segunda-feira

1º Esquerdo

Sobem-se dois degraus de mármore branco, antes de aceder à porta de vidro, ladeada de um caixilho branco pérola. Do lado direito estão sete caixas de correio. A de cada fracção, juntamente com a do condominio. Do lado esquerdo, encontra-se uma enorme caixa cinzenta, com seis campainhas e no topo uma câmara de video. Em cada uma das campainhas, é possivel verificar o número de cada um dos apartamentos, bem como as pessoas de contacto correspondentes. No Edificio Magnólia, a imaginação começa assim que se entra pela porta principal.





No 1º Esquerdo mora uma família nuclear, com um agregado familiar comum. Helena e Rodrigo estão casados há dezanove anos. Têm dois filhos, um com dezoito anos, o outro acabou de completar dezasseis. Poder-se-ia dizer que eles representam um lar perfeito. O homem e a sua cônjugue tem a vida definida, uma empresa de manutenção que gerem em comum, com proveitos mensais acima da média, filhos perfeitos e uma aparência vistosa, aos olhos de quem eles pretendem agradar. Helena e o seu marido têm uma vida mais que perfeita. Ilusoriamente...

O filho mais velho do casal estuda numa cidade próxima. Escolheu um curso que lhe permitiu uma certa independência dos pais. Ainda assim, porque esta familia preza a união e a demonstração de amor mútuo, ele regressava a casa quase todos os fins-de-semana. E por capricho, era Rodrigo quem ia buscar o filho à casa alugada na cidade a 50 quilómetros dali. Esta era a rotina que a familia se tinha acostumado desde que o jovem ingressou no curso que lhe iria garantir o futuro na área da Engenharia Civil. Sexta-feira à tarde, depois de terminar um dia mais curto de trabalho, Rodrigo deixa a cidade. No entanto, antes mesmo de ir buscar o filho à hora marcada, ele irá encontrar-se com o seu segredo. Nos arredores da cidade onde o filho de Rodrigo estuda, mora uma funcionária da secretaria da universidade local. Vinte e cinco minutos antes das seis, o homem de 45 anos toca à campainha da mulher solteira, dezasseis anos mais nova que ele. À espera dele, está um beijo intenso misturado com as linguas e uma lingerie vermelha envolta num corpo ousado e intimamente irresistivel. Ela gostava de receber o amante com o perfume de pétalas indonésias e um broche quente e meigo no hall de entrada. O tempo é importante na relação adúltera de Rodrigo, por isso as palavras escasseiam nestes minutos loucos. Assim que ela o põe irremediavelmente enfeitiçado pelos seus dotes eróticos, eles dirigem-se para a sala, onde o sofá parece ser o espaço mais proveitoso para ele despir a roupa ousada da escriturária e penetrá-la por trás, ainda antes dela ter tempo de se acostumar àquela posição. Os gemidos descomprometidos da mulher solteira não intimidam a excitação que Rodrigo sente em si. O rabo empinado da loira incitava-o a penetrar mais fundo, de modo a que ela pudesse sentir o desejo que o invadiu durante toda a semana. Em doze minutos, Rodrigo e a sua amante libertaram os desejos que lhes invadem secretamente os sonhos. E assim que ela se vem, com gritos cadentes, já deitada no sofá, ele repousa sobre ela. Entrega num último esforço o fruto proibido da sua paixão e delicia-se com os pequenos seios da jovem. As palavras que restam servem para Rodrigo lembrá-la que é um homem comprometido e com compromissos. Os gestos que ainda são possiveis esboçar servem para a jovem loira demonstrar ao seu amante que o deseja, mais do que uma queca por semana. O beijo profundo que ela lhe entrega é uma marca que o vai acompanhar durante a próxima semana. Os mesmos rituais são repetidos semana após semana. Rodrigo veste-se, procura manter um ar frio e vai buscar o seu filho com cerca de dez minutos de atraso.


No largo átrio de entrada do Edificio Magnólia, o morador ou visitante depara-se com duas possibilidades para aceder aos diferentes andares do prédio. A mais fácil será pelo enorme elevador. No entanto, se o objectivo é chegar ao 1º esquerdo, a melhor opção será as escadas. Num dia útil normal, um pouco antes da seis, Helena estaria à espera do seu filho mais novo, proveninete da escola, começando a preparar o jantar. Mas hoje não é um dia normal. Hoje é Sexta-Feira. O seu marido foi buscar o filho mais velho e o seu filho mais novo foi para casa de amigos, depois das aulas, para passar a noite com Playstations, TV Cabo, jogos a dinheiro e muito possivelmente namoradas.
Na cozinha, apoteose de uma divisão equipada para o futuro, Helena corta as cenouras com uma delicadeza firme e uma vagarosidade anormal. A cozinha trabalha por si. A água inicia o seu processo de fervura, o forno aumenta gradualmente a sua temperatura e o seu amante aguarda que ela lhe dê alguns minutos de atenção. O homem que está sentado atrás de si é um cliente antigo da firma que Helena gere em conjunto com o marido. O sorriso hipnotizante que é largado da sua face redonda cativa o homem quarentão a derretê-la de mimos e palavras amorosas. Algo que ela, nos seus 41 anos preza como o ar que respira. Farto de esperar que tudo estivesse preparado para deitar na panela, ele levanta-se e aproxima-se da mulher. Helena sente as mãos dele invadirem o seu corpo. Helena sente os dedos delicados dele a rodearem o seu peito, excitando os mamilos húmidos da mulher. Helena sente a pele dela deslizar pelas suas curvas, como um oleiro a moldar o barro. Helena bloqueia quando pressente os membros do seu cliente levantarem a saia preta que ela ainda vestia. Helena era dele. Emprestada. Usada em segredo. Manuseada gentilmente enquanto o marido vai buscar o seu filho. Até à água atingir os cem graus centigrados, Helena tem que ferver. Ele ajoelha-se e apalpa as nádegas da mulher, sem cuecas desde que ela chegou a casa. A boca dele condimenta o fruto que ela sente em brasa, apenas e só porque ele está ali. Helena é sugada no seu âmago mais escaldante e os gemidos não significam nada. Ele prova os liquidos vaginais da sua amante, ao mesmo tempo que massaja a carne do rabo dela, ao mesmo tempo que se excitava, ao mesmo tempo que sentia o tempo urgir. O calor emitido pelo forno misturava-se com a humidade que o sexo de Helena liberta, mas isso continua a não significar nada. O seu amante levanta-se e pega no corpo dela, fazendo-a rodopiar sobre si mesma. Helena está agora à mercê do desejo dele. Helena sabe que ele é intenso. Helena sabe que ele a vai beijar e derreter-lhe os lábios carnudos, enquanto segura no rabo dela e a senta no balcão sujo e molhado da cozinha. Rapidamente, ele abre as calças e coloca com uma mestria sedutora o seu sexo por entre as pernas dela. A rata de Helena é agora posse do seu amante e o seu grito de prazer não significa absolutamente nada. Os beijos no pescoço a sugarem a sua pele madura. As mãos a encherem os seus seios descaidos. O peito dele a esmagar-lhe a respiração. O pénis duro e convicto dele a encher-lhe o desejo. No sitio onde os seus cozinhados são feitos com amor, dedicação e carinho para toda a sua familia, Helena vêm-se com as constantes penetrações do homem que é apenas e só um cliente. As palavras de prazer cuspidas da sua boca, a respiração descontrolada, os olhos cerrados e as mãos enterradas no rabo dele. Isso sim, quer dizer alguma coisa. Quer dizer que Helena entregou a sua alma ao amante que a faz vir de uma forma tão intensa como a água que agora ferve. No lume do fogão e na chama do seu sexo.
O amante tinha que sair. O jantar não estava feito para si. A refeição afrodisiaca que ele pretendia já tinha sido degustada. Em segredo.

Da janela da enorme sala do 1º esquerdo do Edificio Magnólia, o sol repousava por entre dois prédios e o ar acalmava na noite. Lá dentro, Helena, Rodrigo e o filho mais novo jantavam em perfeita harmonia. Ilusoriamente, tudo estava bem e o mais certo era o casal adormecer na mesma cama.

11 comentários:

carpe vitam! disse...

sim, podia ser uma história verdadeira, mas... vou ficar à espera das restantes.

Sabina disse...

Caríssima Magnólia

Muito, muito bem escrito ( uffff, pobre mortal) e o formato do blog é abssolutamente genial.

Claro que ainda é cedo para ver que história é verdadeira mas mesmo que não seja a do primeiro esquerdo, tenho a certeza que esta encaixa muito bem na realidade de algumas pessoas.

Parabéns e boa sorte.

beijos
Saci

Anónimo disse...

Conseguiste cativar a minha atenção.
Aguardo ansiosamente pela descrição dos outros moradores.
Á primeira vista e pela descrição inicial aposto no "curioso casal de idades distintas mas pensamentos comuns" para as personagens verdadeiras. Não te sei dizer o porquê da arriscada aposta sem saber mais nada sobre os outros, mas parece-me...

Jocas boas.
Bruxinha

Magnolia disse...

É ponto assente que vale a pena esperar pela entrada nos restantes apartamentos para se começar a ter uma ideia de qual a história que é realmente verdadeira.
De referir que mesmo havendo cinco histórias imaginadas, qualquer uma delas se poderia encaixar numa realidade vizinha, tal como referiste SACI.
No entanto, ainda que seja plausivel e quem sabe acertado fazer palpites, apostas ou até suposições, o melhor ainda está para vir. E se agora pode haver uma dúvida ansiosa, acredita BRUXINHA, daqui para a frente, a dúvida será o que move estas histórias.
Por isso, é possivel que tudo isto verdadeiramente prometa CARPE VITAM.
Obrigado por acreditarem, continuem a visitar este Edificio peculiar.

Red Light Special disse...

Estou rendida... completamente!
Vou ali ler o resto e já volto.

luafeiticeira disse...

Acabei de descobrir o blog que tem um grande elogio em blogs eróticos tugas e resolvi começar pelo 1º texto que já me prendeu a atenção para ler todos duma só vez.
posso lincá-lo no meu blog?
beijos

Shelyak disse...

Que situação tão real e, por certo, mais vulgar do que se possa alguma vez imaginar...
Belíssimo...
Abraço que te deixo!

Ana disse...

Ainda não é no 1º esquerdo que leva o meu voto ali na barrazinha de lado.
No entanto acho que estás a falar de uns vizinhos meus! Parte da empresa do casal e tudo!! Eheheh

nopyah disse...

Não poderia deixar de comentar sobretudo para te dar os Parabéns pela excelente ideia!
O mistério envolto na intensidade cheio de erotismo, causa excitação e impossibita de parar de ler..

Já entrei no tal edificio.. vejo o que as paredes têm para me dizer, deixo-me levar porque assim tem de ser.

Mal alguém se mude fica desde já reservado. hehe

Se alguém tocar à campanhia eu estou a contracenar...
TksC*

Keep going..:)

Sexhaler disse...

Um casamento de ilusões, onde nada do que parecer ser perfeito, o é realmente.
Há tantos por aí...

Beijo

Cristina Paulo disse...

hmmmmmmm acho que hoje vou-me dedicar á leitura deste blog que só agora descobri :)
Parabéns. Pela escrita, pelo enredo, pelo erotismo e realidade.
Bjos meus