quinta-feira

Sete para as cinco

Publicado a 21-07-2008
Os encontros desejados no calor das fantasias secretas. No mesmo lugar de sempre ou num lugar inusitado. As coincidências do quotidiano, mas também o ocaso da fuga ao vulgar. Amantes casados. Casamentos atraiçoados. Numa tarde folgada, há espaço para sentir a novidade, há tempo para o deleite alheio. E ninguém vai descobrir. Talvez desconfiar. Descobrir é uma acção demasiado complexa que destrói relações perfeitas. A paixão, essa, ainda que adúltera, é uma acção romântica, surreal, quase filosófica de tudo o que arde por dentro e não por fora.
16:53 - Despropositada. A melhor forma de caracterizar a posição que Rodrigo mantém com a sua nova amante. Encostados à porta do 1º esquerdo, ele de pé, ela com as pernas envoltas na cintura dele, o casal de amantes entrelaça-se num abraço extenuante. Há roupas desconcertadas, peles suadas e sexos húmidos a colarem-se. Ela está pressionada entre a madeira vertical nas suas costas e o tronco de Rodrigo no seu peito aberto. Os seios voluptuosos desvendam-se por entre a blusa rasgada. Já saciaram a fome do homem que a desejou num momento impulsivo, numa entrega ousada, numa foda libertadora das expressões mais intimas da boca da mulher. Devota esposa, mãe de filhos adorados, espírito feminino empolgante, assediosa amante de homens comprometidos. O telefone toca, o abraço desfaz-se, ela recompõe-se. Do outro lado da linha, o marido confirma subliminarmente onde é que a esposa se encontra.
Ele pousa o telemóvel. A chamada terminou e há uma segurança evidente na sua postura. O seu olhar levanta-se, o seu corpo ergue-se. Helena está diante dele, sentada, ansiosa pelas consequências da chamada que ele efectuou à esposa. O médico rodeia a larga secretária do seu consultório privado e aproxima-se da mulher que entrou na clínica para vir buscar os exames do filho mais novo. A mão dela vagueia a coxa descoberta e aliciante. As suas pernas abrem-se suavemente, à medida que o desejo do médico se aproxima. Distante da atenção da esposa, ciente de que o marido da paciente não está próximo, ele invade o corpo de Helena. A mesa de carvalho vai ser testemunha de uma possessão obsessiva, quando ele deitar o tronco da mulher - com a face e as mãos dela pressionadas contra a base - levantar-lhe a saia, arrebitar o rabo feminino suave e delicado e penetrá-la vigorosamente por trás na rata escaldante, até consumir a tesão que Helena teima em não esconder. E o médico vai vir-se de pé e em êxtase. Marido atencioso, pai dedicado ao bem-estar emocional e material dos filhos, detentor de uma privilegiada ostentação social, perverso amante de pacientes calorosas. A posição que ele experimenta no seu consultório com a paciente sensual tem uma definição. Inusitada.
A cinco minutos das cinco há uma certeza de que isto não fica por aqui. Há uma insanidade apaixonante que eclode o fervor pela novidade proibida. Quem são estas pessoas que se coincidem numa traição simultânea ao casamento, em momentos adúlteros com os cônjuges alheios? Quem são eles?

14 comentários:

poetaeusou . . . disse...

*
retalhos
da vida de um edifício,
,
cativante prosa,
casos e pessoas
do nosso quotidiano,
,
vou reler,
parabéns,
,
conchinhas
,
*

Capitão Merda disse...

Segui o teu rasto a partir da minha naviarra e... fiquei estupefacto!
Um prédio indubitavelmente diferente!
;)

Shelyak disse...

Pois...Rodrigo e Helena...
hummm...:)))

luafeiticeira disse...

às vezes Helena parece-me ninfomaníaca :-)
jocas

Just a Girl disse...

Ainda falam das 16.30...
Parabéns pelo teu canto

AC disse...

Hum... mais ricos os verbos que os conteudos, falta-lhes (para mim, claro) loucura.

Um abraço

Magnolia disse...

POETA EU SOU..., agradeço-te as palavras e espero mesmo que te mantenhas por cá. A tua visita é sempre bem vinda.
CAPITÃO MERDA, ainda bem que gostaste do que viste. Mantém o rasto, mantém a atenção, mantém viva a tua presença aqui. :)
SHELYAK, poucas palavras, mas percebe-se que gostas mesmo do casal.
LUA FEITICEIRA, eu acho que ela não parece. Ela tem mesmo tiques de ninfomaniaca. Ela e o Rodrigo. beijinhos
JUST A GIRL, há sempre horas especiais aqui no Edificio. Passa mais vezes por este cantinho.
DIAS, que tipo de loucuras falas? Há muita coisa que já foi revelada no Edificio, talvez alguma encaixe na loucura que falas :) agareço-te as palavras e estamos sempre com a porta aberta para mais criticas.

Anónimo disse...

Este sim, é o post mais curto do edifício!!
Mas ainda assim o mais enigmático, menos esclarecedor...
Ainda que evidencie tanto destes dois moradores... vejamos o que o futuro lhes reserva!!!

beijinhos cheios de aromas picantes!!!

Red Light Special disse...

Quando "cá fora", na vida real, extra blogosferas e virtualidades afins me levantam uma pergunta à qual nao tenho resposta respondo sempre: "num sei, num taba lá, num bi" (ênfase na pronuncia à Porto, obrigada!)
:P
Neste caso realmente não estava lá, mas é como se tivesse visto e quase sentido... apesar de me ter sentido meio perdida com este post (a minha longa ausência assim o dita... desculpa querida magnólia!).
Uma certeza tenho, em comentario a esta tua frase:
"Descobrir é uma acção demasiado complexa que destrói relações perfeitas"...
Eu não acredito nas relações perfeitas, e aquelas que mais se assemelham a essa definição são aquelas onde se realmente descobre. Os amantes, as traições, as mentiras.... onde tudo se fala, admite e assume. Ultrapassada essa explosão, perdoando e aceitando q essa é a natureza humana e que todos nós temos direito às nossas opções e a errar (ou não), talvez essa tal da "perfeição" esteja mais perto.
Ok... mas isto é para os meus lados, que andam meio insanos e non-sense.
;)
AMEI visitar-te outra vez!
Como sempre aqui sinto-me em casa.
beijo grande para ti,
Red***

Magnolia disse...

PAPINHA, o futuro ainda reserva mais coisas na vida destes moradores. No futuro poderá haver ainda posts mais curtos. Talvez possa ser uma tendência.
De qualquer forma, com um post pequeno é dificil esclarecer muita coisa :)
RED LIGHT SPECIAL, talvez seja derivado da longa ausência, mas há muita coisa neste post que necessita de ser aprofundado.
Aqui também não se acredita em relações perfeitas, muito menos a de Helena e Rodrigo. Mas o certo é que eles tentam fazer parecer a imagem perfeita da relação. Se a Helena e Rodrigo assumirem os seus erros mutuamente, dificilmente haverá lugar a perdão. É uma opinião, mas creio que será dificil. Há muita perfeição em jogo.
Insanos? Então?....
Serás sempre uma vizinha do blog. :)
beijinhos

Anónimo disse...

Gostei do novo formato!
E penso que, este tipo de enredo que nos prende de tal forma, pelo realismo,sensualidade e erotismo das situações vividas, é capaz de não aguentar, posts mais pequenos!
Em relação ás situações vividas, por Rodrigo e Helena acho que tal como na realidade ,tem dois lados!
O lado em que, as paixões não podem pôr em risco um casamento aparentemente feliz , familia, filhos, situação financeira estável etc!O que leva á omissão do acto de infidelidade!
E o outro lado, o risco de poder vir amar essa paixão!E tornar insuportável, o casamento aparentemente feliz!
São riscos que muitos correm ,por se sentirem insatisfeitos, mal amados, ou simplesmente, porque faz parte da sua natureza!
Bjs :)

Magnolia disse...

MIRIAM DO MAR, nem sempre é possivel fazer posts tão pequenos, é verdade. Também sei que não é fácil ler posts tão grandes, daí que o narrador procure uma nova forma de publicar as revelações. Misturar posts pequenos com grandes.
Há sempre um enorme risco de deixar-se levar pelas emoções que incialmente não se procura. É sempre possivel que um deles se deixe apaixonar. E aqui, talvez faça parte de uma natureza que se teima em não modificar.
beijinhos e volta mais vezes :)

Lize disse...

Rodrigo e Helena... Um casal que me me põe sempre doida, da maneira que pisam o risco, da maneira como vêm as aventuras sexuais traiçoeiras... como algo que provoca uma excitação sem limites.

Continuo à espera que estes dois ganhem juízo (duvido que aconteça :P)

Beijocas

Magnolia disse...

LIZE, mais vale esperares sentada antes de vê-los a ganhar juízo. :) Talvez seja isso mesmo, a procura de uma excitação sem limites. Talvez seja a busca de conhecer os próprios limites. E até agora, parece que ainda não encontraram. :)