quinta-feira

Empresários

Publicado a 12-06-08
É uma familia. Vive numa casa com todas as condições. Acolhedora, bem decorada, intima e dotada dos equipamentos necessários para viver mais em casa. No entanto, a familia que reside no 1º esquerdo do Edificio Magnólia ocupa pouco tempo em conjunto. Exceptuando o jantar, e ainda assim nem sequer é uma rotina, o casal e os dois filhos raramente vivem a casa como uma família. De manhã, toda a gente sai de casa a horas diferentes. Primeiro, Rodrigo. Toma banho sozinho, beija a sua mulher ainda na cama, e come qualquer coisa na cozinha com o filho mais novo, antes de sair com a carrinha para o trabalho. O adolescente, que já se prepara para ir para a escola, ainda consegue estar com a mãe, que se levanta minutos depois. Quando o filho mais velho está em casa, acompanha Helena no pequeno almoço. Isto até ela sair de casa, directa para o escritório. Talvez cada um dos membros possa justificar esta distanciamento com o trabalho, com a dedicação que entregam diariamente às tarefas que enchem os seus dias. Mas eles sabem. Eles escondem. Eles habituam-se. Há uma grande dificuldade em conciliar conversas, segredos, partilhas de sentimentos, gestos, sentimentos. São uma família. Sem dúvida. Amam-se, de uma forma genuína. Protegem o seio da família, num jeito peculiar. Transmitem fraternidade, se for possível definir este sentimento. Mas é inegável que o empenho profissional engole o tempo desta família quase perfeita.
São quase dez horas. Rodrigo já cumpriu o seu primeiro serviço. À hora estipulada, com o orçamento indicado ao cliente, num profissionalismo competente. Depois de passar pelo escritório e confirmar que a sua mulher efectuou o mapa de trabalho do dia seguinte, o empresário antecipa-se ao pedido da sua próxima cliente. Filipa pediu à empresa do casal um planeamento de um sistema de vigilância numa vivenda geminada. Filipa é uma mulher madura. Filipa nasceu numa aldeia do interior do país e com vinte e dois anos veio para esta cidade, abraçando um desejo de menina. Filipa tem trinta e seis anos, loira e com um corpo bem modelado, com curvas vistosas. Filipa passa por uma mulher sensual, no entanto isso apenas serve para esconder a sua aparência falsamente esbelta, absurdamente desleixada e de uma faceta espalhafatosa. Filipa é secretária da mesma empresa de camionagem onde o marido trabalha. Sim. Filipa é casada e tem um filho.
Reunião em casa. No mínimo duvidosa. Aliás, pelos olhares trocados por ambos na garagem do Edifício, a reunião será tudo menos um encontro profissional. Já no elevador, percebe-se que a discussão sobre o plano tem que ficar adiada. Não se fala de negócios quando os lábios dela estão a ser comidos pela boca dele e quando as mamas dela estão a ser apalpadas pelas mãos de Rodrigo. A mulher tem um corpo fogoso. O rabo é perfeito e ela faz questão de o exibir com as calças de lycra algo pindéricas. Os seios são redondos e saltam à vista com o top sem alças que Filipa veste. Brancos, suaves e palpitantes, dão a sensação de não quererem ficar cobertos com o pedaço de tecido. Ela ansiava por este momento. Uma das razões que a levou a contratar a firma de Helena e Rodrigo foi a atracção carnal que sentiu de imediato pelo homem. E era uma questão de tempo até Filipa conseguir agarrar o desejo de Rodrigo. Ele cede. Traz a mulher casada para o lar do seu casamento. Porquê? Na mente dele não está a tesão de poder desfrutar de uma mulher como a sua cliente loira. Não. Na sua imaginação está a ideia de que Helena, neste instante, pode estar com Alberto no escritório. No seu inconsciente, está uma ideia recalcada de vingança. Se a sua esposa pode envolver-se com clientes, então ele também sente poder fazer o mesmo.
No quarto de casal. A traição consome-se. Filipa está ajoelhada no chão, próxima da cama desconhecida. Com dedicação, com vigor, com excitação, com um deboche irresponsável, a mulher abocanha o sexo de Rodrigo. Sem paixão. Não existe um pedaço de consciência na entrega corporal. Ele agarra os cabelos loiros da amante e incentiva-a a chupar. Gosta da forma quente e selvagem como a mulher coloca o seu sexo dentro da boca, agarra os seus testículos e roça a língua e os lábios em toda a carne. Filipa não se apaixonou pelo empresário. Não sentiu algo diferente na sua consciência quando o viu pela primeira vez. Não repensou o seu casamento duas vezes, julgando encontrar um homem diferente. Para ele, Rodrigo sempre foi apenas sexo. Ela sentiu algo diferente na primeira vez que entrou no escritório e o encontrou. Uma arrepiante sensação de querer devorar este homem vigorosamente charmoso. E é isto que ela demonstra, ao gemer enquanto chupa, ao levantar o olhar enquanto engole o pénis, ao chupar com mais força a cada gemido do amante. O seu top já deixou descobrir os seios por completo. Grandes, firmes, pálidos, com os bicos entesados. Roçam nas coxas dele, destapadas das calças que estão agora junto aos seus tornozelos. Não há que desmentir. Filipa chupa bem, sabe o que faz, gosta da forma como o faz. E Rodrigo sente-lo. Excita-se com cada envolvimento da boca dela. Tem as pernas a tremer com a intensidade do broche. O que acontece de seguida é uma explosão de desejo, uma libertação de loucura, um deleite hipnotizante. Filipa saboreia. Rodrigo vibra com a entrega da mulher. Ela retira o sexo da boca e enquanto o segura, levanta a cabeça e olha para o amante com um sorriso.
Em cima da cama. A mulher já está despida. As suas roupas espalham-se no chão. O seu desejo estende-se em cima do colchão. Com as pernas abertas, virada para ele, Filipa anseia para que o desejo carnudo dela a penetre. Rodrigo sente que a mulher se entrega de uma forma demasiado fácil. Desde o primeiro olhar que ela lhe dirigiu, o homem sabia que estava a ser seduzido. Numa noite intima com a esposa, Rodrigo atormentou-se com a ideia de imaginar Alberto, o seu cliente, nesta mesma cama com Helena. E desde então, uma fúria invadiu-o. Filipa tornou-se o escape ideal para este tormento corrosivo. Ela transformou-se num alvo apetecível para o despejo dos seus ciúmes. Diante de Rodrigo, está uma mulher quente, que tem tanto a perder como ele. E no fundo, sentem que estão os dois a ganhar. O homem segura as pernas dela. Levanta-a, tomando posse do corpo da mulher. O seu instinto comanda-o. A rata inchada e húmida de Filipa é estimulante. Palpita com a ansiedade. Dilata-se com a sede de ser penetrada. Entrega-se sobejamente ao sexo de Rodrigo. Ele deita-se sobre a amante e expande as coxas dela. Filipa tem as pernas no ar e coloca as mãos em cima das costas dele. Na cama de um casal habituado a traições. No leito de uma história familiar. No local mais inusitado de um lar, Filipa pertence ao homem que a traz para esta casa desconhecida. Enquanto mexe as ancas, enquanto faz entrar o seu sexo entesado dentro da vagina da sua cliente, enquanto prova o fruto proibido de outra mulher casada. Enquanto toda a cópula ocorre, Rodrigo saboreia os seios peculiares de Filipa e pensa no motivo que o fez procurar uma nova amante. Segura os seios redondos e gelatinosos e recorda a chamada de voice mail de Alberto. Chupa os bicos rijos e imagina o homem no escritório a galantear Helena. Beija o vale dos seios, aperta as mamas contra a sua face e deduz na sua mente se a sua esposa se vem com um homem mais velho que ela. Lambe as mamas excitantes e só consegue imaginar o corpo nu da mulher a quem ele colocou a aliança entregue às mãos maduras de Alberto. Rodrigo fode a mulher com despudor, com garra, com firmeza. Ele irrompe pelo sexo da mulher, com a face apertada nas mamas de Filipa. Mas ele não está ali. Ele está no escritório da sua empresa. Ele assume o papel de Alberto a foder Helena em cima da secretária. Porque ele pressupõe com uma certeza perigosa, de que a mulher a esta hora da manhã só quer deliciar-se com um sexo de um cliente. Nessa mesma pressuposição, Rodrigo deleita-se da mesma forma com a excitação que uma cliente lhe pode dar.
O édredon engelhado. Um suave odor à excitação que se solta dos poros de Filipa. Um estranho ruído saído da boca da mulher casada vai confirmando a Rodrigo de que a amante é histericamente especial. A posição dela é aguerrida. De gatas sobre o colchão, ela empina o rabo, mesmo junto à cintura do homem. Ajoelhado por detrás da mulher, ele agarra nas nádegas ruborizadas dela. Acaricia-as, expande-as, deixando uma brecha para poder penetrar. Apesar da indecisão dele, não obstante a excitação que Filipa manteve durante uns segundos pelo facto de não saber onde o amante iria entrar dentro de si, Rodrigo acaba por encher a rata da loira. A mulher afasta um pouco mais as pernas e sente a carne masculina a abrir o seu intimo. A boca de Filipa abre-se e solta um longo gemido. Depois, ela sorri. Os seus olhos cerram suavemente e ela goza as penetrações do seu novo amante. Rodrigo procura entrar o mais fundo possível, antes de parar novamente para reflectir. Diante de si está uma mulher quase estranha. Tem as costas húmidas mas carregadas de desejo. Ainda assim, ele percebe que não é paixão que o move. Não foi um sentimento inevitável, intenso e inesperado que o invadiu quando convidou a sua cliente Filipa para uma reunião mais intima. Não foi a apetência irresistível por uma mulher, que mesmo denotando curvas sensuais, está longe de ter um perfil que deixe Rodrigo extasiado. Aliás, ao longo de todo o envolvimento, a cada penetração, ele apercebe-se que Filipa se entrega a ele como se poderia render a qualquer homem maduro que a fizesse sentir loucamente entesada. Não importa o risco que possa correr. Não interessa o que daí pode advir. Por isso, não é paixão que move Rodrigo a foder a mulher com dedicação. Enquanto a mulher deixa cair a cabeça sobre o colchão, agarra o édredon com os dedos e liberta gemidos descontrolados, Rodrigo vem-se na rata da mulher, sabendo que é a fúria ciumenta que controla esta foda.
Pacificação. Rodrigo está deitado na cama, com o sexo ainda entesado. Ele olha para o tecto. Helena e Alberto ainda fodem na sua mente. Mas o seu momento já terminou. Filipa também está estendida na cama ao seu lado. A loira deita.se de costas para cima, com o rabo ligeiramente empinado. A face dela mantém um sorriso apesar do ar exausto. O olhar dela dirige-se ao seu novo amante. Ela está satisfeita por mais um momento extra-conjugal bem sucedido.
- Posso fumar um cigarro? - pergunta ela.
- Não...ela iria perceber.
- Bolas...sabes que me entesa fumar depois de foder?...
- Também te mata...
- Há quanto tempo fazes isto?
- O quê?!
- Trair a tua mulher...
- Não sei ao certo...
- Há quanto tempo não consegues viver sem resistires a outra rata?
- As coisas não funcionam assim. Eu...
- Há quanto tempo?...
- Três anos e meio...
- Com quem?
- Com a única grande amiga que ela tinha nesta cidade. Afastou-se dela por vergonha. A minha mulher nunca chegou a perceber. Mas eu continuei a vê-la durante seis meses.
- Achas que vale a pena? Todas as traições. Todas as mentiras. Todas as aventuras.
- Claro que não. Eu sei que estou a trai-la. Sei que ela não merece. Sei que ninguém merece. Mas é mais forte do que eu. Sei que um dia vou ser apanhado ou até eu vou desistir de ser tão cabrão.
- Não vais.
- Achas que me conheces para afirmar isso?
- Sei que não vais. Sou casada há onze anos e infiel há dez anos e meio. Antes de trocar as alianças era a rapariga mais santa da minha aldeia. Sonhava com um casamento eterno, com um marido que me protegesse e com a pureza do amor. Tenho um filho com oito anos e continuo a comer o professor dele na hora de almoço. Todas as sextas feiras. Amo o meu marido. Sou uma mulher dedicada. Uma mãe atenciosa. Mas desde que comi o cunhado dele, seis meses depois de estar casada, que não consigo deixar de ser infiel.... Ele estava a cinco metros de mim e não percebeu nada. E isso ainda me continua a entesar... Acredita no que eu te digo, Rodrigo. Não vais conseguir deixar de trair a tua mulher.
- Não sou como tu...
- Claro que não és....
Mas estão a partilhar a mesma cama. É este o sentimento que o olhar de Filipa tenta transmitir ao pensamento do homem que a recebe no seu quarto, depois da frase solta irónica.
Seis horas. Uns minutos mais. Helena chega a casa na mesma rotina de sempre. Mas a ansiedade move-a. A sua casa está vazia. O marido cumpre uma parte importante do seu dia de trabalho, com serviços em casas de clientes. O seu filho mais novo tem um jogo de futebol marcado com amigos. O seu filho mais velho está na universidade, onde segundo ele, a namorada o acompanha desde o inicio da semana. Helena tenta ser racional e fazer o raciocínio que outrora não tinha coragem de desenvolver. Na mente da mulher, está a ideia de que Rodrigo não foi trabalhar, Sandra não foi para a cidade universitária e o seu filho não está com a namorada depois das aulas. Para Helena, é uma certeza quase óbvia de que o seu marido e a sua jovem amante estão juntos em qualquer lugar insuspeito, cometendo uma traição desmesurada. Se ela o está agora a aceitar fazer, porque é que o seu marido não haveria de estar? Miguel esperou por Helena à porta do Edifício Magnólia e subiu com ela ao 1º esquerdo.
Encontro em casa. A desculpa está montada. A justificação é mais do que plausível. A margem de erro é mínima. Miguel tocou à campainha da casa dos filhos de Helena à procura do adolescente, para também ele ir jogar à bola. O atraso do jovem fez com que ele se cruzasse com a mãe em vez de ser com o irmão do seu melhor amigo. O filho mais novo da mulher irá sempre corroborar esta versão, porque na verdade, Miguel faltou ao encontro com o rapaz. Helena tem o álibi, mas acima de tudo, tem uma justificação íntima e pessoal para ceder novamente aos encantos do irresistível jovem. Nos encontros com Miguel, ela sempre se feriu a si mesma, na sensação de estar a cometer uma traição incomensurável. Envolver-se com alguém tão novo, precisamente o melhor amigo do seu filho, é algo que corrói o seu bom senso. E mesmo que ela tenha tentado prometer a si própria que iria resistir à tentação, algo mais forte tomou conta de si. O ciúme. A inveja. A vingança. Se o seu marido pode comer uma rapariga nova, que para além do mais é namorada do seu próprio filho, Helena também sente que não deve controlar os seus desejos mais inusitados. Isto é irracionalidade. Ela sabe. Ela pensa nisso. Mas imaginar Rodrigo a foder Sandra na cama de solteira da jovem arrasa a sua consciência. E despir o vestido no hall de entrada do apartamento, diante do jovem entesado, não lhe parece assim tão pecaminoso.
No centro da cama. Com os dedos dos pés fincados no édredon que já foi puxado para trás. Com os calcanhares a segurar o seu corpo. Com os joelhos dobrados diante da presença dele. Com o corpo dele entre as suas pernas abertas. Com as mãos finas no peito dele, a equilibrar o seu corpo. Com o olhar fixo no sorriso dele. Helena está em cima da cama, nua, numa posição de tronco erecto que lhe permite ter o o amante debaixo de si, sob as suas ordens e os seus desejos. Miguel está deitado de barriga para cima, na cama que não lhe pertence. O seu semblante transpira uma confiança exacerbada, mediante o sorriso que não sai da sua face. Ele sabe que consegue enfeitiçar a mulher madura e trazê-la para junto de si. Quase de uma forma que lhe retira qualquer responsabilidade do acto. A mulher casada, mãe de filhos, quarentona, entrega-se a ele de uma forma inevitável. E fazer deslizar dois dedos por entre os lábios vaginais húmidos de Helena parece demasiado fácil. Mas ao mesmo tempo é intenso, estimulante, escaldante. A posição da mulher torna o processo de masturbação ainda mais simples, mais deleitoso. Ela fecha suavemente os olhos e deixa-se levar. Miguel penetra-a com os dedos macios e desliza-os pelos lábios, ao mesmo tempo que o polegar toca levemente no clitóris. Sim, Helena está enfeitiçada. Sabe que é a mão do jovem que a toca. Goza cada momento. Ainda assim, por detrás dos seus olhos escuros fechados, na profundeza da sua consciência, está a transformação de uma imagem que ela quer apagar, mas que pura e simplesmente não consegue. A mão jovem de Miguel é tenaz. Atenciosa. Meiga. Aventureira. Tímida mas ansiosa. Indecisa mas macia. E estas características devem assentar que nem uma luva às mãos de Sandra quando esfrega o sexo do seu marido. E a visão que ela tem, no obscuro da sua imaginação, torna realidade esta ideia. Porque enquanto Helena geme e procura controlar a respiração com a masturbação, ela pressente o orgasmo que o seu marido liberta diante da face da jovem. Perverso, mas inevitável. É também desta forma que Miguel consegue fazer explodir o clitóris da sua amante.
Por entre os lençóis. Helena está sentada em cima do seu amante. Os joelhos fazem força no colchão e os dedos dos pés suportam a estabilidade do resto do seu corpo. Dentro da sua rata está o pénis comprido de Miguel. E ela já não está ali. Assume uma posição de domínio perante o parceiro, mas está sedada pela carne vigorosa do homem que está debaixo de si. Se estivesse na mente da sua mãe, o filho mais velho de Helena estaria provavelmente aterrado. O seu pai parece apoderar-se da sua namorada. A mãe entrega-se com pouca aparência de remorsos ao seu melhor amigo. E isto também invade a mente de Helena. É forte. É assombroso. É irreversível. Ela pula em cima do corpo de Miguel e pressente cada penetração. A sua cabeça pende um pouco para a frente, um pouco para trás. Os seus cabelos vão-lhe cobrindo a face. Ela morde o lábio carnudo inferior e sente de novo as mãos suaves dele. Desta vez nos seus seios morenos e bicudos. Carinhoso e penetrante. Os seus gestos deixam a mulher extasiada. Encantada com a forma como o jovem entra dentro de si, Helena pende o seu corpo ligeiramente para trás e coloca as mãos no colchão, nas suas costas, ao lado dos joelhos dele. Cada movimento é uma erupção de sentimentos carnais, que se espelham na forma como o seu corpo reage. Mas por mais que Helena possa sentir um prazer, de novo orgásmico, na foda com o amigo do seu filho, ela carrega em si a imagem do seu marido a vir-se na rata de Sandra.
Repouso. Os joelhos dela continuam dobrados. Mas o seu tronco está deitado sobre o corpo do amante. Miguel acaricia os cabelos negros da mulher e guarda a respiração dela, que vai tranquilizando suavemente. De olhos abertos, ela procura voltar a si. Perceber porque é que tudo isto voltou a acontecer. entender porque é que o ciúme a move. Aceitar que há uma mistura perigosa na entrega da paixão. As suas mãos estão presas entre o colchão e as costas dele.
- Posso fazer-te uma pergunta? - solta ele.
- Eu tenho medo das tuas perguntas, Miguel.
- O que farias se o teu filho descobrisse?
- Porque é que perguntas isso?!! Achas que ele sabe de alguma coisa?! Contaste-lhe?!
- Não!...Relaxa...Mas...nunca pensaste nisso?
- ...Claro que já. Todas as noites. Em cada momento que olho para ele, sinto que não me consigo perdoar. E morro de cada vez que imagino a reacção dele, se ele soubesse.
- Mas continuas a fazê-lo, Helena.
- A culpa é tua...
- Desculpa?!...
- Eu sei que não é....A culpa é toda minha. É difícil saber o que fazer... o que pensar... o que não pensar. O meu erro foi ter aceite a primeira vez. Deveria ter recusado. Eu sei que deveria.
- Achas que é tarde para voltar atrás?
- Miguel....já não há volta a dar! Eu ando a comer o melhor amigo do meu filho. Que raio de mãe sou eu que para além de ser infiel ao marido, ainda se envolve com os amigos dos próprios filhos?! Eu não quero que duvidem que gosto do meu filho. Não quero! Mas sei que isto é errado. Engano-me a mim mesma quando quero pensar que até és maduro. Mas tu és...sempre foste... vais continuar a ser... Eu estou aqui com um garoto! E sinto-me incrivelmente louca quando estou contigo. Só posso estar louca. O que se passa comigo?! Se ele descobre...acho que a minha vida deixa de...Bolas, estou a cometer um erro tão grande!!
- Queres parar? Queres cortar com isto? Queres que eu deixe de aparecer?
- ....Não sei...
Ele fica incrédulo, olhando para a mulher que entretanto ergue a cabeça, denotando uma imensa desorientação.
A familia é um puzzle. As pessoas são ilhas que se procuram encaixar numa união familiar. Os laços que se geram dependem do tempo que todos dispendem mutuamente. Se uma familia tem compromissos a horas diferentes em lugares diferentes, há laços que se cortam. Se os sentimentos não correm na mesma direcção, moldam-se em formas distintas, é natural que as peças do puzzle custem a encaixar. A amante de Rodrigo saiu do 1º esquerdo de imediato. Levantou-se depois de ter lançado a frase irónica e deixou o homem com um enorme peso de consciência. Enquanto Filipa se vestia, ele encaixava o seu papel, ao ter-se envolvido com uma cliente da qual ele única e simplesmente sentiu tesão. Miguel decidiu sair debaixo do corpo de Helena, ao perceber a confusão da mulher madura. Na ingenuidade pouco inocente do jovem, ele quis guardar, ao final da tarde, uma certa distância de uma evidência clara. Helena corrompe todo o papel de mãe e esposa ao enfeitiçar-se com o sexo recebido de um rapaz. Ele sai do apartamento e ela fica na cama. Nua e inconsolável. São duas peças. Sabem as formas que representam num casamento e o encaixe que devem criar com dois elementos fundamentais. Os seus filhos. A dedicação ao trabalho, exigente e carregado de responsabilidade, serve-lhes de camuflagem para vidas duplas, para puzzles com lados distintos. E a imperfeição já nem sequer mora aqui ao lado.

11 comentários:

Anónimo disse...

Claramente estamos a entrar na vida profissional dos inquilinos. A mente é poderosamente terrível, é quase ingrato a (des)entrega que existe numa premente procura de satisfação dos dois - Helena e Rodrigo - algo que lhes ocupe o vazio que sentem do lado do ciúme adversário constante e estranha 'consciência' das infidelidades que cometem frequentemente.

Quase diria que se quiseram castigar os dois nestes momentos, que afinal não foram nada além de uma descompressão desprovida de um gozo mais esperado a quem toma tais escolhas.
Castigaram-se. De facto.
É inevitável, terão que ceder a um caminho, a situação tornou-se insustentável para eles próprios: oou abrem o jogo e vivem uma relação liberal consentida...ou... Magna Magnólia... diz-me tu :)
Muito bom a nível literário, um dos poucos textos que prescinde quase na totalidade do vernáculo (não necessariamente necessário, passo o pleonasmo). Só uma pequenina coisa, quem começa a ler um texto destes segue lendo-o a atrás das palavras, correndo a achar mais e mais o que se passa, e pára... cada vez que que se defronta com um erro de simpatia que já tem acontecido, tipo trocar o femimino pelo masculino e vice-versa.


(pelo menos eu páro...e é pena!)

Anónimo disse...

E acrescento que escreves maravilhosamente, é difícil este estilo e entendo que o vernáculo faça parte e seja quase tarefa impossível substituí-lo.


Até já.

O rapaz das Confissões disse...

hehehe

sei de alguem que vai precisar de ler o dialogo do rodrigo com ela


não é facil, familia é sempre familia mas o sexo... aiiiiaiiii o SEXO

Anónimo disse...

Puzzles, puzzles... Podem ser grandes quebra-cabeças como esta família... São castigos mútuos que Rodrigo e Helena aplicam um ao outro... Estão definitivamente a cometer o maior erro possível... "Se ele pode eu também posso"; "Se ela pode eu também devo"... Enfim, apesar de os textos do primeiro esquerdo me deixarem a pensar sobre as moralidades e traições num casamento, também adoro as belas fodas que aqui se passam eheh :P
Beijocas e para variar... parabéns por escreveres tão tão bem :)

luafeiticeira disse...

Desculpem vizinhos pela falta de tempo para vos espreitar, assim que puder volto com mais tempo.
Beijos e bom fds

Frontwave disse...

Fantástico!

Que vizinhança...

Continua por favor!

Sarah disse...

Faz pensar, ponderar, questionar, avaliar...
Esta família é de facto um emaranhado de peças interligadas!
Adoro a tua escrita, continua!
beijo doce

Magnolia disse...

O FANTASMA DO EDIFICIO, a situação que Helena e Rodrigo criaram terá inevitavelmente novos desafios. O que se pode dizer neste momento é que esta tentativa dissimulada de vingança não pode ser saudável.
Em relação ao vernáculo, é como dizes. Por vezes é dificil não ceder à tentação de tornar a história com uma descrição mais intensa, perversa e...vernácula.
Tens razão quanto à questão do feminino pelo masculino e vice-versa. Concordo plenamente e não será certamente agradável cortar uma leitura. De qualquer forma, é sempre complexo voltar a ler um post para rever e tentar encontrar todos os erros. Talvez consigas imaginar, mas tal é a forma como eles são escritos, que por vezes acabo por encontrar erros que se passassem para publicação, seria no minimo cómico. Existe uma revisão, mas às vezes há coisas que teimam em passar. Ainda assim, fica a promessa de tentar evitar esses erros ao máximo. Quem narra detesta erros e entende exactamente o que estás a dizer.
O RAPAZ DAS CONFISSÕES, será que o sexo passa à frente da familia? Também é verdade que a familia só pode existir com a existência de sexo... :)
SPICY ANGEL, a tentação da traição, por mais proíbida e imoral que se possa revelar, acaba sempre por ter um fascínio excitante na forma como é conduzida.
LUA FEITICEIRA, volta quando for oportuno. Mas sim, já temos saudades da nossa vizinha mencionada.
BBASTOS20, os vizinhos vão continuar a revelar.
SARAH, agradeço-te as palavras e satisfaz saber que uma história assim ainda faz pensar.

Anónimo disse...

Inquilinos do Magnólia,

Já voltei das minhas férias e vou continuar a acompanhar-vos...
Este primeiro esquerdo deve ser dos exemplos mais comuns na nossa sociedade...
Em que a vingança suplanta já, o prazer do sexo com terceiros... O ciume é altamente nocivo para qualquer relação...e ainda mais quando esta relação assume contornos deste tipo...
Sem querer repetir o FANTASMA, ou esta relação se torna sincera e com diálogo aberto... Ou termina de forma trágica onde todos, incluindo filhos sairão lesados...
Já agora fica a sugestão: Meus meninos se vos agrada tanto sexo com terceiros... e ambos intimamente o sabem...porque não partilhar experiências.... façam como os vossos vizinhos de cima... pelo menos são sinceros..e ao invés de destruir uma relação...estão a fortalecer os laços de cumplicidade. Será que vale a pena lutar pelo vosso casamento?? Reflictam ;)
Beijinhos

luafeiticeira disse...

Realmente, se eles fodem com estilo, pensam de forma demasiado vulgar. Trair porque se é traído faz lembrar a anedota dos alentejanos que apanharam os respectivos cônjuges a traí-los e resolvem vingar-se. Fodem uma vez e ela diz-lhe: "compadre, vinguemo-nos outra vez" e pimba! Fodem 2º vez e no final, ela quer vingar-se de novo e, a custo, o alentejano lá se vinga. Após essa 3ª vez e la porpõem-lhe nova vingança, mas ele, cansado, responde: "Nã senhora, comadre, já se me acabou a raiva".
Jocas

Magnolia disse...

LUA FEITICEIRA, adorei este comentário. É fantástico e na verdade a anedota parece adequar-se ao que se passa entre Helena e Rodrigo. Quando irá acabar esta raiva....É imprevisivel. De qualquer forma, não me parece que seja assim tão simples. Trair porque se é traido. Esse é o pensamento de ambos, mas de facto, ambos começaram a ter vidas duplas isoladamente. Arranjaram amantes por outras justificações.
Mais uma vez, a anedota é suprema. :)