sábado

Reflexos côncavos

Publicado a 05-07-08
Quando a noite cai, o silêncio pode dominar. Quando o silêncio domina, o obscuro pode revelar-se. E se o campo de visão é anulado, a imaginação toma conta da racionalidade. E tudo deixa de fazer sentido. E os maiores receios misturam-se com os desejos prementes. Os impulsos dominam o controlo. O impensável transforma-se numa mera realidade. E se amanhecer, aquilo que parece um sonho excitante torna-se um pesado fantasma.
Tania aceitou o convite. Morar numa casa onde a tensão se sobrepunha à harmonia passou a ser arrasador. Sem discussões, sem palavras, sem acções. Numa manhã, ela fez a mala e colocou-a à porta do apartamento. Havia muita coisa para levar, mas a melhor opção seria apenas e só levar roupa e alguns objectos pessoais. Havia uma despedida para fazer, mas nem Tania, nem a sua amiga e colega de casa tiveram coragem de o fazer. Porque para todos os efeitos, aquela porta estará sempre aberta. Por agora, é melhor guardar uma distância. Distância, não esquecimento. Nem muito longe, nem muito perto. Até porque há coisas que pertencem para sempre a Tania naquela casa, as quais já não podem de lá sair. Sem olhar para trás, porque tudo se infiltra na sua mente. Respirando fundo, porque há ainda muita coisa a pensar. Sem aviso oficial à outra inquilina, porque pode custar demasiado. Ela fecha a porta e bate à porta do apartamento em frente. E quando a porta do 2º direito se abre, Tania é uma pessoa ainda mais perdida.
Já se contam dois dias que ela colocou a mala no quarto que Laura e Afonso reservaram para a sua amiga. Uma espécie de quarto de hóspedes, quarto dos brinquedos da filha da sua colega de trabalho, quarto que servia para imensas coisas menos para dormir. Ao seu dispor uma cama de solteiro, da qual Tania já não estava acostumada a dormir. Um pequeno armário onde cabe perfeitamente toda a roupa que trouxe. Tudo o resto, pode ficar no outro apartamento. Tania prestou-se a pagar ao casal a mesma renda que paga no lar do lado esquerdo. Laura recusa de uma forma veemente. Tania insiste. Laura nem quer ouvir falar de dinheiro. Tania aceita uma rendição, mas apenas no acordo de pagar despesas extra. O pacto é aceite. Ao mesmo tempo, Tania confessa o compromisso já verbalizado de continuar a pagar a renda que está contratualizada com a sua amiga e ex-amante.
Ao terceiro jantar com a família do 2º direito, Tania sente-se um pouco mais confortável. Já não há nada a combinar e todos se adaptaram à presença de um quarto elemento. Até a filha de Laura que ganhou um carinho ainda mais especial pela jovem, lhe custa separar a sua mais recente parceira de brincadeiras de criança e segredos infantis, quando depois da refeição o seu pai a vier buscar. Há um conforto renovado que reside no coração de Tania. Ainda assim, a noite traz sempre os seus piores tormentos.
- O que se passa, Tania? - pergunta Laura.
- Nada...é só estas noites...
- O que tem?...A cama não é confortável...
- É...é...eu acho que é...não é grande mas até se dorme bem ali.
- Se quiseres podemos trocar...
- Não tenho conseguido adormecer facilmente...
- Eu sei que não deve ser fácil...
- Também é um peso para mim saber que vos estou a incomodar e....
- Não estás! Já te disse isso... Claro que não é tão fácil dar as fodas que queremos, mas até chega a ser um desafio. Vir-me sem gritar...
- Não brinques.
- Tens ouvido alguma coisa? - troça Laura.
- Mesmo que ouça, não me incomoda. Eu abstraio-me...
- Queres dormir connosco, é isso? - continua a namorada de Afonso a troçar - A minha filha já não vem para a nossa cama, mas não nos importamos que sejas a nossa menina.
- Laura! Pára!
- Estou na brincadeira... Sabes que te temos aqui como amiga e que podes ficar o tempo que quiseres... Ou tens medo que nós vamos invadir o teu quarto?
- Tenho medo de estar sozinha... é só isso.
- Só isso?!
Tania respira fundo e desvia o olhar de Laura. Afonso ainda sorri da conversa trocista da sua namorada. Afinal, mesmo com uma boa dose de brincadeira, Laura faz questão de vincar o objectivo de Tania estar naquela casa. Existe um desejo por parte do casal de se envolver com a jovem. Mas existe também o respeito pela decisão já há muito afirmada por Tania. Ela não pretende estar no meio de uma relação que por mais liberal que possa ser, não se encaixa na confiança que Tania quer depositar numa envolvência sexual. A colega de trabalho de Laura nunca escondeu a excitação que quer ele, quer ela lhe provocam nos seus desejos mais íntimos. Mas uma fantasia não implica uma concretização. Sempre pareceu um passo demasiado grande para a jovem e o casal quis demonstrar que respeita isso. Desde o primeiro passo de Tania como moradora nesta casa.
Quando a noite cai, os fantasmas tornam-se concretos. O silêncio acomoda-se em todas as divisões da casa. O quarto da menina está vazio. As luzes estão todas apagadas e apenas uma luz ténue, vinda do candeeiro da rua, entra pelas brechas do estore do quarto onde o casal repousa. Laura está deitada na sua posição habitual, que lhe permite penetrar no seu sono profundo. Afonso está inquieto. Movimenta o seu corpo sem conseguir encontrar uma posição adequada. A única forma de conseguir pacificar é estender o corpo de barriga para cima. Com os olhos abertos a incidirem para o tecto, ele mantém os sentidos despertos.
- Estás a ouvir?!... - sussurra ele.
- Uhm?...
- Não ouves?
- Ouço o quê?!...Afonso, deixa-me dormir...
- Shiuu!...Cala-te e escuta!....
Laura vê-se obrigada a adiar o seu sono e mudar de posição. Ergue ligeiramente a cabeça e procura encontrar um som no meio de tanto silêncio. Após três segundos de suspensão, Laura franze o olhar. Ela ouve algo. Gira a cabeça, olhando para o namorado em silêncio. Seguidamente procura continuar a perceber o que ouve e dilata os lábios.
- É a Tania. - sussurra ela calmamente.
- A Tania o quê?
- Nunca o fizeste?!...Nunca estiveste sozinho num quarto e apeteceu-te...
- Apeteceu o quê?... Ela está a....
- Sim...
No quarto um pouco mais ao lado, a escuridão toma posse do espaço. Na cama que Laura e Afonso cederam à amiga, está uma jovem acordada. Absorvida na intensidade do seu pensamento e apoderada da tensão da sua mão. Tania masturba-se no segredo do seu quarto. Sozinha, sem um abraço envolvente, sem uma caricia tranquilizante, sem a certeza de estar tranquila, sem pudor de libertar a sua imaginação. Tania procura trazer luz ao seu campo de visão, de modo a que se possa embalar até adormecer. Mas tal não sucede. Os dedos manuseiam gestos excitantes nos seus lábios vaginais, ao mesmo tempo que a pressão que as pernas exercem reflecte-se na palpitação do seu clitóris. Talvez uma recordação da ansiedade que se gerava em si quando Lúcia chegava a casa. Possivelmente uma revisitação ao prazer que o sexo do seu ex-namorado lhe provoca, exactamente naquela posição. Quase de certeza uma fantasia, onde Afonso toma conta do seu desejo e Laura assiste de uma forma atrevida. Em todo o caso, Tania perde-se no deleite da masturbação. E mesmo tentando ser discreta, não consegue evitar que o ruído se liberte da sua garganta, espalhando-se pelas paredes do quarto escuro.
Laura e Afonso mantém-se acordados. Nenhum deles consegue negar a excitação que a caricia manual da amiga provocou neles. Ainda assim, mantêm-se expectantes sobre o que ainda pode acontecer, até porque a porta do quarto de Tania abre-se. Ansiosos, eles procuram perceber o que ela faz. A jovem vai à casa de banho. Demora dois minutos. Volta a abrir a porta da casa de banho. Ouvem-se passos indicadores de aproximação. Por entre a escuridão, Tania dirige-se à cozinha. Abre a porta do frigorífico e pega na água para refrescar a sua garganta. Respira fundo e com o corpo mais fresco, tenta ganhar coragem para voltar ao quarto. Ao passar de novo pelo quarto do casal, Tania não resiste a lançar o olhar. Tem uma postura taciturna e confusa. Os pequenos pontos luminosos que entram ali deixam perceber que Laura está acordada. Tania congela o passo.
- Vem cá... - diz Laura.
- Não consigo dormir... - confessa Tania.
- Eu sei...Vem até aqui.
Descalça, a jovem entra no quarto e cola-se à cama. A mão de Laura chama por ela e o toque suave da amiga tranquiliza o corpo de Tania. Elas trocam o olhar e por uns momentos há algo que paira. A indecisão, a confusão, a incerteza. Mulher madura, ponderada e meiga, Laura decide-se.
- Deita-te aqui...
Como um chamamento. Um hipnotismo racional. Uma acção provocada. Tania coloca primeiro um joelho descoberto na cama e depois movimenta o seu corpo para se deitar junto à margem do colchão, próxima de Laura. A mulher envolve o braço no corpo da colega de trabalho, incorporando um papel maternal. Segura o tronco dela, apertando-a contra o seu peito. Laura está coberto por um vestido de noite com alças. Tania tem uma camisola e uns calções de algodão apertados. Apesar da jovem conseguir acalmar ali, Laura realiza que a amiga treme ligeiramente. A mão que acaricia os cabelos da jovem é um conselho fraterno, pedindo-lhe carinhosamente que se deixe envolver no sono que teima em não chegar. Minutos depois, na incredulidade de Laura e Afonso perante a fraqueza da nova inquilina, Tania adormece ao lado do casal. Como uma menina que viveu um pesadelo.
Quando a noite cai, a imaginação dramatiza as nossas surrealidades. A madrugada trouxe movimentações na cama. Afonso já mudou de posição uma dúzia de vezes. Laura já se levantou da cama para ir à casa de banho e quando voltou tinha o corpo de Tania no meio da cama. Sem coragem de a acordar, a mulher deitou-se na ponta do colchão. Cobriu o corpo do namorado e da amiga e procurou novamente o sono. Assim que sentiu o leve dormir da colega, Tania muda de posição e coloca-se de barriga para cima. Abre os olhos e mantém-se tranquila com a breve luz que ilumina o quarto. Apesar de estanhar a situação, ao estar envolta pelo casal amigo na mesma cama, Tania sente-se calma. Apesar de não entender o real motivo porque aceitou partilhar a cama, ela considera-se lúcida. Apesar de perceber que nas fantasias mais intimas Laura e Afonso a desejam, ela entende que o propósito de estar ali, entre os dois foi inocente. E assim, ela mantém-se serena. Novamente sem sono, mas absorvida numa introspecção pacífica. No obscuro daquele espaço, protegida pelas pequenas partículas laranjas que o candeeiro da rua lhe oferece, Tania reflecte sobre o seu estado. Acerca do seu papel neste apartamento. Aquilo que, neste instante, o casal representa para si. Do seu lado esquerdo está a representação de um homem apaixonado, liberal sexualmente, amante dedicado, pessoa envolvente. Claro que isto é exactamente uma reprodução do que a amiga lhe conta. Ainda assim, ela crê nessa ideia. Do seu lado direito está o reflexo que ela gostaria de ter. Uma mulher aberta a novas experiências, sedenta de ser amada, com gula de partilhas racionais mas excitantes, ponderada, responsável e com um cariz sensual enigmático. Obviamente isto é uma imagem que a própria Tania espelha na sua mente. Mais uma vez, não deve fugir da realidade. O olhar dela esbate-se no tecto. A noite é longa e nem ela tem a plena certeza dos seus sentimentos e da sua racionalidade. Mas no ocaso desta quase escuridão, Tania vê um espelho no alto do quarto. Um espelho imaginário, é certo. Mas reflecte exactamente o que ela quer ver. Um espelho côncavo, onde a sua figura é predominante. Mas em que lateralmente a si, está o reflexo dos seus desejos, uma extensão dela mesmo. Como um espelho cilíndrico côncavo. O seu reflexo é nítido e concreto, mas na extensão do espelho surgem as imagens ligeiramente distorcidas de Laura e Afonso. Nesta percepção surreal, Tania volta a adormecer.
Quando a noite cai, os desejos envolvem os receios mais profundos. Um sonho forte, extremo e demasiado próximo da realidade explode na mente de Tania e obriga-a a acordar. O corpo dela está numa posição fetal, virada para o namorado de Laura. O rabo está a tocar nas ancas de Laura. As mãos estendem-se no lençol e chegam a tocar o ombro de Afonso. Quando ela abre os olhos, entende o quão próximo está dele. O quanto a sua respiração acelerada esbate no pescoço dele. O quanto toda a sua face está diante do seu olhar, diante da sua boca, diante da sua pele húmida. O sonho de Tania foi intenso. Ela esta a suar ligeiramente e a alça do top escorregou, fazendo descobrir o seu seio. E no momento em que ela toma esta percepção, os olhos de Afonso abrem. Ele não se mexe, mas poe entre alguma escuridão, avalia a proximidade da jovem com naturalidade. Os seus lábios sorriem ligeiramente. Tania prende a respiração e procura reagir. Afastar-se pode ser demasiado brusco. Mover o corpo também. E dentro de todas as opções que ela pode tomar, Tania acaba por agir conforme o sonho lhe indicou. Instintivamente, a sua mão descola do lençol e toca na face de Afonso. A sua boca carnuda aproxima-se do olhar dele e os seus pés tocam levemente nos joelhos dele. Suavemente, gera-se uma aproximação entre os dois. Laura dorme. É a boca de Tania que invade a testa dele, entregando um gesto de carinho. É a mão direita dela que segura os cabelos de Afonso. É a mão esquerda da jovem que agarra a mão do amigo e a traz para junto do seu peito. Afonso percebe que o volumoso seio dela está descoberto e fixa o seu olhar no mamilo redondo, iluminado por um pequeno traço de luz e ligeiramente entesado. A palma da sua mão acaba por sentir que ele está rijo. Os lábios fofos de Tania envolvem a face dele com beijos. Em cada canto, menos na boca. Talvez o medo, talvez o receio, talvez a ansiedade. Mas os lábios dele não foram tocados quando a sua boca já prossegue caminho para o pescoço. Afonso veste apenas uns boxers. Ela avança pelo peito dele, movimentando o seu corpo. Os seus tornozelos roçam agora nos joelhos de Laura. Curto e breve é o caminho que a leva até à cintura do jovem. Em silêncio, sem qualquer pedido, sem qualquer gesto brusco ou atitude que indiciasse algo, Afonso percebe que é Tania que se rende aos desejos do casal. E no instante em que a mão da jovem segura o sexo estimulado do inquilino e a boca envolve a ponta do mesmo, Afonso estende os braços. Sente-se arrebatado pelos lábios carnudos a acariciarem o seu pénis. Tania ousa chupar o amigo, mesmo nas barbas da namorada dele. Ele fecha os olhos e coloca a mão na nuca dela, acarinhando os cabelos da amiga. Ao mesmo tempo, o braço direito dele pousa em cima do corpo de Laura. A mulher desperta. A boca de Tania a roçar no sexo masculino emite um som lascivo. Juntamente com a língua que procura conhecer o sabor do órgão, a mão encarrega-se de estimular progressivamente o objecto de desejo do jovem. Laura sente a mão do namorado percorrer o seu tronco. É apalpada nos seios e pressente a ponta dos dedos roçar a sua barriga, até alcançar o ventre. Aí, nessa sua zona sensível, ela sente dois dedos a irromperem por entre os seus lábios vaginais. A noite é escura, misturada entre desejos e receios. Mas a cama do 2º direito é iluminada com a energia de Afonso, que para além de ser chupado pela amiga, masturba a sua namorada.
O broche de Tania é suave, calmo, mas progressivo. Ele está verdadeiramente excitado e entusiasmado. Laura está finalmente acordada. Quando julgava que o seu namorado se excedia em tocá-la diante da amiga taciturna, ela levanta a cabeça e realiza o que ocorre à sua volta. A sua colega de trabalho, com insistência renitente em envolver-se a três, está agora a dar prazer oral ao homem que lhe pertence. Após alguns segundos de estupefacção, Laura pressente a realidade e sorri. Finalmente, a aproximação à jovem deu fruto. E o seu clitóris, até aqui adormecido e acariciado por Afonso, acaba por brotar e entesar-se. O olhar da mulher quer assistir, deixar as coisas correrem. Ainda assim, ela não resiste e coloca uma mão na cabeça de Tania. Acaricia os cabelos e incita-a a prosseguir. Sem uma explicação interior lógica, a jovem sente-se estimulada a continuar.
Quando a noite cai, os impulsos corporais dominam o controlo mental. Laura está entesada. O trabalho manual do namorado na sua rata surte efeitos assim que ela sente uma célere excitação na sua rata. Tania lambeu por uma derradeira vez o pénis do amigo, deixando-o húmido, tenso e firme. A mão da colega de Laura segura a picha pela base, apertando os testículos dele e depois movimenta-se. Tania está agora de joelhos fincados no colchão, com o tronco erguido. Tania está preparada para deixar o impulso controlá-la. Tania sente-se capaz de receber o pénis de Afonso dentro de si. Assim que a ponta do sexo expande ligeiramente os seus lábios vaginais algo molhados, ela liberta a mão e coloca-a na barriga dele. A sua cintura, que até aqui aguardava impacientemente pelo alinhamento de todos os gestos necessários, deixa-se cair sobre o corpo do homem. Vagarosamente, o pénis de Afonso penetra cuidadosamente por entre as pernas de Tania. Laura assiste. Excita-se com a sequência de acontecimentos e aguarda ansiosamente pelo que ainda está para surgir. A sua respiração está ofegante, as suas pernas estão abertas e o seu peito está tenso. Com o olhar preso no semblante de Afonso, a nova inquilina deste apartamento sente cada pedaço carnal a entrar dentro de si. Inspira e expira com uma boa dose de nervosismo. Ela nem quer acreditar que existe um homem para além do seu ex-namorado a entrar dentro de si. Ela nem quer acreditar que isso sabe tão bem. Ela nem quer acreditar que a presença de Laura a excita descontroladamente. Ela nem quer acreditar que o seu clitóris possa estar tão rijo. Ela não pode acreditar que a sua colega de trabalho está a vir-se diante de si e que os dedos de Afonso ainda a penetram vigorosamente. Ela recusa-se a crer que o sexo dele incha a um ritmo alucinante de cada vez que ela cavalga sobre ele. Ela tem dificuldade em entender que é possível as mãos dele repartirem-se entre a rata da namorada e as mamas dela que pulam para fora do top. Após alguns minutos intensos e inesgotáveis, Tania quer acreditar que o seu orgasmo vai surgir e que aquilo não será deveras um sonho. Ela olha para Afonso. Sabe que ele também chegou ao seu auge. Ela olha para a amiga. Entende que ela está a tirar satisfação de tudo isto. Ela retorna o olhar para ele. Pressente a tensão na face dele, ansioso para lhe proporcionar prazer. Ela retorna os olhos para Laura. A amiga entende a tesão dela e aguarda também pelo orgasmo da jovem. O olhar acaba por fixar-se no novo amante. Quando perde o controlo sobre si mesma, Tania cerra levemente os olhos e sente um calor húmido a explodir dentro de si. Ao mesmo tempo, a sua rata lateja, o seu ventre fervilha, os seus mamilos incham e os seus lábios palpitam. A jovem morena vem-se e sente Afonso a vir-se dentro de si.
Quando a noite cai, aquilo que se teve medo de imaginar torna-se uma realidade natural. Tania libertou as mãos e deixou pender o seu corpo para diante. Mas ao contrário do que o amante poderia julgar, ela não se deitou sobre o seu peito. Sem libertar o pénis dentro da sua rata, Tania alterou o rumo do seu corpo e deitou-se sobre o colo de Laura. Procurou o seu conforto meigo, as mãos que entendem, o carinho que a conforta, os gestos que a devolvem à sua racionalidade. Agora já não há retorno. Tania entregou-se à virilidade apaixonante de Afonso, tão propalada pela namorada. Tania aceitou a presença excitante e voyeurista de Laura, em conformidade com as práticas ousadas que o casal experimenta. Numa noite longa, em que os pensamentos desenrolaram, as fantasias proprocionaram prazer pessoal e os receios reformularam-se em desejos concretos, o casal e a sua amiga espelham uma imagem partilhada. Os três fazem parte da mesma acção. E dentro do 2º direito há um novo conceito de intimidade.
Quando a noite cai, o sonho excitante amanhece. A escuridão dá lugar à luz matinal e algo pesa na mente de Tania. Ela não se sente arrependida. Ela sabe o que fez, porque fez e de que forma aconteceu. Ela não ousa pensar que foi um erro. Mas assim que a manhã lhe traz uma nova lucidez, parece ser dificil acreditar que o sonho que o seu espelho reflecte no ocaso da escuridão se tornou uma realidade consequente. Ainda assim, perdida numa apartamento que não é seu, perdida de outro lar que já deixou de ser seu, Tania procura encaixar-se no concreto que ela vai aceitar. Aninhada no colo de Laura, a jovem fecha os olhos, dando tempo a si própria para aceitar o presente. Afonso e a sua namorada sentem-se concretizados. No momento em que deram espaço à jovem para não se sentir pressionada a aceitar o convite deles, uma noite obscura traz mais do que um pesado fantasma. Quando os olhares deles se trocam, sabem que o parceiro experimenta satisfação, prazer, animosidade, paixão e um reflexo mútuo do que sentem.

5 comentários:

luafeiticeira disse...

E o inevitável aconteceu. Esperamos agora nós, leitores, que este texto seja o incío de menages à 3 muito excitantes´.
beijos e boa semana

Presbitero Mas Pouco disse...

A Tânia para mim é das personagens por um lado fascinantes, mas por outro lado irreais.
É uma pessoa que apesar de perdida nos seus sentimentos, não hesita em envolver-se com quem lhe aparece á frente (sei que esta frase pode ser mal interpretada, mas o conceito da mesmo não é na vertente critica).

Lize disse...

A mudança de Tânia para o outro lado do segundo andar só poderia indicar exactamente o que aconteceu: o início de ménages à trois, excitantes e como sempre bem descritas. Embora eu preferia voltar a espreitar Lúcia e Tânia reconciliadas do que cenas escaldantes a três no quarto do 2º direito. Mas isto claro, é a minha opinião.
Acabou uma semana de posts "espelhados" :) As coincidências foram muitas tal como prometeste, os reflexos foram excitantes. Espero pelos próximos... Beijocas

Magnolia disse...

LUA FEITICEIRA, aquilo que parece inevitável é apenas um reflexo do que as vidas destes três inquilinos te proporcionam. Sim, possivelmente este post antevê novas envolvências.
beijinhos
PRESBITERO MAS POUCO, a frase não é mal interpretado, pelo menos por quem narra. Também sei que não é uma critica. Ainda assim, é de referir que as pessoas com quem Tania se envolveu são pessoas que sempre mantiveram uma longa relação de amizade ou carinho por ela. Não parece assim tão precipitado ela acabar por ganhar outro tipo de sentimentos por essas pessoas. E em todo o caso, a Tania hesita. Ela hesita muito.
LIZE, há uma empatia notória dos visitantes com o relacionamento de Lúcia e Tania. E apesar de parecer evidente que novas cenas acontecerão no 2º direito e não obstante o facto de Tania parecer perdida, não parece que a história delas tenha cessado. Mais ainda, parece que o envolvimento com o casal, vizinho de Lúcia, será preponderante para o desenrolar da história entre elas duas. O tempo o dirá. Ainda bem que gostaste da semana. A próxima irá trazer novas surpresas. Beijinhos

Shelyak disse...

E a vida pode ser tão fácil e excitante...
Aiiiiii