Jamais. Ainda assim, algo se lhe escapou por entre os dedos. E ela não consegue vestir a sua máscara nocturna a esta hora da manhã.

terça-feira

Oito e meia

Publicado a 14-07-2008
Quantas questões é intrinsecamente possível colocar à mente num espaço tão reduzido de tempo? Porque é que não controlamos a confusão que se instaura dentro de nós? Porque é que essa anarquia interior nos leva a cometer actos que sabemos não serem adequados às necessidades? Porque é que essas necessidades têm que significar desejos? Porque é que os desejos não acalmam o espírito em vez de atormentá-lo? Porque é que a transcendência do espírito se intromete na racionalidade das certezas? Porque é que não existe a certeza de que o semáforo passará a verde?...
Lúcia abre a porta do 2º esquerdo. A casa está vazia. Mais vazia ainda. Com uma certeza inequívoca de que esta noite ficará vazia de tanto e de tudo. Ela já não traz companhia. Já não tem um convite para fazer a alguém que por uns momentos a iluda da realidade que vive na sua mente. Ela deixou a casa sozinha. E isso magoa. E isso pesa. E nada preenche o nada que se instaurou desde que Tania abandonou a casa. Fechar a porta da casa ecoa um som estrondoso demasiado rude. Caminhar pelo corredor até à sala, onde ela deixa a mala em cima do sofá, é um arrasto longínquo. Respirar ali dentro é pura e simplesmente sufocante. E aceitar esta situação é um passo que Lúcia não quer aceitar. Dirige-se à cozinha. Acende a luz e um brilho latejante invade a sua mente. Ela recorda. Se talvez ela tivesse ido à casa de banho no momento certo, aquele cruzar de olhares não tinha acontecido. Lúcia abre o frigorífico e uma brisa gelada invade o seu corpo, arrepiando a pele mal coberta por uma camisola preta. Ela recorda. Nunca lhe custou dizer um não. Mas tornou-se difícil contrariar um pedido porque simplesmente havia um feitiço naquele olhar. E enquanto dá um gole no copo de água fresco, Lúcia sabe que se está a tentar justificar. O seu corpo está suado. A jovem sai da cozinha, encerra a luz e um vazio obscuro implode na sua mente. Ela recorda. Os passos até à saída da faculdade carregavam ansiedade. E ela sabia disso. Os minutos contavam-se com precisão. A dúvida pairava na sua mente. Chegar um minuto antecipada implicava uma espera crucial. Atrasar um minuto significava aceitar que não queria aquilo. Assim, o trajecto até ao portão era uma espécie de jogo do destino. Lúcia entra no quarto e despe as calças, que se colam às coxas. Carrega no botão para ligar o computador e a luz verde, que indica o funcionamento do monitor, aviva-lhe a memória. Ela recorda. Se o semáforo para peões da larga avenida mudasse para verde, ela decidia ir embora. O vermelho manteve-se indefinidamente e ela não atravessou a estrada. O seu corpo liberta agora um odor desagradável. Jamais ela se vai deitar na cama com o corpo naquele estado. O computador pode esperar. Lúcia vai para a casa de banho, onde agora a água quente que sobrar é só para si. Gira a torneira e retira toda a roupa que se agarra à sua pele. Daqui em diante, toda a água que se soltar não retorna.
20:30 - À hora certa, o semáforo destinado aos peões mantinha-se vermelho. No momento exacto, Lúcia permanecia à espera diante do portão da sua faculdade. Da forma combinada, a jovem estudante entrou no carro que parou em cima da passadeira, conduzido por Luís. Ele é um professor que acabou de entrar na casa dos trinta. Acabou de se divorciar. Acabou de mudar de casa. Acabou por refazer a sua vida de uma forma abrupta. Mulherengo mas charmoso. Introspectivo mas cativante. Irresistível mas traiçoeiro. Ele leccionou uma cadeira do 1º semestre à jovem. Só no dia do exame é que ele fixou o olhar dela, o encanto genuíno da sua postura, a atitude assimétrica das restantes colegas de turma. E desde então, ela percebeu que o professor a assediava subliminarmente. A nota da cadeira semestral deixou-a satisfeita. Apreensiva mas conformada. Luís jamais fazia ideia das escolhas sexuais da jovem, da sua apatia perante os homens, da sua vida sentimental que decorria com sobressaltos. Se ela tivesse entrado na casa de banho depois da última aula do dia, nada disto teria ocorrido. Se ela não tivesse respondido ao olhar deslumbrante, ele não teria entregue a proposta. Em dez minutos, ele iria encostar o carro junto à entrada da faculdade. Às oito e meia em ponto. Se ela não estivesse às oito e trinta e um, Luís depreenderia que ela não o queria e seguiria caminho solitariamente. Mas ironicamente, ela sempre foi pontual. Lúcia entrou no carro dele sem ter a certeza absoluta do que estava a fazer. Desejava-o, mas talvez isso não fosse a melhor solução para esta noite.
A água está quente. Assim se manterá. O seu corpo está sujo. Assim não se manterá. A esponja que percorre a pele húmida espalha a espuma do gel de banho por cada recanto do corpo. O seu pescoço está flácido. Os seus seios ruborizam ainda uma enorme excitação. A sua barriga é acarinhada de uma forma especial. Como se a esponja a transportasse subtilmente para uma sensação mais tranquila, mais pura, mais límpida. E após repetir várias vezes um gesto circular com alguma intensidade, Lúcia desliza a esponja com os seus dedos ansiosos, até perto do ventre. O toque do material esponjoso nos lábios vaginais com o jorrar de um fio de água quente sobressalta o seu intimo. O gemido que se liberta pela sua boca é um estilhaço. A mente de Lúcia eleva-se e algo já não a segura ao corpo.
Foi quando ele sacudiu a mão dos seus seios, cobertos da camisola que procura ocultar o peito, que Lúcia tranquilizou. Luís levou-a para uma aldeia nos arredores da cidade. A viagem decorreu pacificamente. Muita ansiedade por parte da jovem, muita tranquilidade por parte do professor. Metros antes da placa de trânsito, que informava a chegada à aldeia, existia um trilho particular. Mal iluminado mas despretensioso. Escondido mas não perdido. Lúcia detinha confiança no professor. Apesar de mostrar uma postura defensiva, ela carregava uma ideia do que Luís pretendia e seria capaz de fazer. Afinal, Lúcia sabe que não era a primeira aluna a cometer uma aventura sexual com o docente da sua faculdade. De qualquer forma, com o carro colocado num ângulo acentuado, num sitio pouco conhecido, num plano pouco concebido, os primeiros gestos dele foram apreensivos. As carícias ousadas no peito dela deixadas pelas sumptuosas mãos de Luís seguraram um nervosismo evidente libertado pela jovem.
O clitóris dela ainda lateja. Há uma palpitação que ela não consegue esconder de corpo nu. A esponja roça levemente sobre o apêndice erógeno. Há um sabor indefinido que se mantém entre a língua e o céu da boca. A água que escorre dos seus cabelos cobre o seu peito de um manto transparente que lhe lava o corpo. Há uma excitação premente que não se desvanece do seu interior. A temperatura que assola por entre as pernas de Lúcia estimulam-na a completar um prazer. Há uma vibração que não se quer soltar da sua rata, não obstante as contínuas carícias que ela desenvolve nesta região. Ela assim recorda.
Luís invadiu o pescoço da jovem com a boca, sugando o aroma que se desvendava por debaixo do queixo. Os lábios dele, a suavidade do toque carnal, o encanto da ponta da língua dele que assome à pele tímida de Lúcia, fez desvanecer o nervosismo inicial dela. A estudante não se queria mostrar intranquila. Nem tão pouco pretendia ser hipócrita, escondendo a sua intenção. Ela queria que o professor a possuísse. De uma forma distinta, de um jeito que a transportasse para um recanto oculto da sua alma. E a mão esquerda de Luís, que irrompeu por dentro das calças negras de Lúcia eram um sinal evidente de que ela se permitia ser descoberta. O seu corpo acomodou-se no assento, o botão das calças soltou-se e a parte superior da peça como que se rasgou para revelar atempadamente as suas cuecas beges. Bastou puxar ligeiramente o tecido de algodão suave para baixo. O traço erógeno de Lúcia estava ao alcance do ar que se respirava e dos dedos decididos do professor. Naquele instante, a masturbação doce que o homem lhe entregava tinha que se assemelhar a algo de hipnotizante na mente de Lúcia.
O chuveiro ameaça com bruscas mudanças de pressão cortar o fornecimento de água quente ao corpo despido de Lúcia. Ainda assim, a inquilina do 2º esquerdo acomodou-se à temperatura que o seu corpo equilibra. Porque a sua vagina está vulnerável. Porque a sua mão está frenética. E porque a esponja é um pequeno auxiliar na busca de um prazer pessoal. A unha do indicador roça pelo clitóris, criando um pequeno vulcão dentro da sua rata. Ela então recorda.
As pernas dela dilatavam conforme os dedos aguerridos de Luís a penetravam. Os seus pulmões precipitavam-se num entusiasmo desconcertante. O homem que a masturbava era diferente. Conduzia-a por um caminho sinuoso, complexo e confuso. Transportava-a para uma sensação ilusória, da qual as certezas que ela julgava ter eram abaladas. Confiante das intenções do homem, ciente de que tudo isto não passava de um mero envolvimento casual, Lúcia procurava descobrir o rumo a um orgasmo genuíno e original. Jamais ela conseguiu fazer com que os dedos de um homem a elevassem a um estado de loucura sexual. Tal também não estava a suceder.
O chão da banheira cobre-se por um ligeiro manto de água e espuma. Ao fundo, a esponja navega, depois de solta pela mão de Lúcia. Ela já não usa o produto de higiene como objecto de prazer. Ao invés, coloca nos seus dedos a responsabilidade de a encaminhar para uma fantasia só sua, uma estimulação espontânea e frutífera. Com dois dedos inseridos dentro da sua vagina, ela roça também com o polegar nas virilhas. O seu corpo está limpo, a sua mente exalta-se. Ela, pois então, recorda.
Os dedos dele procuravam continuamente, com algum esforço, obter uma reacção explosiva da sua amante. A boca de Luís beijava toda a face da jovem, mas não ousava beijá-la nos lábios. Os olhos dela cerravam, a sua boca abria-se pra libertar gemidos sem ritmo. Havia uma sensação de prazer que Luís descobria aqui e ali em Lúcia. Mas os seus dedos eram atípicos ao desejo da jovem. Apesar dele estar a gostar da forma como a masturbava, ela sentia que o momento se desfazia inutilmente. Fingir o orgasmo era uma hipótese. Forçar um espasmo vaginal era falso. Simular gemidos incontroláveis era um risco. O professor já estava excitado. Era visível no movimento que as ancas dele desenvolviam. Para além disso, a mão direita dela explorou. A legitimidade em encenar um prazer intenso só traria desgosto em si mesma. Ainda assim, ela fingiu.
O mosaico da casa de banho faz ecoar até a respiração leve de Lúcia. Ela consegue ouvir repetidamente os seus gemidos e a sua constância de prazer pessoal. Porque Lúcia confia nos seus dedos, nas suas fantasias, nas suas necessidades. E encontrar a raiz do seu êxtase é um passeio pelo parque. Pelo parque que a convence de que tinha que haver mais razões para ela procurar um prazer masculino. Foi bom, libertou-a dos seus pesadelos, das suas ansiedades. Mas ainda assim, a noite passada com o seu professor carregou-a com uma necessidade ainda mais urgente de prazer. O duche intimo, o corpo lavado e acarinhado, a sensação de leveza e a masturbação veemente pintam-lhe uma nova tranquilidade na face. Agora que o seu corpo já foi seco por uma toalha limpa e já foi hidratado por um creme suavizante, Lúcia desperta uma sensação pura de desejo. Aquele que lhe recorda as suas satisfações. Aquele que desenha a perfeição do seu prazer. Aquele que a encaminha para o seu quarto, para a sua cama, para a sua gaveta da mesinha de cabeceira, para a panóplia dos seus brinquedos privados. Intensos, voluptuosos e fantasiosos. Ela aqui recorda.
Sentar no colo dele é uma consequência do seu orgasmo simulado. É uma reacção da demonstração do desejo de Lúcia pelo pénis do professor. Porque ele gostou que ela o tocasse. É um seguimento daquilo que parecia ser lógico acontecer naquele espaço tão confinado, num lugar algo distante da realidade. Sentar no colo de Luís foi a melhor forma que a jovem encontrou de prosseguir um momento que ela também desejou. No lugar do condutor, a área de movimentação era reduzida e dificultava o processo de acção. Quer na forma como ela despia a camisola, quer no jeito com que era possível à jovem desapertar as calças dele. As coxas dele suportavam o peso dela, ao mesmo tempo que as suas mãos envolviam agora o rabo dela. Lúcia gostou das carícias e voltou a carregar em si uma idealização de desejo e volúpia. Com o peito dela defronte da sua face, Luís cingia a atenção no soutien rendado que a jovem ostentava. Os cotovelos dela apoiavam-se nos ombros do homem e o calor do pescoço feminino exalava a paixão que ela aceitou desvendar. O sexo do professor roçava nas coxas dela, para depois tocar ao de leve nas virilhas. Quando Lúcia sentiu a ponta do pénis deslizar nos lábios vaginais, ela fez força nos joelhos - fincados no assento do condutor - e deixou as ancas movimentarem o seu corpo para baixo. O objecto de desejo masculino penetrava assim na rata ansiosa da estudante.
É um brinquedo simpático, no seu design, naquilo que aparenta poder fazer. Tem uma cor peculiar, formas carnudas e pretensiosas, rugosidade despretensiosamente saliente e um manípulo sólido. O vibrador roxo ostenta a forma de um pénis volumoso, excitado quanto baste e uma textura parecida com a sensação provocada por um preservativo normal. A sua base serve para colocar a fonte de energia e regular a dinâmica de vibração através de uma roda preta. Um botão que se pressiona com a força de dois dedos coloca um extra no objecto. Liberta um gel lubrificante que sugere à vagina onde foi introduzida a aguerrida ideia de estar completamente encharcada. E assim que Lúcia - deitada na cama com a toalha a cobrir ainda o seu corpo - introduz um dos seus vibradores preferidos por entre as pernas, ela redescobre o prazer que procura. Ela ainda recorda.
O volante roçava no cimo das suas nádegas despidas. Era impossível ampliar a área livre. Era difícil encontrar forma de aproveitar o espaço disponível. Era complexo encontrar uma posição confortável. A nuca dela ia batendo no topo do carro. Obrigava-a a inclinar a cabeça para a frente, dobrando o pescoço e fixando o olhar no desejo de Luís. As suas pernas procuravam descobrir o lugar certo para se colocar. De cada vez que ela cavalgava sobre o colo do amante, Lúcia perdia o jeito que achava adequado. Os joelhos enterravam-se entre o encosto e o assento do condutor. Os pés prendiam-se no volante e a tensão que os músculos exerciam nas coxas era deveras desconfortável. Ainda assim, o pénis de Luís penetrava-a com vigor. As mãos dele procuravam ser carinhosas e a boca dele desvendava trajectos no peito suave da jovem. A cópula que professor e estudante praticavam num local inusitado prazenteava a jovem dentro do que lhe era possível aproveitar e fascinava o homem, de acordo com o que ele pressentia. Para Luís, a amante continuava deliciada e envolvida num enorme fascínio. As mãos dela acariciavam os seus cabelos e por vezes o olhar transparecia uma sensação inolvidável de desejo apaixonante. O orgasmo que ele julgou proporcionar-lhe, dava-lhe a convicção de que a jovem estava enfeitiçada. Possivelmente, Lúcia até se poderia sentir arrebatada pela penetração exercida pelo homem. De um certo modo, ela deixava-se levar numa fantasia, num desafio às capacidades do seu corpo, uma brincadeira aos anseios legítimos do seu corpo e da sua alma. A jovem cerrou os olhos e mergulhou na procura de alcançar prazer. E enquanto saltava, deliciando-se com aquele enorme pedaço de carne dentro de si, Lúcia retirava o soutien.
Uma das mãos controla o objecto erótico. A outra mão recorda a vibração que ainda lateja no seu peito. Lúcia acaricia as mamas, procurando repetir a sensação que os lábios do amante lhe provocaram, ainda nesta noite. Com o corpo estendido na cama, a jovem já afastou a toalha. Abriu as pernas e criou espaço para o vibrador a penetrar com intensidade. Agora, o seu sexo é uma via aberta à descoberta de si mesma. Física e mentalmente. Absorve-lhe a imaginação a excitação que um envolvimento sexual com um homem lhe provocou. Longe da sensação divina que ela consegue partilhar com uma mulher. Ainda assim, o despretensiosismo e casualidade do encontro libertou-a das barreiras que ela própria construiu. Não foi perfeito, não a viciou. Abriu-lhe novos horizontes que ela julgava distantes. E não obstante o facto de o objecto que a penetra se assemelhar à carne que ela comeu, a utopia idílica reina dentro de si quando o vibrador alcança o auge do seu poder. As paredes vaginais da jovem sofrem uma estimulação perfeita, adequada às necessidades intimas de Lúcia. As suas mamas estão rijas, ardentes de volúpia. Ainda que seja uma edificação fantasiosa. Ela recorda.
Havia uma luz ao fundo, visível a partir da janela traseira do carro. Um lampião que iluminava a estrada principal acendia e desligava. Os olhos de Lúcia focaram-se nessa intermitência, tentando justificar o que ocorria dentro de si. Mais do que um vibrador, mais do que qualquer objecto erótico, mais do que dedos ou línguas femininas. A carne do sexo de Luís provocava-lhe um tremor interno. Algo semelhante a um prazer extremo. Algo que se aproximava de um orgasmo concreto. Naquela posição, com o seu corpo apertado, com cada um dos seios entre a face do homem e o braço, Lúcia experimentava sensações inéditas. Não estava nos seus planos, mas era possível que o seu até há bem pouco tempo professor lhe estivesse a proporcionar uma explosão de sensações. Algo que dificilmente ela recordasse vindo de um homem. As suas mãos fincavam no encosto da cabeça do condutor. Saltava com mais imponência, mais garra, mais fervor. Sentia o sexo dele como que a rasgar o seu âmago. Deliciava-se com a boca do homem a saborear o vale do seu peito. Luís gemia. Libertava os impulsos da sua respiração e abraçava o corpo da sua amante. Ela queria acreditar que a luz que cintilava no seu lampião era o resplandecer do seu orgasmo.
O objecto ficou preso. As suas pernas fecham-se. Comprimem o vibrador que ainda trabalha dentro da sua rata. A mão mantém-se apertada entre as duas coxas. Lúcia levanta as pernas e respira fundo. Abre os olhos, cinge a atenção no tecto e pressente os seus fluídos que se misturam com o gel que esguicha da ponta do brinquedo. Há um toque de delírio nos segundos que sustêm todo o corpo, toda a alma de Lúcia numa sensação translúcida. Ela solta o indicador que pressiona o botão, no fundo do vibrador. O motor do aparelho continua a funcionar e a pele das coxas treme ligeiramente. Um suspiro liberta a carga de energia que se acumulou numa parte surreal de si. Mas fica suspenso o som ligeiro que brota da sua rata. O seu corpo congela perante o choque entre os músculos e os nervos. Um calor ardejante flui pela pele da sua barriga. Ainda que cheia do volume do vibrador, ela sente a rata vazia. O seu coração bate. Bate com força, ao mesmo tempo que quer manter-se fiel à ideia de que algo lhe escapou entre os dedos. Ela sabe que recorda.
Luís mantinha a face colada aos grandes seios dela. Agarrava as nádegas femininas, procurando segurar o corpo dela. Não aconteceu. O lampião continuava a piscar, mas era uma simples anomalia do serviço de iluminação. O largo som que percorreu os ouvidos dela acordaram-na para a realidade. Do sitio onde estava, da altura que acontecia, do que acabava de ocorrer. Na posição incómoda que ambos se encontravam, algo de constrangedor tatuou-se numa realidade crua. Luís tinha pegado nas nádegas da jovem. Puxou o corpo dela com veemência de forma a que ela saltasse ainda com mais destreza. Mas num movimento brusco, o pénis dele saiu da rata latejante da estudante. A prova inequivoca de que o homem se tinha vindo foi disparada para o corpo de Lúcia. Espalhou-se na barriga dela. Não aconteceu. O orgasmo ansiado da jovem voltou a dissipar-se. Não em dedos que desconhecem um genuíno prazer feminino. Perdeu-se algures entre a última penetração de Luís e o momento em que ele encosta o sexo teso e molhado junto ao umbigo dela. Frustração. Desgosto. Despespero. Ela apenas conseguiu sentir o calor do esperma do professor a escorrer por entre as suas virilhas e libertar um bizarro gemido. Não era um orgasmo. Não era nada. Não aconteceu. Apesar de Luís despejar parte do seu gozo para cima de si, chupar-lhe o mamilo numa sede interminável e fincar os dedos nas suas nádegas, ela procura disfarçar a surpreendente mudança de rumo. Ela não se veio. Ela não alcançou a luz que procrava. A luz que ofuscava os fantasmas da sua mente. A luz que por uns segundos a poderia enfeitiçar dos seus temores e ansiedades. E Lúcia fingiu. Saiu do colo dele e pegou na sua camisa. Tentou limpar o fluído que colava à sua pele e tomou consciência de tudo o que a rodeava. Luís procurou obter uma reacção dela. Lúcia respondeu com um sorriso desgostoso.
Ela está deitada. O vibrador já cessou a sua função. Mantém-se dentro da rata da jovem mas silenciosamente. Lúcia procura sentir a pureza dos lençóis que cobrem o colchão. Coloca-se numa posição fetal, com as mãos pressionadas. Uma pelas coxas, outra pelo peito quente. Cedo ela adormecerá. Os dias continuam os mesmos, as ilusões continuam distantes, os medos continuam vivos. A confusão ainda se instala. Ela pediu ao professor que a levasse a casa. O acto já foi consumado. O homem perguntou se ela tinha gostado. A necessidade não alcançou o desejo. A jovem fingiu que sim. Esse desejo não acalmou o espirito. O seu ar apático não transmitia sinceridade. A tormenta não tomou conta dela. Luís ligou a ignição e fez o carro regressar à cidade. Ela foi derrotada pela transcendência do espirito. Ao chegar à rua do Edifício Magnolia, não houve um beijo. Ela subjugou-se à evidência da racionalidade. Uma despedida, um ocasional até breve, um estapafúrdio obrigado. Se o semáforo tivesse passado para verde. Ela abriu a porta de entrada sem olhar para trás... Tanta questão colocada pela mente de Lúcia, desde o momento que ela entrou em casa nesta noite. Tanta resposta que se diluíu na sua mente, por entre carícias erógenas e penetrações artificiais. Tanta clareza que se abriu na sua mente. Tão pouca objectividade que se consertou no vazio da sua consciência. Lúcia envolveu-se com um homem, na vaga esperança de alcnaçar um prazer distinto. Falhou. Equivocou-se. Luís é um amante ilusório. Seduz mas não prende. Excita mas não alcança. E a culpa até pode ser dela. Mas o prazer que o vibrador lhe proporcionou, o turbilhão de ideias que invadiu a sua mente num momento de prazer, os dilemas que atravessaram o seu espírito no instante que o seu sexo cedia a todos os delírios, convenceu-a inequivocamente de que a sua felicidade ainda mora ao lado.

segunda-feira

Dez e dezanove

Publicado a 10-07-2008
- Desculpem o atraso!...
A terceira cópia da chave da porta de entrada do 2º direito pertence-lhe. Tania toma-a como emprestada, mas para todos os efeitos é sua. A porta de entrada do seu lar alternativo fecha-se e diante de si estão Laura e Afonso. Nas mãos deles estão pratos e travessas e copos e talheres e guardanapos amarrotados. O ar deles mistura satisfação e desapontamento. O casal entra na cozinha e Tania procura uma justificação atempada e certeira.
- Ainda tive que ir à baixa...Está tudo fechado e quando voltei da loja já não encontrei nada aberto... só na baixa... Laura... Desculpa...
A jovem entra na cozinha e procura fixar o olhar na sua colega de trabalho. Entende algum desprezo evidenciado pela amiga. Tenta encontrar o melhor perfil para chegar até ela. Laura coloca os copos no lava-louça e lava as mãos.
- Eu sei que cheguei atrasada à tua festa de anos... mas não consegui chegar mais cedo... Eu sei que me vais matar, mas a tua prenda de anos estava encomendada e só pude passar lá hoje e depois tinha que passar por uma...
- Cala-te...
A voz suave de Laura é suspeita. Ela parece estar mesmo chateada com o facto da sua amiga e nova inquilina ter chegado cinquenta minutos atrasada ao pequeno jantar que pretendia celebrar mais um aniversário da mulher. Ainda assim, não é uma voz irritada que se liberta da boca de Laura. Ela abre o frigorífico, retira uma garrafa de vinho rosé e segura também um copo. Tania repete o esforço de se fazer perdoar à colega.
- A sério, Laura...eu sei que vais ficar lixada comigo, mas...
- A minha filha saiu agora com o pai...
- Eu sei...
- O teu prato já está frio...
- Desculpa...
- E já ia para a cama com o Afonso, a pensar que não vinhas esta noite...
- Eu não era capaz de...
- Mas ainda sobrou um bom bocado de bolo e eu sei que gostas do vinho. Deixei-o fresco para ti...Queres vir para a sala?
A jovem não consegue esconder um ar de surpresa. Tania conhece Laura como poucas pessoas conhecem. Sabe perfeitamente quando a mulher está furiosa. Percepciona quando ela está desanimada com algo. Entende os momentos em que a sua colega liberta gestos que demonstram aborrecimento. Antes de entrar no Edifício, Tania sabia que este seria um desses casos. Ainda assim, algo se alterou no semblante de Laura. O convite para ir para a sala, quando a casa já não respira o ambiente festivo, é de todo inusitado. A oferta de bolo e vinho fresco é tentadora. A procura de amenizar o seu atraso considerável perante os anfitriões surtiu efeito. Derivado de que motivo, Tania ainda não alcançou.
- Não vais abrir a tua prenda? - pergunta Tania.
- Já abro... - responde Laura com um sorriso misterioso.
- E deixas-me dar os parabéns?
- Agora não é o melhor momento...
Laura, acompanhada da sua amiga, regressa à sala, onde até há uns minutos atrás decorria a festa do seu aniversário. Celebra-se hoje uma nova Primavera ultrapassada pela mulher madura, confiante e ciente dos novos desafios que surgem perante si. Afonso dirige-se à casa de banho, deixando algum espaço de manobra a Tania, que lhe seguia os passos. O sofá vermelho pertence agora às duas mulheres. O sofá supremo do 2º direito. A peça de mobiliário que movimenta paixões dentro do lar e vagueia na imaginação de quem já o experimentou. O sofá comprido, confortável, com uma chaise longue irresistível e um tecido com um toque surreal. Laura entende o poder inerente ao sofá. Trazer a amiga a sentar-se enquanto saboreia o vinho e o bolo de aniversário feito com as suas próprias mãos é uma mistura excêntrica que pretende terminar num propósito sensual. Tania senta-se e experimenta um conforto distinto de todas as vezes que usufruiu desta parte da sala de estar. Dá um gole no vinho rosé. Volta a repetir, provando agora um trago maior. O vinho está saboroso. O bolo é divinal. E Tania já sente a mistura. Em poucos segundos, a sua face vira-se para o lado da colega e lança um olhar intrigante. Laura sorri e aguarda pelas palavras da amiga.
- Tens ciúmes de mim?
- Desculpa?!...
- Não sei...Às vezes fico com a sensação que podes ter ciúmes de...
- De ti e o Afonso? Não. Acredita que se estás aqui... se partilho contigo aquilo que outros podem considerar que me pertence... Se te deixo a porta aberta em qualquer situação é porque....Tania, mais do que ter ciúmes de ti, tenho uma extrema confiança... Em ti e no Afonso...
- Mesmo depois de...do que......da noite de Sábado?
- Acima de tudo depois dessa noite...
- Não sei como consegues fazer isso... Eu sei que já me explicaste...Eu até já entendi.. Mas custa-me a acreditar que é isso mesmo que pensas...
- Ao contrário do que os outros pensam, o Afonso não me pertence. Eu não lhe pertenço. Eu respeito-o. E se me dá tesão ver-te em cima dele, seria hipócrita dizer que isso me fez confusão...
- Nem um pouquinho?!!!....
- Bem... queres mesmo saber?
Laura aproxima a sua face do ouvido de Tania. A boca quase se cola à orelha da jovem. Ouve-se o ruído da porta da casa de banho a abrir-se e imediatamente Laura liberta um sussurro na mente de Tania.
- Tive ciúmes de saber que a tua rata era só dele...
A jovem fica perplexa. Com o copo na mão, com os dedos ligeiramente sujos do creme do bolo, Tania procura um alvo para dirigir o seu olhar. Decide-se pela televisão diante de si. Ela percebeu exactamente o que a sua colega de trabalho lhe confessou ao ouvido. E nem sequer lhe custa a acreditar que ela disse aquilo. A maior dificuldade está em aceitar que aquilo a está a entesar. Afonso entra na sala e percepciona o silêncio que se estabeleceu, após algum burburinho que ele ouvia na casa de banho. Com um sorriso, ele senta-se ao lado da sua namorada. Laura tem uma das pernas colocada em cima do sofá, mesmo ao lado de Tania. O jovem acaricia as costas da mulher, deslizando os dedos na pele que se descobre da peça de roupa azul que ela veste. O seu queixo está colocado por cima de Laura. As suas mãos continuam a vaguear toda a área das costas femininas. E os seus lábios deslizam agora na derme do ombro de Laura. Uma vibração percorre todo o corpo dela. Como uma ignição. Como um despoletar de algo intenso. Mas a suavidade dos gestos delineados por Afonso deixam-na estática. Laura fixa o olhar em Tania, que guarda em si alguma ansiedade.
- Sobre o que é que estavam a falar? - pergunta Afonso.
- Nada... - responde Tania.
- Estávamos a referir o quão ciumenta eu fiquei da última vez... - responde Laura.
- Ciumenta?!... - volta Afonso a perguntar com alguma ironia misturada - Ciumenta porquê?!
- Não é nada!...Laura! Pára calada!
- Fiquei com ciúmes porque tu não entraste em mim.... Não me fodeste como fizeste com a Tania...
- Laura!...
- Não fui eu que fiz, amor... Foi ela...
Sobre o sofá divaga um ar de sensualidade. De conversas atrevidas e presunçosas. De opiniões excitantes e provocadoras. Sobre o sofá, propaga-se um ar escaldante.
- Não quero ouvir queixinhas... - continua Laura - Hoje é o meu dia...
- Tens razão.
Afonso responde à provocação da namorada antes mesmo de colocar a sua boca no pescoço de Laura. As mãos dele atravessam o corpo da mulher, alcançando o peito vistoso dela. Tania assiste impávida ao que acontece. Por um lado, ela não se quer mostrar como voyeur de um envolvimento íntimo entre dois namorados. Por outro lado, ela está completamente excitada. Os dedos dele puxam para baixo o decote da peça de roupa azul de Laura precipitando os seios dela para o exterior. Como duas ondas que rebentam diante do olhar da jovem, as mamas de Laura penetram na atenção de Tania. Percebe-se um ligeiro movimento de ancas da colega da aniversariante. Percebe-se um ribombar latejante no peito da jovem. Os seus pulmões suportam toda a carga excitante que o seu corpo quer fazer explodir. Ainda assim, só no seu olhar é que é visível a tesão que ela procura esconder. As mãos de Afonso desenham movimentos circulatórios nos seios da namorada e, com as palmas das mãos, entregam caricias sublimes nos bicos dos mamilos. Laura pressente o seu corpo a ebulir. As suas virilhas a escaldarem. O seu clitóris a latejar. Na energia que roça a pele dela, Afonso realiza a tesão que a sua namorada incorpora. Ele entende o que pode estar a ocorrer por debaixo da longa saia que ela veste. E quando as mãos dele já levantam a ponta do véu que cobre as pernas de Laura, Tania cerra brevemente os olhos. Sabe o que vai ocorrer, mas não sabe como agir. Enquanto as suas pálpebras a obrigam a olhar para dentro de si, a jovem ouve os ligeiros gemidos da amiga, sensível ao toque dos dedos da mão direita de Afonso por entre as virilhas. Mas ao mesmo tempo, Tania descobre o seu corpo. Desvenda os seus pontos sensíveis e alcança o poder daquilo que a estimula. A jovem perdida solta um longo suspiro enquanto agarra a mão esquerda de Afonso. Ao abrir as pálpebras, ela sente-se de novo preparada.
Afonso percepciona que as cuecas de Tania estão mais húmidas do que normalmente está. Ajoelhado no chão junto ao sofá vermelho, ele como que segura os corpos das duas mulheres. No braço direito ele sustém a postura de Laura. Ela está de pé, mas com um joelho colocado na almofada mais ao meio do sofá. De costas para o namorado, ela procura resistir e tenta saborear cada toque que o polegar do homem carrega no seu clitóris. Ouvem-se gemidos, entende-se a respiração acelerada, percepciona-se a vibração que flui do íntimo vaginal de Laura e irrompe nas nádegas ruborizadas. No braço esquerdo, ele como que faz flutuar o corpo de Tania. Sentada no canto direito do sofá, ela deixa o seu corpo enterrar-se por entre as almofadas de encosto e assento da peça de mobiliário. Por entre as suas coxas, os dedos de Afonso tocam levemente o tecido das suas cuecas brancas, ligeiramente transparentes. A excitação que as palavras trocadas com Laura provocaram, deixaram o algodão húmido. Agora, que o seu amigo masturba a namorada. Agora, que aquilo que a sua vista lhe entrega causa um estimulo intenso dentro de si. No momento que Afonso abre as suas calças e desvenda o seu ventre, é possível confirmar que as cuecas estão molhadas. E isso excita Laura. E isso empolga Afonso. E isso exalta Tania. Porque ela sente-se descoberta. Desnudada. Infiltrada. Nada a consegue fazer impedir os dedos do homem de desviarem o tecido e colocar os lábios vaginais da jovem em contacto com ar quente que rodeia o sofá. Dois dedos penetram dentro de si. Erectos, firmes e longos. Ela sente o indicador e o dedo médio roçarem nas paredes vaginais. Tudo isto até os restantes dedos cerrados tocarem no papo dela. Quando a mão pressente o obstáculo, pára. A ponta dos dedos sente o calor que se consome dentro da vagina molhada, apertada e flamejante. E depois, os dedos retornam o seu caminho, provocando mais excitação na rata de Tania. Daqui em diante, este movimento será progressivo, ritmado e repetir-se-à vezes sem conta.
Laura já está ajoelhada na almofada do sofá. As suas mãos seguram-se ao encosto do sofá e a sua cabeça inclina para o lado esquerdo, ligeiramente para trás. Ela olha para a acção que decorre por detrás de si. O seu namorado continua a masturbar a sua amiga veemente. Tania já abriu as pernas, imediatamente depois de conseguir despir as calças. Tem a barriga da perna em cima do apoio lateral do sofá. Tem um joelho encostado à coxa de Laura. Tem as mãos a segurar o pulso frenético de Afonso que a masturba com imenso vigor. O clitóris da jovem é saliente e sente o leve roçar dos dedos dele. A excitação aumenta, a tesão progride. Abrem-se dois botões da blusa da nova inquilina do 2º direito e cedo o peito dela estará ao alcance da vista do casal. Mas Laura sente mais. Mais do que a vista alcança. Nas suas costas está o seu namorado, com o braço envolto na cintura dela e os dedos a masturbarem o clitóris. Ele também tem um joelho fincado na ponta da almofada do sofá. A sua cintura encosta-se ao rabo da namorada. As suas calças estão soltas e descaem até aos tornozelos. E numa posição que tanto ousada como complexa, ele já introduziu o pénis dentro da rata de Laura. Movimenta progressivamente as suas ancas e procura satisfazer o intimo da mulher que ama.
- Estás a gostar?!...Uhm?!...Gostas que te ponha louca assim?...
- Ohhh...amor...gostooo...siim...uhmmm....entra!...Entra em mim!...Dá-me tudo! Ohhhh!...
- Queres tudo?!
- Sim...hoje és meu!! Podes-lhe dar o prazer que quiseres...oohhh...Mas hoje a tua picha é minha...ohhh...mais!
- É só tua!...Uhmmm... É só tua, amor!...Sentes que te pertence! Sentes?!
- Sim!!! Ahhh...não pares!!
Tania geme. Mais um botão e descobre-se o soutien branco da jovem. É impossível disfarçar a sua excitação, dado a visão que se tem dos bicos a pressionar o tecido da peça de roupa interior. Os olhos dela ainda não cerraram. Ela não perde pitada do que ocorre para além da sua imaginação. Porque tudo isto ultrapassa as suas maiores fantasias nocturnas. Tudo isto é bem mais intenso do que aquilo que um dia Laura lhe prometeu em conversas excitantes, por entre duas vendas na loja. O seu campo de visão não se restringe só aos dedos que continuam a masturbá-la divinalmente. O polegar de Afonso esfrega agora com firmeza o seu clitóris inchado. E ele sente que a excita, que a coloca num patamar de prazer distinto do que alguma vez o seu ex-namorado lhe pôde entregar. Mas Tania absorve mais sensações. A sua colega de trabalho e amiga esta a ter de facto o seu dia, a sua noite. Masturbada e comida por trás, a namorada de Afonso recebe as ofertas carnais que ele tão intensamente partilha. O sexo dele incha dentro da sua rata. O seu clitóris aperta-se por entre os lábios vaginais, a carne erógena e os dedos que pressionam carinhosamente o sexo dela. Laura está entesada. Procura controlar-se. Procura suportar a volúpia do desejo viril do namorado. As suas mãos seguram-se com firmeza ao sofá vermelho e o seu olhar já não quer fechar, tendo em conta que a sua amiga, enterrada entre as almofadas, com o corpo a escaldar e a rata cheia, está prestes a vir-se.
22:19 - Afonso não pára de movimentar o seu corpo e ao mesmo tempo é ágil com ambas as mãos. Penetra com vigor dentro da rata da namorada e sente as palpitações que fervilham dentro dela. O casal conhece-se. O casal entende-se. O casal prazenteia-se mutuamente com a experiência carnal que acumularam. E é no instante em que Afonso percebe que Laura vai explodir, que faz um último esforço e esfrega o clitóris de Tania de uma forma estimulante. Até ao limite. O braço esquerdo de Laura move-se e a mão apoia-se em cima do peito volumoso da amiga. Os olhares femininos trocam-se. Com uma paixão frenética. Com um sentimento surreal jamais experienciado entre elas, em tantos anos de amizade. Tudo ocorre nos corpos delas. Tudo explode no intimo das mulheres. Laura sente o namorado rebentar a liberdade dentro de si. O clitóris de Tania cede. E a vagina de Laura é um fogo de artifício intimo. Uma tempestade eléctrica assola o sofá vermelho, onde Afonso consegue criar e partilhar um momento único.
- Oohhh....Tania...diz-me...oohh...por favor...diz-me agora!
- Uhm...uhmmm..ooh...uhmmm... parabéns, Laura!
- Ohhh....Eu quero a minha prenda!
Afonso olha para as duas mulheres e assiste a um beijo apaixonante, forte e saboroso, que se prolonga na eternidade daquele momento. Laura arranca a outra prenda que só Tania lhe poderia dar nesta noite. Amigas, colegas de trabalho e numa aura inexplicável, elas são agora verdadeiras amantes.
Laura está no quarto da filha. A sua menina adormece. O seu corpo ténue está cansado, depois de um dia que pertenceu à sua mãe. Após ter ido ao cinema com o pai, ela voltou a casa e quase de imediato procurou a cama. A aniversariante coloca o édredão em cima dos ombros da filha adormecida e entrega um beijo de boa noite, mesmo que ela já esteja no mundo dos sonhos. Laura já tomou um duche rápido, tem o corpo cansado, mas ainda tem tempo para espreitar o quarto reservado a Tania e verificar que a jovem também já dorme. Laura especa a sua postura por quase dois minutos ali, a três passos da cama. Ouve-se a respiração ligeira da sua amiga e depois de vaguear pelos seus pensamentos, Laura não consegue deixar de libertar um sorriso. Sem hesitar, ela dá três passos e ajeita o édredão cama, colocando-o bem perto dos ombros da colega. Tania não acorda, mas provavelmente, na indefinição do sonho que percorre a sua mente, ela sentiu o beijo que a sua amante agora lhe entrega na testa. Laura sai do quarto. Laura acelera o passo até ao quarto. Laura retira a toalha que envolve o seu corpo e deita-se ao lado do namorado que a espera na cama que lhes pertence. Depois de uma noite de entrega, em que a aniversariante experimentou ofertas surreais, cair nos braços do amante é o concluir perfeito de um dia especial.