sexta-feira

É assim que ela acorda?

Bonita. Esconde a rudeza dos anos. Espalha o aroma da sua pele. Descobre a simplicidade do sorriso. Balança a sensualidade da pele desnudada. Maria José acorda esplendorosa. Porque a noite foi intensa e excitante. Porque os sonhos flutuaram na sua cama. Porque a manhã é alegre e solarenga. Porque a companhia que preenche o lado oposto da sua cama é agradável e manteve-se até às primeiras horas da manhã. Acorda com ela. Henrique sente-se em casa. Aquela casa é sua. Ele empresta-a a uma mulher especial. A troco de uma renda e de uma paixão. Nada paga o que aconteceu na noite anterior, mas é assim que ele se sente. Um arrendatário. A mulher não é sua. Nunca lhe pertenceu. No entanto, a sua parceira acordou consigo. Bonita.
Foi uma noite típica. Maria José precisava da companhia do seu cunhado. Um homem sensato, tranquilo e que enchia os vazios da sua alma. Talvez não todos. Mas o que é certo é quando ele estava ali diante de si, Maria José não amargurava. Pelo contrário, a professora torna-se uma mulher viva, confiante e sensual quando aquele homem está presente. Numa companhia algo bizarra, a irmã da mulher de Henrique oferece-lhe um jantar a sós. Macarrão no forno. Que importa o que é a refeição? O vinho branco habitual soube bem. Os olhares misturava-se com palavras intimas e o beijo na cozinha, enquanto Maria José lavava a loiça. E mesmo sendo uma mulher quarentona arranjada, vistosa quanto baste para aliciar um homem como Henrique, a professora transpirava uma sensualidade até com as mãos e os braços envoltos em água. Esse beijo foi um convite mútuo a irem para o quarto, assim que a noite repousava. Na divisão que Henrique cedeu para as noites de nova solteira da cunhada, a cama era acolhedora. Ao mesmo tempo, o aroma que os lençóis expiravam assemelhavam-se a fruto proibido, a desejo irresistível. Peça a peça, ele despiu as roupas elegantes da amante e deu um novo aspecto à mulher. Maria José, nua, quente e suave, só podia entregar-se ao homem de uma forma intensa. Beijos, caricias, apalpões, linguas a circundarem os pescoços, mamilos rosados e rijos por entre lábios masculinos, coxas a roçarem no sexo oposto, ancas entusiasmadas em encontrar a melhor posição, braços a capturar o corpo do parceiro, mais apalpões, mais caricias, mais beijos. Maria José tinha o corpo do cunhado nas suas costas. Colado à sua pele já a suar. As mãos dele cobriam as suas mamas. As mãos dela espalmam-se na parede do topo da cama. Com os joelhos fincados no colchão, o casal de amantes erguia-se num abraço explosivo. O sexo de Henrique roçava as nádegas fofas da professora. Assim. Assim mesmo. O dono do 1º direito penetrou com ligeireza na rata de Maria José e arrancou um longo gemido da boca dela. A inquilina do apartamento do Edificio Magnolia enfeitiçou-se em tal mastro a irromper pelo seu interior. E sentiu-se segura. E sentiu-se possuída. E sentiu-se melhor do que nunca. O seu corpo era pressionado contra a parede. Os joelhos de Henrique pendiam e os dois sexos estimulavam-se em simultâneo. Nos beijos dele no pescoço dela. Na caricia vibrante das mãos do homem nos seios da mulher. Na forma como a pele dos dois adultos se tocavam. Nas respirações que se entrelaçavam entre si. Maria José e Henrique desejavam-se e navegavam fora dali. Esqueciam a postura que os define no dia a dia e extravasavam a sua sede. Tanto. Tanto que aquilo não chegava. A mera estimulação da vagina não deixava a mulher satisfeita. O constante entrar e sair do pénis de Henrique pedia mais. Era um chamamento para que aquilo terminasse de uma forma diferente. A mão dele a escorregar pelas costas macias dela. O indicador a deslizar pela nádega corada de Maria José. Húmido e sereno, o dedo de Henrique estimulou o buraco anal da professora. E depois de uma última penetração no âmago dela, o pénis encharcado entrou com um vigor delicado no rabo de Maria José. Era o auge de uma noite. Era o incendiar incontrolável de uma fogueira que já tinha sido ateada há muito tempo. E tudo o que aconteceu daí em diante alterou a lucidez da mulher. Porque os olhos não voltaram a abrir.
É um acordar diferente. As pupilas dos olhos descolam-se e a sua respiração parece distinta dos dias anteriores. Á pele dela guarda a marca da almofada que lhe guardou o sono. Os cabelos dela estão despenteados mas adornam a face dela como um arbusto podado. Sem perceber porquê, é assim que Henrique vê a sua amante. Ela está em silêncio. A mão dele toca-lhe na face, mas ela não reage. É como um desenho pintado por um artista inspirado. Tudo nela parece belo. Tudo o que exala de Maria José parece divino. Mas é assim que ela acorda. É assim que ele a sente depois de uma noite em que a professora se entregou por completo ao cunhado. A mulher puxa delicadamente o lençol para o lado. O seu corpo ainda está despido. Os seios ainda têm o toque dos beijos dele, o rosado de tanto desejo, a rigidez de tanta tesão. Ela aproxima-se da face dele e entrega-lhe um ligeiro beijo, misturado com um sorriso. É um bom dia gestual. É um bom dia diferente. É bom dia carregado de sede. Maria José sente o corpo carregado de suor. Graciosamente levanta-se da cama, abre os estores da janela e espreita para a rua. Sem receio que alguém vislumbre o seu peito nu. Olha para o seu amante e segue caminho até à casa de banho. Henrique sabe o que vai acontecer. A água da torneira corre no chuveiro. Cedo o vapor quente vai-se espalhar pela pequena divisão. E ele não duvida minimamente do que vai acontecer. E é impossivel recusar tamanha tentação.
Ele vai procurá-la dentro do chuveiro. Onde o corpo de Maria José já escorreu todo o suor da noite anterior. Vai pegar na esponja e vai procurar lavar-lhe o corpo, ao mesmo tempo que a mulher se vai certificar que o sexo dele está lavado e excitado. Os olhares vão-se trocar. Ele vai ficar embevecido com os olhos iluminados da professora, enquanto os joelhos dela flectem. Maria José vai deixar o homem louco de tanto acariciar o pénis entesado, enquanto a água quente do chuveiro corre por entre as pernas dele. Vai chupá-lo com dedicação. Vai-lhe dar a mostrar o desejo da boca dela. Vai encantá-lo com o calor que os lábios dela colam à ponta do seu sexo. E Henrique sabe que vai gemer. Vai acariciar os cabelos loiros e molhados dela. Vai pedir-lhe que não pare. Vai dizer que é fenomenal ser chupado por uma mulher assim. Vai confessar que adora. Que a adora. E assim que tudo estiver encaixado. Assim que ele percepcionar que está a ser chupado ao inicio de uma bela manhã, pela sua cunhada quarentona. Assim que ele inspirar fundo e realizar que tal acontecimento não é fruto da sua imaginação, Henrique vai vir-se.
É dia de trabalho. As rotinas são para se cumprir. Mas há momentos nestes dias úteis em que a mente bloqueia. Pára no tempo. Divaga sobre aquilo que não é normal acontecer no quotidiano. E nesse instante, Henrique reflecte sobre Maria José. Sobre a forma singela, apetecível, sedutora e única como a mulher desperta. É possível ter aquela mulher ao seu lado e sentir que há uma enorme probabilidade de ela poder acordar assim todos os dias? Será que alguma vez ele teria a ousadia de efectivamente se perder de amores por Maria José?

2 comentários:

luafeiticeira disse...

Aqui o tempo verbal Presente ou o Futuro próximo indicam-nos que Maria josé vai ceder, que afinal é um homem só que lhe pode preencher o vazio até então sentido.
beijos

Magnolia disse...

LUA FEITICEIRA, a Maria José tem mais dentro de si do que à primeira vista pode parecer. Aquilo que hoje se toma como certo, amanhã tem o coração a dizer-lhe que não é bem assim. Aguarda então por novos desenvolvimentos.
beijinho