terça-feira

Tempo de reflexão

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"A carne seduz. A paixão mata"

Tagline do filme Basic Instinct, de 1992, com Sharon Stone, Michael Douglas e Jeanne Tripplehorn http://www.imdb.com/title/tt0103772/

"Nick entra em casa, juntamente com Beth. Dois dedos de conversa são suficientes para criar ambiente. Ele segura no corpo dela e encosta-a à parede. Beth sente-se arrebatada. Deixa-se levar pelas mãos dele que lhe percorrem as pernas, a saia de doutora aprumada e a blusa de seda verde. De tal maneira que ela se sente envolvida nas mãos imponentes do policia, que os amantes colam um beijo intenso, fogoso e sinistro. Violentamente, ele rebenta os botões da blusa dela e abre-a, descobrindo o peito. Nick quer a mulher. Nick entesa-se de pensar na sensualidade da sua amante. Nick está descontrolado. Pega no corpo dela e abraça-a. Ela empurra-o para a parede em frente. Cedo ela está de costas para ele, entregue aos caprichos de Nick. Ele apalpa as mamas escaldantes de Beth. A boca dele procura os lábios carnudos da mulher, ao mesmo tempo que o seu corpo se apodera dela. Impulsivamente, Nick empurra-a contra a parte traseira do sofá e em actos selvagens puxa-lhe a saia, rasga as cuecas dela e apalpa-lhe o rabo. O homem abre as suas próprias calças que caem aos seus tornozelos e penetra vigorosamente na mulher, que está inclinada sobre a poltrona. Beth sente-se consumida. Sente-se possuida pelo seu amante, que agarra na sua cabeça com extrema garra. Beth sente-se cheia. Sente que dentro de si, algo irrompeu violentamente. E no entanto, quer. E no entanto ela deseja aquela foda. E no entanto, ela própria geme com aquele sentimento ambiguo. Nick, o seu amante quer comê-la impulsivamente. E Beth deixa. Naquele momento, a paixão e o desejo sobrepõem-se a qualquer sentimento, a qualquer dor, a qualquer acção."
O cinema, como muitas outras formas de arte, podem fascinar-nos, podem fazer-nos fantasiar, podem até mesmo levar-nos a confundir a ficção com a realidade. Seja o conteúdo efectivamente real ou notoriamente ficção. Principalmente quando nos sentimos envolvidos nas histórias, nas personagens, nos sitios, ou na forma como são contadas. Muitas vezes, o cinema e as suas obras, levam a que os espectadores se sintam entusiasmados - até excitados - com as histórias de amor e as cenas eróticas que vão surgindo. "Instinto Fatal", ou Basic Instinct, como preferirem, é só um exemplo. Mas haverão outros que servem perfeitamente para demonstrar aquilo que é pretendido dizer nesta postagem. O filme que lançou Sharon Stone e Michael Douglas para um patamar muito alto do estrelato e da capacidade de representação, é um bom filme. Claro que é uma opinião subjectiva, no entanto é legitimo dizer que tem um argumento envolvente. E como tal, agarra muitos dos espectadores que já se lançaram a visioná-lo. Não só a história num mundo que existe. Não só a carga dramática das personagens que poderiam existir. Não só o famoso cruzar de pernas. Também e acima de tudo, as cenas de sexo cativam imenso o espectador. Isso é inegável. E a cena em que Nick Curran e Beth Garner se envolvem pode considerar-se um dos pontos altos do filme.
Agora pergunta o leitor. O que tem o filme e em concreto a cena de sexo a ver com a postagem de hoje e a vivência do Edificio Magnolia? Quer na acção que foi descrita acima, retirada do visionamento do filme citado, quer em muitas das histórias do Edificio, não existe ou não é dado a conhecer a existência no pénis do homem de um preservativo!
Eu sugiro ao leitor que retorne a ler a descrição da cena do filme. Sugiro que entre o momento em que ele baixa as calças, apalpando em seguida o rabo e o momento em que ele a penetra violentamente, coloque outra descrição. "Ele abriu o preservativo o mais rápido que pôde, colocou-o afincadamente no seu sexo e depois de lubrificar convenientemente o buraco anal dela, penetrou-a vigorosamente." Àqueles que tiveram oportunidade de ver o filme e que ainda relembram este episódio, imaginem o Nick Curran a fazer exactamente isto. É dificil, não é? Pouco estimulante para uma cena que se pretende intensa. Para uma penetração que se pretende vigorosa. Mostrar que o homem tem um preservativo ou que até lubrificou o rabo da amante pareceria no minimo improvável. O mais certo é parecer inestético, sem emoção, sem ritmo e desmotivante. Creio não estar em erro dizer que todas as outras cenas de sexo do filme não fazem menção a preservativos, a lubrificantes, ou a qualquer outra forma de tornar o sexo mais seguro, mais confortável, mais adequado. Creio não estar em erro quando afirmo que a maioria das cenas eróticas que se vê no cinema comercial contemporâneo não contêm qualquer descrição de sexo seguro. Assim, porque haveria de ter um texto erótico uma descrição sobre sexo seguro?
Esta primeira pergunta é colocada com base no facto de surgirem temporariamente comentários sobre a forma como as personagens do Edificio poucas vezes usam preservativo, ou como muito poucas vezes é feita referência ao mesmo. Longe de quem coloca com frequência as revelações do Edificio Magnolia, não querer aceitar as criticas ou sugestões que são feitas. Pelo contrário. No entanto e de acordo com o que alguns leitores legitimamente já referiram, este parece ser um assunto ou um tema que merece um outro tipo de análise e de resposta que vai para além de um simples comentário.
Porquê?
O Edificio Magnolia é um blogue, como muitos outros, que pretende transmitir descrições eróticas, fantasias sexuais, revelações que sendo reais ou não, são verdadeiras. Pretende dar a conhecer pontos de vista surpreendentes sobre sexo e relações. Pretende ampliar, dentro do que é possivel, a imaginação de quem o visita. Porque acima de tudo, o Edificio é um local onde apesar de haver alguma descrição, é incentivada uma enorme liberdade de imaginação. No entanto, já que se trata de sexo, já que se trata de relações, já que se trata de fantasias, deixo a segunda pergunta. Porque haveria o Edificio Magnolia de ter um carácter pedagógico?
Creio que a maioria dos leitores assiduos deste espaço vêm aqui por causa de sexo. Não vêm aprender, vêm descobrir. E se vêm por causa do sexo e das fantasias que tais textos possam gerar, precisam de ser ensinados? Quem aqui entra e fica algum tempo sabe minimamente o significado de sexo. Caso contrário, provavelmente fecharia a página à primeira vez que visse as palavras "rata", "foda" ou "picha". Quem costuma aqui vir sabe possivelmente imensas posições sexuais, jogos eróticos e sonha frequentemente com amantes. Ainda bem que sim. É saudável. Quem entra aqui possivelmente sabe as precauções a tomar relativamente ao sexo. A forma como é possivel gerar vida através do mesmo, as doenças inerentes à prática irresponsável de sexo, os desconfortos que as mesmas práticas podem provocar corporalmente. E claro, haverá sempre quem não sabe. É legitimo. No entanto, mais uma vez...Terá um blog que guarda um carácter de lazer, de entretenimento, de fantasia e liberdade de imaginação, que conter pedaços de educação sexual? Porque haveria de ser este blogue e não outros que contém linguagem sexual? Porque haveria de ser um blogue e não um filme? Porque haveria de ser um blogue ou um filme, se há livros de carácter erótico que em imensas páginas não fazem referência a um preservativo?
Quem pensa, escreve e edita o Edificio Magnolia está ciente do poder da comunicação como influência à sociedade, como veiculador de mensagens. Mas não acho que o facto de indicar que Ana, do 3º direito tem sempre relações sexuais com um cliente só com preservativo se torne mais educativo e que consciencialize mais jovens e prostitutas a fazerem-no sem excepção. Não acho que referir o facto de Maria José tomar a pílula dê uma maior consistência à personagem e que alerte para gravidezes indesejadas. Não creio que dizer que quando Rodrigo penetrou no rabo da sua mulher na casa de banho usou lubrificante, abra a mente de quem não tem cuidado com possiveis futuras lesões ou irritações anais. Pelo contrário, apenas arrefeceria o tom intenso, erótico, excitante e acima de tudo fantasioso que é pretendido dar a cada pedaço de história. Acima de tudo, essa é a preocupação de quem escreve diariamente para os leitores que, acredito, vêm aqui efectivamente para estimularem a sua imaginação, não para se consciencializarem.
As personagens do Edificio, reais ou não, têm a sua dose de consistência. Já foi demonstrado o uso do preservativo em várias situações. Em muitas delas, não foi indicado que usavam, mas também não foi dito o contrário. E noutras vezes, não houve sequer esse uso. Seja porque a descrição assim o referiu, seja porque a situação em que as personagens estavam envolvidas não o permitia. Nunca foi dito que as personagens eram educativas. Nem o pretendem ser. Nunca ninguém disse que as personagens eram perfeitas. São uma procura de aproximação a algumas realidades. E se a realidade dissesse que toda a gente usa preservativo, não se usavam milhares de euros em campanhas de sensibilização.
Não é pretendido com isto fugir a uma realidade social. Nem tão pouco se pretende que o Edificio seja contra qualquer tipo de pedagogia em meios de comunicação para o uso do preservativo e consciencialização das doenças sexualmente transmissiveis. De qualquer forma, este blogue não pretende ser um manual de educação sexual e por consequência descrever todas as situações de uma forma que transmita a ideia de sexo seguro. Se outros meios de comunicação não o fazem, porque haveria este blogue ou muitos outros de o fazer?
Séries juvenis na televisão portuguesa e estrangeira transmitem diariamente conselhos pedagógicos em várias áreas, incluindo o sexo, por entre os seus argumentos ficticios. Reforçam constantemente o choque entre sexo seguro e sexo irresponsável, preservativos, pilulas do dia seguinte, planeamento familiar, interrupção voluntária da gravidez, doenças sexualmente transmissiveis, etc, etc, etc. Isto tudo em conversas com os pais, em salas de aulas, em conversas de café. E no entanto, mesmo que o público alvo dessas mesmas séries sejam jovens que começam a sua vida sexual, os episódios mostram frequentemente a contracenação de actores em cenas escaldantes e em quase nenhuma delas salta um preservativo ou a rapariga a dizer antes de se consumar o acto que tomou a pilula. Contraditório, não é?
O público-alvo deste blogue não está especificado. Provavelmente situa-se em pessoas que tem uma vida sexual já activa ou que procuram novas sensações, dar largas à imaginação. Claro que para uma regra há sempre a excepção e possivelmente deve haver vários leitores jovens, outros adultos, pouco informados, dogmáticos, inconscientes, irresponsáveis, que possam ler alguns pedaços de histórias. E é aqui que voltamos ao "Instinto Fatal". Com certeza que muitos dos leitores deste blogue que não têm um conhecimento efectivo de sexo seguro, já viram o filme. Ficaram mais ou menos sensibilizados depois de o verem? Em meu entender, acho que isso pouco interessa. A educação, como diz o povo sabedor, parte dentro da própria casa, mas também da escola e do meio social que envolve o ser humano. Tudo o resto são fragmentos que esse mesmo ser vai encaixando e adaptando à sua personalidade e forma de viver.
Respondendo a alguns comentários que já houve ( os quais são bem vindos, porque este também pretende ser um espaço com uma ampla liberdade critica ), gostava que imaginassem um post qualquer do Edificio. O vosso preferido, o mais excitante, o mais ousado...qualquer um. E que no momento em que achassem adequado, imaginassem também uma descrição do homem a colocar correctamente o preservativo ou a pedir alguns minutos à mulher antes de ir buscar a vaselina ou o lubrificante. Claro que em alguns casos pode tornar a história mais escaldante, o momento mais intenso. Mas na maioria das vezes, apenas torna a descrição da cena mais constrangedora. Mais uma vez, as histórias permitem uma enorme liberdade criativa ao leitor. Já o referi num comentário a uma leitora. Por isso, se aquilo que está na vossa mente, é a colocação do preservativo ou de um lubrificante, isso só pode ser positivo. A personalidade dos inquilinos, a descrição dos lugares, os gestos que são trocados, as coisas que são ditas, não terminam com o que é escrito por quem narra. É ai que começa. Só termina na mente de quem imagina.
Na esperança de que esta postagem possa ser correctamente entendida e determinante da forma de os leitores habituais entenderem o ponto de vista de quem narra e desvenda as revelações do Edificio, deixo assim espaço de manobra para expressarem tudo o que vos venha à cabeça. Não só está em vocês a capacidade critica, como fundamentalmente está, e repito, a liberdade criativa. O Edificio Magnolia é tudo aquilo que a vossa imaginação quiser. Por isso, sintam-se livres aqui.

8 comentários:

GAGGINGyou disse...

A fantasia é isso mesmo...a elevação do momento e do acto a um nivel acima do quotidiano! è por isso que o é...é essa a sua essencia.
Não é preciso, desejável, que textos tão bons como os teus sejam banalizados ao terem de se banhar do ordinário diário.
Somos adultos, sabemos os riscos e as implicitudes dos actos. Sabemos passar a barreira da descrição de o colocar de um preservativo, ou de um hálito menos fresco pela manhã.
Não caias na descrição...mantêma a fantasia pois é nela que nos mantens cativados. : )
Um beijo

Francisco del Mundo disse...

Nada a dizer, tudo a concordar!!!:D
Abraço e Beijo

Sexhaler disse...

Tau! Na mouche!

Depois disto, não há mais nada a dizer, porque só se quisesses adicionar um "comic relief" é que poderias mencionar o preservativo que não entra (ou não sai!), ou a embalagem de lubrificante que caíu na cama enquanto os intervenientes estavam... ahem... distraídos e manchou tudo, ou até, a queda daquela posição dificil.
Não, não posso falar pelos outros, mas eu não venho à procura de pedagogia, venho à procura da fantasia tão bem escrita e descrita que tu nos ofereces.
Continua assim, estás de parabéns por tudo: pela escrita, pela imaginação, pela inteligência, pelo erotismo... pela resposta.

Beijo

Sexhaler disse...

Tau! Na mouche!

Depois disto, não há mais nada a dizer, porque só se quisesses adicionar um "comic relief" é que poderias mencionar o preservativo que não entra (ou não sai!), ou a embalagem de lubrificante que caíu na cama enquanto os intervenientes estavam... ahem... distraídos e manchou tudo, ou até, a queda daquela posição dificil.
Não, não posso falar pelos outros, mas eu não venho à procura de pedagogia, venho à procura da fantasia tão bem escrita e descrita que tu nos ofereces.
Continua assim, estás de parabéns por tudo: pela escrita, pela imaginação, pela inteligência, pelo erotismo... pela resposta.

Beijo

Unknown disse...

Tens razão, eu fui uma das leitoras que sugeriu que "colocasses" o preservativo ou umas lavagens ao sexo, mas acabei por ahar que isso não era importante e que o que procuravamos aqui era a fantasia, o erotismo, a sensualidade... enfim, tudo aquilo que nos ofereces com prazer e para o nosso prazer.
beijos

Lucia disse...

:)

tambem escrevo sobre sexo e nunca me ocorreu falar de preservativos. como dizes, os blogs - pelo menos este tal como o meu - nao pretendem ser 'educativos', apenas pontos de encontro de prazer.

nada a acrescentar :) x

carpe vitam! disse...

Magnólia, aceito a tua muito argumentada posição, mas não posso deixar de discordar em alguns pontos. este espaço é teu e fazes o que bem entenderes dele, como é óbvio. No entanto, discordo quando dizes que a descrição de pormenores como a utilização de preservativo quebram o ritmo da história e são inestéticos. Na vida real, tal como na literatura isso só acontece se as pessoas tiverem falta de jeito.
afinal de contas, não queres que as histórias pareçam reais?
Tudo depende da habilidade literária para o fazer, e geralmente, passa por pequenos detalhes.
Em relação à pedagogia, eu dou bastante importância à influência da mensagem que este tipo de blogs com conteúdos sexuais transmitem. Tenho estado a reflecir sobre isso. Acho que todos nós temos responsabilidade social sobre as opiniões que transmitimos, portanto, se pudermos contribuir para de alguma forma consciencializar os leitores sobre as consequências do sexo irresponsável, há que aproveitar. Sem falsos moralismos, apenas porque a nossa protecção também depende da protecção dos outros.
Portanto, se me permites:
http://provocame.blogspot.com/2007/11/sexo-seguro-sempre.html

Magnolia disse...

Tarde mas surgiu. Este comentário tinha que surgir. Desde que foi iniciado o post que era previsivel que assim acontecesse. Uma espécie de remate final ou não neste tema.
Apesar de haver uma sintonia em relação ao que foi dito na postagem, há sempre espaço para opiniões contrárias, o que mais uma vez é referido, só pode ser positivo na vida deste blogue.
O GAGGINGYOU refere a importância da fantasia, a SEXHALER indica a procura dessa mesma fantasia e não de pedagogia, o FRANCISCO concorda, a LUA FEITICEIRA reflectiu e tomou uma posição mais flexivel entre pedagogia e fantasia, a LUCIA adopta a mesma posição, não pretendendo ter um caracter "educativo" no seu blog e a CARPE VITAM acha que interacção entre essa mesma educação e pedagogia pode infiltrar-se no meio da fantasia e da história.
CARPE, não quero discordar de tudo o que dizes. Essencialmente na parte de todos termos as nossas responsabilidades sociais. Mas acho que há espaços certos para educação, há momentos certos para o fazer. E mais uma vez, se produções milionárias, vistas por milhões de pessoas, responsáveis ou não, não mostram nas suas cenas eróticas os pequenos detalhes que falas para falar ou mostrar um preservativo. Se as próprias novelas portuguesas, vistas por uma população, numa boa meida, desinformada, porque haveria de o fazer um blogue que é visitado por um publico especifico? Claro que é possivel inserir esses pormenores sem tornar inestético ou quebrar o ritmo da história. Mas se isso é dado num pequeno detalhe, onde é que estaria a ser educativo? E educativo para quem?
Como ja tinha sido referido, sou apologista de educação sexual, de transmitir responsabilidade. Mas no momento certo, no sitio certo, às pessoas certas. As doenças sexualmente transmissiveis não afectam mais pessoas que o cancro do pulmão. No entanto, tendo em conta a realidade social, não estou a ver muitos blogues a evitarem falar de cigarros, retirá-los das suas historias. Não estou a ver filmes americanso, da mesma categoria que os filmes eróticos a transmitirem mensganes subliminares contra o tabaco. Mais uma vez, tudo isso tem que ser feito nas situações adequadas. Ou essa responsabilidade, essa pedagogia tende a cair em saco roto por parecer demasiado forçada, demasiado insistente, demasiado envolvente e sufocante na nossa sociedade.