quinta-feira

2º Direito

O segundo andar é especial. De uma forma ou de outra, sente-se o espirito do edificio no aroma que se sente no corredor. Talvez seja pelo ar limpo e constantemente renovado das paredes, das portas envernizadas de um produto especial, da luz que se abre assim que se circula por aquele espaço. Talvez sejam os incensos libertados pelas inquilinas do segundo esquerdo. Talvez seja pelo sentimento de ambiente acolhedor que se envolve, mal se abre a porta do 2º Direito. E a identidade de quem ali mora percepciona-se no tom das paredes do corredor, nos objectos decorativos escolhidos a dedo para tornar aquele espaço vivo. O choque de cores garridas misturado na suavidade de cores macias e reconfortantes pinta o apartamento de tranquilidade e êxtase espiritual. Algo só ao alcance de uma alma intuitiva e essencialmente, bom gosto. Ser recebido naquela casa é um prazer.

No silenciar da noite, uma criança dorme no quarto de menina. Os seus sonhos ocupam-se de cavalos encantados, fadas prodigiosas e vulcões de lava coloridos. Nada, nem ninguém conseguirá incomodar o seu repouso até o sol acordar a garota de nove anos. A sala de estar ainda cheira a momentos carinhosos, a beijos leves, a palavras doces. E no entanto está vazia. Porque algo já se iniciou ali. Algo foi transportado do sofá com personalidade, para o quarto pacifico. Algo brota na cama de casal, pensada para dormir, para dialogar e para amar. Laura e Afonso estão nus. Olham-se mutuamente, com um silêncio escaldante. A mão longa dele deleita-se no seio dela, ao mesmo tempo que a mulher acaricia o sexo do seu homem. A boca de Afonso envolve o bico duro do mamilo dela. Os dedos dela friccionam o membro agora duro do jovem. A mulher de 37 anos está preparada para consumir o desejo do namorado, onze anos mais novo.
A relação de ambos iniciou-se pelas circunstâncias das quais não se espera. Ela era casada e jamais imaginava uma nova relação. Ele vivia numa cidade diferente, maior, movimentada, incaracterisitica de uma vida intima a dois. Mas o que a vida os fez unir não foi um amor a dois. Laura tem uma filha encantadora, da qual Afonso abraçou como sua menina. A sua diferença de idades é perceptivel. Na aparência, na maturidade, no passado. Mas o que eles seguram e o que eles perspectivam, mistura-se numa ambição idêntica. E só olhares inoportunos de pessoas que não os conhecem e de mentes mais curtas é que não vê o sentido único da paixão que os une.
Afonso precipita-se para cima do corpo despido de Laura. Ela segura-o, impedindo um ataque ferozmente sedutor no seu peito. Ele tem outros planos. Sabe que a noite vai ser longa e que tudo se pode prolongar. E a última coisa que ele quer é antecipar o fim. A mão dela continua a acariciar o sexo do namorado. As suas pernas abrem-se, provocando a necessidade intimo do homem. A respiração de Laura torna-se ofegante, parecendo um grito desesperante de desejo. E quando ela aperta com mais força o seu pénis, Afonso sabe exactamente o que pode acontecer. Arrasta os seus joelhos até junto à face da namorada e cola o sexo bem próximo da face dela. Laura cinge o olhar uma vez para a cara dele, procurando perceber se ele está preparado para o momento. Afonso anseia sentir a boca dela a chupar-lhe. E ela faz. E ela delicia a ponta nervosa do pénis quente e excitado. E ela retira-lhe o controlo de qualquer acção. E ela possui o corpo dele. Laura é dona da alma do namorado.
Ela é encarregada de uma loja produtiva e reconhecida internacionalmente. Ele trabalha numa grande empresa de telecomunicações, fazendo do seu poder argumentativo a sua melhor arma para crescer pessoal e profissionalmente. Ela é madura, responsável, atarefada. Ele é instintivo, jovem, perdido nas ideias que o mundo lhe pode trazer a cada segundo. Ela toca, ele comove-se. Ele fala, ela derrete-se. Ela sorri e ele responde com um sorriso maior. Eles amam-se e ninguém os conhece melhor do que a eles mesmos.
Afonso delira com a boca da namorada. A lingua dela percorre cada pedaço do seu sexo e isso deixa-o extasiado, numa progressiva viagem às nuvens. O prazer que ele sente tem que ser retribuido. A sede que é alimentada em si tem que brotar. Aprisionada pela boca de Laura, ele procura libertar-se com as mãos. Os seus dedos finos e longos percorrem o corpo dela. Apalpam as mamas, escorregam pelo ventre. Daqui a nada ele consegue desprender-se ligeiramente e gira o seu corpo, de costas para a face de Laura.
Três anos e tantos meses de relação só podem aproximá-los, torná-los cumplices um do outro. E a certeza de que tanto está para viver, aprender e saborear só lhes pode dar a certeza de que o segredo da paixão deles irá encerrar-se num cofre ainda mais bem guardado.
Ela continua a chupar. Afonso geme de cada vez que a boca da sua namorada atravessa o seu pénis de um lado ao outro, para a frente e para trás, saboreando cada pedaço de prazer. Qualquer momento será intensamente delirante para Afonso se vir, mas ele prefere guardar. Acumula a energia do prazer que vibra dentro de si. Mais uma vez, só as mãos se conseguem movimentar. Segura as coxas dela, afasta os joelhos e pressente o calor que emana da rata de Laura. Ele deseja-a. Ele precisa de a provar. A ponta dos dedos finos invade os lábios grandes e esfrega o papo com a delicadeza de um artista. Laura antecipa as acções dele. Faz força nas coxas, procurando evitar mais um ataque repentino do amante. Mas Afonso é ligeiro, terno e calmo. O tempo não se esgota. Prolonga-se. E a ponta dos dedos descobre o clitóris, qual iman sagrado onde se cola a pele dele. Laura começa a gemer. A doçura dos gemidos mistura-se com o calor dos seus lábios que ainda provam o pénis cada vez mais duro do homem. Assim que Afonso sente a rata dela molhada, como um pequeno rio que explode do interior do sexo da mulher. Enfia dois dedos profundamente, ao mesmo tempo que continua a acariciar o clitóris com o polegar. Ela excita-se. Mas ela excita-se a um ponto que se sente a perder o controlo. Afonso deixa de estar aprisionado à boca dela, mas ele quer continuar na posse dela. Movimenta as ancas, acelerando quer a excitação do seu sexo, quer a forma como ela chupava. No momento em que a boca dela provou os lábios da rata da namorada, uma simbiose louca foi criada entre o casal. Ela não ia parar de chupar. Ele iria deliciar-se com o sabor do âmago dela, brincando com a lingua em cada pedaço, até ambos se virem.
Conhecerem-se mutuamente não chega. Rapidinhas no banho, masturbações a circular por entre a cidade, fodas de pé no terraço virado para a cozinha da vizinha e noites longas a adiar o último orgasmo já não chegam para satisfazer o casal. A ousadia não pode terminar com o amor, com a paixão dentro de casa, dentro do 2º direito.
Laura vem-se primeiro. Segura a picha dele com força para o chupar até ao limite. Quando Afonso sente que o momento é certo, tira a boca do sexo saboroso dela, segura literalmente o clitóris entre os seus dedos e invoca o poder de fazê-la vir-se por completo. Ele liberta o seu desejo pela boca de Laura. Ela racha como um terramoto, explode como um vulcão, rebenta como uma enorme onda espumosa. E, ao encerrarem mais um capitulo desta noite quente, o cansaço que se apodera de ambos é apenas provisório.
Ele sabe como a pôr louca. Ela tem a certeza que lhe consegue dar um prazer absoluto. Mas no momento em que Afonso se levanta para voltar a deitar-se sobre ela, ambos sabem que aquilo ainda é pouco. O homem beija a mulher, acaricia-lhe os seios, chupa o pescoço dela e rapidamente, enfia o sexo ainda teso na rata molhada dela. Laura prende a respiração e sente a boca dele roçar a sua orelha. Era mais que uma confidência, era mais que um sonho, era mais que uma fantasia que alimenta noite após noite os seus momentos sexuais. Quando Afonso sussurrou ao ouvido da namorada que queria comer a colega de trabalho dela, juntamente com Laura, nesta mesma cama pacifica do 2º Direito do Edificio Magnolia, ambos ficaram com a certeza que a loucura se irá concretizar.

7 comentários:

Moçoila* disse...

Este post fez me pensar em mim. Fez me pensar que ainda não usufrui de um momento a três, e no meu modo de reagir se um namorado meu me fizesse uma proposta dessas na nossa cama, no nosso ninho, depois do nosso momento.

Beijo*

luafeiticeira disse...

E terminou? Quero mais, prendeste-me á tua escrita tão real, qual máquina de filmar. Continua e depressa, por favor.
beijos

Red Light Special disse...

Bem... por onde começar?
Deixas-me completamente presa! Fundo-me nos teus textos e fico presa a eles horas seguidas.
Vim aqui ontem pela primeira vez, devorei o teu blog, e acredita q o indiquei a várias pessoas, da blogosfera e não só!
Leio dezenas de blogs todos os dias, sempre com a atenção merecida para cada um (ou não os leria...) e posso dizer-te que este é em 2 dias, um dos meus preferidos. É raro isto me acontecer.
É muito dificil alguém escrever assim, principalmente no que concerne a sexo: com inteligência e fugindo à vulgaridade.
Por isso não te surpreendas de me ter aqui como inquilina, diariamente.
Mais... já votei ali do lado, mesmo tendo 263 dias ainda para o fazer. Sou impulsiva, de convicções... e para mim é o 2º esquerdo. Se não for... ihih... é fabuloso! Porque significa que ludibriaste o meu 6º sentido e isso não seria para qualquer um.
:P
Quanto a este 2º Direito, revi-me no inicio, com a imagem da sala vazia... a criança a dormir e no quarto de casal um mundo de sonho que a criança nem imagina. Ao continuar revi um casal amigo, que tem uma realidade bem parecida... poderia ser o próprio, até neste desejo a 3 ...
Dou-te os meus sinceros parabéns. É muito raro sentir esta "energia" em blogs. Só gostaria de um dia conseguir igualar um bocadinho pequenino esta tua capacidade de colorir realidades, sonhos e fantasias com palavras.
E é melhor ficar por aqui, porque quando gosto... falo... falo... falo...
:P
Beijinhos para ti e NÃO PÁRES!

Ps: sabes o que acho? Deverias ir fazer uma visita à Second Life. Aquilo tem sem dúvida um manancial de vivências e experiências nas quais te poderás inspirar para continuares as tuas histórias. Uma verdadeira caixinha de Pandora! Se precisares de ajuda, manda mail: p_infinity@hotmail.com. Adiciona no msn se quiseres. Bj!

Shelyak disse...

E são com conversinhas destas, ao ouvidinho, dia após dia, noite após noite, que as fantasias guardadas e bem escondidas começam a vir ao cima, numa partilha e cumplicidade crescentes...
Muito bom... muito bom mesmo...

Ana disse...

Este merece palmas.

Sexhaler disse...

Encontrei aqui algumas semelhanças com a minha vida real... mas não vou dizer quais!

Muito bom!

Beijo

lua-negra disse...

Realmente tens uma maneira de escrever que envolve as pessoas transferindo pra dentro do texto,esse e o andar que mais gosto,Parabéns pelo edifício.
beijnhos doces