sexta-feira

Ana

É um homem nervoso que se senta num dos topos da longa mesa castanha da sala de estar do 3º Direito do Edifício Magnólia. Prestando atenção a todos os pormenores, César é também um homem atento. A sala tem um ambiente escuro, no entanto leve. O candeeiro castanho faz vislumbrar todo o aspecto elegante deste espaço. Sobre a mesa, tudo está preparado para jantar. Dois pratos, um manancial de objectos decorativos delicados, copos de cristal finos e altos, guardanapos bordeaux, uma travessa coberta, possivelmente com a refeição, uma garrafa de Dão e, no centro da mesa, uma caixinha preta misteriosa. À hora de jantar, ansioso pelo inicio do serão especial, nervoso pela expectativa dos próximos instantes, César é acima de tudo, um homem excitado.
Ana sai da casa de banho de uma forma deslumbrante. O vapor que se liberta da divisão em que ela se preparava, torna a sua entrada para a sala ainda mais fascinante. César rodou a cabeça, virando o olhar para a sua companhia desta noite. Ela está divinal. Colado ao seu corpo está apenas uma tanga preta, muito fina, muito sugestiva. Os seus pés calçam uns sapatos pretos, de saltos altos, com um tacão extremamente fino. O seu andar é ponderado em cada passo. Os seus seios desnudados dançam, firmes ao seu corpo. Escaldantes ao ar que a envolve. Eróticos aos olhos de qualquer ser humano. O corpo de Ana não é perfeito. Algumas imprecisões são visiveis, mas se ela desfila confiante até à mesa de jantar, isso é sinal de que ela sabe que isso é irrelevante. Ela é sensual. Ela ferve. Ela paralisa a capacidade de reacção do seu cliente.
Ao chegar perto da cadeira de César, a acompanhante passa a mão pelo ombro dele. Baixa levemente o seu corpo e entrega um beijo fino na ponta dos lábios do cliente impávido. Ele olha a mulher de cima abaixo e sente-se descontrolado. A surpresa que ela lhe tinha prometido no inicio daquela noite está a concretizar-se. Ana abriu-lhe a porta e pediu ao homem para se sentar, não tocar em nada e aguardar. Agora, que se exibe sensualmente ao cliente, Ana prossegue com o trabalho que se propôs. Abre a garrafa de vinho e serve o copo dele. De seguida, retira o pano que cobria a travessa, onde o pato com laranja ainda se mantém quente e apetecivel. Ana é a empregada particular de César. Jamais ele poderia esperar isto quando requisitou os serviços da prostituta especial. Enquanto serve os pratos, o olhar dela mantém-se preso ao homem que se senta na mesa da sua sala. Ouvem-se os tacões a pisar o soalho. Ouve-se a respiração intensa do homem. Ouve-se a leve combustão das velas no centro da mesa. A única coisa que ele não vislumbra são os pensamentos que percorrem a mente da jovem. O que pretende ela fazer, sabendo que ela oferece um jantar pouco usual? O que pode ele esperar mais, quando a companhia da noite se senta delicadamente na cadeira do lado oposto, nua e excitada?
- Espero que gostes... - diz ela com um sorriso firme.
- Não imaginava que fosses tão sexy, tão... Meu Deus!...
Ana pega nos talheres e começa a comer. E até essa acção carrega uma sensualidade ousada. César consegue manter a calma e a percepção da realidade e prova a refeição.
- Quero que saibas, antes de tudo, que não é usual eu trazer clientes novos a casa.
- Eu agradeço-te. O meu sócio falou-me muito bem de ti.
- É um favor especial que lhe faço. Além disso, fiquei cativada com o teu perfil.
- Com o meu perfil?!...
- És casado, César. Estou certa?
- Sou...Porque perguntas?
- Os clientes casados excitam-me.
- Uhmmm...Posso saber porquê?
- São os que têm mais a perder.
A mente de César jamais poderia fantasiar aquele momento. Uma mulher escaldante, a oferecer-lhe o jantar na casa dela, com o peito sensual descoberto e suavemente quente. O pato parece estar saboroso. O vinho só pode ser gostosamente morno.
- O que está ela a fazer? - pergunta Ana.
- Ela quem?!
- A tua mulher.
- Ah...não sei. Possivelmente a fazer o jantar. Para ela e para o meu filho.
- Quero que feches os olhos.
Durante uns instantes, César olha para o sorriso sinistro da acompanhante. Ele percebe que Ana quer brincar com ele. Ele dá um gole forte no vinho e fecha os olhos, obedecendo-lhe. Ela saboreia a bebida e pousa a mão sobre as suas coxas.
- Consegues imaginá-la?
- Sim...
- Diz-me...O que te leva a pensar que ela está a fazer o jantar em casa?
- É uma rotina. É aquilo que ela faz diariamente.
- O que te leva a pensar que ela não está com outro homem?...E que esse homem a deseja tanto como tu me desejas agora?
É um jogo. Ana adora jogar. Adora brincar com a consciência dos seus clientes. Adora sentir que pode manipulá-las. Adora trazê-las para a palma da sua mão. Só assim se sente segura em entregar-se a um cliente desconhecido. Ele volta a paralisar. Tudo em si bloqueia. E o alcance da sua imaginação é perigoso. De tal maneira que César não aguenta ficar de olhos fechados.
- Consegues imaginar ela a ser fodida? A vir-se nos braços de um outro homem...
Ela domina-o. Ele sente-se agora viciado na ousadia dela. Na capacidade dela de o aprisionar a si. E Ana controla. Exactamente como ela esperava. Porque ela, como profissional, conhece quem acompanha. Estuda a personalidade das pessoas, decora as peculiaridades de cada cliente. César não é excepção. O jantar prossegue, com a provocação dela, com a subserviência dele aos desejos da acompanhante. É isso que o excita. O carácter selvagem da jovem.
- Posso propor-te um brinde? - sugere César.
- A quê?
- A uma noite memorável.
Ana congela os seus gestos por dois segundos. Apenas o seu olhar se desvia da atenção do seu cliente. Respira fundo e surpreendentemente, coloca-se de pé em cima da sua própria cadeira. Pega no copo de vinho e coloca um pé sobre a mesa de jantar. Ana ainda calça os sapatos altos. A mesa tem cerca de três metros de comprimento. Uma mesa imponente, valiosa e luxuosa. César não consegue compreender a acção da acompanhante. Mas no momento em que ela atravessa com um passo esbelto, toda a extensão da mesa, ele sabe que tudo pode acontecer. O ruído dos tacões é estonteante, hipnotizante, provocador. E o corpo quase nu dela continua a ser sensual. Ainda de pé, parada quase no canto da mesa do lado de César, ela baixa o olhar. Segura o copo e exibe o seu corpo perante o olhar perplexo do homem. Ele quer levantar-se, mas Ana continua a controlar. O tacão do seu pé finca-se no peito dele. César obedece. Mantém-se sentado e procura manter aquela imagem soberba na sua mente. Ela coloca um pé na cadeira dele e gentilmente senta-se na mesa. Ela é linda. Ela é escaldante. Ela é explosiva. Tudo o que ela é, tudo o que ela faz, tudo o que ela demonstra, fere. É uma violência intensamente erótica.
- Pertenço-te. - desabafa ele.
- Um brinde à melhor foda da tua vida.
Presunçosa, confiante, actriz. No momento em que ergue o seu copo, defronte da face dele, Ana sabe que protagoniza um papel irresistivel. Ele soluça os seus movimentos, mas consegue atirar muito levemente o vidro do seu copo contra o copo dela. E depois do brinde, a acompanhante bebe o que resta do liquido dos deuses. A bebida aquece-a. A posição excita-a. O homem entrega-se a ela. Sentada na mesa e depois de desviados todos os objectos que restam do jantar, Ana abre as pernas. A visão do seu sexo, com a tanga a cobrir os lábios é divina.
- Tens vinte segundos para tirar a tua roupa. Se eu me vier antes disso, a tua noite acaba aqui.
Dois dedos a desviar a tanga, um dedo que penetra na sua vagina, outro dedo que estimula o clitóris. Ana masturba-se em frente ao seu cliente. César tenta despir-se o mais rápido possivel, sem tirar os olhos da rata da acompanhante. Ela geme, ela gosta do toque macio do seu próprio sexo. César está nu e delira com o perfume que todo o corpo dela emana.
- Daqui em diante, sou eu que mando aqui. Fazes o que eu pedir, falas quando eu quiser, vens-te quando eu desejar.
Ele só consegue acenar afirmativamente. Ana desvia-se, percepcionando todo o corpo do seu cliente.
- Deita-te na mesa.
Ele até pode estranhar o pedido. Ele até pode não concordar. Mas a sua tesão decide por si e obedece. César deita-se na mesa. Ana pega na caixinha preta. Abre-a delicadamente e olha para ela, como se estudasse o seu conteúdo. Ele procura saber o que está lá dentro. Ana retira algo do seu interior e guarda-o com a mão fechada. Fecha a caixa e pousa-a na mesa. Com a mão esquerda, esfrega o sexo do homem ansioso. Sem tempo a perder, mas com uma vagarosidade delirante, ela coloca a picha dentro da sua boca. Chupa com força o pau teso e com a mão direita cerrada, desliza os dedos pelos testiculos dele. A respiração dele altera-se. Ana chupa da forma que só ela sabe. De uma forma que só pode deixar o homem que agora lhe pertence, completamente louco. Ela pára de sugar o sexo. Lambe a ponta e sentindo o pedaço de carne molhado, coloca o preservativo que tem na mão suavemente pelo sexo dele. É um preservativo especial. Com estrias, extremamente fino e com um anel especial, propositadamente para estimular o clitóris da companheira. Ela apoia-se nos pés e coloca-se sobre ele. Volta a pegar na caixa e lá de dentro retira um tubo de creme. Um creme da cor da pele. Lubrificante. Frio. Excitante. Os sapatos de salto alto não parecem incómodos. Ana mantém-nos a todo o custo. Uma perna de cada lado, aos mãos apoiadas nos seus joelhos e senta-se por cima do sexo coberto dele. César delira. Olhar para a imagem da acompanhante sobre si é dificil, dada a excitação que a sua picha sente dentro da rata dela. Ana salta. Procura sentir o sexo dentro de si o mais profundo possivel. O anel roça no seu clitóris mole. As suas mamas exaltam-se. E a concretização de César é a fantasia de Ana. Um momento assim tem que ser desejado por ela. Tem que lhe dar prazer. Tem que a por louca. Ela abre o pequeno tubo de creme e com firmeza, espalha-o pelo peito dele. Ao mesmo tempo que cavalga sobre ele, desliza as mãos já cobertas do creme lubrificante. Mas está a faltar algo. Ele penetra-a. Ela está estimulada. César está deliciado. Ana não está sentir prazer. A sua rata não quer aquecer. O seu clitóris teima em não endurecer. Jamais. É impensável para Ana não ter prazer numa relação, ainda para mais com um cliente. Uma acompanhante como ela, profissional há já alguns anos, pode dar-se ao luxo de ter principios. E um desses principios é não fingir orgasmos. É isso que a torna especial. É isso que a faz vibrar constantemente com cada noite de trabalho. É isso que a faz vencer o jogo a que ela se propôs. A picha de César pode não estar a estimular a sua rata. Ele até pode estar prestes a vir-se com a cavalgada que ela proporciona sobre si. Mas Ana vai vir-se. As estrias do preservativo estimulam ao de leve o eu interior. O anel envolto no sexo do homem esfrega o seu clitóris. Mas não chega.
- És incrivel! Ana!!...Meu Deus...Oh...estás a sentir?...Ohh!
Ela ainda não sente. Os dedos da mão direita dela acariciam o bico do mamilo excitado do seus seios fenomenais. Os dedos da mão esquerda brincam com o clitóris. Cesár tem agora o corpo delirante daquela mulher a saltar sobre si e a rata que ele tenta foder a ser masturbada. Finalmente, Ana entra na velocidade certa. Ela pula para o mundo onde o prazer lhe pertence. Os seus gemidos intensificam-se. Transformam-se em gritos soltos. Os seus dedos esfregam com mais força o seu clitóris e quando o orgasmo de César se liberta, Ana está num turbilhão autêntico. César puxa a cabeça para trás, aguentando a emoção do momento.
- Olha para mim! Eu sou a tua puta! Quero que olhes para mim quando te vens!
César, na sua posição, só pode obedecer. Ela ajoelha-se na mesa e vai-se curvando sobre o peito melado dele. O homem segurou as nádegas da mulher e no limite do seu orgasmo, procura que ela continue a cavalgar. As mamas da mulher pousam sobre a pele dele. O abraço é inevitável e necessário. A estimulação dele é erguida com a loucura de sentir o corpo dela a esfregar no seu.
- Fode-me! Fode-me, César. Mostra-me que sou a tua puta! Ah!
Ele está louco. Sobre a mesa poderosamente resistente, o homem segura no corpo da sua amante e deita-se sobre ela. Estonteado pelo último orgasmo, ele ainda sente forças para penetrar nela até a acompanhante se vir por completo. De pernas completamente abertas, erguidas e com os calcanhares a ficarem os tacões no rabo dele, Ana recebe o seu cliente. A picha dele já nem tesa está. Mas o anel é pressionado contra o seu clitóris. O interior da sua rata está demasiado sensível para não explodir com ligeiros toques. César salta para foder violentamente a sua puta. César chupa as mamas irresistiveis da jovem. César liberta a energia que ainda lhe resta. E a loucura de Ana agradece. As unhas dela arranham as costas do amante. A sua cara cola-se ao ombro dele. Os sapatos que calçam os seus pés estão quase espetados na carne das nádegas do homem. O grito que denuncia o seu orgasmo é uma explosão sua, puramente egoísta. O prazer pertence-lhe. O jogo está conquistado.
- És louca! Ahh...tão bom!
Ana estende os braços na mesa, pousa os pés na cadeira, repousa a alma num sonho concretizado. Segura o corpo nos braços do seu cliente. Há um calor que se funde entre eles. O creme torna-se uma cola que os une. Mas não há amor, a paixão é um conceito subjectivo na ressaca desta foda. Ana continua a ser uma prostituta e César é apenas mais um cliente.
O programa da noite estava bem definido. O desejo dele era a promessa da jovem. O jantar e a foda da vida dele. Como todos os clientes de Ana, César tem uma vida. Este é o segredo deles. Asssim que ela procura sair da mesa, o homem percebe a deixa. Limpa o corpo, tentando adiar a dissipação do gosto dela, do sabor dela, de tudo o que pertence àquela mulher. Veste-se e vê Ana concluir de uma forma estranhamente excitante o jogo sensual. Nua, ela pega em dois pratos e leva-os para a cozinha.
- Precisas de ajuda? - pergunta ele.
- Só preciso do teu agradecimento.
O envelope é retirado do bolso do casaco. César agradece. Mais tarde, depois dele sair, Ana vai abrir o envelope e guardar o agradecimento generoso. Até lá, a jovem acompanhante vai saborear o estranho encanto pessoal do prazer de ganhar o seu próprio jogo.

5 comentários:

Shelyak disse...

Excitante que foi mas, no meu entender, poderia ter sido ainda mais... não será que a Ana começou com o tal jogo um pouco cedo demais, quando o César ainda estava um pouco a frio? Talvez por isso, o jogo tenha caminhado para outra direcção, embora sempre boa também, claro...
E por aqui vamos, "esperando cenas dos novos capítulos"...:)

Red Light Special disse...

Consegues surpreender-me em cada post...aiiii!! Que a imaginação nunca te falte!!
Tá quente aqui.. muito quente!
:P

Magnolia disse...

A sedução e excitação fazem parte do jogo profissional de Ana. Nem sempre os caminhos que ela segue são os mais frutiferos a nivel sexual, "talvez por isso, o jogo tenha caminhado para outra direcção"
SHELYAK, a Ana terá episódios ainda mais quentes. Isso é garantido.
RED LIGHT SPECIAL,ainda bem que se consegue surpreender. E espero que continue quente...muito quente!

luafeiticeira disse...

Não acredito, tinha deixado um comentário neste texto e agora não o vejo. Devo ter feito porcaria pq foi a única vez que ari um blog no local de trabalho e apareceu tanta gente e eu levei tanto tempo para terminar o comentário...
Acho que dizia qualquer coisa como: a tensão/tesão que crias com a forma como apresentas a sucessão de acontecimentos cria-nos uma ansiedade tal que entramos no jogo e acho que disse também que tu própria deves tê-lo escrito da forma como o lemos, pois no fim escreves gralhas como quando os "dedos" não conseguem acompanhar o pensamento.
beijos

Sexhaler disse...

Eu sei que disse que não iria comentar só para aplaudir, mas... Esta Ana é um espectáculo!
Ai!

Beijo