quarta-feira

Bolo mármore com nozes e molho de frutos silvestres

A festa continua no Espaço Magnolia. Começou pouco depois do jantar e promete prolongar-se para além da hora normal de fecho do estabelecimento. Clarisse volta a entrar no local de trabalho. Com a pele do pescoço pescoço quente e rosada, consegue prender a atenção de vários clientes, incluindo Rodrigo e a sua mulher, incluindo Neves, agora sentado junto ao balcão. Incluindo Vasco que apesar de demonstrar desagrado com a ausência da colega, percebe exactamente o que aconteceu. Imediatamente entrega à jovem uma bandeja com dois whisky's, para servir na mesa próxima dos sofás.
- São para si os dois whiskys, Maria José?
- Sim, são..
- Mas só pode beber um de cada vez, não se esqueça.
- A esta altura, até podes trazer um duplo, Clarisse.
Maria José já ultrapassou o seu limite de teor alcoólico no sangue. A bebida já consumiu a sua racionalidade. Invadiu o coração, fazendo-o pular velozmente. Acendeu o rastilho do seu desejo, irradiando uma chama sensual em todo o seu corpo. Uma máscara branca cobre a sua face. Tem uns motivos azuis no topo e mistura-se com a sua indumentária branca. Não há disfarce. É mesmo ela. Maria José recolhe-se nos braços do seu cunhado. Henrique pressente o estado embriagado da mulher. Recebe as bebidas e sorri para Clarisse. A funcionária entende a cumplicidade dos clientes e continua o seu trabalho, dirigindo-se para outras mesas.
- É a última bebida, Maria José...
- Talvez...Se me levares a casa, prometo que não bebo mais...
- A tua casa é já aqui.
- Leva-me a casa, fecha a porta...deita-me...possuí-me..torna-me tua...dorme comigo...
- Maria José....
- O que foi?! Não foi para isso que vieste aqui? Para foder-me?...
Henrique pega no copo da professora. Segura o braço dela com convicção e levanta-a da cadeira. Apesar de descontrolada, Maria José deixa-se levar pelo homem. Quando pressente o casal a levantar-se, Clarisse aproxima-se deles.
- Já vão?
- Como estás a ver, ela não consegue beber mais uma gota...Quanto é que é pelos whiskys?
- Nada...A última bebida é oferta da casa...
- Obrigada, Clarisse... - diz atropeladamente Maria José - Provaste o meu bolo?
- Sim, eu quero essa receita do molho de frutos...
- Uhmm... é feito com muita paixão...
Clarisse larga um sorriso. Percebe o estado da sua cliente e pendula o olhar para Henrique. Ele retribui o sorriso, como que a agradecer pela noite diferente no Espaço Magnolia.
Henrique abre a porta do 1º direito. Que lhe pertence por escrito, mas que sentimentalmente o cedeu a Maria José. Procura acender o minimo de luzes, levando a inquilina para o quarto. Senta a cunhada na cama e retira-lhe os sapatos.
- Mal sabe ela como foi feito o bolo... - diz a mulher
- Despe-te, por favor...
- O truque está na quantidade de chocolate que misturas com o molho...Mal sabe ela...
- Onde é que tens o pijama?
- É feito com paixão...É assim que o faço...Com paixão....e tesão....
- Maria José!...Onde é que meteste o pijama...
- Se me conhecesses como deve ser, saberias que durmo nua.
Ele congela a postura. Fica a olhar para a mulher e durante uns segundos, tenta pensar na melhor reacção. A sua cunhada está bêbeda. Da sua boca saem disparates. Mas disparates sensuais. Do seu corpo é libertado um odor agradável, excitante. E ela pede subliminarmente para a despir. Abre as calças da mulher e puxa-as vagarosamente. Por uns momentos, Maria José pára de falar, pára de gesticular. Por breves instantes, a mulher quase deixa de respirar. Henrique ergue-se um pouco e bem próximo da face da mulher, abre os botões da camisa. Ela ajuda e despe-a em movimentos lentos soberbos. Maria José oferece um sorriso hipnotizante na sua face. As suas pupilas dilatam, assim como os seus seios, que despontam os bicos pelo tecido do soutien. Entusiasmado pela excitação da amante, ele começa a despir-se. Tira a camisa e prepara-se para abrir as suas calças.
- Achas que estou nua?...Não estou nua...Só consigo dormir nua.
Ele ri-se. Pousa as mãos nas coxas macias e pálidas da mulher e aproxima-se do peito dela. A sua boca quer beijar a pele dos seios, mas Maria José afasta-se. Deita-se na cama, com a cabeça sobre a almofada. Dobra as pernas e coloca-se na posição fetal. Henrique ergue o seucorpo e retira finalmente as calças. Coloca os joelhos no colchão e acaricia toda a nádega da amante. Maria José larga um gemido e fecha os olhos. Ela já nem se sente acordada. A sua racionalidade evadiu-se para um mundo instável, fantasioso. E são as mãos dele que a transportam. Os dedos puxam as cuecas, obrigando a mulher a remexer-se na cama. Henrique agarra na coxa da mulher e levanta-a ligeiramente. A face da mulher está agora enterrada na almofada. Ainda tem a máscara a envolver a sua cara. O homem senta-se sobre o corpo dela e esfrega o sexo já descoberto nas nádegas quentes femininas. E dali em diante, tudo o que Maria José se recorda é de uma imensa sensação de sonhar extravagantemente. Porque o seu corpo pede. Porque as suas ancas puxam o seu rabo contra as ancas dele. Porque o sexo dele tem que entrar em si. Profundamente. Meigamente. Surrealmente. E o sonho dela não tem chão. Não tem cama para se deitar. Nada a faz pousar. Tudo a segura. A intensidade do pau teso do amante eleva-a no vazio. As suas mãos deslizam pelos lençóis brancos. E nesse sonho, sem chão, sem pousio, ela é penetrada. Saciada da gula que a embriaga. Embulida nos movimentos masculinos. Tudo em si entra em combustão. O sangue ferve. O ar comprime. Os nervos excedem-se. E ela geme. Como uma ferida a sarar. Como uma leve dor acalmada. O prazer espalha-se pelo seu corpo. O sonho separa-se da realidade. Porque Henrique fode-a. Pressente o corpo da amante a adormecer e antes que tudo nela arrefeça, ele entra e sai vigorosamente na rata dela, apertada pelas pernas dormentes. Maria José estende-se ao longo da cama, de barriga para baixo. Tem todo o corpo dele sobre si, a penetrar bem fundo. Ele abre-lhe o soutien e procura separar a peça de lingerie do corpo da amante. O sonho dela eleva-se. Sem pousio, sem chão, sem nada. Apenas uma fome que a absorve. Apenas uma sensação louca de estar a ser comida e apenas responder com gemidos. Tudo em si pesa. Mas algo a faz subir. Sempre mais alto. E quanto mais sobe, mais Maria José avista o seu prazer. Dali de cima, seja onde for, tudo parece mais intenso, mais desperto. Mas ela adormece. Progressivamente. Henrique está agora deitado sobre todo o corpo da mulher. Enrola o braço pelo tronco dela, segurando um dos seios. Quentes, tesos e com o mailo duro. O seusexo entra profundamente dentro da arata dela. O seu rabo abana e tudo vai ceder. As últimas penetrações são mais secas, mais profundas. Porque ele liberta-se no interior da mulher. No sonho sem pousio, sem chão de Maria José, existe uma voz grave e intensa a ecoar dentro de si, dentro de todo o espaço que lhe é concedido para voar. E num periodo de tempo indefinido, o corpo da mulher explode. E ela sente-o. Como se estivesse acordada. O coração bate com força. As mamas derretem na mão cheia do amante. As suas mãos fincam nas ancas dele. A sua rata arde, encharca-se de prazer. E quando a vontade louca de gemer, de gritar, de dizer ao mundo que se está a vir surge, Maria José entra em queda livre. Os beijos cremosos de Henrique ainda a procuram acordar. O braço dele em volta do seu corpo agarra-a com vigor. Mas ela vai cair. Tudo em si vai ceder. Tudo em si vai estatelar-se. O sonho desvanece-se. O prazer foi gozado. Agora avista-se o pousio. Henrique ainda está dentro dela, mas já não consegue impulsionar o seu voo onírico. É uma queda sem pára-quedas. Maria José estende os braços ao longo do colchão. Não consegue mexer o corpo e uma força arrebatadora esmaga os seus sentidos. Henrique retira a máscara dela e entrega-lhe um beijo profundo nas maçãs do rosto em brasa.
- Fica comigo........
Um suspiro longo dita o encerrar da noite de Maria José. Adormece, cheia de prazer, despida de ansiedade. Henrique entende a decadência física e psicológica da mulher e ampara a sua embriaguez. Abraçados e colados, adormecem na cama que por escrito pertence a Henrique. Sentimentalmente pertence à sua cunhada. E o 1º direito só eles sabem partilhar.

9 comentários:

Anónimo disse...

Onde é que isto irá parar?
Estes relatos são verdadeiramente "addictive" e ao fim de ler cada um deles só suspiro pelo próximo...
Narrador : sabes deixar-nos em pulgas. Faço votos para que não desistas...
Anónimo do Porto

Anónimo disse...

vim pela mão da luafeiticeira e adorei ler-te. muito intenso, muito humano. gostei muito e voltarei aqui :)

muito querida disse...

Também eu gostei muito e convido-te a passares no palavras quentes...mas tem cuidado, não te queimes..

Sexhaler disse...

Este post foi... agridoce, compreendes o que quero dizer?
:)

Beijo

PS - So sorry, mas fiz descaradamente publicidade ao teu blog no meu! ;)

Anónimo disse...

Pára aí tudo!
Tenho lido as vossaS histórias e queria saber uma coisa:é só mesmo uma história real?
é que parece-me o seguinte:
Acredito que haja muitas histórias aqui falsas pois a repetiçao de situações mas passadas de forma diferente é um facto.No entanto, parece-me que há mais do que 4 personagens reais o que na minha perspectiva invalida o facto de só haver uma história real.Acho que os narradoreS são aqueles que aparecem mais vezes e que têm contacto com todas as personagens da trama e que contam pormenorizadamente a história que se passou com eles e algumas histórias parece-me que nao foram vividas por eles mas que lhes foram contadas...

luafeiticeira disse...

Com tanta imaginação, não sei onde vais parar. A minha dúvida é: já tinhas escrito os textos antes de criares o blog ou todos os dias inventas um encontro diferente. Não precisas responder, isto é apenas uma divagação.
beijos

Red Light Special disse...

Doce... este post foi doce, inebriante.. quente... doçaria ali, no lume.. mas suave.
Deliciei-me.
Quero mais...

Shelyak disse...

Bem suavezinho, para o que nos tens vindo a habituar... Mas tem alturas para tudo, não é ?
Assim, tudo vai ganhando mais estrutura para depois tudo ser ainda mais escaldante...
Perfeitamente certo, de mestre! :)))

Magnolia disse...

ANONIMO DO PORTO, o Edificio irá existir por quanto tempo for possivel e por quanto tempo os leitores se sentirem deliciados de cá passar.
CASSAMIA, volta sempre. A mão da Lua Feiticeira é sempre muito boa orientadora.
MUITO QUERIDA, já passei e parece ser extremamente aconselhável. Se queimar, alguém irá sarar a ferida :)
SEXHALER, essa publicidade foi das mais descaradas que já vi. :) Deixou qualquer inquilino no Edificio estupefacto. Agridoce? Também é um bom sabor.
CATARINA, tal como já foi dito anteriormente, só existe mesmo uma história efectivamente real. Claro que todas as outras histórias são pequenos pedaços de realidades. São ficção e qualquer semelhança com uma realidade será apenas uma ligeira coincidência. Mas se acontecer....Claro que a tua opinião é válida. A vida e as vivências que dela decorrem são fruto da experiência e daquilo que foi dado a quem conta.
LUA FEITICEIRA, alguns dos textos já tinham sido pensados mas não elaborados antes do primeiro post. No entanto e derivado de uma das histórias ser mesmo real, há sempre novas coisas a contar. Ainda assim, cada post foi feito no próprio dia da publicação.
RED LIGHT, irá haver mais. Descansa que a doçaria não fica por aqui.
SHELYAK, sim, há alturas em que tudo pode ser suave. E tens razão, é uma espécie de construção.