terça-feira

Troca de impressões

O Espaço Magnolia está calmo. Os clientes entram e saem. Os clientes tomam café e depois continuam com o seu quotidiano. Os poucos clientes que conseguem manter-se mais de cinco minutos sentam-se ao balcão. Vêm meter conversa com a funcionária ou pura e simplesmente ainda não lancharam. As únicas pessoas que resistem a não sair a esta hora da tarde sabem o que podem obter neste espaço. Laura convidou Sofia para um lanche. Aproveitaram o facto de terem uma folga ao trabalho em simultâneo e decidiram-se a reservar o tempo só para elas. Efectivamente, o Espaço Magnolia só é ocupado neste instante por elas e por Clarisse. A funcionária dirige-se à mesa delas, encostada ao vidro da fachada do estabelecimento e entrega um sorriso.
- Boa tarde!
- Boa tarde, Clarisse....Está tudo bem? - solta Laura.
- Está...e com você?
- Estará perfeito o dia em que conseguires tratar-me por tu.
Clarisse liberta um sorriso envergonhado, acompanhando o riso das duas clientes. O pedido é simples. Um sumo de laranja natural e uma torrada para a convidada e um café com leite acompanhado do croissant mais fresco. Clarisse indica que o pedido virá imediatamente e deixa as clientes sozinhas naquele canto.
- Precisava mesmo deste dia de folga... - confessa Sofia.
- Então...
- Estou cansada, exausta...uff...
- A mim pareces-me mais satisfeita do que cansada....
- Satisfeita sim...cansada também...
Os olhares entre as duas mulheres trocam-se misturados em sorrisos misteriosos. Progressivamente, as duas mulheres vão-se conhecendo. Melhor do que no tempo em que eram só amigas. Porque agora, elas não são só amigas. Elas partilham. O melhor que têm para dar. Elas partilham-se. O mais intimo que pode sair de cada uma delas. E isso obriga-as a conhecerem-se melhor. A interpretarem de forma intensa cada palavra, cada sorriso, cada gesto, cada olhar. Sem sequer cometerem a precipitação de um juízo errado. Clarisse traz os pedidos e coloca-os no devido lugar, sobre a mesa. Um último sorriso e aquele canto pertence unicamente a Laura e Sofia.
- Posso perguntar-te uma coisa? - diz Laura.
- Se vim lanchar contigo foi para me perguntares o que bem entenderes...
- Gostava que me pudesses responder sinceramente...Tens ciúmes com o Diogo?
- Ciúmes? De quem, como assim?
- De quem?! De mim, claro! Eu vi como estavas no Domingo. Desde o pequeno-almoço...no hotel...que não me disseste muita coisa...Estavas assim um pouco...murcha...
- Talvez....
- Tens ciúmes?
- Claro que tenho.
- Aqueles ciúmes que te fazem questionar se é mesmo isto que queres. Os ciúmes que põem em causa se valeu mesmo a pena um fim de semana como que tivemos....Os ciúmes que te podem fazer-me odiar e olhar para o teu namorado de forma diferente...
- Claro que tenho......
- Odeias-me?
- Não!...Tenho ciúmes. É impossível negá-lo...Mas ao mesmo tempo que tento lidar com eles, sei que é isso que me excita.....Entendes?
- Estou a ouvir-te....
- Laura, depois de adormecer ao lado do Afonso...no Sábado...fechei os olhos com a sensação de que no vosso quarto.... ainda estavas debaixo dele...com os beijos dele, com as mãos dele, com o....com o sexo dele...em ti...
- Sabes o que se passou?
- Ainda não falámos sobre isso....Falámos sobre o que se passou no meu quarto, mas...
- Porquê?!
- Não sei...Talvez eu não queira saber...Talvez até queira saber, mas ter medo de fazer as minhas próprias interpretações.
- Excita-te que ele tenha estado comigo?
- Sim...admito que sim...Já da outra vez tinha-te dito que me pôs louca...
- Não consegues guardar uma sensação anormal mas intensa, sabendo que ele se tenha vindo em mim?
- Acho que consigo, mas....Ele veio-se mesmo em ti?...
- Foi poderoso, Sofia....
- O que aconteceu?
- Como assim...
- Quero que me contes....Tudo.
- Queres que seja eu a contar-te?
- Sim...Quer dizer...talvez soe melhor...e mais vale aquilo que tu me dizes, do que aquilo que tenho na cabeça....Sim, Laura, quero que me contes.
- Bom...acho que foi mesmo para isso que nos juntámos um fim de semana. Foi para partilharmos o que de melhor ele teve, não é?
Sofia acena a cabeça. Há uma ansiedade que a invade. Ao mesmo tempo, ela dá um enorme gole no sumo de laranja, deixando o copo quase vazio. Ainda que perceba o estado de espírito da amiga, Laura esboça um sorriso. Afinal de contas, o lanche que elas partilham não serve só para perguntar como está o tempo. O fim-de-semana foi pródigo em emoções fortes para os dois casais. O Sábado à noite apresentou-se como o momento chave desses dias. Ao contrário da noite de Sexta em que os quatro adultos dormiram com o seu parceiro, o serão seguinte pretendia ser arrojado. Depois do jantar na marginal da cidade que escolheram para descontraírem, Laura, Afonso, Sofia e Diogo deram um passeio pelas ruas citadinas. No entanto, dividiram-se. Diogo e a namorada de Afonso ficaram numa esplanada a cinco passos da areia. Sofia e o namorado da sua amiga prosseguiram caminho.
- A vodka estava fantástica. Gelada, gostosa...gelada...muito gelada. Aquele sabor a limão despertava-me...e o alcoól...bem..o álcool deixou-me fora de mim. E o teu namorado...bem...ele de facto queria...
- Para onde foram?
- Depois da esplanada....ele perguntou-me se ainda queria dar um passeio. Eu pedi-lhe que me levasse para onde pudéssemos estar à vontade...Completamente à vontade.
- Foram logo para o hotel?
- Bem, parámos no elevador.
- No elevador?!
- Eu chupei-o, Sofia...
- Ali?!
- Sim...ali...Ainda me doem os joelhos....Deu trabalho fazê-lo vir-se...
- Gostaste?
- Uhm?....Delicioso...Tirou o sabor do limão dos meus lábios...mas foi delicioso.
- E depois?.....
- Tem a certeza que queres ouvir?
- Laura, depois de saber que o chupaste até ele se vir na tua boca, claro que quero ouvir o resto.
Por curiosidade, por ciúmes, por ganância à sua própria mente, por excitação. Sofia deseja saber os detalhes mais sórdidos do Sábado à noite do casal partilhado. Na verdade, a ansiedade de Laura e Diogo em entrarem num espaço que lhes pertencesse, era imensa. Foram para o quarto que estava inicialmente reservado ao casal amigo de Sofia. Ou seja, Laura trouxe o lobo à toca que os abrigava naquele fim-de-semana.
- Eu já estava molhada. Desde o restaurante que sentia a minha rata a arder. Por mim, o jantar tinha acabado antes da sobremesa.
- O que aconteceu no quarto?
- Tudo!....Começou na cómoda...Ele entrou em mim por trás...
- No cu?...
- Não....Como te disse, tinha a rata a arder....Ele olhava para mim pelo espelho e....oh, soube tão bem!...Ele entrou e saiu. E depois repetia...lentamente. As mãos dele nas minhas mamas...oh, Sofia...Acredita que em todos os momentos, pensava em ti.
- Em mim?!
- Imaginava-te ali, a ter o mesmo gozo...A saber que é aquele homem que te dá prazer quando queres.
- E o Afonso?
- Também pensava nele. Mas se ele de facto estava a gostar de estar contigo.
Sofia sorri. Por uns momentos, a ansiedade da loira aligeirou. Porque ela está tensa. Vive o relato da sua amiga e imagina tudo o que consegue. Ela leva uma fatia de pão à boca e um pedaço de manteiga cola-se ao seu lábio. O dedo suave dela limpa a boca e depois chupa ligeiramente a ponta do dedo. A excitação dela está ao rubro.
- Devagarinho fomos para a cama e ele beijou-me toda...Mas eu queria-o. Queria-o mais do que nunca...
- Mais do que o Afonso?...
- Se te disser que sim, que o queria naquela noite, mais do que o Afonso....acreditas?
- Sim...Acredito!
- Queria-o tanto e eu acho que o Diogo percebeu...
- Como assim?
- Sentei-me em cima dele e...E ele não largava os meus seios e...Não me lembro quanto tempo estivemos assim.
- Foi aí que ele se veio em ti?
- Não...Acreditas que ele aguentou o máximo de tempo possível? É assim que ele faz contigo?
- Sim...é...
A loira sorri. A forma como Laura expõe aquilo que aconteceu deixa-a excitada. Mais do que ciúmes. E gradualmente, ela ouve a sua amiga como se de um conto erótico se tratasse. Mesmo que o seu namorado esteja envolvido no relato. Dentro da mente de Sofia subsiste todos os acontecimentos do fim-de-semana. O que se esperava desses dias, o que foi acontecendo, o que ficou guardado depois de chegarem. E mesmo com todos os momentos passados a quatro, mesmo com todos os jantares e almoços e até as primeiras refeições do dia, nada consegue invadir mais a mente das pessoas que viveram este fim de semana, do que a noite de Sábado.
- Quando eu já não tinha mais forças para continuar a saltar, o Diogo pegou em mim e levou-me para a varanda?
- Para a varanda?!
- Sim, porquê?
- Nada, nada...Continua... Ele comeu-te na mesa?
- Não...Estávamos nus. Olhámos para a praia e depois reparámos que já era tarde. Já não se via ninguém na rua. Ele apalpou-me, sem qualquer receio de que alguém pudesse ver. Perguntou-me se ainda queria mais....Eu disse-lhe que ia querer a noite toda. Encostou-me à parede...aquela de tijolo, estás a ver?
- Sim...estou...
- Levantou-me a perna e....O teu namorado fodeu-me de pé...
- Quando é que ele se veio?
- No mesmo momento em que a minha rata explodiu....
Surpreendentemente, Sofia larga uma gargalhada. O tom de voz das duas amigas é ligeiro. Não falam muito alto, para ninguém ouvir. Laura sabe que possivelmente Clarisse está a perceber o assunto da conversa. Ainda assim, elas falam baixo. Há clientes que entram só para tomar café e por vezes passam bem próximo delas. Mas a gargalhada de Sofia foi sonora. Demonstra a satisfação misturada com a ansiedade da loira, que continua a ouvir atenciosamente a forma como Diogo comeu a sua grande amiga.
- Foi incrível...Era eu a agarrar-me a ele, achando que não me iria a aguentar de pé, com os tijolos frios a roçarem nas minhas costas...e um calor intenso a subir-me pela rata acima...Ele parou de penetrar. Deixou-se estar lá dentro e...Sofia, ele guardou-se todo para aquele instante.
- O que sentiste?
- Fechei os olhos com força, larguei um gemido e....Digo-te, só conseguia ouvir o barulho das ondas do mar...
A namorada de Diogo volta a rir-se descaradamente. Pega no copo e bebe o resto do que sobrava do sumo de laranja. Olha para trás e levanta o copo, pedindo à funcionária que está no balcão um segundo copo.
- Ele levou-me para a cama. Ainda estivemos a falar...sabes como é o Diogo...As mãos dele não saiam dos meus seios....E adormecemos, já não sei que horas eram...Acredita que só ouvia mesmo o barulho das ondas...
- Não tenho ciúmes...
- Não?
- Tenho, mas acho que.... Muito sinceramente, desde a primeira vez que nos envolvemos... foram os ciúmes que me comandaram. Se não amasse tanto o Diogo, não o faria. E só o posso amar, sentindo ciúmes. Para sentir ciúmes, tinha que o provar na pele. Tinha que avançar esse passo...
- Como um circulo vicioso...
- Viciante.
- Não tenho ciúmes, Laura. Tenho ansiedade por saber o que é o Diogo a envolver-se com alguém que....Com alguém que gosto muito.
- É uma partilha, Sofia....
- Sim...
O copo de sumo Sofia chega. A celeridade e o sorriso estranho de Clarisse demonstram que a funcionária percebe minimamente sobre o que se está a falar. Olha para Laura, certificando-se de que elas não pretendem mais nada entretanto. E depois sai. Laura volta a colar o olhar em Sofia.
- Adorei o nosso fim-de-semana.... - diz Laura - A sério...Correu melhor de tudo o que poderia esperar.
- Tu estavas louca para chegarmos lá. Percebi isso quando jantámos na Sexta e só pensavas no dia seguinte.
- É verdade....Nessa noite adormecemos cedo. Parecia uma miúda à espera da manhã de Natal.
- Não houve nada?
- Entre mim e o Afonso? Houve...quer dizer, pouco, nada de mais...Acho que ele também estava ansioso. Notava-se no olhar dele que te desejava.
Sofia cala-se. Não consegue evitar um sorriso que denunciava o mesmo sentimento. O dia de Sábado foi vivido pelos dois casais de uma forma ansiosa. Uma manhã a conhecer a praia, uma tarde a percorrer as lojas e as ruazinhas velhas da cidade. Tudo isto para esconder a ansiedade de querer a noite. O jantar de Sábado foi surrealmente romântico. Vibrantemente excitante. Cadentemente provocador. Se os quatro adultos jantaram cedo, sem tomarem café depois da refeição, foi porque a imaginação já tomava conta deles.
- Para onde é que vocês foram? - pergunta Laura.
- Até ao carro....Falei com o Diogo e disse que era eu que levava o carro até ao hotel.
- Tinham um quarto de hotel disponível e foram para o carro?!
- Foi ele que sugeriu...
- Quem? O Afonso?!
- Sim, lembras-te quando foste àquela loja experimentar o vestido mais o Diogo?
- Uhmm...sim...já te tinha dito que foi ele que me despiu?
- Ele disse-me....
- Ok...sim, então? Combinaram cá fora...
- O Afonso disse que me queria foder no miradouro.
Laura engasga-se um pouco. O último pedaço de croissant custa a engolir, assim que ela pinta na sua mente a ideia que Sofia lançou. E essa ideia é agora mais concreta do que nunca para a namorada de Afonso. Na cadeira do Espaço Magnolia, Laura está agora inquieta. Dentro de si, ela sabe que está a ferver.
- Ele fodeu-te no miradouro?
- Pensava que ele te tinha contado....
- Eu não o quis ouvir...Queria ouvi-lo da tua boca....Ele fodeu-te no miradouro?
- Sim...Durante o percurso até lá ele foi-me despindo. Antes mesmo de começarmos a subir o monte, já eu tinha os seios de fora....Ele abriu-me as calças e pôs a mão lá dentro...Garanto-te que pus o carro no primeiro sitio que encontrei.
- É um bom sitio?
- Era fantástico, Laura. O sitio, como ele disse, é poderoso. Muito tranquilo, sem muita gente....
- Quero lá saber do miradouro! O que se passou depois?!
- Ele fez o que sabe fazer melhor...
- Ele tocou-te?
- Oh, Laura!... Estava ansiosa de saber novamente como era sentir aquelas mãos.... Como se quisesse confirmar que a primeira vez não tinha sido por acaso.
- E foi?
- A primeira vez, no teu sofá... foi só uma brincadeira....
- Comparado com o que ele te deu?
- Não imaginas. Ao mesmo tempo que tinha a boca nos meus seios, nem esperou que eu tirasse as calças. Pôs a mão bem fundo entre as pernas...
- E tocou-te como nunca te lembras de ter sido tocada....
- Mais ou menos assim.....
- Pois...
- Mas ainda não acabou....Brincou com o meu...com o meu clitóris....até eu me sentir mesmo louca...mesmo pronta a vir....
- Quis entrar em ti?
- Não. Tirou a mão, saiu do carro e chamou-me....Eu sai, olhei à volta e só se conseguia ver a cidade ao fundo. Ele chegou junto a mim, beijou-me o pescoço e empurrou-me contra uma árvore que estava ali próxima...
- Não acredito!....
- Acredita. A minha cabeça virava-se para todo o lado, esperando que ninguém estivesse ali. A verdade é que ali, nem se conseguia ver nada à volta.
- Ele fodeu-te ali?
- Não necessariamente. Acho que não precisou...Foi a boca dele que me fez vir.
- Ele lambeu-te ali?!...Como?...Como, Sofia??
- Não durou muito tempo. Mas o que durou...ohhh...foi bom! Ele estava ajoelhado no chão. Nem sequer foi preciso baixar muito as minhas calças....
Sofia está entusiasmada. A descrição de momento tão ousado no miradouro da cidade deixa-a excitada. Como se contar tudo aquilo fosse transportar-se no tempo, no espaço, na imaginação, para o exacto instante em que a boca de Afonso a levou efectivamente para as nuvens.
- Só me lembro de olhar em frente, sentir as mãos dele nas minhas pernas e o resto....o resto.... lembro-me de ver, por entre os ramos, a cidade ao fundo...e pensar em vocês...
- Em nós?! Sofia, estavas no auge do teu fim-de-semana e estavas preocupada connosco?.... Foi o auge da noite...não foi?
- Bem...não necessariamente....
- Conta!...
A loira baixa o olhar e procura encontrar as palavras certas. Porque a noite de Sofia e Afonso não terminou ali. No momento em que Laura e Diogo entravam na varanda do quarto do hotel, os seus namorados chegavam à recepção do hotel. Na verdade, o funcionário da unidade hoteleira estranhou o facto de os adultos chegarem com os pares trocados. Não havia nada a esconder.
- Subimos para o quarto....Ele despiu-me e....
- E?!...
- Ele estava louco....Eu estava louca! Eu queria-o. Laura, desculpa dizer-te isto, mas eu queria-o loucamente. A noite toda!
- Mesmo que estivesses a pensar em nós...
- Sim, como te disse, era isso que me estava a excitar também.
- Mas diz lá!...Onde é que foi? Conta, bolas!
- Não sei se te devo dizer....
- Porquê?...O que foi? Fizeram em algum sitio que.....Fizeram na varanda?
A amiga de Laura volta a baixar o olhar. Bebe um pouco mais de sumo e acena afirmativamente. De corpos nús, Afonso e Sofia levaram-se a si mesmos para a varanda no quarto que estava mesmo ao lado dos seus parceiros. Nesse instante, Laura e Diogo já tinham entrado no quarto.
- A parede de tijolo? - solta Laura.
- Também....
- Também?? Desculpa, diz lá...
- A mesa....
- A mesa?? Em cima da mesa?
- Sim...
Laura está algo impávida. A descrição da amiga, com alguns pormenores sórdidos e imaginativos, deixa-a entusiasmada. É agora ela que tem dificuldades em manter-se quieta na cadeira. Laura só consegue imaginar o seu namorado a abraçar Sofia. Ela de corpo nu, com as pernas abertas, sentada em cima da mesa. Ela com os braços envoltos nele, a pedir-lhe mais. Ela a gemer baixinho, procurando resistir a um prazer interminável. Ela a partilhar Afonso, mesmo que na mente da loira estivesse o prazer que Diogo pudesse estar a dar à amante.
- Eu bem me parecia ter ouvido gemidos. Eu cheguei a comentar com o Diogo.
- Também não gritei assim tanto...Estariamos mal se assim fosse.... Achas que alguém no hotel percebeu?
- Quero lá saber! - responde Laura - Foi bom....soube-me bem...E acho que nos divertimos imenso. Tu gostaste?
- Acho que sim....Só posso dizer que sim, não é?
- Só podes dizer o que sentes....
- Adorei, Laura. Quando eu e o Afonso voltámos para o quarto, mais do que sexo, mais do que paixão, mais do que tentar aproveitar cada pedaço...acho que estávamos os dois a pensar no que estava a ser feito....Sabes, em silêncio?... Ele foi muito querido, querendo saber se estava a gostar. Mas no fundo, acho que isso pertence a cada um de nós. Senti ciúmes sim. E só pensava mesmo em ti...Em como iria olhar para ti de manhã....Foi assim que adormeci.
- Odiavas-me? Quando estavamos a tomar o pequeno almoço?
- Sim...tanto como acho que tu me odiavas a mim...
- E no entanto, estava mais excitada do que nunca.
- Também eu...talvez fosse normal...toda aquela sensação....
- Voltarias a repetir?
- Como assim?! Laura, eu quero repetir...Este mês, não sei. Mas no próximo mês são vocês que têm que encontrar um sitio. Mas olha, desta vez quero um sitio com camas maiores....Camas vibratórias uma ova...Ainda estive para ir perguntar se aquilo era cama de solteiro.
As duas amigas riem-se, acompanhando os mesmos sentimentos. Os olhares de Laura e Sofia trocam-se. A conversa estimulou-as. Mais do que dar a entender o que foi a noite de Sábado, misteriosa para qualquer um dos presentes, elas criaram novas sensações na sua mente. Como se de facto, elas pudessem estar no quarto ao lado. Como se pudessem apreciar e até ter um sentimento em relação ao que o fim-de-semana diferente proporcionou. E os olhares que elas trocam são as reminiscências daquilo que elas querem entregar. Mais até do que partilhar.
- Estou a ouvir um telefone a tocar... - diz Laura - É o meu ou o teu?
- É o meu...Deve ser o Diogo.
Sofia atende o telemóvel. Mesmo confirmando que é o seu namorado, ela nem sequer se move. Mantém-se no mesmo lugar. Desvia apenas o olhar para a rua, evadindo-se do desejo que se espelha nos olhos de Laura.
- Sim, estou com a Laura....No Espaço Magnolia.....A minha amiga está a contar-me como a fodeste......Diz que sim...Que só te vieste depois de ela ter implorado....E que lhe roubaste as mamas......A minha noite...Ela sabe...Ela sabe de tudo!......Esta noite, amor....Esta noite conto-te tudo o que quiseres saber........Isso? Logo se vê...se te portares bem....Beijinhos...Amo-te...
Desliga o telemóvel e volta a fixar o olhar na sua amiga, com um sorriso. Laura inspira desejo. Toda a conversa despoletou uma excitação que tem que ser extravasada. E Sofia percebe isso.
- O Afonso demora?... - pergunta a loira.
- Está a chegar...Espero que não demore, porque eu estou....
- Eu sei...Tu estás a arder....Eu também vou andando....
- Vai...Hoje sou eu a pagar o lanche...
Sofia levanta-se. O Espaço começa novamente a encher, numa hora de clientes regulares. Laura levanta a cabeça e liberta um sorriso para a miga. A namorada de Diogo aproxima-se e antes de sair entrega um beijo profundo na testa de Laura. Terno, acolhedor, intensamente quente. Apaixonantemente intimo. A partilha é um sentimento que só está ao alcance da confiança.

13 comentários:

Anónimo disse...

Moradores do Magnólia
"Esta é a residência onde todas as fantasias eróticas são possíveis."
Assim começa o cabeçario do vosso condominio, e assim tem sido. Perguntou-me uma visitadora deste condominio, porque abraços para os homens e beijos molhados para as mulheres? respondí que aqui os homens estão sempre com o penis ereto, e as mulheres com as ratas humidas. senão vejamos:Rodrigo, Afonso e Neves fodem todos os dias, já Helena, Maria José, Laura, Ana, Lucia e Tânia, se não fodem com seus parceiros, fodem com outros ou masturbam, estimuladas por brinquedinhos, webcam etc...Quem vem ao condominio, é fudido, vide o carteiro, a faxineira, os alunos da Maria José, o empregado da Helena, seu cliente, o técnico e os clientes da Ana. O Rodrigo não perdoa nem a futura nora que vem ver o namorado. Alguns não se saciam só com uma foda diaria, precisam de mais, vide Helena e Rodrigo ... Já ví descrições semelhantes aqui na blogosfera, onde a narradora confessava que se excitava com seus personagens e tinha que parar de escrever para se tocar... será se por motivos semelhantes vosso narrador, de quem não sabemos nada, não responde mais os comentários? Se for, a causa é justa.Afinal a quantidade de fodas é masturbações diárias no condominio, deve gerar uma quantidade incrivel de narrações que são filtradas pelo narrador. Para fazer jus à frase inicial do condominio, seria necessário alguem amante do sado- e algum homem que desse o cu, fantasia requerida por leitora assiduas destes relatos.
Abraços para os homens e beijos molhados para as mulheres.
Julio135

Magnolia disse...

JULIO 135, como leitor incansável que és, a descrição do que indicas tem a sua verdade. De qualquer forma, a pessoa que narra as revelações do Edificio Magnolia não se masturba a meio da narração. Se tal acontecesse, seria complicado fazer as postagens de forma tão frequente. Ainda assim, há uma grande fluidez de excitação no pensamento de quem revela.
Se não tem existido de facto resposta aos comentários é porque tem sido complexo fazê-lo. Não é pretendido deixar de o fazer. Apenas é suposto responder com alguma dedicação. Ainda assim, mais uma vez, agradeço-te as visitas diárias, os comentários diários....a excitação diária.
Os inquilinos agradecem os abraços, as mulheres congratulam-se com os beijos molhados.

Anónimo disse...

O júlio é um realista!
O que eu me ri com o comentário dele!

Bom, bom, seria o rafael de repente ser abordado por um homem, podia ser ele o gajo que dá o rabiosque!:)
Ainda assim, tenho de dizer que as histórias dele são das minhas preferidas, gosto sempre de ver um homem do tipo dele, cheio de barreiras e jogos, a enredar-se na própria teia...

Quanto a este texto, foi uma forma criativa do narrador de descrever o tal fim-de-semana e apesar de bem escrito, não me parece que seja a história real..

Parabéns pela criatividade, acima de tudo.

luafeiticeira disse...

Real ou não, não estava à espera duma descrição feita desta forma e achei-a fantástica, apesar de não encarar o swing como troca por troca. Estes dois casais tocaram no proibido, naquilo que é quase impossível acontcer mas que seria melhor que fosse assim do que as eternas histórias de traições de mentiras... Parabéns? Sim, mais uma vez parabéns pelos contos fantásticos que nos deixas, apesar de já o ter dito imensas vezes, acho que todos os leitores o pensam, não querem é repetir-se... eu também não queria, mas foi mais forte que eu.
beijos

GAGGINGyou disse...

Mais uma vez, rendo-me ao teu talento... Um livro senhôra...urge um livro ; )

Anónimo disse...

Realmente a historia deLaura e Afonso e muito linda...mas sera que eles se amam mesmo? Se sim o que os faz procurar novas sençasoes?Como podem eles partilharem o que supostamente mais amam? Nao estao eles simplesmente junto pelo o prazer carnal?O mesmo se deve pensar do casal amigo......???Ate a que ponto estao eles disposto a irem?
E os sentimentos de ternura que trocaram ambos com parceiros diferentes???Nao sera ja sinal de que algo nao esta bem???
Veremos

Um Momento disse...

Bem...
Intensas partilha entre estas amigas...
A "troca" de namorados esta fantástica embora eu não conseguisse tal...
Fantástico relato de um fim de semana a quatro, onde há a coragem de duas grandes amigas a relatar cada momento entre cada casal..."emprestado":)))
Perco-me por aqui:)

Parabéns!

(*)

Magnolia disse...

O segundo comentário a esta postagem vai ser um pouco diferente. Talvez para reabrir discussões, vincar o que já foi revelado, valorizar ideias, etc,etc,etc. Sem dirigir a ninguém em especial que fez o comentário, vai ser procurado chegar a todos os que deram opinião acerca da postagem.
Podendo ou não ser a história real. Sendo ou não a realidade alguns casais. Por mais que seja a fantasia de muitos casais ou de apenas um cônjugue. O certo é que a história de Laura e Afonso levanta imensos pontos de vista distintos e acende uma discussão, da qual, quer parecer, ninguém tem a razão suprema. Cada ponto de vista é válido, é lúcido e acima de tudo é legitimo. A própria ideia de haver em cada pessoa um choque de ideias. Uma confrontação entre aquilo que sempre tomámos como certo e as novas ideias que vão surgindo, conforme a nossa vivência. Mesmo amando a mesma pessoa, jurando amor eterno, poderemos pôr as mãos no fogo e dizer que nunca pensaremos em algo transcendente a nós mesmos? Como a ausência de amor, como a traição, como a partilha. Talvez um dia pudemos pensar que isso não iria acontecer. Mas amanhã? Podemos afirmar que nunca iremos pensar nisso? Pensar e fazer tem um grande espaço a dividi-los.
Ainda assim, mais uma vez, todas as pessoas têm legitimidade para ter um ponto de vista. Podem ou não ter mais razão, mas acima de tudo vivem esse ponto de vista com a certeza que a sua vivência lhe trouxe.
Neste caso, parece haver opiniões divergentes. O que é muito saudável.
Concordo com a LUA FEITICEIRA. Toca-se no proibido, mas há uma certeza de que antes a partilha do que a traição. Claro que há quem não pense assim, mas antes aquilo que sabemos do que aquilo que não sabemos.
Concordo com a opinião anónima. A veracidade do amor entre Laura e Afonso pode sempre ser posta em causa por quem está de fora. Mas o que é importante perceber é que são eles que se amam. São eles que se partilham. Amar não significa guardar o que se tem numa caixa forte e impossivel de abrir. Pode até não significar partilha, mas se eles parecem ter a certeza do que sentem um pelo outro e parecem ter a certeza do que querem, porque não partilhar? Porque à partida não estão a partilhar o amor que têm. Estão a partilhar a paixão carnal. E por a partilharem, não quer dizer que só estejam juntos pela carne. Uma flor, uma magnolia por exemplo, não se torna mais bela só porque o dono a guarda numa caixa. Se for vista por alguem merecedor, terá uma maior possibilidade de ser admirada, compartilhada. Possivelmente terá mais luz para crescer e tornar-se mais viva e colorida. E o dono sentir-se-á mais lisongeado. Isso quer dizer que haverá mais possibilidades de a valorizar mais, amá-la mais.
Mais uma vez, isto é um ponto de vista. Não é a verdade absoluta das coisas. Longe disso.
Laura e Afonso parecem na verdade amar-se. Isso transparece até para o casal amigo que nutre uma imensa confiança em partilhar tanta coisa. Os sentimentos de ternura não são mais do que uma extensão daquilo que une os dois casais. A amizade e confiança mutua. E isso não significa que algo não está bem. Pode até não estar, mas não será uma consequência directa de uma partilha.
Uma história tão forte como a da Laura e do Afonso só pode gerar reacções. E felizmente que não é uma reacção num só sentido. Se assim fosse, nem seria positivo estar a revelar algo.
Continuem a revelar as vossas opiniões e como UM MOMENTO disse, percam-se por aqui.

Anónimo disse...

é uma opinião Magnólia.O que eu quis dizer com o meu comentário é que haverão sempre sentimentos contraditórios em cada um de nós, acho que somos todos mutáveis e que não há verdades absolutas no que toca à confiança!Penso que se arranjam é formas de tentar contornar por um tempo isso para não se sofrer tanto..Não acho que seja a solução para um problema de raíz entre essas duas pessoas.

Anónimo disse...

e não acredito muito que o prazer ultrapasse o ciúme..Pode é anestesia-lo...;)

O rapaz das Confissões disse...

Palavras para que???

É o 2º dto, não consigo dizer mais nada a não ser

PARABENS.

carpe vitam! disse...

amar implica saber partilhar.

ficarei a aguardar que eles estejam os quatro juntos e não se limitem a trocas heterossexuais.

Cláudia disse...

Aqui está um blog que tenho vindo a acompanhar há algum tempo... Gosto bastante dos relatos e ainda não tenho a minima ideia de qual será a história real... Dou desde já, os meus parabéns :)

Beijo *