sábado

Música ambiente

Imagine-se um espaço. Onde tudo é possivel. Em que o sonhado será inventado. O que existe acontecerá de novo. Num momento qualquer. A possibilidade de viver a imaginação acontece aqui, no Espaço Magnolia.
Clarisse arruma as cadeiras em cima das mesas. O chão já está quase limpo, a loiça está lavada, as cortinas já desceram, nas vidraças do estabelecimento. Apenas um dos candeeiros está aceso, guardando luz para que ela termine as arrumações e feche finalmente o café. Ela não consegue esconder o cansaço. O dia foi intenso e manter um lugar assim, especial, não é um trabalho simples. Quando ela chega ao balcão, sente as tarefas a concluirem-se. Sente os seus pés a descalçarem-se. Sente o seu corpo inundado num banho quente. Sente os lençóis lavados da cama a envolverem-se sobre si. No momento em que a porta de entrada do Espaço se abre, Clarisse imagina os seus olhos a fecharem.
- Desculpa, ainda posso entrar?
- Sim, claro...
Rodrigo entra delicadamente no estabelecimento. Faltam poucos minutos para a meia-noite. A hora é escusada, o momento impróprio. Ainda assim, ela sorri para o último cliente.
- Vi as luzes ligadas, passei aqui em frente e pensei que.....Ainda me serves um café?
- Desliguei a máquina há dez minutos...desculpa, Rodrigo. Mas posso aquecer água para um café instantâneo...Queres?
- ...Uhm...se beberes comigo, aceito.
Clarisse sorri. Um convite de Rodrigo, por mais penoso que pareça, é sempre apelativo. Conhecem-se desde que ela nasceu. O pai de Clarisse é sócio da empresa que gere o empreendimento Magnolia. O pai de Clarisse gere o Espaço. O pai de Clarisse deu o primeiro trabalho a Rodrigo, há vinte e sete anos atrás. Clarisse nasceu cinco dias depois de Rodrigo começar a sua vida profissional. Rodrigo tinha dezassete anos quando segurou pela primeira vez ao colo a filha do ex-patrão. Rodrigo foi padrinho de todas as celebrações religiosas de Clarisse. Rodrigo dormiu com a funcionária do Espaço Magnolia, na noite em que ela acabou com o seu último namorado, há seis meses.
- A tua mulher?!...
- Saiu com as amigas...
- Não estás com medo?
- Acho que ela tem que ter mais receio do que eu.
Enquanto Clarisse prepara o café instantâneo num dos balcões interiores, Rodrigo passeia-se pelo chão do Espaço. Levemente, o seu passo segue até à relíquia do estabelecimento. A máquina dos sonhos do café. A fábrica de surrealidades. Em silêncio, Rodrigo leva a mão ao bolso e pega numa moeda. Insere na ranhura e carrega num botão. O engenho move-se. Transforma. Fabrica. Cria. A jukebox instalada junto à parede do lado direito liberta o seu encanto. Um som ligeiro sintetizado assemelha-se a uma bateria. Pede atenção à alma. Pede um gesto ao coração. Aproxima um olhar. Clarisse ouve a música que se espalha e volta a sorrir, encantada com a atitude do seu cliente especial.
- Adoro esta música... - diz ela.
- Eu sei...
- Danças comigo?
- O teu café está pronto.
- Traz-mo cá.
Clarisse sabe. Clarisse conhece o homem. Clarisse não vai fechar o café enquanto ela não lhe pertencer. Por um pedaço. Até a música acabar? Até o café acabar? Sim, até a sede terminar. Rodrigo espera pela jovem até ela estar a dois palmos do seu corpo. Recebe a chávena quente, recebe os braços dela que se estendem nos seus ombros, ligeiramente mais altos. Rodrigo dança com ela, mexe o corpo dela, tatua as suas mãos na pele descoberta da costas dela. Clarisse gosta. Embolida pela música suave mas intensa, de voz rude mas meiga, de batida leve mas sintetizada. O feitiço é lançado. Por uns instantes, a alma do café reabriu. Só para eles.
- Sabes que é perigoso, Rodrigo, não sabes?
- Sim...é isso que me dá tusa.
- Não o podemos fazer aqui....
- Claro que podemos...e tu sabes disso...
- Tenho que ir trancar a porta.
- Para quê?
- Pode aparecer o meu pai...a tua mulher...
- ...um cliente que queira foder contigo...
- Pára!...
- Queres que pare?
- Pára de mostrar que sabes dançar e entra logo em mim.
A cabeça de Clarisse ainda pousa no peito dele. As chávenas de café repousam nas costas quentes deles. A música vai repousando. Embala o ambiente que se vive naquele Espaço fechado. Entusiasma a sede que se apodera dos dois e que só com a intensidade da cafeína instantânea pode ser saciada. Rodrigo pega na chávena dela e coloca-a, juntamente com a sua, numa das mesas do café. Segura as nádegas dela e empurra-a contra a jukebox que ainda desempenha o seu trabalho. Tira a sua camisola. Está calor. Tira a camisola dela. Ela está a arder. Espalha os seios generosos da jovem pelo corpo escaldante dela. Baixa as calças porque algo em si entra em combustão. Abre as calças pretas dela, porque algo entre as pernas de Clarisse arde. Há um beijo. Sim, é possivel constatar um beijo por entre as labaredas do desejo. São os lábios dela que abrasam a boca dela. São as mãos dele que levitam o corpo dela, arrastando as costas da mulher pelo vidro da máquina.
- Siiim!...E se ela aparecer ali...o que lhe dizes? - diz Clarisse entusiasmada.
- Que tu és minha!...
- E se ela sair e te deixar?...
- Continuo a foder-te!
- E se for para sempre?
- Vens-te para sempre?
Clarisse sorri. Sente o seu corpo apertado contra o dele. Sente o seu rabo a deslizar no vidro. Sente as mãos dele aprisionarem-lhe as coxas. Sente a boca dele deliciar-se nas suas mamas enormes. Sente os dentes trincarem-lhe os mamilos rijos e desejosos. Sentir. Tudo o que Clarisse pode é sentir, quando o sexo dele a penetra com vigor. A rata molhada, quente, carnuda, impetuosamente escaldante, está agora aberta para Rodrigo. Clarisse sorri.
Rodrigo é um cliente. Ela é simpática e atende ao pedido dele. Rodrigo é um amigo. Ela é simpática e espera um favor dele. Clarisse sorri. Segura a cabeça dele com as suas mãos exaustas. Olha para a boca dele, perdida no seu peito. Redondas, grandes, a descair de uma forma sublime. É o segredo de Clarisse. As suas mamas imponentes e vistosas. E ele quer. E ele gosta. E ele dá-lhe prazer, apenas com a sua boca. Ela entesa-se. O dela bate no vidro com força. A sua rata é penetrada repetidamente. Os seus lábios vaginais roçam no sexo entesado dele. Como uma haste. Como se toda a força de Rodrigo se concentrasse naquele pedaço de carne, que segura todo o corpo da amante. E as mamas a serem comidos. E os braços carinhosos que envolvem a cabeça dele. E o seu a abanar. E a sua rata a arder. E a máquina que ainda não parou por completo.
- Gosto...sim...Gosto mesmo! Oh! Fode!...Sim, fode...eu gosto!...Oh...Gosto mesmo!
A jukebox encerra. As luzes que foram accionadas quando foi inserida a moeda apagam-se. Sobra apenas uma espécie de luz laranja de presença que reflecte na pele macia das coxas de Clarisse. A música terminou. O único som ambiente que ecoa neste Espaço são os gemidos finos dela. Após cada penetração. Após uma trincadela mais forte nas mamas da jovem. Após as nádegas roçarem no vidro morno e molhado. Após mais dois ou três movimentos que fodem a sua rata. Após cada momento intenso, Clarisse geme. As suas pernas abrem-se, os lábios vaginais dilatam-se. A sua boca abre-se, os lábios secos incham. Rodrigo não pára de a foder. As suas forças vão-se esgotando mas ele entrega tudo o que pode à sua amante. E ela recebe. E ele come-lhe as mamas. E ela geme. Num momento ansiado. Num momento sonhado. Num momento concretizado pela magia do Espaço Magnolia, o orgasmo desdobra-se nos dois corpos. Rodrigo despeja toda a sua fúria nas ancas e aperta o seu sexo entre as pernas da jovem. Clarisse segura-se aos ombros do homem casado, aguenta as constantes sacudidelas do seu rabo contra o vidro que a qualquer momento cede e foca toda a sua energia para o seu cérebro. Ele vem-se. Mas vem-se com a boca afogada no peito dela. Ela geme. Mas geme um grito louco. Há um abraço. Percebe-se um abraço forte entre os dois. Forte. Intenso. Tão intenso que parece quebrar a postura dos dois. Ela aperta a cabeça dele contra o vale entre os seus seios. Ele aperta as coxas dela, levanta-as um pouco e entrega os últimos movimentos para dentro do sexo dela. Quebram-se as forças. Rodrigo flecte as pernas e segura os joelhos no chão. Clarisse sente as nádegas escorregarem pelo vidro, deixando um rasto de suor. Sentada em cima dele, perto do chão, Ela acaricia a face ruborizada dele. Mostra-lhe que adorou. Mostra que está deliciada e satisfeita. Mostra que gosta da forma como ele ainda se fascina com os seus seios. Atenciosa, meiga, bonita, sorridente, especial. Clarisse pertence a Rodrigo, dentro deste Espaço surreal.
- Convidava-te a subir. - diz ele.
- Agora, depois de te oferecer o café. Agora que ainda ouço a música que me dedicaste. Agora que me fodeste no meu local de trabalho...Agora...Convido-te eu a sair, a esperares pela tua mulher e voltares amanhã a horas decentes.
- E tu?
- Vou para casa fechar os olhos, feliz da vida.
Rodrigo sorri. Porque Clarisse tem um encanto especial. O que existe, acontecerá de novo no Espaço Magnolia. E nesta noite, quando subir ao 1º direito, aguardando pela sua esposa, ele vai sonhar com ela. Ela vai sentir. E Clarisse vai sorrir.

5 comentários:

luafeiticeira disse...

E sou eu que devo editar um livro? Não, tu é que já tens o argumento, capítulos aprovados, daqui a um mês estará nas editoras, brevemente aprovado, brevemente nas bancas, eu comprá-lo-ei.
Beijos duma cliente

Anónimo disse...

Magnólia
Serei o segundo a comprar teu livro, desde que ele conte o que diz a carta que a Maria José recebeu do carteiro
Bjs
Julio135

Red Light Special disse...

aiiiiiiiiii.. socorro! tirem-me deste edificio com perfume de flor, tou viciada!!
Dos post mais excitantes que já te li magnolia!!!
Fiquei MALUCA!!!
ahahahahahah
Beijossssssssssssssssssss!!!

Magnolia disse...

LUA FEITICEIRA, se esse dia surgir, serás sem dúvida uma das clientes com um autógrafo especial :) Seria uma ideia muito surreal...
JULIO 135, mais um autógrafo especial :) a carta pode conter um segredo, uma revelação, mas também pode trazer a conta da luz.
RED LIGHT, o que mais se pode dizer? É muito entusiasmante a forma como vibras com as visitas ao Edificio. Maluca e quente...Volta sempre :)

Cristina Paulo disse...

escreve, publica que eu compro e recomendo :)
Obrigada pela visita ao meu canto...a espiritualidade e o erotismo, o esoterico e a sensualidade...alma e corpo devem ser os nossos templos de descoberta.
Bjos deliciados