domingo

A que ponto se chega

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"Num mundo de ilusões, nada é o que parece ser."

Tagline do filme The Illusionist, de 2006, com Edward Norton e Jessica Biel http://www.imdb.com/title/tt0443543/



São histórias em que se quer acreditar. São episódios difíceis de não serem passíveis de confundir com outras tantas rotinas que nos são tão familiares. A história de qualquer um destes inquilinos cruza-se diante de nós diariamente. Quando vamos a caminho do trabalho, por quantas acompanhantes não trocamos o olhar? No autocarro, é assim tão dificil de supor que a mulher sentada ao nosso lado é divorciada e voltou a apaixonar-se pela vida e por todos os seus pecados? No trânsito, se olharmos no espelho retrovisor, o carro que nos antecede pode ser conduzido por um homem sem vontade de se comprometer. No café habitual, onde tomamos o pequeno-almoço, o casal que se senta diante de nós possivelmente é infiel um ao outro e não se sente mal com isso. Nas escadas em direcção ao trabalho, podemos sempre passar bem de perto a uma jovem bissexual que apenas quer encontrar um caminho para se confessar à pessoa que ama secretamente. E é sempre possivel dar de caras, em dezenas de situações ocasionais durante o dia, com um casal swing. Afinal, quem vê caras não vê corações. Aquilo que se esconde por detrás de um desconhecido pode conter bem mais do que alguma vez pudemos imaginar.
São dias convergentes. Aquilo que foi, vai continuar a ser. É importante não esquecer o que já aconteceu, de forma a não perder pitada do que surgir. Mais do que momentos escaldantes, mais do que momentos sensuais, mais do que fantasias que se pretende revelar, que se pretende conhecer. O Edificio Magnolia vai desvendar os pormenores intimos da vida de cada um dos inquilinos. Porque a vida deles já não é o que era. A vida deles conta uma história, que por sua vez se desdobra em pequenas vivências. E tudo isso torna a existência deles mais viva, mais pródiga em desflorar detalhes sórdidos. Detalhes que querem ser descobertos e que aliciam a que se espreite, a que se cusque, a que se queira contar ao ouvido alheio. São dias convergentes. O que se descobriu na semana passada, será explorado na próxima semana, nas semanas posteriores. Nada mais será o mesmo. E até os próprios inquilinos já perceberam isso.
A máscara nocturna de Ana já se confunde com a máscara diária. Um impulso apaixonante forçou-a a abdicar dos seus caprichos. Uma sucessão de acontecimentos descaracterizou-a dos seus dotes profissionais, da sua capacidade de enfeitiçar um cliente. Porque o seu último cliente, não o era. E nem ela própria desvenda se o pretende como cliente ou como amigo colorido, ou como paixão. Esse impulso desmascara-a, deixa-a desprotegida e despe a máscara diária, diante do seu papel de acompanhante.
Rafael começa a sucumbir à sua frieza. O seu coração vai-se revelando e a semana que passou demonstrou-lhe isso mesmo num instante decisivo. Algo está diferente nele. Porque Rafael não costumo procurar uma mulher. Ele não se perde em gestos apelativos e misteriosos para cativar o fascinio de uma mulher bonita. Mas neste caso, é mais que uma mulher bonita. É mais que alguém que ele queira levar para a cama. Nesta situação particular, um dilema apresenta-se à sua personalidade calculista.
Rodrigo e Helena aproximam-se. Como dois meteoritos prestes a chocarem. Esta semana, um limite de tempo muito ténue separou a perfeição do seu casamento do abismo da infidelidade crua. A sede de experimentar carne alheia misturada na ilusão de manter a todo o custo uma familia unida, proporciona aos dois conjugues uma adrenalina onde é dificil prever um desfecho harmonioso.
Maria José ainda dança na liberdade da sua vida. Saboreia os pequenos prazeres da vida. Goza os sabores carnais que se lhe apresentam como apeteciveis. Solta de uma casamento de correntes, ela aprende novamente a ser jovem de espirito. E ainda assim, não consegue ludibriar a inevitabilidade do amor, da paixão, da intensa sensação de querer alguém. Por muito tempo. Mas mesmo que a ansiedade palpite o seu coração e o carregue de compaixão, a indecisão irá fazer parte da sua nova vida.
Lúcia caminha num trilho perigoso. Nos seus lábios ela guarda um segredo incomportável. Partilha-o apenas com duas pessoas. Uma que invade a sua cama em noites quentes, sem mais. Outra que pretende invadir a sua cama, mas da qual ela não sente afinidade. Nem tão pouco para um beijo. E no meio de tudo isto, a pessoa que enche o seu coração secretamente é a única que ainda não recebeu nas suas mãos a revelação inusitada. Se o fizer, tudo poderá mudar.
Afonso e Laura estão expectantes. Uma semana inteira a planear e a antecipar um fim de semana diferente deixou-o tão extasiados como se já tivessem vivido esses dias. O casal amigo deles preparou tudo ao pormenor e guardam em si a mesma ansiedade para aproveitar uma partilha diferente. No Espaço Magnolia, a imaginação soltou-se e espalhou-se surrealmente por entre os sofás. Na mente de cada um deles, houve um envolvimento sensual. Despiram-se os parceiros, à medida da fantasia de cada um. Agora, enquanto o fim de semana decorre, tudo pode ser vivido realmente. Aguardam-se novidades. Aguardam-se experiências fora do comum. Aguarda-se uma sensação de um novo amanhecer.
Quem quer acreditar nestas histórias? Quem é que se atreve a não acreditar? Estas revelações fazem parte da sua vida. Nem que seja por um instante, uma destas personagens já se cruzou no quotidiano e você talvez nem sequer se tenha apercebido. E o mais provável é uma destas histórias se identificar consigo. É por esse motivo que o Edificio existe. Para juntar realidades e transformá-las em episódios entusiasmantes. É essa expectativa que permite revelar novas ideias, novos momentos, as velhas e habituais fantasias que no fundo, pertencem a todos os que queiram espreitar. Leia, envolva-se, vote se ainda não o fez. Comente o que vai surgir, comente também o que já está revelado. Critique, elogie, identifique-se. Você é a visita que os inquilinos do Edificio Magnolia aguardam diariamente.
Este é o ponto a que se chegou. Está preparado para mais?

3 comentários:

Francisco del Mundo disse...

Claro...:D Venha mais...:D Já vivemos todos no mesmo edifício...
Beijo e abraço

luafeiticeira disse...

Sim, de facto, as personagens não são redondas, evoluem gradualmente e nós, leitores, ansiamos por essa evolução, não temos é tempo de seguir o narrador ao seu ritmo frenético.
beijos

carpe vitam! disse...

acho que inventaste um novo estilo literário que eu apelidaria de blogonovela.