sábado

Bom porto em Noroeste

Ainda há pouco tempo a casa do jacuzzi privado do Edifício Magnolia foi dada a conhecer e já os seus moradores fazem questão de a tornar sua. Experimentam-na, usufruem de todo o equipamento disponível, relaxam, descontraem, divertem-se, apaixonam-se. Esta sala pertence aos inquilinos e, no dia especificado no mapa de utilização do condominio, eles fazem questão de se sentirem no topo do mundo. Como se fosse possivel abstrair de tudo neste espaço. Como se fosse possivel fazer uma viagem com um rumo que cada um define à sua maneira. E se cada apartamento é surreal, a piscina coberta é um lugar transcendente. Tania e Lúcia ainda não tinham até hoje gozado o jacuzzi. Obviamente que já tinham entrado na sala. Até já experimentaram a água morna a borbulhar e conseguiram entender que o chuveiro pode trazer fantásticas sensações. No entanto, ainda não houve oportunidade de gozar totalmente do espaço. Não existiu ainda tempo suficiente para sentir que vale a pena perder ali uma tarde, uma manhã, até uma noite. E neste final de tarde, o sol entra pela janela diagonal de uma forma tão acolhedora que parece uma casa junto ao mar, em que se vê o céu desfazer-se em centenas de tons. É isto que Lúcia confessa à sua amiga, assim que entram no novo espaço do Edificio.
- O que queres experimentar primeiro? O duche ou a piscina? - pergunta Tania.
A jovem morena silencia-se. Apesar de querer experimentar toda a sala, há algo que a parceiro do 2º esquerdo ainda não referiu. Liberta um sorriso, começa a despir o fato de treino e dirige-se ao chuveiro. De biquini modesto, onde as parte erógenas se escondem a custo, Lúcia passa debaixo de água. Tania é que já não aguenta esperar mais. Despe o vestido laranja de verão e salta para o tanque envolto em pedra terracota. Como uma criança excitada, ela sente a água que aquece a encharcar o seu corpo. Ri-se e estica os braços, remexendo a água. Enquanto molha o cabelo, a pele e o tecido do biquini, Lúcia repara na irreverência da sua amiga. Ao mesmo tempo que liberta um sorriso, tatua na mente a pose sensual de Tania. Ela continua a desejá-la e a impossibilidade de tal sentimento se tornar real, é um tortura estonteante pensar nela com excitação. Pensar no sorriso dela, no olhar penetrante da jovem, no corpo voluptuoso da colega, no peito que parece pular diante da sua face, do sexo que ela um dia tentou conquistar com a sua mão. Diante de si, ela tem uma menina contente, iludida na relação que mantém. Tania apercebe-se que a amiga se demora no chuveiro. Sorri para ela e com um gesto chama-a. A estudante fecha a torneira e com o corpo encharcado dirige-se ao tanque. A temperatura da água é formidável. A sensação de estar envolta num borbulhar relaxante é fantástica. E imediatamente, Lúcia é transportada para o mesmo local onde está a sua amiga. Para uma tranquila sensação de bem-estar e de leveza, que a faz esquecer de todo o quotidiano e de todo o espaço que existe para além daquela casa.
- Ahhh.....Não sentes que isto é mesmo bom? - pergunta Tania deliciada.
- Há coisas melhores....
- Há?! Quais?
- Oh, tu sabes....
- Uhm....Não é nada má ideia!.....Levavas a mal se um dia trouxesse aqui o Filipe?
- O Filipe?....Ah...Não...Porque haveria de levar a mal?...Por falar nisso...não ias ter com ele?
- Ele vem cá ter. Deve estar a chegar. Espero bem que ele tenha trazido a chave e não me obrigue a sair daqui tão cedo.
- Nem sequer sabia que o Filipe tinha uma chave da nossa casa.
- Ele também raramente a usa. É mesmo só para situações...tipo esta...Mas...levas a mal?
- Não!....Não....se tu tens confiança nele....
Lúcia não aparenta um ar tranquilo. Tania ainda procura perceber a reacção dela, mas a amiga disfarça. Desvia o olhar e desliza a mão na água que irrompe nos seus dedos. Há um silêncio estranho entre as duas jovens. Como se algo as estivesse a separar, a bloquear, a prender a empatia que as duas se habituaram a gerar. Talvez o ambiente, talvez a água morna, talvez os fatos de banho reduzidos e os corpos húmidos. Talvez uma sensação surreal esteja a vaguear na mente delas. E ao mesmo tempo, elas sabem que o gelo tem que ser quebrado. Lúcia levanta o olhar e encontra-se com os olhos de Tania que fixam as suas mãos há meio minuto. O sorriso da namorada de Filipe custa a soltar-se. Mas acontece. E o gelo quebra. E a água entusiasma-se. A mão de Lúcia que até agora flutuava na linha de água, empurra uma onda que se espalha até ao corpo da amiga. O gele derrete. A água aquece. O gesto incitou Tania e ela responde com outra mão. Subitamente, uma terna guerra aquática é despoletada. As águas exaltam-se, as mãos disparam na direcção contrário e cedo as mãos das duas inquilinas do 2º esquerdo.
- Pára!...Pára....Estás a pôr a água....Ai! Pára, o chão está todo encharcado....
E com uma naturalidade que parece deixar adivinhar o que se segue, Lucia e Tania estão coladas uma à outra. As mãos delas seguram os braços da parceira, na esperança de travar o ímpeto furioso que as aproxima. Os olhares cruzam-se e já não descolam. Ouvem-se as respirações ofegantes. Os ombros das duas jovens estão exaltados e os seios delas estão praticamente colados.
- Relembra-me porque é que me convidaste a subir contigo.... - pergunta Tania.
Só o beijo pode responder à dúvida da namorada de Filipe. Só a precipitação dos lábios que se unem pode justificar a sede que invade as duas amigas. Só essa sede consegue manter um beijo improvável, mas aguardado. A água borbulha à tona, junto às ancas delas. A humidade mistura-se no calor da pele delas. O segredo que ambas pretendiam esconder há demasiado tempo de si mesmas, acaba por se revelar num beijo intenso, profundo, apaixonado. Demasiado apaixonado. Lúcia aprecia cada instante. Mas ainda não consegue entender se Tania deseja mesmo aquela troca de paixão. Mas vai deixando o tempo flutuar calmamente. Porque Tania deixa-se levar. Aceita as mãos da amiga nos seus seios volumosos. Aceita o toque gentil dela nos seus ombros. Aceita que o desejo dos dedos de Lúcia se espalhem nas suas costas. E enquanto o beijo não pára, Tania sente-se arrebatada. Não. Aquilo não é apenas um beijo para provar. O corpo de Tania está encostado à parede do tanque. As suas pernas abrem-se ligeiramente e ela permite que o ventre de Lúcia aperte o seu sexo. Os dedos da morena puxam delicadamente o fio do soutien de Tania. O beijo não pára. Não. É mais do que uma abordagem inocente. O pedaço de tecido que se colava ao peito da jovem está agora a boiar, mesmo por cima das bolhas de água. E as mãos de Lúcia não hesitam em encher-se com as mamas da sua perdição. O beijo cessa. Não. Não parece ser apenas um capricho. Os lábios descolam-se como gelatina. O ar liberta-se das bocas delas. E nenhuma delas parece saber para onde quer fixar o olhar. Nem Tania, nem tão pouco Lúcia sabe como agir, o que fazer, o que pensar. O próximo passo será apenas um instinto mútuo que teve o feliz ocaso de ser correspondido.
- Tania?....Tu...Não sei...Tens consciência que isto não é uma experiência, não tens?....
Enquanto segura nos braços da amiga, faz girar o corpo dela e a encosta de novo à parede, Lúcia entende o ar meigo e ingenuamente submisso, quando a sua colega de casa lhe acena afirmativamente. Não. Tania sabe que não é uma experiência e que este instante é completamente surreal, comparado a tudo o que ela já sentiu anteriormente. As mãos de Lúcia passeiam pelas costas macias de Tania. As unhas dela arrepiam os ombros da nova amante. O dedos dela percorrem o peito, acariciando as mamas de uma forma intensa. A palma das mãos de Lúcia estimulam os mamilos quentes da jovem com um carinho poderoso. E Tania sente o toque. Como se jamais alguém tivesse sentido aqueles seios assim. Nem as mãos do seu namorado. Nem os olhos de qualquer homem. Nem as suas mãos conseguiram aflorar a magnificência do peito que sempre lhe pertenceu. Porque aquilo que Lúcia lhe entrega é um profundo deleite em todo o seu corpo. E agora, o tempo é confuso. Não tem ritmo, não tem nexo, não tem orientação. O tempo evade-se das vidas delas. O tempo desfaz-se na descoberta de Lúcia e Tania.
Ao lado do soutien, flutua agora a tanga do biquini de Tania. Nua e subjugada com a paixão da colega de apartamento. Ela geme. É tudo novo. Nada se compara ao que aconteceu na banheira do 2º esquerdo. Os dedos de Lúcia dentro do sexo da jovem criam uma erupção de prazer no intimo de Tania. A boca da jovem bissexual consome o pescoço da amiga. E com uma certeza sinistra, Lúcia pressente o desejo, a sede, a fome da parceira em ser possuida por uma mulher. Com uma entrega desmesurada, Tania sabe que este momento tinha que acontecer. O seu clitóris é estimulado por dedos experientes, por dedos ternos, por dedos sensiveis. Com o peito a pular, com a boca frenética, com as mamas de Lúcia a apertarem-lhe as costas, com os mamilos mais rijos do que nunca, Tania liberta-se. O seu sexo explode, o seu pescoço cede e a sua boca pede mais. A ânsia de mais um beijo leva Tania a rodopiar sobre si mesma e procurar os lábios de Lúcia. As linguas envolvem-se, as bocas engolem-se, as almas iludem-se. Porque elas não estão ali. Elas não podem estar naquele mundo real, onde a água ferve, onde o tanque intensifica o prazer que elas comandam. Desta vez, são as mãos de Tania que despem a amiga. Os peitos chocam um no outro, roçam os mamilos na pele sensivel da parceira. O rabo de Tania é acariciada pelas mãos insanes da mulher que sempre a desejou. Todos os desejos, todos os sonhos, todas as fantasias, no banho, na cama, de pé, sentada, imaginando uma cena possivel ou algo demasiado surreal. Nada do que a mente de Lúcia procurou para satisfazer um prazer pessoal se assemelha a esta concretização. Tania é concretamente sua. E isto já não é um deleite pessoal.
A temperatura mantém-se. A piscina é um elemento provocador na vida dos inquilinos. Algo se transforma na mente de quem aqui mora quando sente o toque desta água. A luz natural que penetra no espaço faz incorporar nos corpos que se despem uma volupta carga de desejo. E nem mesmo quando o borbulhar da água faz relaxar apenas e só os pés, é possível abstrair da hipnose que o jacuzzi provoca. Lúcia está sentada na borda do tanque. Olha para Tania enquanto ela lhe acaricia as coxas. A namorada de Filipe não consegue retirar o olhar dos seios redondos, firmes e inesperadamente sensuais da colega. E os dedos de Lúcia experimentam a sensação de poder tocar nos cabelos da amante de uma forma inexplicavelmente meiga.
- Só quero que percebas porque é que isto está acontecer...Consegues perceber, Tania?
- Não sei....Lúcia, não sei....eu quero-te e não consigo explicar a mim mesma porque é que tenho tanta vontade em beijar-te e em...e em provar-te....
- Queres?....
E como que por instinto, como que por um desejo que só precisava de um chamamento, as pernas de Lúcia abrem-se num gesto repentino, mas vagaroso. E é como se uma porta se abrisse diante do olhar de Tania. É um mundo novo, uma sensação diferente, um desejo descoberto. A rata de Lúcia, molhada, inchada, palpitante, chama pela boca de Tania. As mãos da jovem percorrem a pele das coxas de Lúcia até alcançarem as virilhas e por consequente a vagina da estudante. E enquanto durou esta viagem das mãos de Tania, a jovem bisssexual transportou-se a si mesma para um lugar desconhecido. Lúcia já provou várias vezes o prazer feminino. O toque das mãos suaves dela. Os seios quentes de mulheres. O jeito peculiar de muitas parceiras que experimentaram a cama dela. Mas ali está algo de novo. Em todas as suas fantasias, em todas as vezes que ela se deixou levar pelo prazer, ela nunca entrou por aqueles trilhos. Em cada instante que ela procura reconhecer o lugar que a sua imaginação transforma, a sua amante avança. Os dedos de Tania abrem os lábios vaginais. Lúcia nem sequer percebe como acontece. A boca da namorada de Filipe invade a rata da jovem. Talvez seja por nunca o ter feito. Talvez seja por procurar aquilo que nenhuma outra mulher quis procurar. Mas Lúcia desorienta-se pela forma como a sua paixão a lambe. Mesmo que ela consiga voltar a recordar todas as sensações provocadas pelas bocas femininas que a provaram, Lúcia sabe que nunca a tinham lambido assim. Estranho. Impossivel de ser real. Inexplicável. Mas a verdade é que uma mulher que nunca foi, nunca ambicionou e nunca provou a tentação lésbica, consegue criar um vulcão no intimo de Lúcia. E agora, ela já não está ali. Já subiu demasiados niveis e eleva-se num mundo que a deixa zonza. Ela não consegue sequer abrir os olhos. Num sitio que se assemelha a uma cascata sem fim, misturado numa liberdade que só um pássaro místico consegue ter. Lúcia transformou-se. Talvez seja a perplexidade pela entrega de Tania. Talvez seja o facto de nem ela conseguir acreditar que foi possivel isto acontecer. Mas Lúcia vem-se de uma forma genuina. E faltam-lhe forças para conseguir suportar tamanho prazer. Para guardá-lo, saboreá-lo, fixá-lo dentro de si para nunca mais desaparecer. Mas acontece. Tudo isto é real. Tania, a namorada de Filipe, lambe a rata de Lúcia e proporciona um orgasmo memorável. Acontece. E isto tem que marcar indelevelmente a consciência das duas jovens.
É um abraço. É uma estranha forma de ternura. É uma curiosa demonstração de desejo. É a única forma de guardar o que acaba de acontecer no jacuzzi do Edificio Magnolia. A cabeça de Tania pousa no colo da amiga. Os seus lábios estão doces e ela ainda saboreia o sumo inusitado libertado pela sua colega. O corpo de Lúcia pende para a frente e ao mesmo tempo que segura a face dela com as mãos que ainda vibram, embrulha a cabeça da parceira. Algo precisa de ser entendido.
- Posso amar-te?
- Não sei como fazer isto, Lúcia...
Porque Tania tem um namorado e ainda não conseguiu imaginar a vida sentimental e sexual sem ele. Porque Lúcia respeita isso e sente-se incapaz de revelar segredos. Porque nada parece normal e é demasiado complexo encontrar uma solução para o que se sente neste instante. Porque dentro daquele jacuzzi transcendente, Lúcia e Tania sentem-se verdadeiramente amantes.
A temperatura da água vai arrefecendo. A luz que entra pela janela vai cessando, até porque o sol quer-se esconder por detrás dos outros edificios da rua do Edificio Magnolia. As duas jovens conseguiram finalmente assentar os pés em chão firme. Ainda dentro do tanque, com a água a borbulhar, elas encostam-se à parede e olham-se mutuamente, com um sorriso tranquilo.
- Acho que para me sentir totalmente satisfeita.....Só faltava mesmo um...estás a ver?
- Só se fores tu...Eu estou extasiada de ti....
- Não queres? Como queiras...Eu vou ter com o Filipe. Ele já deve estar lá em baixo.
Tania sai da piscina. Procura a toalha e enxuga-se. Põe no seu corpo a roupa que trouxe desde o segundo andar. Procura secar o cabelo o melhor possivel. Lança o olhar para Lúcia. E nem ela consegue desvendar qual a melhor forma de reagir a tudo o que aconteceu. O seu namorado está no 2º esquerdo a ver televisão, aguardando por si. É possivel que ele não desconfie do que aconteceu nesta piscina. Mas daqui em diante, terá que viver, sentir e tocar numa namorada diferente. Uma amante que se entregou a um prazer inevitável. Ao prazer de uma mulher que desde o primeiro instante lhe parecia estar destinada.
- Não estás arrependida? - pergunta Lúcia.
- Olha para mim...Vês-me com cara de quem não quer repetir?
- Não....Só não quero que te arrependas.
Tania liberta um sorriso. Um gesto de entrega a uma mulher que é agora sua mas à qual não se pode entregar. Ninguém pede mais. Ninguém pode pedir mais. Nem Lúcia, que precisava de a ter todas as noites na sua cama. Mas ela não pede mais. Porque Tania acaba agora de sair, em direcção ao homem que lhe dá a felicidade e o prazer sexual que a preenche. É dificil perceber o que daqui em diante se vai passar. Mas Lúcia concretizou algo. Concretizou um sentimento demasiado poderoso, desejado há demasiado tempo.

5 comentários:

Critica disse...

Olá, eu sou o lado mau.

Elogio disse...

Olá, eu sou o lado bom.

luafeiticeira disse...

Texto bastante erótico, claro, mas com um final duvidoso, pois uma mulher heterossexual não tem orgasmos exclusivamente a partir da penetração, normalmente a estimulação do clítoris provoca ou pode provocar orgasmos mais intensos, logo não me parece correcto que Tânia ficasse insatisfeita ao ponto de correr para o namorado, mas isto é uma discussão que dá pano para mangas e que só pode ser feita com mulheres que já tenham experimentado ambos os sexos.
Que a crítica seja construtiva, claro.
beijos

Magnolia disse...

ELOGIO, aguardamos um elogio aos inquilinos :) o vosso espaço promete.
CRITICA, as criticas são quase sempre construtivas. Ensinam as pessoas a ver o que pensam de outra forma, por isso, se tal acontecer ao Edificio, esperemos que esteja no ponto. Apressem-se em novas postagens. :)
LUA FEITICEIRA, talvez a Tania possa ter sido algo fria, considerando o sentimento de Lucia. Mas na verdade, nunca foi dito que Tania ficou insatisfeita. Apenas e só a tensão e o prazer que foi gerado no jacuzzi, provocou uma sede ainda maior em Tania, transportando-a para a realidade em que o seu namorado existe e estava já no apartamento. Tania transcendeu-se na entrega à amiga, mas isso não faz com que ela esqueça Filipe e complementar o prazer feminino com o prazer masculino.
Mais uma vez, as criticas tendem a ser construtivas. Apenas depende da interpretação que se tome. beijinhos

Sexhaler disse...

Finalmente!!!!
Weeeeeeeeeeeeeeeeeeeee!

lol

Beijo