sábado

Sol nascente

Ana abre os cortinados do seu quarto enorme. A luz volta a entrar naquele espaço de uma forma radiante. Os seus pés descalços sentem o chão quente. O seu corpo nu passeia-se entre as paredes intimas que já testemunharam tantos pedaços da sua máscara nocturna. Mas hoje, agora, neste exacto momento em que ela olha da janela do terceiro andar para os primeiros movimentos citadinos, com os seios pálidos à mostra, Ana sabe que estas paredes testemunham mais do que isso. Já não é só a sua máscara nocturna que faz parte do seu trabalho. Já não é só a máscara diária que se sobrepõe à magia das suas noites. O dia acorda gracioso, fazendo esquecer os dias de chuva que cairam nos últimos dias sobre a cidade. Ela olha para o passeio da rua do Edificio Magnolia. Liberta um sorriso e sente que a manhã lhe pertence. Passa a mão pelas mamas e sente-se suja. Deixa os cortinados abertos, vira-se e dirige-se num passo leve para a casa de banho, bailando o seu corpo saciado. Antes de entrar no banho, Ana vai despir a máscara que lhe assentou tão bem na noite passada.
É uma noite especial. A acompanhante usa a sua máscara nocturna, mas está despida dela. Guarda-a na sua alma, na sua genuina forma de ser. É uma noite diferente. O cliente é peculiar e tem desejos excêntricos. O jantar é servido no chão. Um tapete preto no lugar da enorme mesa de centro torna a sala de Ana irreverente. A anfitriã está sentada numa almofada branca, tal como o seu convidado, mesmo à sua frente. Entre eles, está um jantar requintado. Iguarias japonesas. Sushi. Oshizushi. Significa sushi prensado. Preparado com um pequeno pedaço que é colocado num bloco de madeira. O fundo desse bloco é alinhado com a cobertura e coberto com arroz de sushi. Depois de criar um bloco compacto, ele é cortado em pedaços que cabem facilmente na boca. O jantar foi preparado por Ana. Tudo o resto, acontece. Sebastião é diplomata. Um homem vivido, quase a chegar à casa dos cinquenta anos. Um homem viajado, já percorreu meio mundo, a nivel pessoal, a nivel profissional. Um homem charmoso, culto, intensamente cativante e sensual. Sebastião é o cliente perfeito de Ana e ele sabe que encontrou a acompanhante ideal nesta cidade.
- Falaram-me muito bem de si, sabe?... - diz Sebastião.
- Eu gosto de passar uma boa imagem.
- Acredite que tudo o que vejo, supera qualquer expectativa que possa ter criado.
- Agradeço-lhe, Sebastião.
- Não esperava era uma fantasia destas...
Ana estudou o cliente. Preparou tudo ao máximo pormenor que lhe era possivel. Na sua máscara nocturna, Ana é perfeccionista. Tudo tem que correr bem. E correr bem significa atender os desejos do cliente e ultrapassar as suas próprias expectativas. Ana veste outra máscara. Ainda mais profunda, ainda mais distinta do seu papel diário. A acompanhante está vestida com uma indumentária tipicamente japonesa. Um quimono sensual, de seda vermelha, adornado com flores douradas e revestido de um rebordo preto. A peça tapa-lhe os ombros e estende-se até aos calcanhares, onde os seus pés calçam uma sandálias genuinamente orientais. Para além da sola ter aproximadamente dez centimetros de madeira, os seus pés estão envoltos de umas meias brancas. Parte do seu cabelo liso está apanhado por dois pauzinhos e pendura do lado direito um arranjo floral lilás que se estende quase até às pontas. A sua face tem uma leve base branca e os seus lábios pintam-se de um rubor intenso. O leque com a figura de um dragão mistico compõe a imagem fantasiosa de uma mulher de prazer japonesa. Mas Ana é portuguesa. Ana guarda dentro de si uma imagem mais profunda do que a mera superficialidade de uma fantasia. E Sebastião sabe disso.
- Sabe, Ana....Viajo constantemente por todo o lado. Desde as ruas sujas de Havana, ao glamour de Manhattan. Adoro Amesterdão, fascinei-me com a Cidade do Cabo e vivi algum tempo em Banguecoque. O charme daquelas mulheres excita-me. Posso-lhe dizer que já experimentei o prazer de mulheres como tu em meio mundo. Mas nunca tive uma geisha...
- Não lhe pretendo oferecer uma geisha.
- Não?!
- É uma ideia errada. As geishas entregam-se a um homem, a um cliente, mas raramente existe sexo. As gueixas não são prostitutas...Podem ser mulheres da sedução, mas os clientes sabem que não passa disso.
- E o que é então, Ana?
- As verdadeiras prostitutas de luxo no Japão designam-se Oiran.
- E porque são diferentes?
- Já não existem. São mesmo casos raros de acompanhantes. E as que existem são prodigiosas.
- Mesmo?!
- As gueixas são vulgares e não se entregam aos prazeres carnais.
- A Ana quer-se entregar a esse prazer?
- Veremos...Veremos se esta noite o Sebastião quer uma gueixa ou uma Oiran.
Ele sorri. Entende a perspicácia da mulher. Entende o motivo que o trouxe ali. Que o convenceu a aceitar uma sugestão de um colega diplomata e que lhe prometeu que ele não iria conhecer outra acompanhante assim na cidade. E Ana faz questão de manter essa promessa. Essa imagem que está inerente à sua máscara nocturna. Ela serve o seu cliente. Entrega-lhe a iguaria, quase até à boca. Mantém o sorriso, mantém a postura. Ainda assim, o seu corpo está ainda coberto. A seda que a envolve sugere a fogosidade por debaixo daquela máscara. E isso excita-o. Ana, a Oiran, procura agradar a todo o instante ao seu cliente. Serva e acompanhante. E isso agrada-lhe. Porque é o jogo que Ana decidiu entregar. É a máscara que ela colocou por cima da de acompanhante. E ela quer experimentar. Ser ousada. Procurar os limites do seu prazer. Ana não se limita a dar e obter prazer. Ela brinca com o prazer. Engana-o. Torna-o complexo. E no fim, tudo só pode ser mais intenso e recompensador.
- Estou a ver que a Ana estudou a lição.
- A Ana que está aqui consigo vive isto. Respira esta roupa, esta maquilhagem. A outra Ana que não conhece levou três dias a preparar este dia, que possivelmente lhe custou mais dinheiro do que o que irá receber. Essa Ana que nunca conhecerá aprendeu a caminhar com estas sandálias. A Ana que vê aqui é uma Oiran...De corpo e alma.
Sebastião ri-se. Olha fixamente para a mulher que contratou para passar uma noite diferente. Procura perceber que ser está ali diante de si. E no entanto, percebe que efectivamente, diante de si, não está uma vulgar acompanhante de luxo. Depois de engolir um enorme pedaço de sushi, ele larga o pedaço de madeira. Pousa os cotovelos sobre as pernas dobradas e respira fundo.
- Posso ver? - pede ele.
- O quê?
- Dizes-me que és uma verdadeira...
- Oiran...
- Quero que me mostres...Quero ver se consegues andar nessas sandálias.
- Como o senhor queira.
Obediente e disciplinada. O jogo prossegue e Ana nem sequer pestaneja. A jovem pousa o leque em cima da almofada. Ela finca a sola do calçado no chão, faz força nos pés e ergue-se num movimento harmonioso. De pé, ela fixa o olhar naquele que agora considera o seu amo. Na verdade, andar naquelas peculiares peças de madeira, presas entre o polegar e o segundo dedo dos pés da mulher. Contudo, Ana desembaraça-se naturalmente. De postura erguida, ela olha sempre para o homem e troca o passo à volta do tapete. Repete esta acção duas vezes e a nenhum momento comete um erro. Pelo contrário. Sebastião fascina-se e sente-se excitado com tal entrega por parte da jovem. Ana ajoelha-se nas costas do homem. Levemente. Tudo o que ela faz é exercido com uma calma extrema. As mãos sedosas, limpas e arranjadas dela acariciam as costas do homem, por cima da camisa. Rodeiam nos ombros imponentes dele e deslizam pelo peito. E de cada vez que os seus dedos passam por um botão, ela abre-o. Sebastião respira fundo. Delicia-se com as mãos vagarosas da acompanhante e encosta as costas ao corpo dela. Ana está colada a ele. O seu queixo roça na orelha dele. A sua respiração é uma pequena sinfonia nos ouvidos do homem. Ela tira-lhe a camisa por completo. De tronco nu, ele rende-se aos encantos da jovem. Com delicadeza, ela empurra-lhe os ombros e vai deitando o cliente no tapete. Sebastião submete-se. No momento em que o seu corpo descai, a boca ruborizada dela está a uma unha dos lábios dele. Quando a cabeça dele pousa no chão, Ana sabe exactamente o que pretende fazer. Volta a fazer força na ponta dos pés e levanta-se. Rodeia novamente o tapete e, junto à sua almofada, dobra graciosamente os joelhos, pegando outra vez no leque. Abana-o levemente junto à sua boca e fixa o olhar na face do homem. Perceptivelmente, os seus olhos passeiam vagarosamente sobre o corpo quase despido dele.
- Diz-me outra vez, o que faz uma geisha?...Uma oiran?....
- Seduz... Encanta o cliente...Fala carinhosamente para ele. Dança se conseguir. Canta, se puder.
- E mais?
- O seu sorriso consegue pôr o cliente mais excitado que a visão do seu sexo.
- A sério?...Mostra-me...Mostra-me o que os teus lábios conseguem fazer.
O leque abana. Esconde os movimentos que a boca dela faz. Porque Ana está ansiosa. E tudo é o jogo. Até a ilusão da sua ansiedade. A acompanhante puxa o quimono até descobrir os joelhos que pousam de seguida no tapete. Ana caminha agora com eles. Abre as pernas ligeiramente até ter o corpo dele entre si. Com a mão que tem disponivel, abre as calças e puxa-as para baixo, deixando o sexo masculino entesado de fora. A outra mão abana o leque. O seu corpo baixa-se e aproxima-se do órgão erógeno. Ouvem-se gemidos da boca dele. Os lábios pintados de Ana chupam levemente a ponta do sexo dele. No entanto, o objecto que ela segura com a mão direita não permite que Sebastião visualize o que ela faz. Porque Ana chupa. A jovem faz o que sempre soube fazer de melhor. Delicia-se com o pedaço de carne que começa a inchar. Com uma jovem "oriental" obediente, ela entrega tudo o que pode dar de si. Sem falar, sem gemer. E ele não vê, apenas pode sentir. Ana chupa. Molha com o seu baton vermelho forte e com a sua saliva toda a carne inchada do cliente. Como se sempre tivesse sido ensinada a fazer daquela forma. Sem acidentes de percurso. Sem movimentos excêntricos. Ana chupa. Ele gosta. A lingua dela percorre todo o sexo. Ana chupa. Abana o leque. Ele geme baixinho. No tapete preto, o serviço é feito com intensidade e dedicação. Ana chupa. E Ana gosta. E quando sente o homem louco, ela levanta a face, tira a picha da boca e imediatamente levanta o leque, atirando-o para o tapete. O homem que ansiava ver os lábios dela a excitá-lo, apenas o pôde sentir. E ainda assim, guarda já em si o sabor da boca dela.
- As suas putas tailandesas chupavam-no assim?
- Não...
A acompanhante sorri, motivada com o voto de confiança dado pelo seu cliente, assumidamente estupefacto com tal momento requintado. Ana volta a fazer força na ponta dos pés, levanta os joelhos e coloca-se quase de cócoras, assente na sola grossa das sandálias de madeira. Arrasta os pés e aproxima mais o seu corpo da cintura dele. O olhar da jovem prende-se em Sebastião. E ele fascina-se com a atenção que aquela mulher lhe entrega. Mais do que acarinhado, o homem sente-se aprisionado na vontade louca dela em o satisfazer. O sexo dele roça pelo quimono e depois pelas coxas dela. Ana levanta um pouco mais o seu quimono. Descobre agora o rabo e um pedaço das ancas. Veste umas cuecas brancas irresistiveis, sugestivas. Os pés dela continuam a fazer força nas sandálias que a põe uns centimetros mais elevada. A sua mão direita desliza pela sua própria coxa. Com dois dedos segura a ponta da picha do amante, com outros dois dedos desvia o tecido das suas cuecas, junto aos lábios vaginais. As suas ancas descem ligeiramente, permitindo que vagarosamente o sexo dele entre dentro da sua rata. Um gemido fino e vibrante entoa da sua boca. Sebastião sorri e excita-se com aquele som. Ana gosta, mas ao mesmo tempo desempenha o seu papel. Ana é uma geisha. Mas uma geisha especial. Ocidental, atrevida. Não é dona de um só homem, mas entrega-se a ele como se tivesse sido ele que um dia lhe entregou a supremacia de lhe tirar a virgindade. É um jogo. Ana cavalga. Deixa o pénis dele escorregar por entre as paredes vaginais. Estimulam os seus lábios grandes e tocam ao de leve no clitóris. Ana geme como uma menina japonesa, que procura a todo o custo satisfazer os caprichos do seu cliente. Segura as suas mãos nos joelhos e movimenta as ancas. Para cima. Para baixo. E a carne entra dentro de si. O seu olhar não se distrai. Constantemente fixo na face dele. A posição que ambos experimentam é ousada. É diferente. É excêntrica. As mãos dele agarram-se aos tornozelos dela, por cima das meias brancas. E quando Ana se sente estimulada, aumenta o ritmo dos saltos sobre o sexo dele. O arranjo que se prendia aos seus cabelos escorrega, até cair sobre o seu ombro já desnudado e rolar até à barriga desnudada do cliente. O quimono sensual dela começa a abrir-se. O laço preto que prende à cintura vai-se desembaraçando com os movimentos do ventre dela. E assim, o ombro direito fica desnudado. Pálido e suave, é um encanto para o olhar do homem, que se excita violentamente. Ana sente-o cheio dentro de si. Geme. A boca dela larga gemidos como a jovem nunca ouviu sair da sua garganta. E cada salto é um estimulo para não parar. É viciante. É estimulante. É literalmente penetrante. Porque enquanto olha para ele, Ana só pensa o quanto a tesão daquele homem entra profundamente em si. Sebastião também está louco o suficiente. Ele procura recordar-se de uma acompanhante que o tivesse satisfeito assim, com tamanho prazer. Não consegue. E a noite parece ainda agora ter começado. A excitação fervilha em ambos os corpos. A cintura dela já não salta tão alto. A sua concentração diminui. Como tentar manter-se acordada com uma tortura agradável tão intensa dentro de si. E enquanto procura cavalgar, Ana vem-se.
- Ohhh...Sinto-o tão bem, Sebastião...Ohh...eu sou sua!!...ohhh...sou toda sua, Sebastião!!
O corpo dela abana como um leque. Vibra com toda a loucura que invade o seu intimo. Ferve desde o interior da sua rata até à ponta dos cabelos. Os seus mamilos estão quentes e rijos. O quimono já não se sustém colado ao corpo. E basta um pequeno puxão para ele deslizar até cair nas pernas dele. Diante de si, Sebastião tem os seios mais excitados que se recorda de ver na sua vida. Pulam defronte do seu olhar. Por entre as mamas, o vale humidifica. E a carne que enche a pele mamária baloiça de cada vez que ela salta. A visão da portuguesa "oriental" é sublime. E no mesmo instante, entende-se o prazer que Ana ainda liberta de si. O seu corpo, coberto apenas com as cuecas brancas, deixa vagarosamente de saltar. A mão direita dela desliza pelo seu corpo. Apalpa os seios, excitando ainda mais o homem. Aperta os mamilos, aumentando a tusa que ela sente. Passeia pelo pescoço, pelos lábios encarnados, pela face pálida, até chegar à testa. Os dedos fincam no cabelo, despenteando o arranjo que ela preparou. Ana retira os paus que prendem o seu cabelo e liberta-se. Liberta tudo em si. Completamente. O seu cliente está entusiasmado. O seu cliente deseja ainda mais. O seu cliente exige alcançar a plenitude do que pode ser dado pela sua geisha, a sua oiran, a sua acompanhante...
- És a minha puta, Ana...deixa-me foder-te!
- Sim...ohhh...sim...possuí-me..ohhh....sou a tua puta!
Sebastião agarra com força nos tornozelos dela. Levanta os seus pés pesados e puxa as pernas para cima do seu peito. Ana está agora literalmente sentada sobre ele. O sexo imponente dele enche a sua rata e as suas acções estão à mercê do que ele pretende. Ela coloca as mãos sobre o tapete, ao lado das pernas dele. O homem tem os pés dela junto aos seus ombros. Mas a acompanhante continua no seu jogo. É ela quem domina, mesmo que seja mediante as pretensões dele. Ana continua a cavalgar. Mas desta vez, com a sua rata encharcada, com o vigor dele dentro de si, com o seu corpo ainda a vibrar, ela empurra o seu intimo contra a cintura dele. Intenso. Delicioso. Original. Poderoso. Extravagante. Profundamente extravagante.
- Gostas assim? Ohh...gostas mesmo?..Ohhh...és de facto...ooohhh...Ana!
- Sim!... Ohhh...sim!...Ohhh... Sebastião!...Sebastião...Ahh!!...Uhmmmm...
A nova máscara de Ana desapareceu. Neste instante, em que ele segura os seus pés e a empurra com força contra si. Neste momento, em que ela já fechou os olhos, gozando a tensão do pénis dele no seu interior. Agora que já nenhum deles cumpre a etiqueta que os fez respeitar desde o inicio do jantar. Agora sim. Este instante é um momento reservado à verdadeira máscara nocturna de Ana. Porque de geisha, apenas as sandálias pesadas e as meias brancas resistem no corpo de Ana. De oiran, ela exala apenas os gemidos deleitosos que se libertam da sua boca. Ana, a jovem do 3º direito do Edificio Magnolia é nesta noite especial, uma verdadeira prostituta. Entregue ao seu cliente, usada pela vontade imensa do homem que requer os seus serviços, aberta a todo o prazer que ele queira libertar em si. Porque no momento em que os pés de Ana se colam à cabeça dele, Sebastião vem-se. E nenhuma formalidade lhe consegue retirar o ar de perversidade que se tatua na face dele. Sebastião é um homem satisfeito. Os dois corpos rendem-se ao cansaço e à intensidade daquela foda prolongada. A base que se esbate na cara dela mistura-se com o suor libertado da testa. Ana deita-se. Sebastião suspira. Procura controlar a respiração assim que se sente o orgasmo desvanecer-se.
- Aposto que uma geisha...uma oiran...jamais poderia oferecer um prazer assim...
- Só experimentando ir ao Japão...
- Ana, quer ser sempre minha?
- Como assim?
- Uma geisha tem um dono, um homem que a possui, que toma conta de si, que a torna só dele...
- Um "danna"...
- Gostava de ser a minha gueixa?
Recuperado o fôlego de momento tão prazeirento, Ana levanta os braços. Estica-os por cima da cabeça e levanta o olhar. Tem um sorriso sinistro, sem um significado aparente. Percebe-se que ela reflecte sobre as últimas palavras. Um silêncio invade a sala. Nua, despida do seu quimono e da sua fantasia, ela veste agora a sua máscara nocturna. Com prazer, com confiança, com a certeza de quem é, do que quer e a quem quer. A noite não acaba ali. É uma noite especial, mágica até. Mas naquela posição, Ana tem uma certeza inequivoca.
Ao entrar no banho, a luz do dia que vai nascendo viçoso, penetra nas paredes brancas da casa de banho e resplandece o espirito da jovem. Ana lava o seu corpo, ainda que procure recordar tudo o que ficou tatuado na sua pele. Levemente, a sua alma transforma-se na sua máscara diária. Agora com mais vigor. Na noite passada, tudo assentou muito bem. O quimono, as sandálias, a refeição estava óptima e a fantasia excitou o seu cliente tal como ela pretendia. Mas tudo terminou. Sebastião abandonou o seu apartamento, que por umas horas se transformou numa pequena Okiya, a meio da madrugada. Na sua cama, ficaram três certezas. O conteúdo do envelope branco dá para cobrir os gastos com aquela fantasia e patrocinar uma nova. O cliente não vai procurar mais nenhuma acompanhante nas suas estadias em solo português. Ana não se entregou e jamais se deixará comprar por qualquer homem que tente torná-la a sua gueixa privada e eterna.

5 comentários:

ana disse...

Hoje acabo assim a leitura que comecei há já alguns dias mas que não pude terminar.Só posso dizer que estou rendida a este edificio e a todos os seus personagens.
Bom demais sem duvida!
Espero ansiosamente pelo próximo,estou prisioneira deste espaço magnifico
Parabéns de coração!

Beijinho,:)))

Cristina Paulo disse...

Brilhante :)
Beijos meus

Magnolia disse...

ANA, agradeço-te os elogios. AInda bem que te sentes rendida. Só se pode dizer para continuares por aqui. Visita o Edificio as vezes que te souber bem. Novas revelações iram ser desvendadas.
SIALA AP MAEVE, agradeço-te. Continua por aqui, os inquilinos ficam sempre com saudades das visitas especiais.

Sexhaler disse...

Ai, melheri!
Este post está de tal forma excepcional que só me ocorre dizer:
Quando for grande quero uma Ana assim!

Ui! Caramba! parece-me que o Verão chegou mais cedo aqui!!!
;)

Beijo

luafeiticeira disse...

Realmente, não descuras nenhum pormenor, nem o nome do diplomata - Sebastião, nem o facto de ela se estar a vir a a tratá-lo por você...
beijos