segunda-feira

Onde...se perdem os gemidos

00:41 - Lúcia molha o seu corpo por entre milhares de gotas que explodem a partir do chuveiro. Água morna, água que lava o seu corpo de um dia para esquecer. E ela nem sequer abre os olhos para ver o suor sair da sua pele. Prefere vaguear a sua mente nos acontecimentos de hoje e procurar esquecer. Deve haver algum sitio no cérebro, na alma que permite guardar as memórias que precisamos de pôr de lado. Não se trata de esquecer, nem tão pouco de guardar. Apenas pôr de lado.
01:04 - A jovem morena fecha a torneira da água. O seu corpo já está suficientemente enrugado, já está lavado quanto baste para se sentir leve. A hora tardia pede ao seu corpo para repousar. O banho longo deu-lhe o descanso suficiente para a manter viva. Ainda assim, ela sabe que quando se deitar a sua mente vai querer ficar acordada. Pega numa toalha e enxagua-se, ao mesmo tempo que se dirige para diante do espelho, onde estuda cada traço do seu corpo.
01:11 - A toalha está embrulhada em redor do seu tronco. As suas coxas estão descobertas e o seu peito também é visível. Lúcia não se vê a transbordar sensualidade, mas transparece um ar de quem gosta do seu corpo. Pega no tubo de creme que está em cima do lavatório e segue caminho até à saída da casa de banho. No exacto momento em que pega no puxador da porta, ouve ruídos no exterior. Alguém entra no 2º esquerdo. Claro que o mais provável é ser Tania. Tal presença não a impede de sair dali, com a tolha envolta. Mas ela não vem sozinha e isso é perceptível nos risos que se ouvem. Tania chega a casa mais o namorado a uma hora inusitada. Provavelmente foram sair, provavelmente preferem dar a foda no quarto de Tania. E ainda que já todo o prédio adormeça em silêncio, Filipe e a sua namorada não procuram fazer pouco barulho.
01:15 - Eles não foram para o quarto. Não ligaram a televisão, mas estão no sofá da sala. Lúcia sabe, porque está agora com os joelhos dobrados junto à porta da casa de banho. Espreita pelo buraco da fechadura. Filipe está de pé. Tem as calças baixadas até aos tornozelos. Encosta-se à sua namorada, que também tem as calças de ganga puxadas para baixo, mas neste caso, só são visíveis as nádegas. Lúcia gosta do que vê, apesar de ser uma sensação estranha. A sua amiga está apoiada no encosto do sofá. Curva o seu corpo e empina o , directamente para o seu namorada. E é aqui que surge a sensação sinistra de Lúcia. Como pode ela sentir excitação de ver tal cena, se ela abomina Filipe e a sua apetência sexual? Já para não falar de que neste preciso instante, o jovem está a penetrar a sua colega de casa. Aquela que Lúcia sente uma paixão inquietante. Aquela que preenche as suas fantasias, até mesmo quando está envolvida com outras mulheres. Tania tem um sorriso na face e larga um gemido quando o namorado lhe enfia vagarosamente o sexo no rabo. Tania está a gostar do gesto de Filipe. Então como se justifica esta excitação? Como pode Lúcia explicar a palpitação e o calor que sente nos lábios vaginais? Ela retira o olho do buraco da fechadura e encosta a face à madeira da porta. Respira fundo e fecha os olhos.
01:19 - Ouvem-se gemidos vindos da sala. Filipe penetra com vigor por entre as nádegas da namorada. Tania agarra-se ao sofá e finca os dedos dos pés. O homem que tem por detrás de si agarra com firmeza no seu rabo e fode-a num ritmo constante. Ouvem-se pequenos gemidos junto à porta da casa de banho. Lúcia volta a ter o olho colado ao pequeno buraco, que lhe permite visualizar o que se passa entre a sua colega de casa e o homem que não lhe quer ser fiel. A toalha que envolvia o corpo dela já caiu. Estende-se nas suas coxas e descobre o peito húmido da jovem. A mão esquerda dela segura um dos seios volumosos que descai sobre o seu tronco. A outra mão confessa-se entusiasmada e não consegue resistir ao apelo da vagina quente e vibrante. Acaricia os lábios grandes e procura molhar o clitóris. Aprisionada na casa de banho, Lúcia sucumbe ao momento intenso que se vive na sala da sua casa e masturba-se em silêncio, num sitio deveras bizarro.
01:24 - Torna-se difícil para Lúcia suster-se naquela posição. Os pés descalços já tem formigueiro e o corpo vibra intensamente. Ainda assim, a jovem consegue espreitar pelo pequeno orifício que lhe dá a imagem excitante da sua amiga a ser comida. Tania é, efectivamente, penetrada com rudeza. Sabe-lhe. É uma mistura de dor e prazer que ela própria procura perceber como deseja tanto. As nádegas dela estão vermelhas. Saltitam de cada vez que a cintura do namorado choca contra si. E o sexo dele, mesmo não estando inchado como ela já testemunhou, dilata tudo dentro de si. Os gemidos e gritos de Tania excitam Lúcia. Obrigam-na a acalmar o calor que arde na sua rata. Transforma na sua mente uma imagem que ela procura a todo o custo modificar. Ao menos abstrair-se da imagem de Filipe. E quando ela se sente descontrolada o suficiente para já não ter controlo sobre os seus gemidos. Tania liberta o seu prazer confundido. Os dedos de Lúcia seguram a explosão da sua própria rata. E por entre a porta da casa de banho, decorrem dois orgasmos distintos.
01:28 - Não há dúvidas que a rata dela está molhada. Não há margem para erro no que toca a perceber que Lúcia transportou o seu próprio sexo para um espaço transcendente. Respira fundo e procura a custo aguentar-se naquela posição. Cerra as pernas, tentando suster a vibração que flui nos seus lábios íntimos. Acaricia as mamas, tentando pousar levemente. Mas é impossível. Mesmo com toda a excitação que aquela masturbação lhe provocou, Lúcia ainda consegue perceber o que se vai passando na sala. E para ela, também não resta qualquer dúvida de que Tania se veio com aquele momento intenso. Agressivo e intensamente louco. E o que mais custa a Lúcia entender, é que a amiga adorou e pede mais ao namorado. Ela já se levantou do sofá. Girou sobre si mesma e leva agora as mãos à face de Filipe. Beija-o enquanto ele leva a mão à rata de Tania. Parece escusado dizer que também Tania tem o sexo encharcado.
01:36 - Lúcia está sentada no chão frio da casa de banho, encostada à porta. Tania e o seu namorado já desimpediram a sala e fecharam-se no quarto dela. A jovem estudante tem o caminho aberto para ir para o quarto. Pôr o creme, vestir alguma coisa por baixo ou não vestir nada. Deitar-se, procurar o sono, procurar algum prazer solitário. Mas não. Lúcia chora. Talvez nem ela consiga perceber o motivo concreto pelo qual os seus olhos não sustêm as lágrimas. O que é certo é que a respiração dela está descontrolada. Ela chora quase em silêncio. Olha para o indefinido e procura acalmar. O mais provável é chorar pela mágoa de se sentir só. Desabafar a sensação de ver Tania com alguém que repudia. Libertar a ansiedade de querer confessar algo e não se sentir capaz de o fazer. Lúcia chora com a raiva de não se querer ver naquela situação. Escondida detrás de uma porta, a espreitar e a masturbar-se por causa de uma foda que não lhe pertence.
01:40 - E no quarto de Lúcia a noite ainda vai chorar mais ansiedade, mais incerteza. E do outro lado da parede verte um pouco mais de prazer.

2 comentários:

luafeiticeira disse...

Lúcia tem o orgulho ferido, ama quem a rejeita e pior ama quem ama um agajo que ela considera execrável.
beijos

Blogues Eróticos disse...

Não sei porquê, mas este é o apartamento que mais me cativa.
Mais uma vez os meus parabéns pelo excelente blogue, e pela prosa.
Um bom fim de semana para todos os inquilinos.