sexta-feira

3º Esquerdo

Ele entra no Edificio Magnólia com um sorriso ansioso na face. Fecha a porta com gentileza e apressa-se a verificar a caixa de correio no canto superior esquerdo. Com um passo intenso aproxima-se do elevador, esperando que a porta se abra. Entra no ascensor e não consegue libertar aquele sorriso embaraçado. A porta do elevador abre-se e finalmente ele pode abrir a porta. Rafael estende a mão e permite a entrada da sua convidada na residência dele, o 3º Direito.
O professor Neves vive sozinho. Homem solteiro de 33 anos, é uma pessoa activa, instrutor de equitação numa associação dos arredores da cidade. Desde o momento em que acorda até adormecer, Rafael exercita o corpo, liberta energias, mantém a postura física, que se apresenta como a sua virtude essencial. Pelo menos, é esta a sua convicção. Acima de tudo, é este espirito desportista, visivel na sua constante imagem atlética que lhe permite preencher uma das suas necessidades básicas. Sexo. Neves não gosta de compromissos. A ideia de uma relação prolongada assusta-o, tanto como ficar um dia sem fazer desporto. Neves não deixa invadirem a sua privacidade, não deixa que encontrem o seu lado sentimental. O coração, aquele instrumento transcendente que regula o bem-estar sentimental da alma do ser humano, está escondido no interior de Rafael. É dificil encontrar alguém que já tenha tocado no seu coração. É impossivel encontrar uma mulher que descobrisse a chave do amor deste homem. Rafael apaixona-se. Mas por breves momentos. Pelos momentos que preenchem a necessidade de sentir prazer. A paixão de Rafael é efémera. E quando se pensa que ele usa as mulheres que se apaixonam por ele, com certeza que se está a fazer um julgamento errado. As mulheres desejam-no. Mesmo que seja por um momento efémero. As mulheres que caem nos braços de Rafael não se iludem. Sabem que ele é um homem a ser usado. E o professor adora ser usado.
A sua convidada não entra no 3º Esquerdo ludibriada. Sabe ao que vem, sabe o que quer, sabe como vai acabar. A mulher trabalha na rua do Edificio Magnólia. É enfermeira numa clinica, vinte metros abaixo dali. Conhece Rafael dos exames clinicos que ele efectua, no mesmo espaço médico. Da mesma idade que ele, a mulher loira foi capturada pela sedução que ele espalha às mulheres que deseja. E no momento em que ela se procura estar à vontade naquele lar impessoal mas moderno, ela sente-se hipnotizada pelo desejo. Não há muito a falar. Todos os passos necessários para chegar àquele instante já foram tomados. Ele chegou à rua de bicicleta, por volta das seis horas. Ela sabia a rotina dele. Fingiu passar junto ao Edificio no mesmo momento em que ele prende a bicicleta a um pequeno gradeamento. Ele gostou de a ver com um sorriso. Dois dedos de conversa e o convite para entrar já tardava. No corredor da casa dele, não há muito a falar. Ela sorri e anseia por um avanço dele. Rafael nem precisa de pensar o que pode fazer. Ele pura e simplesmente age. Com as mãos imponentes envolve a face da mulher, um pouco mais baixa que ele, e consome os lábios finos da mulher. Ela procura mostrar surpresa mas a sua ansiedade fez envolver os braços no corpo largo do amante conquistado. Rafael tem o corpo coberto de suor. Já era um hábito ver o atleta profissional transpirado, antes de chegar a casa. A rotina mantém-se. Ele precisa de um duche. E trazer uma mulher a casa, àquela hora, não é impedimento para ele quebrar hábitos. Despiu a t-shirt e desnudou o peito trabalhado. Ela já tinha visto aquela imagem. Numa das camas do consultório, onde ele efectua exames regulares, ela tinha o privilégio de fixar cada canto dos abdominais, cada pormenor dos peitos morenos, cada inspiração do tronco do homem. Neste momento, aquilo pertence-lhe. Rafael pega na mão frágil da enfermeira e leva-a para a casa de banho. Por entre chupões no pele rugosa do pescoço dela, apalpões no rabo firme da mulher e as mãos dela a tatuarem as suas caricias no peito dele, os amantes despem-se. O que ela sempre ansiou concretiza-se. O corpo de Rafael é o seu brinquedo. A mulher é sensual. Os seus ombros suaves brilham de ternura, os seus braços são ramos ténues, os seus seios são cremosos e a sua rata está a arder de desejo. Á água do chuveiro já corre a ferver. Com a sua força atlética, Neves segura a mulher e retira-lhe os pés do chão. Ela eleva o seu sonho até ao poliban, onde a água escaldante arrepia a sua excitação. Ele encosta-a à parede ainda fria e húmida, encostando o seu corpo forte à ligeireza da postura dela. A enfermeira está na posse dele. No entanto, a mulher espelha no olhar a certeza de que o conquistou e domou. Rafael irá fazer exactamente o que ela sempre desejou. Mas o professor é um homem experiente. Sabe como por uma mulher louca, sabe dar-lhe aquilo que ela de facto quer, mas com uma dose irreverente de surpresa. Rafael não se limita a foder uma mulher. Prova-a, come-a com convicção e faz com que ela saboreie cada momento. O homem é um brinquedo sexual. Neves pega o sabão branco, seguro numa prateleira, próxima do chuveiro. Ele esfrega com ternura a bochecha dela, desliza com o sabonete pelo pescoço, ensaboa o ombro da mulher. Ela derrete-se. A enfermeira sabe perfeitamente que tem que se controlar. Qualquer gesto dele pode levá-la à loucura. Fixa o olhar nele e sente o sabão percorrer-lhe as mamas. E mesmo que ela esperasse aquilo, jamais podia imaginar que sabe deliciosamente bem o pedaço de sabão a escorregar pela rata dela. Rafael lava os lábios vaginais da mulher enquanto demora a sua boca no pescoço irresistivel da enfermeira. Agora, a convidada de Neves está no limiar do êxtase. Ele larga o sabão, pressiona-a contra a parede e agarra uma coxa dela. A amante pressente que vai ser possuida. Os dedos das suas mãos ansiosas fincam-se nas nádegas de perdição do homem. A excitação dele é de tal maneira que o seu pénis enterra-se na rata dela de uma forma imponente. Ela deixa de conseguir respirar. O gemido largado é o impulso que o conecta a ele. Rafael domina o corpo da amante. Penetra-a sem qualquer tipo de leveza sentimental. Ela é excitante e deseja-o. Ele apenas lhe entrega aquilo que ela pediu. E a enfermeira gosta. O coração fogoso da mulher explode de cada vez que ele entra em si profundamente. As suas mamas pulam graciosamente quando as suas ancas se movimentam. Ele está a adorar fodê-la. Delira com a forma como ela se entrega. Excita-se com o pescoço dela. Enlouquece com o calor da rata da vizinha. Ela gosta. Ela derrete-se. Ela engole cada pedaço de prazer. Ela nunca teve uma foda assim. Qualquer homem consegue amar uma mulher assim. Mas poucos homens conseguem levar a enfermeira à loucura como Rafael está a conseguir. O vapor mistura-se entre os corpos deles. O suor já foi lavado do corpo do professor. Deu lugar a uma sede de se vir na mulher que o deseja. A amante levanta uma perna, a ponto de a segurar no puxador da porta transparente do poliban. O sexo dela está autenticamente disponivel para ser penetrado profundamente pelo pénis grosso dele. E nada mais há a sentir. Nada mais há a desejar. O limite do prazer de uma foda emergente como esta é atingido. As mãos dela agarram a cabeça dele, a boca dele engole o seio teso da enfermeira. O sexo dele explodiu no interior escaldante da rata dela. A mulher não tem pudor em gritar. A casa não é dela. O amante não lhe pertence. É apenas um brinquedo emprestado do qual ela pode desfrutar por uns momentos inesqueciveis. O orgasmo dela é a concretização de uma fantasia. Sem expectativas goradas.
Ela consegue repousar. O formigueiro que invade a planta dos seus pés pode ser um sinal de anestesia total do corpo. Mas a mulher sente-se agora a voltar à terra. Como que um acordar de um sonho. O seu amante está ali. Nu, ainda teso. Ainda a segurar o seu corpo consolado. Daqui a nada ela deixará de estar naquela casa. Mas quando ela lhe entrega um enorme beijo doce, quente e selvagem, a enfermeira não alimenta esperanças. Rafael não irá amá-la. Não lhe irá pedir para ficar a noite. Nem sequer lhe irá implorar um próximo encontro. E mesmo que isso possa voltar a acontecer, ela sabe que o professor não lhe pertence.
Rafael é um homem convicto. Sabe que as mulheres o desejam. Sabe que qualquer uma das vizinhas da sua rua conhece os seus dotes. Sabe que mais cedo ou mais tarde muitas delas irão acabar na sua cama, no seu chuveiro, na sua casa. E a frieza do seu coração será sempre compensada com orgasmos avassaladores. O amor da sua vida ainda está para vir. Literalmente.

10 comentários:

almasgemeas disse...

Muito original, vou seguir atentamente e palpitar quem é real. Veremos se consigo.

luafeiticeira disse...

Não podes ter terminado aqui, tens de criar outros andares, outras histórias. Que interessa qual a história verdadeira? Vou votar, mas por cortesia, pois no que votaria seria na continuação daquilo que aqui iniciaste, que descobri ontem e que tanto me prendeu.
Beijos continuados

luafeiticeira disse...

Bem, não me chegaste a dizer se te podia linkar, mas como vi aqui o meu blog...

Anónimo disse...

Antes de mais um pequeno reparo, no terceiro paragrafo não será 3º Esquerdo em vez de 2º Direito?

Quando ao apartamento real:
Opção A:
Será este, o 3º Esquerdo, o Rafael?! Serás um homem??!! Hummm...Acho que sim, alguns pormenores aparentemente insignificantes levam-me a apostar no 3º Esquerdo...
Opção B:
Ou será que são todos imaginários apesar de todos eles poderem ser reais?! Esta hipotese ainda ninguem colocou, mas tão válida quanto qualquer outra...

Continua...gostei da ideia, bastante original e põe a nossa cabecinha a funcionar...

Rosa Vermelha

Rosa Vermelha... disse...

Já agora contornem a rotunda do sexo, quem sabe se não fica nas proximidades do edificio magnólia... :)

Rosa Vermelha
rotundadosexu.blogspot.com

Magnolia disse...

ROSA VERMELHA, obrigada pelo comentário. Obrigada pelo reparo. Extremamente útil num blog que se baseiam em saber onde fica cada casa. Possivelmente distracção. :)
Quanto à opinião, mesmo que não seja tão pessoal, espero que possas ler o post de amanhã. Poderá esclarecer algumas situações, inclusivé a que especificaste. Como já foi dito anteriormente, até ao momento qualquer palpite poderá ser o certo.

Beijinhos, mais uma vez obrigada, continua a visitar o Edificio e espero que abras a porta para ler o post especial de amanhã.

P.S. - A rotunda do sexo apropria-se muito bem à rua do Edificio Magnolia. Deste lado vai-se estar atento aos desenvolvimentos da rotunda. :)

Shelyak disse...

Maravilha de texto e tão terrivelmente real... até parece que o sentes na pele...
Abraço!:)

Red Light Special disse...

aiiiiiiiiiiiiiiiiii...
Delirei com este final... pois sei que o amor da minha vida já se veio, vezes e vezes sem fim dentro de mim.
Questiono-me se não terei outros amores da minha vida... terei que esperar para ver.
Quanto ao 3º esquerdo... é pura realidade! Conheço homens assim, mulheres assim... realidades semelhantes. Finalmente consegui entrar no seu mundo íntimo e secreto, como se um filme estivesse a ser exibido para mim...
Fabuloso!
Nem te digo o estado em que fiquei... ihihih!

Red Light Special disse...

Este teu post deu origem a outro meu... que teve origem num corte de electricidade cá em casa quando te estava a ler... olha o q tu me fizeste!
ihihih
Tomei a liberdade de fazer uma referencia ao teu blog nesse post, espero q nao te importes.
Vou continuar a ler o blog... q ontem fiquei com a leitura toda atrasada... e já vi que tens "produzido" muito!
ihih
Beijossssssss!!!

Sexhaler disse...

Este post dá vontade de dizer...
Sai um Neves para a mesa do canto, fáxavor!
LOL

Beijo