terça-feira

Batidos de chocolate

A luz radiante entra pelo vidro da fachada. Espalha-se pelo chão encerado, de mármore bege. Ilumina a envolvência do ambiente. Irradia-se pela estado de espirito das pessoas que se sentam com vagar de tudo. No Espaço Magnolia, o tempo não corre. Demora-se. Mesmo que não haja tempo e quando a pressa urge, entrar neste estabelecimento altera a percepção da realidade. Porque sabe bem estar aqui. Porque quer-se estar aqui. São quinze mesas disponiveis para tomar café, lanchar, tomar refeições rápidas, deliciar-se com as especialidades que a casa oferece. A decoração tem um estilo muito próprio, simples, sem excessos requintados, sem objectos desnecessários a ocupar espaço. O nome está bem definido. Os principios nunca foram deturpados. Se o café se chama Espaço Magnolia, é porque isso é um conceito. E até os poucos funcionários vivem esse espirito. Dedicados, amigos do cliente, perfeccionistas, humanos. Clarisse trabalha neste estabelecimento há cerca de um ano e meio. Atenciosa, meiga, bonita, sorridente, especial. A sua aparência jovem, a sua face terna mas intensamente sensual e o seu corpo vistoso chamam a atenção aos novos clientes e seguram a fidelidade dos clientes mais antigos. Desde que sai do balcão para ir atender alguém, Clarisse está sempre pronta para viver o verdadeiro espirito do Espaço. O bar não está cheio. Dois clientes acabam de sair para o mundo real. Três mesas estão ocupadas de almas enfeitiçadas. E junto à janela, está uma cliente habitual, acompanhada.
- Boa tarde, Ana!...
- Olá, Clarisse, estás boa?
- Sim!...O que vão querer?
Atenciosa, meiga, bonita, sorridente, especial. Em cada momento, em cada palavra, em cada gesto, em todas as atitudes.
- Quais são os batidos que têm hoje? - pergunta Ana.
- Temos de chocolate, morango e...hoje fui eu mesmo que fiz um batido de banana fabuloso.
- Uhm...Então traz os de chocolate.
- Quantos? Dois?
- Sim, eu quero que ele prove a delicia desta casa.
Ele chama-se Pedro. É um amigo colorido de Ana. Melhor, é o amigo colorido da jovem acompanhante. Da mesma idade que ela, Pedro é a foda dos tempos livres de Ana. Nem namorado, nem um caso. Pedro é amigo colorido, ponto. Estudou com ela durante algum tempo. Confidente nos tempos dificeis. Foi ele que testemunhou o momento especial dela quando a jovem perdeu a virgindade, aos dezassete anos. É ele que entende, percebe, escuta e aprova a ocupação excêntrica dela. Continua a ser ele o homem escolhido quando Ana precisa de tomar um café com um amigo e por sua vez ir para a cama com ele, sem compromissos.
- Foi ela mesmo que fez o batido de banana? - pergunta sarcasticamente Pedro.
- E nem imaginas como ela os faz maravilhosamente bem....
- Incrível...Como estás tu, Ana?
- Feliz, relaxada com estas tardes vagarosas, ansiosa pelo fim de semana que ai vem.
- O que vai acontecer este fim de semana?
- Foda, prazer, foda, loucura...foda...
Pedro sorri. Só ele consegue entender a verdadeira forma de Ana encarar a sua escolha profissional. Apenas ele tem o alcance suficiente de ter relações com uma mulher que sente prazer em ganhar dinheiro com o sexo e erotismo. Mais do que o excitar, ele valoriza a personalidade forte da amiga. Clarisse traz os batidos. Ele não consegue evitar lançar um olhar indiscreto à jovem funcionária. Será este batido de chocolate tão saboroso quanto o de banana parece ser?
- E gajos? Namorados? Alguma novidade? - recomeça Pedro.
- Pretendentes não faltam. Frustrados abundam. O que queres? Os homens que verdadeiramente valem a pena ou tornam-se demasiado bons amigos para ficar com eles...ou então são aqueles que estão dispostos a pagar para ter relações com uma mulher que não conhecem.
Ele parece gostar do batido de chocolate. Denso, saboroso, excitante para a boca, estimulante para o cérebro. A conversa estende-se por alguns minutos. Conversa de amigos, misturada com uma intimidade só possivel entre Ana e Pedro. Eles não são amantes, não são namorados, não são amigos. Fazem parte de uma vivência única que não se encaixa em nenhuma das definições anteriores e que entra em ebulição neste espaço surreal.
- Quando é que me ofereces um jantar feito pela outra Ana?
- Não sei...Quando achares que tens tomates para ser meu cliente.
- Preciso de ser teu cliente?
- Este batido excita-me muito mais do que os jantares que ofereço aos meus clientes.
O convite está feito. Ana consome todo o conteúdo do copo. O ar dos pulmões dela procura puxar o resto de leite que ainda sobra. Os seus lábios chupam a palha. O som borbulhento ecoa no copo. O olhar de Ana atira-se ferozmente à face de Pedro, a toda a sua alma. A atmosfera que rodeia os dois jovens explica-se na intensidade provocada naquela área do espaço. O breve silêncio que absorve a música ambiente naquela zona, é fruto do desejo que se intensifica entre os dois corpos. Um simples levantar do olhar para Clarisse e é possivel pagar em dois minutos. Saindo do Espaço Magnolia, o tempo já corre naturalmente, com pressas, com compromissos.
Pedro já conhece o lar da amiga. Sabe perfeitamente que Ana usa o apartamento para viver a sua vida, receber os seus amigos e receber os seus clientes. Tal como ela, o 3º direito do Edificio Magnolia tem uma vida diária e uma vida nocturna. No entanto, é uma casa única, com personalidade, com afecto, com a dose certa de intimidade. E ele sente-se perfeitamente à vontade neste lugar. Senta-se num banco que está à mão, mesmo no meio da cozinha. Ana está na casa de banho e depressa sai, já sem roupa, apenas com lingerie. Ao contrário da máscara que veste à noite, Ana está confortavelmente sedutora. Com um sorriso meigo, mesmo que esteja quase despida, à frente de um homem. Com um ar tranquilo, mesmo que passeie o seu corpo fenomenal pela cozinha. E Pedro olha para a amiga com a maior naturalidade possível. Não será a última vez que ele tem o prazer descomprometido de estar com Ana, naquele ambiente sedutor. Ela vai falando com ele sossegadamente. Trocam palavras banais, mas algo os faz ferver. A jovem abre o frigorifico e retira um iogurte de chocolate. Abre o boião, pega numa colher e aproxima-se de Pedro. Ajoelha-se defronte dele e prova o iogurte. Pousa a embalagem no chão e desaperta as calças ao amigo. Volta a saborear mais uma colher e depois de tirar o sexo entesado do rapaz, levanta a cabeça para se fixar no olhar dele. Com dois dedos, colhe um pedaço de chocolate e esfrega na ponta da picha de Pedro.
- Com que então querias provar o de banana... - diz ela.
E enfia o pau teso dele no interior da sua boca. Molhada pelo iogurte. Gelada pelo chocolate frio. Imediatamente, Pedro é invadido por uma sensação divinal, semelhante àquilo que sentiu no Espaço Magnolia, onde o batido o deixou suficientemente excitado para ansiar este momento. Ana chupa-o lentamente. Com gosto, sem pressas, sem obrigações. Não é um cliente que ela tem diante de si. Não é um homem que procura no seu corpo algo material. Pedro é o pedaço excitante da sua tarde, da sua personalidade meiga, carinhosa e que vive a vida de uma forma tranquila. Ele acaricia os cabelos encaracoladas da amiga. Para Pedro, a mulher que o chupa é especial. É uma amiga colorida, que abre a boca para apenas dizer as palavras certas, que abre a boca para comer o seu corpo. É uma profissional do sexo, que o estimula como só as fantasias mais ousadas dele são capazes de alcançar. Mas Ana, no momento em que segura as bolas dele, não é uma amante, não é uma puta. É a mulher que o conhece melhor que ninguém. Porque para fazer um broche assim, Ana não pode ser só amante dele. Precisa de o conhecer, de saber o que ele gosta, de saber como gosta. E Pedro gosta que ela o chupe calmamante, de uma forma atrevida, se possivel, com condimentos à mistura. A sensação do iogurte frio a derreter no calor do sexo masculino cria sensações loucas e efémeras nos dois amantes. Pedro precisa de se libertar e vem-se. Ana procura saborear aquela refeição prazeirente. Ao mesmo tempo que lhe esfrega o sexo velozmente, ela delicia-se com a mistura de sabores nos seus lábios, com a miscelânea de sensações quentes e frias que se espalham dentro da sua boca.
- Sem dúvida chocolate, Ana...ohhh!
O sexo dele é agora um mastro apetitoso. É um pedaço de carne que tem que ser engolido pelo desejo. Ana senta-se ao colo do amante e beija-o, ainda com o iogurte a molhar-lhe a boca. Pedro recebe o corpo da amiga, envolvendo-a com as mãos carinhosas, sábias. Ela desvia a cueca preta e movimenta as ancas, de forma a que o sexo dele penetre bem fundo dentro de si. Ele abre o soutien dela e chupa o pescoço da jovem. Em cima do banco da cozinha, a foda consuma-se. Ela cavalga sobre Pedro. Os seios da mulher querem sair da peça de roupa. Pedro puxa sedutoramente as alças e retira delicamente o soutien. Ana geme junto ao ouvido dele. A foda é descomprometida. A união é meramente colorida. As cores que despertam das suas almas não têm um tom definido. Navegam entre as cores fortes e as colorações ténues. Assemelham-se a um arco íris, mas com cores vivas, intensas, escaldantes. Por isso é que eles são amigos coloridos. Porque ele sente que ela sempre foi sua mas nunca lhe pertenceu. Ana não encarna o espirito de acompanhante, mas entrega-se a ele como a puta que ele anseia quando a convida para tomar café. A boca de Pedro delicia-se com as mamas poderosas dela. São dois pedaços de carne macios, sublimes, com uma cor que só ele vê. Com um sabor que só ele retira dos mamilos que agora chupa. E Ana continua a saltar. A picha adornada de chocolate entra com força dentro da rata, que escorre as sobras do broche, misturado com os sucos vaginais. E quando a supremacia do auge tende a apoderar-se dos corpos deles, existe a procura de segurar o momento. De pará-lo. Como no Espaço. Ana envolve o pescoço dele com as suas mãos, apertando a cabeça contra o seu peito. As mãos de Pedro agarram as coxas escaldantes da amiga, para depois ficar os dedos nas nádegas redondas dela. É forte o que eles sentem. É louca a forma como eles se comem num pequeno banco. É delirante a tensão que existe quando ela grita no ouvido dele. É excitante a sede que invade a boca dele quando o homem chupa com ternura as mamas dela. É cedo demais para eles se virem. Porque o momento dos dois amigos e amantes nunca será perfeito. Toca nos píncaros da loucura perfeita. Mas não a atinge. E isso é um vazio. Porque Ana é acompanhante e ele será sempre o seu amigo colorido. O vazio não se pode esconder. Dentro dela está o sexo teso e encharcado do amante. Dentro dele está o calor do corpo dela, o aroma da sua boca, a excitação do orgasmo dele. Dentro do vazio, só se pode espalhar pedaços de prazer intenso. A tarde vai cessando. A vida de ambos continua. Ela deseja vestir a sua máscara nocturna. Pedro tem a ombridade de saber que terá que sair. Até lá, a paixão subsiste nas suas almas. O corpo dela repousa no colo de Pedro. Ana roça os seios tesos e quentes no pescoço dele. A exaustão dele repousa na delicadeza da pele jovem da mulher. Se o batido era refrescante. Se o broche foi misturado entre o calor e frio dos sabores. Se a foda foi quente. O beijo que os une tem que atingir um estado febril. Só assim se explica a longa intensidade daquele gesto que quase toca a perfeição, quase enche o vazio.

5 comentários:

Anónimo disse...

Amo cada pedaço de ti....tudo o que sai de ti...e que e´ so meu!...Amo as nossas noites...os nossos dias...e todas as entrelinhas que pintas na nossa vda...amo-te....tanto....ainda...e cada vez mais!

Red Light Special disse...

Doce...
Suave...
Divinal...
Colorido...
Temperado...
Excitante...
Adorei este teu post com pitadas de "splosh" à mistura... sempre a explorar (e bem!) 1001 fetishes!
Lindo magnólia!

Shelyak disse...

Estas amizades coloridas...sempre excitantes, confesse-se...:)

luafeiticeira disse...

Não será o meu texto preferido, mas está bom na mesma. Vou ler os outros, aliás tirei a tarde de sábado para me pôr em dia com os textos que postas à velocidade da luz. Beijos

Magnolia disse...

ANONIMO......................
RED LIGHT, o pormenor das pitadas de splosh só podem ser motivantes para colocar mais fetishes. E irão aparecer mais...
SHELYAK, um dia surgirá uma definição concreta de amizades coloridas. A contrapor às amizades cinzentas. :)
LUA FEITICEIRA, nem todos os textos tem que ser do agrado de todos os leitores. De qualquer forma, é esperado que nenhum deles retire o entusiasmo dos bloguistas que gostam de visitar o Edificio.