quinta-feira

Ouvir o próprio pensamento

Publicado a 19-05-2008
Caseira. Maria José não pode negar, nem sequer a si mesma, que é uma mulher caseira e que o seu lar acolhe-a. Um hábito, um comodismo, uma forma de viver, uma escolha. A casa que ela mesmo decorou, tornou sua e continua a viver intensamente, é o espaço que a faz sentir tranquila, que a torna menos vulnerável às fragilidades da sua maturidade. Sejam psicológicas, sejam físicas. Protege-a das consequências que o seu carácter reservado tende a proporcionar-lhe. Injecta confiança na sua forma de pensar e decidir cada segundo seguinte. Por essa razão, grande parte dos momentos importantes da vida de Maria José, ocorrem no seu lar. Acima de tudo, a sua intimidade transforma-se na sua casa. O 1º direito do Edificio Magnolia vincou ainda mais esta faceta da mulher. Não é surpresa nenhuma então, se Maria José guardar as suas fantasias e os seus desejos sexuais para o espaço onde se sente mais à vontade. O quarto pertence-lhe. A ela e ao amante. Àquela pessoa que lhe tem entregue felicidade quase à mesma hora que passa o carteiro. Porque ele é funcionário dos Correios mas continua a fazer a ronda em sentido inverso, só para conseguir entrar na rua do Edificio Magnolia em último. Só mesmo para aproveitar minutos essenciais de paixão com a sua namorada, antes dela seguir para a universidade. Só mesmo para sentir que é paixão. E Maria José sabe o que ele sente. Deseja o que ele sente. Pede o que ele sente. Por isso é que ela o considera mais do que namorado. Paulo é um amante. E o seu amante enche o seu quarto. A noite começa a cair e tudo é intenso no lar de Maria José.
- Sim...Paulo...uhmmm.... Sabes tão bem!
- Não pares, Maria José...oohhh, por favor, não pares!...
Em todos os sentidos, não há que enganar. Maria José e Paulo estão a foder. Sente-se, como uma vibração que percorre cada parede do apartamento. Cheira-se, como se um novo aroma fosse criado. Ouve-se, os gemidos incansáveis do carteiro e a respiração descontrolada da mulher. Vê-se, como uma tela animada, pintada com uma tinta apaixonante. Não engana. A professora está sentada sobre a cintura do seu namorado e salta energicamente. Deitados sobre a cama, sempre a lembrar o tom, o cheiro, o toque de lavanda, o casal aproxima-se de um êxtase mútuo. Desde que entraram em casa e despiram as roupas do parceiro. Desde que se empurraram em conjunto até ao quarto e se reaproximaram através de caricias intensas. Desde que o sexo entesado de Paulo foi experimentado pela boca escaldante e terna de Maria José, para depois entrar freneticamente na rata desejosa da mulher. Desde que a sede se transformou numa cópula enfurecida e a fome de pedir mais ditou as regras, é então visível que os corpos do carteiro e da professora experimentam sensações loucas.
- Ohh...Meu Deus...uhmmm...É bom!..Ohhh, é bom!!!
As mãos de Paulo seguram carinhosamente os seios da mulher madura, mas os seus dedos apertam os mamilos cremes e fazem questão de a excitar enfurecidamente. Maria José cavalga. Os seus joelhos fazem força no colchão, os dedos dos pés fincam nos lençóis e as suas mãos seguram-se ao abdómen do jovem. Ela cavalga e sente a picha dele penetrar dentro de si de uma forma cada vez mais intensa. As nádegas dela pulam e esbatem nas coxas dele. As nádegas de Maria José estão firmes mas demonstram a força empreendida na posição. O sexo dele continua teso e ela sente-o. A sua rata incha com cada penetração e parece hipnotizar-se com a fricção exercida. Os olhares entre os dois cruzam-se. Eles comunicam, eles transmitem sentimentos, elas procuram fazer passam o que o corpo deles quer explodir. Porque as mãos dele são carinhosas no peito da mulher. Porque a respiração da mulher demonstra a adrenalina que o seu coração sente. Mas nada consegue fazer passar a mensagem. Aquilo que o cérebro fala. Aquilo que a mente de cada um transforma e não diz. Aqueles instantes precisos antes de um deles se vir. E isso vai acontecer. A qualquer instante, o orgasmo ganhará a forma de um movimento mais seco da cintura dele, para que a picha se cole ao intimo de Maria José. Irá ganhar a força de dez mãos e o estrondo de dez vozes, quando os dedos dela apertarem a palma das mãos de Paulo e os gritos da mulher ecoarem em todo o quarto. Ate lá, cada um goza a sensação única de estar prestes a vir-se e transmite esse toque interior na troca de olhares. E Paulo percebe o que ela sente. E Maria José tem a certeza do que vai dentro dele. Ele sente-se potente. Ela sente-se sensual. O pescoço dela sua, o queixo dele abre-se. O rabo dela continua a cavalgar sobre o amante e as pernas dela mudam de posição, deixando-a dobrada em posição fetal, mas com a planta dos pés assentes sobre o colchão. Maria José sente-se a dominar. Sente que o momento lhe pertence. Sente o amante devoto a si. Sente que aquela posição a transporta para um mundo em que ela não se controla a si mesma. Depois de tanto sentimento, depois de tanta paixão entregue e recebida, depois de um conhecimento mútuo, com o tacto, os ouvidos e a mente, foder assim desta forma empolgante e insaciável, só pode ser fantástico.
- Vais-me foder toda a noite, não vais, Paulo?....Ohhh! Não vais??!
- Sim..uhm...siiimm..eu quero-te mais uma vez...
- Toda a noite! Ouviste? Eu não quero parar!!
Os braços da mulher apoiam-se no peito dele. Ela pende o seu corpo para a frente e Paulo ergue a cabeça. Os bicos das mamas da professora quarentona ficam ao alcance da boca sedenta do jovem. Os pulmões parecem querer explodir, a caixa torácica de um e de outro dilata-se. O suor escorre pelos cabelos. Os gemidos misturam-se. As ancas dela continuam a cavalgar. Só até faltarem as forças. Sim, eles estão a vir-se. Não, eles não se rendem a um prazer inesgotável. Mas sim, está a ser um orgasmo mútuo e afinal, nenhum deles consegue perceber quem começou.
- Ouviste?!...Uhmmm?!...Diz-me...Diz-me que não ouvi a campainha tocar....
- Sim...foi a campainha que tocou, Maria José...
- Ohhh, merda...Uhm, eu não quero parar...Ohhh...eu não quero parar....
Mas não é só a campainha que toca, efectivamente. Assim que Maria José pára de cavalgar sobre o corpo do namorado, tentando controlar a respiração, o telemóvel que está sobre a mesinha de cabeceira começa a tocar. No instante em que a mulher pega no aparelho, o toque volta a cessar.
- Bolas...oh, bolas, bolas!
- Quem é?...
- Oh não!...Isto não está a acontecer!
O telemóvel volta a tocar. Paulo não está a perceber o que está a acontecer e Maria José está demasiado desorientada para contar. Nua e com o corpo suado, a mulher madura sai de cima do corpo do amante. Sensual, numa pose excitante para o homem que acabou de lhe dar um orgasmo frenético, Maria José levanta-se da cama. Enquanto veste a primeira camisa de noite que encontra, ela ouve o telemóvel repetir pela terceira vez o toque. Paulo começa a levantar-se, ainda extasiado.
- Queres que eu vá abrir?....
- E ias dizer o quê?! Que és o carteiro?!! Fica aí e tenta não sair por uns minutos do quarto.
- Mas diz-me quem é!...
Maria José não chega a responder. Sem qualquer outra peça de roupa, ela segue para o hall de entrada do apartamento e abre a porta. Do outro lado está Henrique. Com um saco numa mão, um sorriso na face e a outra mão sedenta de tocar na face da cunhada.
- Estás ocupada?
- Não...um pouco...quer dizer...acho que estou...
- Estou a ver...estás à espera dele...do carteiro...
- Não...
- Ele já saiu...Pois...nota-se no teu olhar... no teu corpo... Deixa estar, não me quero meter na tua vida...
- Henrique...
- Trouxe o jantar, como te tinha dito...
- Pois, mas as coisas mudaram e....
- A sério? Estás-me a dizer que já jantaste...
- Sim, mais ou menos.... Já não tenho fome...
- Pensava que não estavas a falar a sério, quando mandaste a mensagem...
- Eu nunca falo a brincar, Henrique....
- Pois... Mas de qualquer maneira, já trouxe o jantar...e aposto que não recusas um salmãozinho grelhado...é só pôr a mesa e....
- Henrique!...
O homem parece tapar os ouvidos às palavras da sua cunhada. Como se não quisesse perceber o que ela está a tentar dizer. Henrique coloca o saco em cima da mesa de jantar e abre a caixa onde o peixe está mantido. Maria José não sabe muito bem como reagir. Será demasiado complexo explicar que acabou de ter um orgasmo fantástico com o seu novo namorado e que ele até está completamente nu, à sua espera, no seu quarto. Dizer ao homem que lhe arrenda a casa para esquecer o jantar soa a ingratidão. Mas algo tem que ser feito. Ela não pode ficar ali especada a olhar para o homem que também partilhou consigo várias refeições quentes, em noites escaldantes. Numa decisão irreflectida, Maria José dirige-se à cozinha e traz dois pratos, dois garfos, duas colheres, dois copos.
- Não tenho nada para beber... Só sobra o vinho que deixaste da outra vez...
- Também serve. Senta-te aqui....
Não há tempo para ir ao quarto. Não há forma de poder avisar o seu namorado que o outro amante dela está na sua sala de jantar e está decidido a jantar ali. Não há retorno possível na decisão de não ter dito a Paulo que ela já esperava de certa maneira que o seu cunhado surgisse. E tudo isto pode correr muito mal.
- Eu tenho que ir ao quarto... Espera só um instante, Henrique...Eu já volto....
- Não precisas, Maria José.
Paulo entendeu tudo. Aguardou alguns segundos na cama e percebeu que ela tinha aberto a porta a quem tocou à campainha. Levantou-se da cama nu e percebeu que a visita não iria sair. Ouviu a conversa por detrás da porta do quarto e entendeu que o proprietário daquele apartamento não iria sair tão cedo. Ao vê-lo entrar, apenas vestido com as calças de ganga, Maria José corta a respiração. Ao ver o jovem carteiro, amante da sua amante, Henrique abre os olhos, surpreendido. Paulo entra na sala, confiante, com um sorriso, ansioso por ver a reacção do cunhado da sua namorada. Ao mesmo tempo, o seu olhar fica preso nos bicos das mamas da sua amante, por debaixo da camisa de noite.
- Maria José...eu...desculpa...eu pensava que já estavas sozinha....
- Não estou....
- Não se incomode, Henrique... - diz Paulo.
- .... Não sei o que dizer... Quer jantar connosco?
- É desnecessário...Eu já tinha trazido qualquer coisa para comer...
- Eu insisto...Paulo, não é?....Paulo, eu faço questão que nos acompanhe. Afinal, deve haver salmão que chegue.
- Eu vou buscar mais um prato...
Maria José levanta-se e apressadamente vai à cozinha e traz a dita peça de loiça. O ambiente está estranho. Está surreal. É difícil encontrar uma forma de o definir. Não está sinistro, nem tão pouco pesado. Não está agradável, mas também não está de cortar à faca. Paulo acaba por sentar-se na mesa, no lado oposto do outro homem. Henrique percebeu que esticou um pouco a corda, ao forçar um jantar com uma mulher que é comprometida. O problema é que nem o próprio cunhado da mulher está crente que existe uma relação entre o jovem carteiro e a irmã da sua falecida mulher. Maria José procura tranquilizar o ambiente. Torná-lo mais natural, menos problemático e célere quanto baste. Se o jantar terminar mais cedo, mais depressa Henrique terá razões para sair. Mais cedo ela estará de novo sozinha com o seu namorado. Mais facilmente é possível pacificar um inicio de noite bizarro. Os três adultos entendem-se. É certo que paira uma ansiedade em cada um dos presentes. Sem palavras. Cingem-se apenas a estudar as reacções de quem está ao seu redor. Mesmo assim, começam a desfrutar a refeição num silêncio que sendo constrangedor, ajuda cada um dos elementos a pensar para si mesmo no que está a acontecer.
- O salmão está bom, Henrique... - solta Maria José.
- E o seu, Paulo?... Está bom...
- Está perfeito.
O jantar vai prosseguir. É uma certeza. A noite vai cair. Sem sombra de dúvida. Vai demorar um pouco mais do que a inquilina julgava. Inevitavelmente. Henrique irá sair do apartamento. Sem qualquer equívoco. E será logo depois de Maria José recolher as chávenas do café, que tanto gosto têm em servir após os jantares naquela mesa. O serão ainda está reservado para o casal de namorados, de idades distintas, de maturidades diferentes. Talvez haja lugar a uma conversa. Muito possivelmente, Maria José irá procurar sentir de novo o vigor do sexo do seu jovem namorado. Mas não obstante a bonança que a casa serena e graciosa da professora irá viver pelo resto da noite, algo se transformou no ambiente. Apesar de só o confessar a si mesma, uma coisa é inegável. O jantar crivou uma ilação demasiado profunda no coração de Maria José.

6 comentários:

inv3rs0 disse...

ainda voltando aos nomes (remember)...maria josé, é um nome que me faz lembrar, apenas e só, a professora primária do meu pai, com a saia travada e salto grosso à la Barbara Guimarães...nunca uma amante destas.

Bj inV3RS0S








...nao gosto da imagem

Anónimo disse...

O jantar deve ter sido bastante constrangedor... Todos mortinhos por que acabasse depressa (cada um com o seu motivo, claro...)
Mais uma ponta que fica solta e nos deixa na expectativa do que vai suceder a seguir... Viciante!

Anónimo disse...

Sim, muito, muito viciante como todo o Edifício em si!
Maria José... Acho que ela vai acabar por ficar dividida entre a paixão ardente com o carteiro ou algo mais sério com um homem que a respeita (e a adora, visto que não gosta muito de ela ter um namorado?).
Ou talvez, continue a disfrutar da sua liberdade...
Fico à espera dos próximos episódios :D
Beijocas @*

Magnolia disse...

.........................., a Maria José, apesar de ser um pouco mais discreta, também consegue pôr saia travada e salto alto. E talvez atéconsiga o charme da Bárbara Guimarães, lol. De qualquer forma, talvez em cada professora como a do teu pai, esteja uma verdadeira amante.
MADURO, creio que Henrique até estivesse deliciado com o salmão e outras coisas. Mas sim, isto cheira a ponta solta :)
SPICY ANGEL, não é fácil a uma mulher como Maria José abstrair-se de alguém que demonstra paixão por ela. Seja ele um rapaz mais novo como Paulo, seja um homem maduro como Henrique. Definitivamente, seja qual for a escolha que ela faça, é dificil não se sentir dividida dentro dela. A ver vamos. Beijinhos

luafeiticeira disse...

E ainda há quem prefira as mulheres novinhas... aqui está uma quarentona que junta 2 amantes no mesmo espaço.
beijos

Magnolia disse...

LUA FEITICEIRA, uma mulher madura tem a capacidade de ainda sorrir com tal facto. Em algum momento a viste constrangida? Na mente dela, acho que ela estava a ter gozo com aquilo :) beijinhos