quinta-feira

Laura e Afonso

As velas acesas. Um leve som emitido pela televisão que desbobina noticias até à exaustão. A chuva ainda pode cair lá fora. Mas a noite no 2º direito vai manter-se calma até à sua conclusão. Laura está sentada no sofá vermelho, no seu lugar habitual. Costas derramadas na almofada, pernas estendidas na chaise-longue, mãos a acariciar os cabelos finos da filha, alma a vaguear por pensamentos eróticos. Afonso navega pelos programas que instala no computador portátil. Desenrola-se uma comunicação silenciosa entre eles. É uma espécie de jogo. Ela convence a filha a ir para a cama quando ele desligar o computador. Os olhos da menina pesam. O ar morno que invade a sala de estar, o avançar da hora e as carícias tranquilas que a mãe lhe entrega aceleram a entrada no sono da alma da criança. A menina é filha de Laura, do seu casamento que terminou há três anos. Afonso, mantendo o respeito sobre o poder paternal, acolheu contudo a menina como sua. Como sua enteada, como sua educanda, como sua filha. E a menina guarda-o como o seu pai surreal. E Laura entende tudo isto como a perfeição desejada. O computador encerra a sua sessão. A menina corre meia sonâmbula para o conforto dos seus lençóis, protegida por um cobertor meigo. A pose de Laura aconchega-se no sofá. Afonso invade o seu espaço e abraça-se a ela. A sua diferença de idades é visível, mas um abraço deles é simplesmente eterno. O olhar dele não engana. Ele quer senti-la, ele quer tê-la. De uma forma terna, de uma forma intensa, de uma forma única. Mas Laura recua. Faz um beicinho de quem demonstra uma dor de cabeça inoportuna. Afonso percebe. Afonso reclama, mas só para si. Afonso entrega uma carícia na face dela. Tudo está bem. Sexo não é tudo. Para se sentirem unidos, basta cingirem o olhar mutuamente.
- A Sara ligou… - disse Afonso.
- Sério?!...E o que disse ela?
Sara é uma jovem de 29 anos, com uma beleza peculiarmente diferente, com uma sensualidade estranhamente apelativa. Apesar do seu ar irreverente e metodicamente citadino, ela é uma bancária estagiária num balcão central na cidade, de um dos maiores bancos nacionais. Amiga próxima do casal, trabalhou alguns meses em conjunto com Afonso. Desse relacionamento profissional surgiu uma amizade mais pessoal, uma proximidade com Laura. Antes de Afonso sair do banco, a relação entre o casal e Sara tornava-se cada mais íntima. Ela procurava sarar feridas do seu passado emocional, abstraindo-se na companhia deles. Afonso e Laura procuravam uma companhia agradável para os seus serões, uma pessoa com carácter que completasse a sua relação, uma mulher que se rendesse ao desejo mútuo deles. Essa pessoa era Sara. Eles sentiam-se preparados para saltar mais uma barreira no seu relacionamento. O assunto foi discutido em longas noites, em longas viagens de carro, em longos passeios ao fim da tarde. A ideia foi imaginada em reflexões, em conversas, a meio de fodas. A simulação do momento foi feita por intermédio de toques, de troca de mensagens, de telefonemas obscenos a meio do trabalho. Eles sentiam-se prontos. Mas faltava alguém que estivesse pronto para eles.

A estagiária aceitou o convite para jantar mais uma vez no 2º direito. Uma ementa mediterrânica, carinhosamente preparada com afinco por Laura. Servidos de um vinho rosé fresquíssimo, acompanhados de uma conversa sinistra sobre espiritualidade, a sobremesa trouxe o assunto que Laura e Afonso desejavam colocar sobre a mesa. Misturado com os primeiros efeitos do álcool, a terceira garrafa de rosé brindou o devaneio de Sara.
"Eu já não estou muito bem…Qual de vocês me quer levar para uma cama?”
Laura sorriu com cumplicidade para o seu companheiro. A consciência de Sara estava ao alcance do casal. A mulher levantou-se e passou a mão pelo pescoço descoberto da jovem. Afonso gostou da carícia e excitou-se. Levantou-se da longa mesa de jantar e aproximou-se das duas mulheres. Sara estava envolta pelo casal que, sem ainda ela efectivamente perceber, a desejava. Afonso beija a sua namorada, sentindo a língua dela a deslizar nos seus lábios. A jovem levantou o olhar e fixou o seu amigo. Ele não perdeu tempo e beijou-a. O desejo concretizava-se, o isco foi mordido. Sara pertencia agora a um circulo reservado e intimo do casal. As mãos de Laura aventuraram-se. Percorrem o pescoço da amiga e desceram até ao peito. Sara vestia uma camisola branca, com um decote ousado. Os seios dela eram grandes, macios e ligeiramente descaídos. Enquanto beijava a colega de trabalho, Afonso colou mais uma mão ao corpo dela. Os longos dedos percorreram as curvas de Sara até esfregar por entre as pernas, na ganga que a vestia. A bancária rendia-se. O gemido que a sua boca ofegava soltou-se no desejo profundo do casal. As mãos dela seguraram-se ao jovem. Com as mamas que se excitavam, Sara percebia no seu intimo que eles a desejavam. Foi fácil levar a convidada para o sofá vermelho. Sara sentou-se, preparada para tudo. Foi Laura quem a despiu. Tirou-lhe a camisola e com alguma surpresa, o peito da jovem estava completamente descoberto. Uns seios bonitos, suaves, fofos. Sara precisava daquilo. A sua libido pedia sexo. O seu corpo pedia que a possuíssem. A situação podia parecer estranha, mas naquela noite, o casal era o elemento que mais a podia desejar. Mesmo que isso implicasse um relacionamento com uma pessoa do mesmo sexo. Mesmo que isso implicasse uma estranha forma de se entregar a alguém. Sara ficou nua. Laura entusiasmava-se com a perspectiva de comer uma mulher. A única experiência que a namorada de Afonso teve com outra mulher estendia-se à adolescência. A relação com o namorado aperfeiçoou esse desejo. Ele acariciou os cabelos da colega. De pé, ele incitou-a a abrir-lhe as calças. Sara estava quase adormecida. Enfeitiçava-se com a excitação misturada no rosé que lhe invadia o sangue. Jamais ela poderia imaginar aquele momento. Jamais ela podia questionar-se por dois segundos. A sucessão de movimentos ousados por parte do casal amigo bloqueava o seu pensamento. Acendia-se nela uma tesão intensa. Laura apoderou-se da rata da amiga. Abriu as pernas dela e sem receio lambeu o clitóris tímido da jovem. Um gemido seco e envergonhado libertou-se da boca de Sara. Afonso sorriu para ela e segurou-lhe a face.
"Queres parar?”
"Não!...Sou vossa!”
Sara enlouqueceu. Descolou os pés do mundo real e aprisionou-se entre eles. Segurou a picha dele e enterrou-a na sua boca. Possuída, a jovem chupou o sexo do novo amante e procurava perceber o que despertava na sua rata. Laura saboreava vagarosamente a excitação emanada da vagina molhada de Sara. Os gemidos intensos da bancária transformaram-se precocemente em gritos presos no sexo teso de Afonso. As mamas dela eram estimuladas pela mão esquerda de Laura e pela mão direita dele. Sentada no sofá sensual, a jovem descontrolava-se. Brincava com a língua e chupava com os lábios. Uma das suas mãos segurava os cabelos da sua amante surpreendente. A outra abraçava a cintura dele, apertando-o contra a sua face. Afonso gostava de ser chupado, mas não podia deixar de pensar que aquela era a primeira vez que sentia outra boca que não a da sua namorada, a deliciar-lhe o sexo.
"És nossa, Sara!...Sentes o quanto te queremos?”
Ela só conseguia abanar afirmativamente a cabeça. E no instante em que sentiu a picha tesa dele pronta para explodir, desorientou-se com a chama que irrompia da sua rata. A boca de uma mulher estava a conseguir fazê-la vir-se. E tudo era tão rápido. Tudo era fascinantemente intenso. Laura saboreava o liquido derramado do seu objecto de prazer. E quando sentiu todo o corpo de Sara a vibrar, segurou as nádegas da amiga e e gozou o orgasmo domado da jovem. Porque Sara estava a ser domada. Estava nas mãos do casal ousado. E o seu prazer pertencia-lhes. Rapidamente, Laura levantou-se e abraçou-se a Afonso. O seu namorado tinha a respiração descontrolada e quando Sara lhe segurou as bolas com uma pressão um pouco mais forte, ele veio-se. O momento era inexplicavelmente louco. Sara estava completamente aberta. Recebia o orgasmo de Afonso na sua face. O casal beijava-se, trocando o sabor da rata da amante pelas suas bocas. Tudo aquilo se resumia no sabor escaldante do sexo oral a três. E era tudo uma emoção nova. O rodopio de sensações brotava de uma forma descontrolada. A sede de prazer não permitia um descanso, uma reflexão do que acontecia. Sara ainda estava atordoada com a explosão ocorrida há instantes.
"Fode-a, amor. Eu quero que a fodas!”
Não havia tempo para contemplações. A tesão de Afonso estava ao rubro. O feitiço que corria nas veias de Sara atingia o seu auge. Deitou-se no sofá, com os pés no chão. Com o corpo fragilizado e exposto ao desejo deles, a jovem flutuava naquela cama improvisada. Rapidamente, Afonso ajoelhou-se numa das almofadas vermelhas e acariciou o rabo da colega. Sara excitava-se cada vez mais com as carícias. Com a rata dela molhada, com a picha excitada até ao limite, foi fácil gerar uma união entre sexos. Laura encantou-se ao ver aquele momento tão imponente. O seu namorado penetrava numa outra mulher. Este era o seu desejo. Infame. Pecador. Ousado. Inconcebível. Mas estava a concretizar-se. A excitação invadia o seu sexo. Laura despiu as calças. Chupou um dos mamilos da jovem, anestesiada com a penetração funda que o amante infligiu.
“Vocês são loucos!....Ohhh!...Vocês só podem ser loucos!”
Os gemidos de Sara entusiasmavam o casal. Afonso fodia-a. Não havia lugar para um carinho mais profundo. É certo que ele entrava nela com uma dedicação terna, com o intuito de dar prazer à mulher que se deitava perante si. Mas aquilo era um foda. Nua e crua. Era um jogo de deleite carnal. Entre Sara e Afonso havia carne. Carne grossa que entrava vezes sem conta dentro dela. Carne saborosa que excitava a fome do sexo dele. Laura aventurava-se. Trincava os bicos das mamas entesadas da amante. Percorreu com a boca a pele dela até ao pescoço. As mãos de Sara seguravam a cabeça da amiga. Por algum motivo, era agora mais complicado à mulher alcançar a boca da jovem. Porque Laura queria beijá-la. Queria provar o sabor que ela respirava. Queria entregar-lhe toda a sede que avassalava o seu corpo. A boca de Laura fervia. A sua rata explodia de tesão. E Afonso fodia.
“Ahhh….sim! Vou-me vir, Afonso…Ahhh, Laura, por favor…não!”
Sara não estava amarrada. Já não prendia o seu corpo ao desejo do casal. As penetrações fortes e velozes de Afonso excitavam-na. No entanto, o feitiço desvanecia-se. A libido da jovem consumia-se na excitação provocada ao interior do seu sexo. Mas a aproximação feroz de Laura assustava-a. A boca feminina dela não lhe pertencia. Antes mesmo de conseguir conquistar os lábios finos da amiga, Laura lambeu o que sobrava do sémen espalhado pelo seu amante nas maçãs do rosto de Sara.
“Prova-me, Sara….”
“Não!...uhmmm….”
Afonso esporrou-se para a rata da amante. Não poderia perceber o choque que ocorria mesmo em frente dos seus olhos. Segurou afincadamente as coxas da colega e entrou por uma última vez na rata de Sara.
“Laura…sente-me!”
Tal como prometido em tantas fantasias. Tal como desejado em tantos sonhos. Depois de se vir na amante, Afonso queria entrar na sua mulher. Com o rabo quente apontado para si, ele não perdeu tempo. Saiu do sexo consolado da jovem e penetrou-o profundamente a sua namorada. Mas tudo já estava desfeito.
"Não façam isso...por favor..."
Laura estava cheia. O seu namorado dava-lhe tudo. Mas amante que ela queria possuir tinha acordado. Percebendo a situação estranha em que estava, Sara desviou o corpo da amiga, que estava nua por cima de si. E só depois de obter o prazer intenso é que ela negou a continuação de tudo aquilo. Nua e desconsolada, Sara levantou-se. Só então é que Laura e Afonso, colados um ao outro, perceberam que a sua amiga não estava preparada. A bancária até podia desejar uma foda. Podia sentir-se satisfeita de ter chupado, consumido e sentido dentro de si o sexo frenético de Afonso. Mas Laura, por mais que a desejasse, não poderia entrar no jogo. Sara nunca se sentiu fiel consigo mesmo ao entregar-se a uma mulher daquela forma.
"Desculpem, não consigo....Não é isto que quero....Desculpem."
Em poucos segundos, a jovem pegou nas suas roupas espalhadas junto ao sofá surreal e foi imediatamente para a casa de banho. A noite terminava ali. Tinha sido intensa. Tinha sido proveitosa. Mas terminou. Sara ainda se riria despedir envergonhada dos anfitriões. Mas nada mais seria o mesmo.
O olhar entre Laura e Afonso bloqueia durante alguns segundos. O olhar dela torna-se mais sério. Ele resigna-se com o facto de nem sequer ter uma resposta concreta para dar à namorada.
- Ela diz que nos estamos a afastar...
- Quem se afastou foi ela, lembras-te?
- Sim, lembro-me...
- Não precisamos dela, amor. Eu sei qual vai ser a nossa melhor foda...
Afonso sorri. A menina deles já dorme profundamente. A noite pode até nem trazer o prazer que eles pretendiam. Mas eles tem a certeza que não precisam da primeira experiência a três para saber que o grande momento vai surgir e vai começar ali mesmo. No sofá daquela sala do 2º direito. Muito brevemente.

6 comentários:

Red Light Special disse...

Pois é magnólia... espelhaste a realidade: raras vezes nesta situação o triângulo é equilatero.

(e que não me falhe a luz agora!!! isto tá quente!)

Shelyak disse...

Sexo que passe pelo envolvimento de mais de duas pessoas só poderá resultar em pleno, sem arrependimentos,quando os envolvidos se encontram em paz e seguros de si próprios,sedentos de prazer solto e descomplexado...
Em trios, principalmente MHM,todo o desenvolvimento deveria ser simultâneo com um final que não aconteceu neste caso. A Sara, ao ter atingido o prazer antes da Laura e Afonso, viu-se deixada de lado com os seus sentimentos de culpa de que tanto se procurava libartar, o que foi errado... Mas a Laura e Afonso, na sua inesxistente experiência, não pensaram em tal situação...Quando o trio é HMH, tudo é mais facilitado.
Quando a 4, dois casais, o cuidado terá que ser ainda superior embora a recompensa poderá ser proporcional...
Digo eu, claro...
Mas imagino que a Sara, ao ter voltado a telefonar, sentiu novamente o desejo da quebra de rotina, o desejo de um sexo diferente e, talvez, ter dado mais um passo na sua luta contra a cultura tantas vezes hipócrita da sociedade...
Gostei sim...:)

luafeiticeira disse...

Prefiro este ao anterior, está mais real, apesar da história ser menos comum; mesmo o final frustrante está óptimo, até porque difere do que costumamos ler, é inesperado. Se isto pode acontecer na realidade, acho que sim. Eu passei por uma cena semelhante, também com uma agiga que não sabia bem para o que tinha sido convidada, mas acabou tudo em bem.
Beijos

Anónimo disse...

Magnólia
obrigado por nos brindar com esta menagem que espero seja a primeira de uma série, pois dos personagens mostrou o bi-sexualismo aparenta em quatro mulheres.Na blogosfera, o bi feminino tem sido bem explorado, ainda não ví o bi masculino. Já pensou em menagem de 1M e 2H? fica aí um desafio
Bjs
Julio135

Sexhaler disse...

Aqui perdi-me em reflexões... A partilha do sexo era um desejo forte deste casal, sei que as pessoas reagem de formas diferentes às situações, mas esperava que este revés afectasse mais o casal. Parece-me que foi "atirado para as costas" muito depressa e facilmente.
Não sei, pode ser só de mim que sou muito racional e tenho o vício de analisar tudo ao pormenor, mas este fim não me satisfez como os demais.

Beijo

Cristina Paulo disse...

...a única situação a 3 que vivi foi diferente pois não existia qualquer envolvimento entre nenhum dos 3, o que fez toda a diferença penso eu. pelo que me contam...a situaçaõ que descreves é bem mais comum do que aquilo que se fantasia :) (pois é, isto hj aqui não se tem trabalhado muito não lol)