quarta-feira

Instante decisivo

O próximo segundo que se vive pode ser sempre uma surpresa. O próximo minuto pode alterar o rumo do que julgámos certo nas nossas vidas. Este dia pode ser totalmente diferente das perspectivas realizadas no exacto instante em que acordámos. Ana veste a sua máscara diária. Entra na rua do Edificio Magnolia cumprindo rigorosamente o seu ritual matinal. Vestida com o fato de treino azul, ela termina agora a sua meia-hora escrupulosamente cumprida. Reduz o ritmo dos seus passos rápidos e depois de esvaziar a garrafa de água que segura na mão esquerda, retira as chaves do bolso. Abre a porta do Edificio, retira a correspondência dentro da caixa de correio, cumprimenta os vizinhos do primeiro andar que seguem para o trabalho e entra no elevador. Enquanto prossegue a viagem, vê por alto as cartas que recebeu. Contas, facturas, catálogos de uma marca de roupa e um envelope branco. Sem destinatário, sem remetente, sem qualquer inscrição no papel. Qualquer semelhança com a sua máscara nocturna é mera realidade. Ela abre apressadamente o envelope e lá dentro estão duas notas grandes e um bilhete que não está assinado. "Não pago por sexo, mas não gosto de ficar a dever".
- Grandessissimo cabrão, filho de uma grande égua!
A porta do elevador abre-se e neste momento, Ana já ebule uma enorme fúria em si. No terceiro andar, ela decide não seguir para o lado direito. Irrompe pelo corredor e toca abruptamente na campainha do lado esquerdo. E só para de tocar quando Rafael abre a porta. Ele já sabia antecipadamente quem era. Só uma mulher lhe poderia bater na sua porta assim. Só uma mulher quereria impulsivamente confrontar-se com ele àquela hora tão matinal. Rafael entrega-lhe um sorriso presunçoso. O olhar aguerrido de Ana pretende demonstrar em gestos que a acção do seu vizinho irritou-a profundamente. E a extensão do sorriso dele aumenta. Porque sente que conseguiu chegar onde queria.
- Se pensas que vou aceitar o dinheiro, é porque tens uma mente muito limitada.
- Bem, tens o dinheiro na mão. Se o quisesses mesmo devolver, terias deixado na minha caixa de correio. Sabes onde moro, podia deixar por debaixo da porta.
- Vai-te fo....Não...Não me vou rebaixar a alguém como tu....
- Veremos....Queres entrar?
- Achas mesmo que quero entrar na tua casa?!
- Não sei....Queres que eu entre na tua?
- Ouve, Neves....Eu não sigo nos teus jogos. Eu não quero o teu dinheiro....
- Não foi isso que pareceu a última vez que nos encontrámos.
- Se fosses para a merda....
- E se parasses de dizer asneiras no meio do corredor e entrasses?
Ana desvia o olhar dele durante dois segundos, como que a reflectir sobre o que haveria de fazer. Mantém o envelope branco na mão e aguarda alguma reacção do vizinho à sua inércia. Mas ele não cede. A vontade dela é chamar-lhe todos os nomes possiveis e no entanto, ela não nega a si mesma a atracção de poder entrar no espaço de Rafael. Dá cinco passos em frente e pisa o chão do 3º esquerdo.
- Queres limpar-te?
- Agora vais oferecer-me banho, é isso?
- Queres parar de ser ofensiva comigo?!.... Vou buscar uma toalha para te limpares.
O suor escorre dos cabelos de Ana e humidifica no pescoço. Rafael dirige-se à casa de banho e quando sai, Ana já está diante da porta. Na mão direita dele está uma toalha branca. Por entre os dedos do membro direito dela está o envelope, pronto a ser entregue. Um silêncio volta a interpôr-se entre os dois vizinhos. Ana quer entregar o envelope e não quer receber a toalha. Pelo menos a dele. Rafael não quer receber o envelope de volta e adoraria entregar-lhe a toalha. Centimetro a centimetro, os objectos aproximam-se dos seus destinatários. A respiração deles espelha a indecisão daquele momento. Nenhum deles sabe como reagir. E quando Ana decide pegar a toalha, o envelope escapa-lhe por entre os dedos. Quando Rafael sente o envelope a cair no chão, empurra o tecido branco contra o corpo da vizinha e encosta-o ao pescoço dela. Ana bloqueia. Um terramoto irrompe-lhe pelos pulmões, procurando controlar a respiração. A jovem sente-se arrebatada por aquele gesto sensual, do qual Rafael estudou a lição toda. A toalha escorrega pela pele do pescoço, enxaguando o suor que transpirou durante o passeio matinal dela. Quando ela finalmente consegue expirar o ar intenso que guardava dentro de si, Ana geme. Um soltar fino de voz acusa-a. Compromete toda a postura que ela procurou demonstrar desde o inicio. E agora, nem ela sabe como se comportar. Porque ela tem que decidir. Há uma força surreal que a puxa para dois pólos. Ela procura afastar o seu corpo da toalha. Ele pretende baixar-se e apanhar o envelope. Mas a decisão está feita. A toalha começa a descer para o peito dela e uma escaldante sensação de desejo transborda do interior da jovem. Antes mesmo dele conseguir baixar-se, ela levanta os braços, segura a face e beija-o. Um beijo intenso, fogoso. A boca dela engole os lábios dele. Ainda que ansiasse pelo momento, ainda que o pudesse perspectivar, Rafael não podia imaginar que ela se entregasse assim de forma tão apaixonante. Os seus braços envolvem o corpo da vizinha. A decisão de Ana foi tomada com alguma impulsão e nessa medida, ela empurra o professor contra o lavatório. As mãos dele apalpam o rabo redondo mas firme de Ana e pressionam-na contra si. O beijo prolonga-se. É saboroso, é viciante, é um consumar de uma fome que tardou em ser saciada. Eles respiram fundo. Descolam os lábios e trocam um olhar fulminante. Alguém se rendeu e cedeu. Ela está nos braços dele, com alguma dose de incoerência, com uma sensação fria de descontrolo. Finalmente, o homem consegue arrebatar a sua conquista mais complexa, mais dura de roer, mais atraente.
- É isto que tu queres, não é?...Uhm?! Queres trazê-las para o covil e...
- Cala-te!....Queres mais do que eu...
Ela volta a beijá-lo e ambos se calam. As pernas de Ana roçam no corpo dele. As mãos de Rafael acariciam todas as curvas carnudas da vizinha. Depois de passarem pelas ancas ansiosas, as mãos dele fazem subir o casaco de fato de treino da jovem. Enquanto a despe, Rafael percebe que ela apenas veste um top confortável por debaixo. Tão simples de retirar como uma pétala de uma flor. As mãos de Rafael seguram-se às mamas da acompanhante. Mas seguram com força. Com impulsividade. Com firmeza. Com fome. Ana sente-se manipulada. Literalmente. Sente-se presa ao desejo do homem. Tenta libertar-se dos membros dele. Cola as mãos ao peito de Rafael, puxando para o lado oposto ao dele. E quanto mais força ela faz, mais ele enche a palma da mão com os seios dela. Os mamilos rijos roçam nas mãos do professor. E só assim ele entende o quanto aquele momento a excita. Os pólos atraem-se, por mais que eles tentem separar-se. E neste caso, acabam por colar-se, como dois imans. Ana procura libertar-se mas apenas consegue ficar encostada ao lavatório, de frente para o espelho e com a cintura dele colado ao seu rabo. Sempre presa. As mãos dele deliciam-se autenticamente com as mamas redondas e salientes de Ana. A cena é excitante, ainda para mais quando os dois conseguem ver-se mutuamente e ainda assim olharem na mesma direcção. Mais importante que isso, eles olham-se. Ao contrário da última vez que se envolveram, Ana e Rafael sentem mais do que o tacto. Vêem-se. Decoram os traços sensuais um do outro. Ela ainda dá um safanão com a cintura, procurando libertar-se. Mas percebe que pertence ao homem. Percebe que o sexo dele está entesado por entre as suas nádegas. E que basta que ele dispa as duas calças para que a pele dela sinta o calor da carne de Rafael. Mais simples que retirar outra pétala.
- Ohhh!!....Neves...continuas um cabrão!...
- Tu é que sabes....Posso parar agora....É só dizeres...
Mas a picha dele já está dentro da rata dela. As pernas já estão abertas e o sexo dela já está suficientemente lubrificado. Agora que ele já entrou imponentemente na sua rata, Ana já não quer parar. Dizer falsamente que quer parar seria desperdicio. Admitir que pretende que ele continue é uma fraqueza que ela não quer largar. Por isso, a única resposta que ela tem para lhe dar, é um enorme suspiro. Olha para o reflexo do olhar dele e segura as mãos no lavatório. Os dedos de Rafael acariciam os seios de uma forma terna e ao mesmo tempo apaixonante e intensa. Ana está enfeitiçada com tais gestos. Não consegue suprimir os gemidos na sua garganta e liberta-os a um ritmo estonteante. Sente o sexo inchado a percorrer o seu interior enquanto o seu ventre quente roça na porcelna fria do lavatório.
- Uhm...ohhh....está tão quente...ohhh....Rafael...oohhh!!!
- Não consegues resistir, pois não?...Tu gostas de me provocar...uhmmm...
Uma das mãos de Rafael apalpa as mamas excitantes da jovem. Da sua boca saem provocações que acendem o orgulho e a personalidade de Ana. A outra mão escorrega pelo corpo escaldante da amante e dirige-se para a torneira da água, ligando a corrente. Rafael molha toda a mão, em especial nos dedos. Depois, com a mão fria, volta a colá-la ao ventre dela. Enquanto a fode, Rafael acaricia o clitóris de Ana arrefecendo a explosão que ocorre na rata da jovem.
- Ohhh...odeio-te..uhmmm...odeio-te tanto, Rafel...oohhh...sim!!!
Ela está a ferver. Literalmente. E nem a mão molhada de Rafael consegue acalmar a sensação quente que invade a sua vagina. O sexo dele penetra nela em toadas secas. Cada vez que ele entra, o corpo de Ana sente-se arremessado contra uma almofada. Cada vez que ele sai, é como um esvaziar de um balão. E tudo se repete. E volta a contecer. Ele está incansável. Percebe a excitação da amante e exige mais dela.
- Tu adoras...adoras saber que eu sou diferente dos outros....
- Cala-te!...Ahhh...Ohhh...cala-te e fode-me...oooohhhh!
Ana olha para a sua imagem reflectida no espelho, onde percebe a extensão do seu prazer. Ele continua com cada uma das zonas erógenas dela, pelo que a excitação é visivel aos dois. No entanto, assim que a sente prestes a gozar, Rafael prende de novo a jovem e empurra-a. Desta vez, leva o corpo, que lhe pertence por uns momentos, para junto da banheira. Gira a torneira do chuveiro, desvia a porta de vidro e empurra-a mais um pouco. Sem esperar que a água possa atingir a temperatura certa, ele incita-a a entrar dentro da banheira. Ana acede. A sua excitação põe-a fora de si. Deixa-a exposta aos prazeres da carne. A sua máscara diária não tem a mesma força de espirito que a sua faceta nocturna. Não se está a falar de dupla personalidade. Está-se a falar de desejo incorente e ambiguo. E isso, diante do seu amante, ela não consegue esconder. Porque há algo diferente que a move. Existe algo surreal, algo mais confuso que a mistura entre o ódio que sente por ele e atracção carnal que a faz deter ali. Como uma jovem imatura que apenas quer perceber se aquilo é mesmo bom ou não. Mas aquilo, o âmago daquilo que Rafael lhe dá é efectivamente bom. É saboroso. É forte. É irrecusável.
- Ahhhh...cabrão!...Está fria...uhmmm....ohhh!
O corpo suado e húmido de Ana mergulha para debaixo do chuveiro, guiada pelas mãos dele. Ela ainda não está despida. As calças baixaram até aos joelhos e o seu top e o seu casaco voltaram a descer. Por isso, a sua própria roupa ensopa-se. E todo o seu orgulho encharca naquela água fria. Ela solta um gemido profundo, intenso, vagaroso. Ela cede. Deixa que o chuveiro tome conta de si. Rafael acaricia o corpo da amante, procurando perceber se ela está em sintonia com o que ele pretende. Ela está. Ana quer. Quer ainda mais. Quer sentir o prazer dele e poder gemê-lo. Gemer em voz alta que foi ele que a levou àquele estado. E depois de se adaptar à temperatura da água que cai sobre a sua cabeça e escorre pelo seu corpo a ferver, ela vira-se e encosta-se à parede. Olha directamente para o vizinho e pela primeira vez desde que entrou no Edificio Magnolia, solta um sorriso. Depois ri-se. De alguma forma, Ana está encantada com o momento quente, insólito e peculiar que vive. Deixa Rafael aproximar-se de si, deixa o amante agarrar-lhe a coxa e levantar-lhe a perna, deixa o homem voltar a entrar em si. O sexo dele está ao rubro, a sua rata já conhece o tacto impresso pelo pedaço de carne inchada. Rafael encosta-se ao peito dela. Sente o calor que percorre pelas mamas da jovem e roça os lábios na sua face suave. A mão direita dela segura-se à nuca dele. Dai em diante, a temperatura da água vai aquecendo. Dai em diante, as penetrações que ele incide na rata apetitosa só têm uma conclusão. Dai em diante, os gemidos que se libertam da boca de Ana são abafados pelos beijos que ela pinta no ombro dele. Dai em diante, o prazer dela é justificado pelo orgasmo do homem. Rafael liberta-se para dentro dela. Quatro ou cinco penetrações fortes são suficientes para aliviar a sede de sentir tal prazer. Porque é fome que os invade. Não é paixão. Não é uma atracção irresisitivel pela beleza dela, pela sedução dele, pela personalidade excitante dela, pelo ar charmoso dele. A fome que os devora mutuamente é um instante em que a tentação do sexo assume contornos ousados. Lado a lado, morando bem próximos um do outro, qualquer um deles, qualquer inquilino ou vizinho adivinhava que a atracção entre os dois se tornaria um vicio. E quando Ana o sente profundamente dentro de si. No momento em que o prazer dele se espalha por toda a sua vagina. Nesse instante, Ana rende-se. É uma evidência demasiado grande. Ela adorou e nenhum dinheiro do mundo lhe paga aquela sensação.
- Estás bem? - pergunta ele carinhosamente.
- Sim...estou....Estou bem...Estou muito bem, Rafael...
A mão dele apalpa com ternura o seio excitado dela e segue até à face da jovem, onde ela ruboriza todo o prazer recolhido. Dessa mesma face, Ana não consegue esconder efectivamente a satisfação. Sorri para ele, acaricia-lhe os cabelos e dá-lhe um beijo suave. A água quente continua a encharcar os dois corpos e as roupas que os envolvem. Cedo, Rafael tem que ir trabalhar e num curto espaço de tempo, Ana irá perceber que algo no seu dia está diferente. Por ora, ela desembaraça-se finalmente do corpo dele, levanta as calças, sai da banheira e volta apegar numa toalha. Coloca-a à volta do corpo e segue rapidamente caminho para fora da casa de banho. Rafael não a persegue. Não lhe diz nada. Num pequeno instante, houve uma conquista. Não se pode considerar que esteja dentro das necessidades e expectativas de cada um. Mas foi uma conquista satisfeita. Há tempo para perceber o seu alcance. Para já, Ana sai do 3º esquerdo, pingando ochão todo, desde a casa de banho até à sua casa, onde se despe por completo e segue para o seu banho privado. Rafael fecha a torneira e depois de retirar todas as roupas, apercebe-se que no chão, está o envelope com as duas notas grandes. Encharcado.

2 comentários:

Anónimo disse...

Aos Condominos do Magnólia
Estando na vizinhança, percebí a Ana chegando da caminhada, transpirando. Ví quando pegou as correspondencias na caixa e entrou no elevador com as faces tensas e um envelope branco na mão. Nunca podia supor o que ia acontecer, que agora leio nos relatos do narrador. As interações do Edificio ainda estão por acontecer. No segundo andar, Laura e Afonso estão de olho na Lucia não sabendo o que acontecerá com Tania e o Felipe, talvez outro swing. Já Rodrigo esta flirtando com a Maria José. Ainda ontem domingo, os ví trocando olhares no Espaço. Estou antevendo bons espetáculos nos andares e nas portas vis a vis. A Clarisse espera pelo aquinhoado Rafael.
Até o Cesar está ciscando no Edificio. Aguardemos...Não pratiquem o manual antes da hora
Abraços para os homens e beijos molhados psrs as mulheres
Julio135

luafeiticeira disse...

Só não gostei que o dinheiro tivesse ficado molhado, de resto mais uma descrição fantástica daquilo que não é, de todo, habitual acontecer.
beijos